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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Vídeo mostra casos de alunas que sofreram abusos

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O caso da aluna de 12 anos que foi estuprada por três colegas, em um escola pública de São Paulo, não é um caso isolado no mundo, como lembra um vídeo da Plan International, organização que luta pelos direitos da infância.
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Encenado por atrizes, mas com vozes de vítimas reais da violência contra meninas, o vídeo relata casos de estupro por professores e alunos, violência e assédio nas instituições de ensino e comentários de cunho sexual que as garotas ouvem no caminho para a escola.
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"A violência baseada no gênero limita a participação das meninas e aumenta as taxas de abandono escolar. As meninas não podem ser obrigadas a viver com medo. Elas precisam aprender e realizar seus sonhos", afirma Anette Trompeter, diretora nacional da Plan International Brasil.
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O lançamento do vídeo coincide com Semana Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. Segundo a Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SDH), somente nos três primeiros meses de 2015 foram registradas 21 mil denúncias de algum tipo de violência contra crianças no Disque 100, canal denúncias do setor - em 45% dos casos, as vítimas são meninas.
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terça-feira, 16 de abril de 2013

Aluno acende cigarro de maconha em sala de aula

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Um adolescente acendeu um cigarro de maconha durante uma aula do quinto ano do período noturno de uma escola estadual na Zona Norte de Juiz de Fora. O fato surpreendeu a professora que, sem reação, não acionou a Polícia Militar, apesar de a instituição ter tentado adotar providências internas na semana seguinte. Nesta segunda-feira (15) a Tribuna, ao saber do ocorrido, entrou em contato com a escola para saber da direção sobre os problemas de indisciplina e violência enfrentados pelos educadores no local. A conversa, após cerca de cinco minutos, precisou ser interrompida pelo diretor: "Preciso desligar. Tem um aluno de 12 anos (6º ano) com uma barra de ferro na mão ameaçando outro." Casos como esses, que extrapolam a responsabilidade das escolas, apesar da gravidade, acabam sendo subnotificados e não aparecem nos registros policiais. Conforme os próprios professores, o receio de retaliações ou, até mesmo, a vontade de resguardar a imagem da escola e o aluno são os motivos mais prováveis para evitar a participação das autoridades policiais.
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As duas situações identificadas na escola estadual da Zona Norte, que terá o nome preservado, não são as únicas. No dia 5, por exemplo, a Tribuna noticiou o caso de um grupo de quatro adolescentes que pulou o muro de outra escola estadual, na Zona Leste, invadiu a sala de aula, ameaçou a professora e agrediu um estudante utilizando um simulacro de arma de fogo. Já na rede municipal, dados divulgados pela Secretaria de Educação mostram que a situação também é grave. Apenas entre 2009 e 2012, 645 ocorrências foram registradas pela pasta, em 101 escolas (ver quadro).
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De acordo com um diretor que terá o nome preservado, recentemente um aluno sacou uma arma de fogo dentro da sala de aula. "Como o professor vai denunciar? Ele teme contra a própria vida", disse. Para o professor da Faculdade de Comunicação da UFJF e integrante do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Wedencley Alves, o medo dos professores e funcionários em denunciar os abusos é "compreensível, já que eles irão encontrar com este possível agressor no dia seguinte. A situação deixa qualquer um temeroso".
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Conforme Alves, somente com uma ampla discussão sobre a questão será possível revertê-la. "O primeiro passo é quebrar este ciclo da cultura da violência. A sociedade quer combater a violência com mais violência. Como levar paz à escola se a cidade não tem paz? Alguma coisa tem que ser pensada já."
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Subnotificação
Muitos dos casos de violência e indisciplina no ambiente escolar não chegam ao conhecimento das autoridades competentes. Quem afirma isso são representantes das redes municipal e estadual. A presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE) em Juiz de Fora, Victória Mello, afirma haver pressão política para que os conflitos na rede estadual não sejam divulgados, sendo tratados apenas no âmbito pedagógico.
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Já o secretário de Educação do município, Weverton Vilas Boas, informou que os casos de violência foram identificados pela atual administração após um mapeamento das ocorrências registradas na pasta. No entanto, ele explicou que as instituições de ensino ainda não têm a cultura de notificar os casos. "Estamos incentivando as escolas a nos informar para que possamos resguardar os profissionais. Precisamos nos aproximar cada vez mais para sermos um braço de apoio dos problemas enfrentados." Uma das ações previstas, conforme o secretário, é a realização de um seminário com os educadores para discutir os números e encontrar soluções.
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O vereador Roberto Cupolillo (Betão-PT), que também atua como coordenador do Sindicato dos Professores (Sinpro), informou que casos como esses também ocorrem na rede particular, mas não são registrados. "Às vezes, são pais de alunos que agridem fisicamente os professores."
Vereador defende lei que prevê área de proteção
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Autor da lei municipal que institui as áreas de proteção e segurança escolar (APS Escolar), o vereador Wanderson Castelar (PT) lamenta que seu conteúdo ainda não tenha sido colocado em prática. "Ela está esquecida." Caso a lei vetada pelo Executivo estivesse em funcionamento, o Município deveria adotar uma série de medidas para prevenir a violência e assegurar a tranquilidade no ambiente escolar, criando um raio de proteção em volta das instituições, coibindo venda de produtos ilícitos e acesso de crianças e adolescentes a substância inflamável ou explosiva, assim como bebidas alcoólicas e ao fumo. "Ela precisa funcionar, principalmente porque são muitos os casos de violência que chegam ao meu conhecimento e poderiam ser evitados." O parlamentar menciona casos de tráfico de drogas, ameaças e porte de armas dentro das escolas.
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Segundo a Polícia Militar, Juiz de Fora e 85 municípios da região contam com diversos projetos que visam a coibir estes delitos. Entre eles, estão o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e o Jovens Construindo a Cidadania (JCC). Em nota, a instituição informou que "as escolas são, ainda, constantemente e especificamente policiadas por meio das Patrulhas Escolares e, ainda, em casos mais extremos, com o Grupo Especializado de Atendimento a Criança e Adolescente em Situação de Risco (Geacar), com interfaces com a Vara da Infância e Adolescência, os Conselhos Tutelares, projetos educacionais e movimentos sociais".
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Para tentar reverter este quadro, a Secretaria de Estado da Educação, por meio da assessoria de imprensa, informou que vários programas são realizados atualmente com os profissionais. Atualmente o município estaria recebendo uma equipe que visita as escolas com o objetivo de orientar professores e diretores sobre como lidar com situações que envolvam violência. Além disso, na última semana, uma equipe de 40 profissionais de escolas teriam ido a Belo Horizonte participar de um curso de capacitação sobre mediações de conflitos e promoção de cultura de paz.
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Fonte: Tribuna de Minas (JF)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Escolas lutam contra violência em sala de aula (25/02/2013)

