O pesadelo do bullying
Em Natal, 26,7% dos estudantes do 9º ano já se sentiram humilhados por colegas. Tema foi abordado em evento
Andrielle Mendes
Nada menos que 26,7% dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental em Natal já se sentiram humilhados por colegas da Escola pelo menos uma vez. No Brasil, o percentual é ainda maior, chega a 30,8%, de acordo com a Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar (Pense), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que entrevistou 10.024 estudantes natalenses. A pesquisa mostra que entre cada dez estudantes do 9º doensino fundamental de Escolas públicas e privadas de todo o país, três já se sentiram humilhados por colegas da Escola. As crianças não são as únicas vítimas de bullying. A agressão pode atingir adolescentes e adultos em todos os lugares: na rua, na Escola, em casa e até na empresa. Considerada brincadeira de mau gosto, pode trazer consequências desastrosas, como depressão, suicídio e homicídio. Na maioria dos casos, a vítima tem medo de denunciar o agressor, mas reage de alguma forma, seja se isolando ou agindo com violência, como explica a professora de Educação Física da Universidade Potiguar Kalina Masset, que abordou o tema durante o 2º Encontro Nordestino de Profissionais e Estudantes da Saúde (Enpese), na manhã de ontem.
De acordo com ela, o bullying tem cinco características principais: o agressor tem como objetivo constranger a vítima; costuma repetir a agressão até atingir o objetivo e tem intenção de ferir, magoar. O fato da vítima se enxergar como o agressor a enxerga e de sempre existir um público (uma plateia) que motiva o agressor complementam as características básicas. Pessoas que estão fora do padrão de beleza são as mais atingidas. Na lista entram pessoas acima ou abaixo do peso considerado padrão ou com alguma característica física diferente.
Kalina explica que há uma relação direta entre imagem/percepção corporal e bullying. "Ninguém faz essa relação. Este assunto é extremamente negligenciado. Ninguém dá relevância", afirma a professora. Na prática, funciona assim: a forma como eume vejo influencia a forma como o outro me vê. Se você se considera extremamente gordo, alguém vai perceber e achar que você é extremamente gordo. Alguns vão ignorar seu peso acima do normal. Outros vão usá-lo para constrangê-lo.
Fonte: Diário de Natal (RN), 09 out. 2010
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