 
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Atingido com um pequeno vaso de plantas na cabeça, o Professor de História Antonio Mario Cardoso da Silva foi para o pronto-socorro e fez boletim de ocorrência na polícia. O autor da lesão corporal: um Aluno. A agressão aconteceu numa Escola pública de Diadema, na Grande São Paulo, há cerca de um ano, e foi presenciada pela mãe do estudante. Horas antes, o jovem, da 6ª série do Ensino fundamental, havia sido repreendido por Silva por mau comportamento.
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- Se fosse um objeto maior, ele poderia ter me matado - diz o Professor.
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Como esse, casos de agressão física entre Professores e Alunos têm se repetido nas Escolas públicas e privadas de todo o país. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC) tabulados pela Fundação Lemman e pela Meritt Informação Educacional, 4.195 Professores de Língua Portuguesa e Matemática que dão aulas para Alunos de 5º e 9º ano do Ensino fundamental disseram que foram agredidos fisicamente por estudantes dentro de colégios em 2011. O número representa 1,9% dos 225 mil Docentes que responderam a questionário aplicado durante a Prova Brasil, exame realizado pelo MEC.
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Para tentar reduzir os episódios de violência no ambiente Escolar, colégios de todo o país estão oferecendo cursos de resolução de conflitos para Professores e Alunos, e apostando nas técnicas de mediação para promover o diálogo e evitar o confronto. O levantamento das respostas da Prova Brasil mostra que o número de Professores agredidos em 2011 é similar ao de 2007, quando 2,3% dos Docentes (6.677) afirmaram que foram agredidos por Alunos.
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Professora por 23 anos, Nádia de Souza Barbosa, de 56 anos, foi agredida por um Aluno de 5ª série, que bateu a porta da sala três vezes em suas costas. Dias depois, foi ameaçada pelo irmão do Aluno, e a parede da sala de aula foi pichada com o desenho de um fuzil. Segundo Nádia, na Escola pública onde ela dava aulas, na Zona Sul do Rio, por diversas vezes Alunos jogavam urina nos Professores do alto de uma escada. Nádia acabou sendo aposentada.
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- O médico me diagnosticou com depressão, síndrome do pânico e transtorno de estresse pós-traumático. Fiquei mais de dois anos em tratamento. Não tenho mais condições de voltar às salas de aula - disse a Professora aposentada de História.
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Para tentar reagir aos casos de violência, sindicatos de Professores no país têm criado canais para receber denúncias dos Docentes. O Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais, que representa Professores de Escolas particulares, recebeu uma denúncia de violência nas Escolas a cada três dias entre 2011 e 2012, incluindo agressão física, verbal e dano ao patrimônio.
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O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) estima que os casos de agressão a Professores estejam crescendo cerca de 20% a cada semestre. Entre 2008 e 2011, o sindicato recebeu 157 denúncias de agressão, roubo, vandalismo e ameaças em Escolas paulistas. Mas também há casos de agressões contra Alunos. No questionário, 3.327 Professores (1,5%) relataram que em 2011 houve agressão física contra Aluno cometida por Professor na Escola em que atuavam. Em 2007, 4.197 Professores (1,62%) relataram que Alunos foram agredidos fisicamente por Docentes.
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Foi o que aconteceu com uma aluna de 11 anos de uma Escola municipal do Rio em 2010, quando um Professor jogou um apagador no rosto dela durante a aula. O caso foi noticiado pela imprensa, e o Professor foi transferido para outra Escola. A família desistiu de entrar com ação por danos morais por temer represálias e a transferência da garota para um colégio longe de casa.
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- Mas até hoje chamam ela de "garota do apagador" na Escola - conta a advogada da família da adolescente, Consuelo de Freitas.
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Na tentativa de diminuir os casos de violência no ambiente Escolar, colégios de vários estados do país estão investindo na formação de Educadores para que eles saibam lidar melhor com a questão. No Rio, muitas Escolas têm optado por oferecer cursos de mediação para Professores e Alunos, para que eles priorizem o diálogo para resolver os conflitos. Educadores de cerca de 150 Escolas estaduais e privadas já fizeram curso de mediação Escolar promovido pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), incluindo colégios como Teresiano e São Bento. Segundo a desembargadora Leila Mariano, responsável pelo projeto do TJ-RJ, o número de casos de violência na Escola que chegam ao Judiciário impressiona. Para ela, muitas vezes uma sentença judicial não é o suficiente.
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- Nas Escola, as relações são continuadas. A Professora e o Aluno que brigam estão ali no dia seguinte. Se a gente não tentar resolver o problema emocional deles, a questão não vai parar ali - diz a desembargadora.
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Desde 2011, Alunos, diretores, Professores de Escolas municipais têm recebido treinamento sobre resolução de conflitos, abordando temas como mediação e justiça restaurativa. Os cursos já foram oferecidos a Docentes e estudantes de cerca de 60 colégios e em 2013 devem chegar a outras 20 Escolas localizadas em áreas conflagradas ou recém-pacificadas. Além disso, inspetores de disciplina também receberão treinamento.
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- Os Alunos (que passaram pelo treinamento) já começaram a disseminar na Escola um comportamento diferente. Eles ensinam os colegas a aprender a ouvir - disse André Ramos, responsável pelo programa Escolas do Amanhã, da prefeitura do Rio.
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No Pará, 300 Professores e assistentes sociais de Escolas estaduais farão curso de especialização de um ano e meio para saber lidar com as diversas formas de violência na Escola.
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- Queremos construir planos de convivência na Escola - contou Izabela Jatene, coordenadora do programa Pro Paz, do governo do Pará.
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Especialistas apontam defasagem nas escolas
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As Escolas precisam aprender a lidar melhor com conflitos, aproximar-se mais da realidade dos Alunos e investir em formação de Professores, para que casos de violência diminuam, na opinião de especialistas. Para Miriam Abramovay, autora de livros sobre violência na Escola e coordenadora da área de Juventude e Políticas Públicas da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, as Escolas não estão conseguindo vencer a cultura da violência e não têm um diagnóstico sobre as razões de tantos conflitos no ambiente educacional.
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- A Escola é muito defasada em relação à realidade dos Alunos. Temos uma Educação do século XIX para Alunos do século XXI, com uma linguagem que não chega aos jovens. A Escola é chata e entediante para os Alunos. E isso cria conflitos - diz Miriam.
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Para Luciene Tognetta, pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Unicamp e da Universidade Estadual Paulista, ainda há um problema generalizado de formação de Professores, que não são preparados para lidar com a agressividade de crianças, nem para se relacionar bem com elas. Na opinião de Luciene, os Educadores não usam bem o tempo que têm para debater sobre a violência na Escola.
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- Nos encontros semanais que os Professores têm para discutir questões como essas, eles preparam festas juninas, vendem calcinhas e trocam receitas de bolo - diz Luciene.
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O pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP Renato Alves afirma que muitas vezes as Escolas não dão a devida atenção a violências menores que acontecem em sala de aula, e elas acabam se transformando em algo maior.
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- A violência física é a ponta de um iceberg de outras violências que acontecem e não são tratadas. Ninguém dá um soco do nada. Começa com olhares, xingamentos e empurrões. Se o Professor pede algo para o Aluno, e ele responde de forma atravessada ou se o Professor responde de forma atravessada, isso vira uma bola de neve - afirma.
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Segundo Alves, as Escolas foram perdendo função ao longo do tempo e não se preocupam mais com a convivência e bons relacionamentos. De acordo com ele, se antes os colégios eram voltados para a formação de profissionais, hoje eles estão mais preocupados com a aprovação em vestibulares.
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Fonte: O Globo (RJ) on line 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Opinião: A Educação como nicho

Apesar de a fecundidade brasileira ser de apenas 1,8 filho por mulher, de acordo com o IBGE, a Educação infantil no país está movimentando as instituições de Ensino que atendem essa faixa etária. Segundo o Censo Escolar da Educação básica, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), somente entre 2000 e 2010, o índice de atendimento às crianças cresceu 55,8% em todo o país. Neste ano, uma prévia do Censo Escolar da Educação básica 2012 aponta que em todo o país existem 5.160.436 Alunos matriculados no Ensino infantil.
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O cenário mercadológico que as Escolas vivem hoje é bem diferente das projeções feitas há alguns anos. Quando o IBGE divulgou os dados sobre a redução da fecundidade brasileira, a expectativa era de que as instituições de Ensino sofressem uma retração no quantidade de Alunos matriculados no Ensino infantil. Contudo, fatores externos acabaram influenciando esse contexto e fizeram com que ele se tornasse extremamente positivo para as Escolas. Esses fatores dizem respeito às novas exigências da família moderna. As tradicionais famílias formadas por mães que se dedicam ao lar e pais que trabalham para o sustento da família são cada vez mais raras. Se existe necessidade de deixar os filhos sob cuidados de terceiros, faltam empregadas domésticas e babás disponíveis no mercado. Assim, é corriqueiro que as famílias busquem alternativas para conciliar a ocupação dos chefes da casa com a Educação dos filhos.
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O crescimento da demanda por turmas da faixa etária de dois a seis anos provocou alterações nos serviços oferecidos aos pais. As antigas Creches estão sendo substituídas por Escolas que oferecem a modalidade de horário integral. Seu principal diferencial está no fato de que os Alunos frequentam a Escola tradicional em parte do horário e no restante se dedicam às atividades complementares e importantes para o embasamento de sua formação teórica.
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Os projetos de horário integral são um exemplo do impacto gerado pelas grandes oportunidades detectadas no mercado. Educadores e diretores conhecem a dificuldade das famílias em conciliar o trabalho e a vida pessoal. Então, por que não propor e ajudar os pais na continuidade da Educação dos filhos após o horário principal de aulas? Quando bem planejados, os projetos de horário integral propiciam momentos de estudo, de lazer e de relaxamento com atividades educativas, como faz de conta, contação de histórias, artes, jogos, etiqueta e informática. Dessa forma, atendem a demanda dos pais e promovem a Educação de qualidade dos pequenos estudantes. A demanda por turmas do Ensino infantil cresce exponencialmente. O bom momento da economia para as Escolas favorece às empresas e à sociedade, uma vez que uma de suas consequências é a geração de empregos diretos e indiretos. Os maiores beneficiários desse contexto são os Alunos. Quanto mais cedo a criança recebe estímulos pedagógicos e vive a socialização Escolar, melhor será seu desempenho ao longo das outras séries do Ensino Básico.
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Fonte: Estado de Minas (MG)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Escolas rejeitam matrículas de estudantes com deficiência





Por Fernanda Viegas.
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Mesmo obrigadas por lei, instituições de ensino dificultam e até recusam matrículas de crianças e adolescentes com necessidades especiais, como síndrome de down, autismo e cegueira. Há relatos de pais que já passaram, sem sucesso, por 12 escolas em busca de um lugar para o filho. E, quando aceitam o estudante, as instituições pedem aos responsáveis que custeiem a contratação de pessoal especializado.
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O sindicato das escolas particulares nega que haja recusa de alunos, mas confirma a cobrança de adicionais. O Estado e a Prefeitura de Belo Horizonte garantem que não recusam matrículas. "Elas (escolas) não negam matrícula, mas dificultam o máximo possível, dizendo que não têm condições de receber, que as salas estão cheias ou que o percentual de crianças com deficiência está completo. Há muitas leis, faltam ser colocadas em prática", denunciou a coordenadora do Fórum de Inclusão Escolar de Belo Horizonte, a psicopedagoga e psicanalista infantil Cristina Silveira. Resta aos pais uma peregrinação em busca de escolas. Essa é a realidade atual da empresária Katia Maia, 47, que tem um filho de 7 anos com síndrome de down. "Eu já estive em 12 escolas particulares e ainda não consegui matricular o meu filho para o ano que vai começar."
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Katia conta que está sendo obrigada a trocar o filho de escola porque a instituição em que ele estudava o teria aprovado para o ensino fundamental, mesmo sem preparo. "Eles não o deixaram ficar no jardim. Mas ele não fala e não lê, como vai poder estar com crianças que já leem e escrevem?". Situação parecida vivenciou a funcionária pública Ruth Mara de Oliveira Gomes, 48, ao tentar matricular o filho de 13 anos, que tem síndrome de Asperger (autismo leve, que não afeta o desenvolvimento intelectual) no sexto ano do ensino fundamental, no ano passado. Segundo Ruth, o filho fez uma prova de seleção e tirou nota suficiente para passar, mas, por causa da síndrome, a instituição informou que não tinha vaga para ele - eles disseram que as duas matrículas por turma reservadas a alunos especiais já estavam preenchidas.
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A família ameaçou entrar na Justiça, e a escola resolveu aceitar o aluno na condição de os pais assinarem um documento, declarando que arcariam com o custo da contratação de um profissional especializado, caso a escola percebesse essa necessidade. "Assinamos porque sabíamos que nosso menino não ia precisar disso, mas ele sofreu muito bullying", contou.
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O outro lado. Para o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), é legal os colégios cobrarem adicionais para contratar profissional ou adquirir equipamentos para alunos especiais. "Se for provado que o aluno tem tratamento especial, é justo que a escola cobre mais pior isso", confirmou o advogado constitucionalista Alexander Barroso. As secretarias municipal e estadual de Educação informaram que todas as escolas públicas estão aptas a receber estudantes com necessidades especiais.



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Convivência é benéfica para todos os lados
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A convivência entre alunos com e sem deficiências é benéfica para todos, segundo especialistas. Além de ser essencial para os estudantes aprenderem a conviver em sociedade, o contato com o "diferente" é importante para seu desenvolvimento. "Para aqueles que têm necessidades especiais, é preciso tirá-los do confinamento. O convívio com os colegas é um degrau para seu desenvolvimento. Já os outros estudantes precisam aprender a aceitar a todos", explica a vice-diretora do centro pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Selma Moura.
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Por outro lado, a consultora em educação inclusiva Priscila Lima chama a atenção para a necessidade de capacitação de profissionais. "O Estado e a prefeitura têm oferecido cursos de capacitação, mas não podem ser esporádicos porque uma criança com síndrome de down há dez anos é muito diferente de uma de hoje". (FV)
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Fonte: O Tempo (MG)

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Escolas estaduais de MG recebem placas com notas recebidas no Ideb

As escolas estaduais de Minas Gerais começaram a receber placas com as notas recebidas no último Ideb, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. A placa chamou atenção. Ela traz o índice que é apurado a cada dois anos, em todo o ensino fundamental das escolas públicas do país. Nas provas do ano passado, Valter diz que não se saiu bem. “Achei muito difícil”, diz.
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A avaliação considera conhecimentos de matemática e português, além de dados sobre aprovação escolar. Em uma escola em Belo Horizonte, o índice do nono ano do ensino fundamental foi de 3,9, menos que a média de Minas, que é de 4,4.
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“Os nossos resultados não são os piores, mas podem ser melhorados muito. Muito mesmo”, avalia a diretora da escola, Maria Carmem Barbosa. Nas escolas onde forem instaladas, as placas vão ficar em local de muito movimento, bem à vista dos alunos, dos pais de alunos e dos professores para que possam se lembrar, a todo momento, da nota que tiraram no Ideb.
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“Você precisa dar aos pais os instrumentos para que eles saibam qual é a real qualidade da escola do filho, para que então eles possam se engajar e participar, e a escola brasileira precisa desesperadamente da participação e do auxílio dos pais”, opina o especialista em educação Gustavo Ioschpe.
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Mas a iniciativa gerou polêmica. O professor da UFMG, pós-doutor em educação, considera que o índice médio é pouco para informar sobre a qualidade do ensino. “A comunidade saber é essencial, agora a forma de comunicar a comunidade precisa mudar. Ela precisa mudar dando uma visão de quantos estão no nível insuficiente, quantos estão no nível básico, quantos estão no nível avançado, e fazer de uma forma que seja informativa”, diz José Francisco Soares, do Conselho Consultivo do Inep.
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A dona de casa Vitória Vieira acha que o índice já é um avanço. “Aí vai poder haver cobrança das duas partes: dos filhos da gente e dos professores”. Mas ela espera que o Ideb ajude a reduzir diferenças. Em Belo Horizonte, uma escola pública tradicional ficou acima da média. Outra, em uma comunidade, onde Gabriela Ferreira estuda, ficou abaixo. “Pelo menos a gente tentou, conseguiu. Vai melhorar, tomara.”
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Fonte: Jornal Nacional

sábado, 22 de setembro de 2012

Violência nas escolas de Belo Horizonte: dia sim, dia não

Júlia de Andrade - Além dos baixos salários e da falta de condições para trabalhar, professores da rede pública, em Belo Horizonte, convivem com a violência. A cada dois dias, há um registro de agressão nas escolas. Segundo dados da Secretaria de Estado de Defesa Social, no ano passado, houve 174 ocorrências do tipo na capital.
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O número, 30% inferior ao de 2010 (com 250 registros), não minimiza a sensação de insegurança. Na quinta-feira, um professor de física levou um soco, no rosto, de um aluno de 17 anos do 3º do ensino médio. A confusão aconteceu na Escola Estadual Santos Dumont, em Venda Nova, durante a entrega das notas de uma prova.
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O professor, de 37 anos, revidou às agressões. Uma aluna que tentou apartar a briga também se feriu em um dos braços, e o caso foi parar na delegacia. As aulas foram interrompidas.
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Tráfico e agressão
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Criado no ano passado, o disque-denúncia do Sindicato dos Professores das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinpro) recebeu 131 ligações, 43,5% delas referentes à rede particular. De acordo com o Sinpro, 20% dos docentes pesquisados já presenciaram tráfico de drogas na escola e mais da metade (62%) disse ter visto agressão verbal. Outros 24% presenciaram agressão física.
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O diretor do Sinpro Minas, Aerton Silva, acredita que a violência nas escolas acontece com mais frequência que o registrado. “Muitos professores não denunciam por medo de retaliações e de perder o emprego”. Um professor de português, que não quis se identificar, sofreu ameaças. “Após uma prova, um aluno mencionou que eu poderia ficar em uma cadeira de rodas caso aplicasse avaliações difíceis”.
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Campanhas - Segundo a Secretaria de Estado da Educação, ações são tomadas para prevenir a violência. “Estamos tentando desfazer as barreiras entre alunos e professores por meio de campanhas de humanização”, afirma a secretária-adjunta Maria Sueli Pires.
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Fonte: Hoje em Dia (MG)

sábado, 8 de setembro de 2012

Inspirados em Isadora, "Diários de Classe" se multiplicam no Facebook

Em menos de dois meses, a estudante Isadora Faber, de 13 anos, conseguiu, por meio das redes sociais, pressionar o governo para conseguir melhorias importantes em sua escola. O sucesso da iniciativa da aluna, que conseguiu uma reforma de emergência na escola onde estuda e uniu pais, alunos e professores, tem servido de inspiração para crianças, adolescentes e jovens de todas as partes do país.
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Desde a quarta-feira (29), dezenas de páginas semelhantes foram criadas no Facebook para expor problemas como janelas quebradas, salas de aula sem ventilação e falta de professores. Muitas páginas tentam seguir o modelo do diário de Isadora.
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Desde que ganhou notoriedade, a estudante catarinense passou a receber também milhares de mensagens no seu perfil. A maioria é de alunos parabenizando-a e pedindo dicas de como criar uma página semelhante. Na tarde de terça-feira (4), por exemplo, Isadora tinha mais de 3 mil mensagens não lidas. Ela disse que às vezes tenta ler tudo. “Eu tento ler o máximo possível. Sempre tento responder para não ser mal-educada”, afirmou. Às vezes, ela também faz um único post respondendo às dúvidas de várias pessoas. O G1 visitou a estudante e lhe mostrou alguns exemplos de "Diários de classe" que surgiram no Facebook após a sua página ganhar destaque. São páginas criadas pelos internautas com o objetivo de mostrar os problemas de suas escolas de cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Pará, Paraná, Paraíba, Minas Gerais e Santa Catarina.
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Um deles foi criado pela estudante Sâmia de Souza Araújo, de 15 anos, que cursa o 1º ano do ensino médio no Liceu de Humanidades de Campos, em Campos de Goytacazes (RJ). "Eu vi a reportagem no Fantástico de domingo e achei muito interessante. A Isadora é tão nova e teve coragem de fazer isso, falar sobre a escola dela. Não é só porque a escola é pública que não temos o direito de ter melhorias", afirmou Sâmia ao G1. A página foi criada por ela na noite de domingo (2) e, no dia seguinte, ela começou a angariar o apoio dos colegas. Já conseguiu a ajuda de uma amiga para produzir as fotos e vai contar com a divulgação dos alunos que coordenam a rádio do colégio e o grêmio estudantil.
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Sâmia conta que nunca teve aula de química, mesmo já tendo cursado mais de meio ano no ensino médio. "A gente pergunta e eles só dizem que não tem professor para dar aula", conta a aluna. Outra crítica é quanto à ventilação nas salas de aula. Segundo a adolescente, a direção diz que não pode instalar ar-condicionado porque o prédio do Liceu, fundado no século 19, é histórico. "Eles dizem que não podem, mas na secretaria tem ar-condicionado. E nós não queremos ar-condicionado, podem colocar ventiladores. Na minha sala, tem só um ventilador, e ele está quebrado."
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A mãe de Sâmia, a depiladora Giselle Pessanha de Souza, de 33 anos, afirmou que a história de Isadora a aproximou dos problemas da escola da filha. "Nem sabia que a escola estava com uma situação tão trágica quanto a da Isadora. Se ela não tem aula de química, como vai passar no vestibular? Falei para a Sâmia: 'Faz a página, quem sabe muda alguma coisa na sua escola'", disse ela. Segundo Giselle, o Liceu é um dos colégios mais conhecidos da cidade. "É um patrimônio histórico. Ela não tem todos os professores, mas tem professores muito bons. O Liceu não é 100% ruim, tem muita coisa boa. Eu não queria que ela saísse da escola, mas ela precisa melhorar."
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Fiação exposta
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 Na segunda-feira (3), um dia após criar seu "Diário de Classe", o estudante Pablo Emanuel Ferreira, de 15 anos, caminhou pela escola estadual em que estuda, em Jaraguá do Sul (SC), e registrou em fotos problemas de infraestrutura como fiação elétrica exposta caindo de buracos no teto, janelas e portas quebradas e paredes com pintura improvisada. “Eu acho que a gente talvez não consiga uma solução, mas pelo menos as pessoas vão ficar sabendo do que realmente está acontecendo. O patrimônio da escola está bem descuidado.”
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Pablo afirma que já conseguiu o apoio de vários colegas, mas ainda não teve coragem de comunicar os professores. “Não levei a ideia para frente ainda pelo receio de ter alguma briga, alguma coisa assim”. Morador do mesmo estado de Isadora, ele conta que teve a ideia ao ver a reportagem sobre a menina no Fantástico, mas afirma que a repercussão do diário da garota e o debate sobre a qualidade da educação e a participação dos estudantes na exigência de melhorias ainda não chegou à sua escola.
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Medo de prejuízo
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No Espírito Santo, uma estudante de 16 anos também teve a ideia de usar as redes sociais para denunciar as necessidades de melhorias em sua escola. Mas ela e a mãe, uma balconista de 39 anos, temem identificar a si mesmas e ao colégio para não sofrerem represálias. "Eu admiro a coragem e a atitude dela, mas desde que seja uma coisa que venha em melhoria da escola. Não quero que prejudique a escola, os professores e nem ela mesma", contou a mãe ao G1. A aluna, atualmente no segundo ano do ensino médio técnico em informática de uma escola estadual considerada de qualidade em Castelo (ES), diz que, quando entrou na escola, no início de 2011, ela já estava em uma reforma que ainda não acabou. "Só um terço da reforma está pronta", afirmou a aluna. "Todo mundo acha que o ensino lá é muito bom, porque é uma das melhores escolas. E é, mas ela também tem muitos problemas que têm que ser resolvidos."
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Durante todo o primeiro ano do ensino médio, a turma dela estudou em uma sala de aula improvisada no pátio do colégio. "Era uma estrutura de plástico com areia, não sei bem, e ficava perto das árvores. Quando chovia, entravam uns bichinhos que tinham um cheiro forte e ruim. Como o ginásio está em reforma, a educação física era sempre no pátio, e a única coisa que podíamos fazer era jogar vôlei", contou.
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Neste ano, a turma dela já foi instalada na parte renovada da escola, mas um problema ainda persiste, sem perspectiva de solução. A estudante faz parte de um grupo de cerca de 40 alunos de cursos do ensino técnico, que têm aulas em período integral duas vezes por semana, entre 7h e 12h e 13h25 e 17h30. Porém, o cardápio da escola estadual inclui duas merendas, às 9h e às 15h, nas quais é servido um almoço, com arroz, feijão e mistura. "Isso desregula totalmente a nossa alimentação, comemos almoço de manhã e à tarde e, na hora do almoço, às vezes recebemos um lanche, que geralmente é um biscoito e um suco."
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A mãe conta que já precisou levar comida para a adolescente. Segundo ela, hoje em dia apenas cerca de 10 alunos almoçam na escola, inclusive ela. "Os estudantes tentam encontrar parentes que moram perto para almoçar lá. Como eu moro longe, não tenho tempo de ir até em casa." A garota explicou que os alunos já tentaram conseguir melhorias diretamente com a direção, mas sempre ouviam as mesmas respostas. "A maioria dos problemas de que a gente reclama, a diretoria diz que está tentando resolver, mas que não pode porque o assunto é com a secretaria do estado", conta. Por isso, ela decidiu tentar conseguir o mesmo apoio público de Isadora para pressionar o governo a agir.
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As dicas de Isadora
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A estudante Isadora Faber achou válida a iniciativa dos alunos de mostrarem os problemas em suas escolas e deu algumas dicas para quem quer fazer uma página como a dela. "Tem que colocar fotos para poder provar o que está sendo falado. E é bom ir postando o material aos poucos, e não tudo de uma vez, para não ficar chato."
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A criadora do "Diário de classe" afirmou que não conhecia a página criada pela estudante Sâmia, sobre os problemas da escola Liceu de Humanidades de Campos, em Campos de Goytacazes (RJ). Ela diz que a página ainda tem pouco material. “Mas está no sentido da minha, mostrando o que está quebrado”.
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Sobre a página da escola de Jaraguá do Sul (SC), Isadora disse "está no caminho certo". A menina afirmou ainda que o diário sobre a escola de Castelo (ES) ainda precisa de ajustes. "As fotos não têm muitas explicações." A única página que a garota já conhecia era a da Escola Estadual de Ensino Médio Profº Pedro Augusto Porto Caminha (Eepac). Segundo ela, um professor da escola, que fica em João Pessoa, na Paraíba, a contatou via Facebook. Ela entrou na página e pediu que eles curtissem o "Diário de Classe" dela. “Os professores estão apoiando, isso é muito bom.”
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A menina explicou que é preciso evitar expor alunos e professores, e só citar nomes se for mesmo necessário. Um exemplo de quando foi preciso foi durante os posts sobre as aulas do professor de matemática, que acabou afastado pela Secretaria de Educação de Santa Catarina.
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Fonte: G1

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Escolas da América Latina precisam avançar no uso de novas tecnologias

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Há cinco ou dez anos, era comum que os sistemas educacionais se preocupassem mais com o conteúdo de seus programas acadêmicos do que com a forma de transmiti-los aos alunos. No entanto, o boom tecnológico dos últimos anos, com a democratização dos computadores e a invasão dos smart-phones e tablets, causou um salto na rotina de inúmeras casas e terminou com o script tradicional da relação entre lares e escolas.
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Essa realidade traduz o problema que se colocou na maioria das escolas públicas e, em alguns casos, privadas. Como os alunos fora do horário de aula mantêm, às vezes, um vínculo patológico com a tecnologia, as salas de aula tradicionais transformaram-se em espaços próprios do tempo das cavernas.
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Levantamento feito em conjunto pelos 11 jornais do Grupo de Diários América (GDA), do qual O GLOBO faz parte, revela que, apesar de cada país estar num estágio diferente na corrida tecnológica, há problemas comuns em quase toda a região. Entre eles destacam-se o ainda baixo acesso a computadores e à internet nas escolas e a falta de capacitação dos professores para usar ferramentas tecnológicas. No caso do México, por exemplo, de um total de 198.896 escolas públicas no nível básico — elementar médio e superior ou primário e secundário —, 84.157 têm computadores, de acordo com estatísticas do governo.
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— No entanto, apenas duas de dez escolas estão conectadas à internet — afirmou Nurit Carballo Martinez, do jornal “El Universal”.
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As mesmas estatísticas mostram que, até junho de 2011, havia um computador para cada 25 usuários no México.
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Na Colômbia, o programa governamental “Computadores para a educação” — iniciativa responsável por proporcionar equipamentos, conexão, softwares educacionais e formação de professores em relação ao uso da tecnologia e da internet para o ensino — tem sido capaz de beneficiar mais de sete milhões de crianças em todo o país, em 28 mil escolas públicas. Porém, ainda existem oito mil escolas que sequer têm um computador.
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Na Argentina, o quadro não é mais animador. Os últimos dados disponíveis no Ministério da Educação daquele país indicam que, em média, existem 40 alunos para cada computador nas escolas argentinas, e somente 29% têm acesso à internet. Enquanto isso, no Brasil a estimativa é de que a média seja de 23 computadores por escola e que, destes, 18 estejam em funcionamento para atender 800 alunos.
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No Peru, onde a população escolar ronda os nove milhões, só 19,8% dos estudantes de educação primária usam a internet. O mais alarmante é o lugar de acesso: apenas 8,3% das pessoas a partir dos 6 anos o faz na escola. Outros 56,1% acessam a internet em cabines públicas e mais 36%, em casa. No Chile, 9.680 escolas recebem subvenção estatal para usar tecnologia. Ainda assim, só 22 mil dos 140 mil docentes do sistema público estão capacitados para tal.
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O Brasil ilustra bem o problema da capacitação docente para usar a tecnologia. Pesquisa com mais de 1.500 professores, divulgada em 2011 e feita pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), revelou que, para 64%, os alunos têm mais conhecimento que eles sobre o uso de novas tecnologias de informação, e 28% ainda preferem os métodos tradicionais de ensino. A NIC.br é uma entidade civil que implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil.
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Um avanço considerado único na região foi o Plano Ceibal, desenvolvido pelo governo do Uruguai entre 2005 e 2010, que entregou um laptop a cada aluno das escolas públicas, maioria naquele país. Depois do projeto, quatro em cada dez lares com computador têm um do Plano Ceibal, o que significa 70% de penetração em nível nacional. Segundo a consultoria Radar, entre 2001 e 2010 a inserção de PCs nas casas cresceu 85% em Montevidéu e 215% no resto do país. O acesso a um PC e à internet, no entanto, não está distribuído de maneira equitativa: em lares de nível socioeconômico mais alto, chega a 98%, e, nos de nível mais baixo, a 49%.
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* O Grupo de Diários América (GDA) é integrado por 11 jornais da América Latina: “La Nación” (Argentina), “O GLOBO”, “El Mercurio” (Chile), “El Tiempo” (Colômbia), “La Nación” (Costa Rica), “El Comercio” (Equador), “El Universal” (México), “El Comercio” (Peru), “El Nuevo Día” (Porto Rico), “El País” (Uruguay) e “El Nacional” (Venezuela).

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O IDEB

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Fonte Tribuna de Minas (MG)

Abismo separa melhores e piores resultados do Brasil

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RIO - Nas melhores e piores escolas ou redes do país, é fácil perceber o que leva ao caminho do bom aprendizado e o que condena os alunos a um mau desempenho. Nas melhores, há foco nos alunos e participação dos pais. Nas piores, a infraestrutura é precária e ninguém assume a responsabilidade pelos maus resultados.
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Com cerca de 200 alunos, a Escola Municipal Santa Rita de Cássia, em Foz do Iguaçu (PR), recebeu nota 8,6 no Ideb 2011 e empatou com a Escola Municipal Carmélia Dramis Malaguti, de Itaú de Minas (MG), no topo do ranking das melhores escolas públicas para os anos iniciais do ensino fundamental. A diretora Shirlei de Oliveira, que comanda há cinco anos uma equipe de dez professores, uma supervisora e uma secretária — todos com curso superior e pós-graduação —, atribui o sucesso ao trabalho que faz junto aos pais e ao reforço escolar que oferece para todos os alunos. Os que têm boas notas assistem a aulas extras três vezes por semana. Os que têm notas baixas, todos os dias.
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As professoras Maria Isabel Gomes Vieira e Leda Márcia Dal Gin vêem ainda mais um ingrediente na receita do sucesso: dividiram as turmas conforme a afinidade que têm com as disciplinas. Uma ensina português e ciências. A outra, matemática, história e geografia. Um terceiro professor completa o currículo com jogos matemáticos, literatura, dicionário e informática. Na Escola Municipal Carmélia Dramis Malaguti, que fica a 360km de Belo Horizonte e divide o posto de melhor com a Santa Rita de Cássia, o enfoque no aluno também é o que explica o bom resultado.
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— Nossa prioridade é descobrir o que está por trás das dificuldades do aluno. Por isso, a relação olho no olho entre professor e aluno é fundamental — destaca a diretora da escola, Maria Flávia Oliveira.
Se não há receita, há um conjunto de fatores que tem funcionado. A escola subiu 2,6 pontos no Ideb desde 2007. No mesmo período, a prefeitura de Itaú de Minas fez um programa de capacitação de professores que não exige participação, mas valoriza o profissional presente com uma gratificação no fim do ano.
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Outra característica em comum entre as duas melhores escolas do país é a boa relação com os pais. A diretora Carmélia Malaguti diz se orgulhar de telefonar à família no caso de três faltas seguidas. Também costuma encaminhar, para fonoaudiólogos e psicólogos, alunos com dificuldades. Os tratamentos são todos custeados pela prefeitura. Nos anos finais do ensino fundamental, o melhor resultado por escola foi encontrado em Pernambuco, no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco. O 8,1 do Ideb coroa um espaço que praticamente não tem evasão — só houve uma desistência no ano passado — e exibe percentuais de aprovação que chegam a 98%.
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Além do alto grau de especialização dos profissionais, o CAp estimula os estudantes a monitorar não só o desempenho de suas turmas, como também o dos professores. A iniciativa dá chance aos alunos de reconhecerem suas deficiências e ajuda os professores a descobrir novos caminhos em sala de aula.
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— O que tentamos fazer é criar um ambiente para o aluno aprender junto com o professor, e o professor, junto com ele — diz o diretor do CAp, Alfredo Matos.
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No pior município, precaridade é total
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Do outro lado do espectro, está a cidade de Monteirópolis, situada a 194km de Maceió (AL). É dela a pior rede municipal de educação de todo o país no que diz respeito aos anos iniciais do ensino fundamental. Segundo o Ideb, as cinco escolas da cidade tiveram média 2,3.
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— A estrutura das escolas é precária, a merenda tem problemas. No cardápio de hoje, era arroz com frango, mas só tem bolacha com suco. Nem manteiga ou margarina — conta a professora Rose Braga.
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Segundo ela, além do problema com a merenda, os alunos sofrem também com o cheiro das fezes dos pardais que se acumulam no telhado. Apesar da seca que afetou a cidade neste ano, os alunos não comemoram quando chove:
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— As escolas viram uma cachoeira. Imagine a cena: alunos com fome, mau cheiro de pardais e goteiras.
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Na escola de Rose Braga, a direção prefere não falar sobre o assunto. Na Secretaria municipal de Educação, ninguém atende os telefonemas. O pior resultado entre as redes estaduais de ensino médio também ficou com Alagoas, com nota 3,8 (0,2 a menos do que na pesquisa anterior). O secretário estadual de Educação, Adriano Soares da Costa, promete agir em cinco frentes para reverter a situação. Até outubro, realizará provas para contratar 2.500 professores e mil monitores. Até meados de 2013, reformará as 334 escolas que comanda e, em 60 delas, instalará uma espécie de ponto eletrônico para reduzir a evasão de alunos.
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No caso de escolas, a pior pública dos anos iniciais do ensino fundamental é o Grupo Escolar Dr. Antônio Carlos Magalhães, que fica no município de Cairu, a 83km de Salvador. O 0,9 registrado pela pesquisa causou estranhamento à Secretaria municipal de Educação já que, nas duas últimas edições da pesquisa, o município teve média 3,8. O prefeito Hildécio Meireles acredita que houve um problema isolado, mas já pediu o levantamento dos dados da escola.
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A pior escola pública para os anos finais do ensino fundamental também é baiana: o Colégio Estadual 29 de Março, em Salvador. A Secretaria estadual de Educação do Estado afirmou que houve um erro no preenchimento de dados que fez com que as taxas de aprovação, em vez de serem de 50%, fossem registradas como 3%.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Eleições 2012: a Educação no centro da disputa

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Desde que o Brasil voltou a eleger seus governantes pelo voto direto, a educação sempre figurou entre as prioridades de todos os candidatos a qualquer cargo executivo. Passados a campanha e o dia da votação, porém, a extensa lista de soluções genéricas acaba, invariavelmente, engavetada. E as dificuldades em sala de aula, continuam as mesmas. As eleições deste ano na cidade de São Paulo têm uma chance rara de mudar essa história. Pela primeira vez, o tema está realmente no centro do debate político. Entre os candidatos à prefeitura paulistana estão três homens da educação: o ex-ministro Fernando Haddad (PT), o ex-secretário estadual Gabriel Chalita (PMDB) e o ex-secretário municipal Alexandre Schneider (PSD), que concorre como candidato a vice de José Serra (PSDB). O site de VEJA analisou o que cada um deles fez – e deixou de fazer – quando esteve à frente da gestão educacional em cada uma das três esferas de poder. Confira em detalhes na arte ao fim do texto.
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Acesse aqui para ver os infográficos
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Com tamanha concentração de especialistas em educação no mesmo pleito, não é de admirar que o primeiro embate direto entre os candidatos desta eleição tenha se dado justamente em torno de um dos mais graves problemas da capital: a falta de creches. Haddad e Schneider travam uma guerra de versões a respeito de um pedido feito pelo então secretário municipal ao ministro para inclusão da cidade em um programa federal de construção de creches. O petista diz não ter recebido a solicitação, mas Schneider assegura tê-la enviado. De certeza, há em São Paulo uma fila de 123.000 crianças esperando por uma vaga. A gestão de Schneider, sem apoio do governo federal, avançou, mas não cumpriu a promessa de zerar o déficit de vagas. Além de afetar a rotina das mães que precisam trabalhar, a dificuldade de acesso ao Ensino Infantil tira das crianças um direito fundamental, garantido por lei. Até os 6 anos de idade, a criança desenvolve habilidades como a coordenação motora, que a ajudará mais adiante a desenhar as letras na etapa de alfabetização. “A educação é cumulativa”, explica Priscila Cruz, diretora-executiva do movimento Todos pela Educação. “Os governos não percebem a importância estratégica do Ensino Infantil para a educação. O resultado é que vamos perdendo as crianças ao longo da trajetória escolar. Sem base, elas ficam cada vez mais excluídas do aprendizado.”
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Matheus Muniz da Cruz, de 5 anos, é o retrato desta realidade. Ele está na fila da rede municipal de ensino desde 1 ano de idade. Desesperada, a mãe dele, a empregada doméstica Maria da Conceição Muniz, de 26 anos, recorreu até ao Conselho Tutelar, mas só conseguiu vaga em uma unidade muito distante de Cidade Ademar, periferia da zona sul da cidade, onde mora. “Não tenho quem fique com ele em casa. Sou obrigada a pagar escola particular. São 140 reais por mês e isso pesa no orçamento”, diz Maria da Conceição.
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Com acurado senso de oportunidade, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB), assinaram na última quarta-feira um convênio para ampliação do programa Creche Escola na capital paulista. O ato foi anunciado no último dia permitido pela lei eleitoral para transferência de recursos dos estados aos municípios para execução de obras. O governo do estado destinou 40 milhões de reais para a construção de vinte centros de educação infantil, criando 4.000 novas vagas. Em novembro de 2011 um convênio havia destinado o mesmo valor para a implantação de 22 centros, que beneficiaram outras 4.000 crianças. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, dezesseis dessas unidades estão com obras em andamento.
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Uma das promessas da campanha de Gilberto Kassab em 2008, transformada depois em meta de governo, era zerar o déficit de vagas em creches. A cinco meses do fim de seu mandato, a proposta está longe de ser cumprida. Em entrevista ao site de VEJA, a secretária municipal de Educação, Célia Regina Falótico diz que não tem como garantir a solução do problema até o fim do ano. Kassab também já não parece contar em ver a meta cumprida em seu mandato. “Temos a humildade de entender que falta muito para ser feito. Espero que as nossas ações nesses oito anos sirvam de incentivo para que as administrações futuras possam manter o ritmo”, afirmou o prefeito.
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Mas a falta de creches não será o único desafio na área da educação a ser enfrentado pelo próximo prefeito. O site de VEJA ouviu especialistas que apontaram os maiores gargalos da rede municipal de ensino.
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Papel do prefeito - A Constituição determina que os municípios atuem no Ensino Fundamental e na Educação Infantil. Os estados cuidam do Ensino Fundamental e Médio e o governo federal, do Ensino Superior. O que falta no Brasil é uma ação integrada entre os poderes – como prova o bate-boca entre o ex-ministro Haddad e o ex-secretário Alexandre Schneider. “Há uma dificuldade de articulação entre estado e município para atendimento aos estudantes”, afirma o pedagogo Ocimar Munhoz Alavarse, doutor em Educação e professor da Universidade de São Paulo (USP).
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Em São Paulo, o estado transferiu para os municípios 1,5 milhão de alunos da rede estadual durante a gestão de Gabriel Chalita. Hoje, a prefeitura da capital é responsável por 44% dos alunos do Ensino Fundamental I (até a 5ª série) e 37% dos estudantes do Fundamental II (até 9ª série). “A criança não é estadual ou municipal. Ela é brasileira e paulistana”, lembra Priscila Cruz, do Todos pela Educação. A rede municipal de ensino de São Paulo é o maior sistema do Brasil, com 931.463 alunos, 2.015 escolas de Educação Infantil e 545 escolas de Ensino Fundamental.
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Victoria Carvalho Vitor, de 14 anos, é uma dessas paulistanas. Aluna da 7ª série, ela estuda no Centro de Educação Unificado (CEU) do Parque Anhanguera, no extremo norte da cidade de São Paulo, a mais de 30 quilômetros do centro da cidade. O CEU foi um modelo criado pela ex-prefeita Marta Suplicy (PT) e ampliado por Serra e Kassab. A ideia é oferecer dentro da escola opções de esporte, lazer e cultura para as crianças. O projeto, no entanto, esbarra em aspectos práticos, como o horário das aulas do contra turno e a falta de transporte escolar.
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“Tem aula de violão, piscina, ballet e teatro, mas eu não aproveito nada disso porque a minha casa é longe e o tio da perua escolar não pode me levar e buscar fora do horário normal das aulas. Minha mãe teria de pagar a mais para ele”, conta Victoria. Ela e a irmã, de 9 anos, estão cadastradas na fila de espera do transporte escolar gratuito fornecido pela prefeitura, mas até hoje não foram contempladas. “Minha mãe tem medo de a gente ficar andando por essas ruas sozinhas.”
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Célia Regina Falótico: 'A rede pública tem limitações'
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Em entrevista ao site de VEJA, secretária municipal de Educação de São Paulo admite que número de crianças sem creche é alto, e não garante solução. Em abril passado, seis anos após assumir o comando da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, Alexandre Schneider deixou a pasta para, meses depois, tornar-se candidato a vice-prefeito na chapa do tucano José Serra. Até então secretária-adjunta, a professora Célia Regina Falótico assumiu a pasta com o desafio de acabar com a falta de vagas em creches na cidade de São Paulo – uma das promessas da campanha do prefeito Gilberto Kassab e um dos gargalos da educação na maior cidade do país. Em entrevista ao site de VEJA, ela admite, porém, que a cinco meses do fim da atual gestão, a missão de tirar 123.000 crianças da fila de espera por uma vaga ficará para o próximo governo. “Precisamos zerar a demanda em relação às creches e universalizar o atendimento. Acredito que a próxima gestão terá todas as condições para dar continuidade a esse processo”. Hoje, 1.174 creches atendem 206.400 crianças de 0 a 3 anos em toda a capital paulista. Em 2005, eram 59.000 crianças matriculadas em unidades. Apesar da expansão da rede municipal, ainda faltam aproximadamente 713 unidades educacionais para zerar o déficit. Abaixo, os principais trechos da entrevista concedida pela secretária ao site de VEJA:
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Quais os principais desafios que o próximo prefeito terá em relação à educação em São Paulo?
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Ainda temos muitos desafios pela frente. A questão das vagas na creche é uma das principais. Precisamos zerar a demanda e universalizar o atendimento. Acredito que a próxima gestão terá todas as condições para dar continuidade a esse processo e, quem sabe, chegar a um atendimento universalizado. Esse é um grande desafio, mas não é o único. Temos também de melhorar a formação e requalificação de professores, que é uma questão extremamente importante porque as mudanças que ocorrem em todos os segmentos da sociedade são muito rápidas e nós precisamos correr atrás disso. A formação dos professores sempre estará na nossa pauta de prioridades.
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Como zerar o número de crianças que ainda estão fora das creches?
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Hoje temos cerca de 123.000 crianças com até 3 anos que buscam vagas em creches na cidade, segundo nosso último levantamento, de 31 de março. Estamos construindo novos prédios, alugando outros - onde eles existem -, e formalizando convênios com instituições que possuem prédios próprios ou que se dispõe a alugar locais, desde que adequados às nossas necessidades. Estamos trabalhando de todas as maneiras para zerar ou pelo menos reduzir este número, que é muito alto.
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Como está a questão do turno da fome na rede municipal?
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Isso está diretamente relacionado à conciliação da jornada de trabalho dos professores, especialmente os de educação infantil, com a jornada das escolas. Há um tempo, as EMEIS [Escolas Municipais de Educação Infantil] funcionavam em três turnos diários de quatro horas, com o turno da fome. Isso foi erradicado. Temos hoje todas as escolas de educação infantil funcionando em turnos de seis horas diárias. Precisamos adequar a jornada dos professores para otimizar o trabalho, porque hoje precisamos de três professores para cobrir uma jornada de doze horas para duas turmas. O mais adequado é estender a jornada do docente e fazer com que um professor só cubra um turno inteiro.
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Muitas mães reclamam do turno de seis horas, porque elas têm uma jornada maior de trabalho, o que as impede de buscar ou levar os filhos para a escola. Temos um turno de dez horas para crianças de 0 a 3 anos e 11 meses. Assim, a mãe tem todo o conforto possível. Para a educação infantil, que são as crianças de 4 e 5 anos, a jornada que era de quatro horas passou a ser de seis. Neste momento, para garantir a universalização do atendimento que nós nos propusemos a fazer e efetivamente conseguiremos até o final de 2012, não há como estender a jornada além de seis horas. E além disso, uma criança dessa idade, com seis horas de escola, está bem atendida. A família tem que buscar algumas alternativas, porque quando a criança seguir para o ensino fundamental, a jornada será de cinco horas. Na cidade de São Paulo, a jornada de todas as modalidades de ensino já foi estendida. O nosso objetivo é atender cada vez melhor as famílias, mas temos mais de um milhão de alunos e a rede física tem limitações. Para chegar ao ensino integral, ainda serão necessários alguns passos.
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As escolas têm estrutura para o turno integral?
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No ensino fundamental, em todas as escolas em que existe espaço disponível, oferecemos um programa no contraturno para crianças em situação de vulnerabilidade ou que precisam de recuperação. Eles têm a oportunidade de ficar até 7 horas na escola, duas além da jornada regular. Mas muitas crianças não conseguem participar dessas atividades por morarem longe das escolas. Nas nossas escolas, oferecemos lanches e almoço, portanto se a criança estiver matriculada em uma programação cujos horários sejam compatíveis, ela pode permanecer na escola, não há necessidade de voltar para casa. Ela vai ter gente disponível para oferecer as aulas de ballet, judô, natação, várias atividades que efetivamente existem nos CEUS, além do ensino regular. Às vezes o que acontece, no entanto, é que os horários não são exatamente encaixados. Nesses casos, o que se orienta é que se as atividades extracurriculares começam às 16h e a criança só teve aula até às 13h, ela pode ir para casa para descansar, trocar de roupa. Se ela mora muito longe ou se a família não pode trazer, muitas vezes a criança acaba não participando das atividades. Mas não é habitual. O normal é que a escola consiga encaixar os horários para atender o maior número de crianças nesse contraturno. Isso tem acontecido muito.
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Fonte: Veja.com

sexta-feira, 23 de março de 2012

Uniforme inteligente entrega aluno que cabula aula na Bahia

Pore Natália Cancian (22 de março de 2012)
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Desde o início da semana, alunos da rede municipal de Vitória da Conquista, na Bahia, não vão mais poder cabular aulas. Um "uniforme inteligente" vai contar aos pais se os alunos chegaram à escola --ou "dedurar" se eles não passaram do portão.
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O sistema, baseado em rádio-frequência, funciona por meio de um minichip instalado na camiseta do novo uniforme, que começou a ser distribuído para 20 mil estudantes na segunda-feira. Funciona assim: no momento em que os alunos entram na escola, um sensor instalado na portaria detecta o chip e envia um SMS aos pais avisando sobre a entrada na instituição.
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Se, em 20 minutos após o início da aula, o aluno não passar por lá, o aviso muda de tom e os pais recebem a frase: "Seu filho ainda não chegou na escola".

Divulgação/Prefeitura de Vitória da Conquista
Aluna com novo uniforme de escola municipal em Vitória da Conquista (BA), que avisa pais sobre frequência
Aluna com novo uniforme de escola municipal em Vitória da Conquista (BA),
que avisa pais sobre frequência
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Segundo o secretário municipal de Educação, Coriolano Moraes, a ideia é manter os pais informados sobre a frequência dos alunos.
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"Percebemos que muitos pais deixavam os alunos na escola, mas logo saíam correndo para o trabalho e não viam se eles entravam", afirma. "Depois, quando chamávamos para uma reunião, eles ficavam surpresos com o número de faltas dos filhos."
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Agora, a cada três faltas, os pais vão ser chamados à escola para justificar a ausência. Caso eles não compareçam, a instituição pode avisar o Conselho Tutelar e o Ministério Público. Em uma parte dos uniformes, o equipamento fica escondido no brasão da escola. Em outra, fica na manga, camuflado no meio da frase de Paulo Freire: "A educação não transforma o mundo. A educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo".
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A distribuição, segundo Moraes, tem o objetivo de evitar que os alunos descubram um jeito de burlar o sistema --o que, diz ele, é praticamente "impossível" devido a um sistema de segurança do chip.
Ele também diz que a tecnologia é resistente. "Pode lavar, passar e dobrar", diz.
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Ao todo, o valor investido foi de R$ 1,2 milhão. A estimativa é que o sistema funcione para os primeiros 20 mil alunos em até 15 dias. A metade restante deve ser contemplada até 2013.
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Fonte: Folha de Sâo Paulo

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Escolas da capital foram alvo de dois crimes por dia em 2011

LUCIENE CÂMARA - Especial para O Tempo
A cada dia letivo de 2011, cerca de dois crimes foram praticados nas escolas públicas e privadas da capital, totalizando 375 ocorrências durante o ano. Os dados são da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) e englobam casos de violência contra a pessoa, como agressões entre alunos e professores, e também contra o patrimônio, que incluem pichações e carteiras quebradas.

Na tentativa de reduzir esses índices de violência, a Polícia Militar anunciou ontem uma nova ação para 2012: o Programa de Proteção Escolar (PPE). De acordo com a corporação, todos os colégios públicos e particulares de Belo Horizonte serão atendidos, o que corresponde a cerca de mil instituições de ensino.

Na primeira fase da operação, que começa na próxima semana, 87 equipes de policiamento farão visitas às escolas para entrevistar profissionais de educação, alunos e moradores sobre a criminalidade no local. Entre os militares, estão aqueles que já atuam no Programa Educacional de Redução às Drogas (Proerd). "Vamos verificar, por exemplo, se há bares no entorno e indícios de tráfico de entorpecentes", explicou a tenente Débora Santos, assessora de comunicação do Comando de Policiamento da Capital. Após o Carnaval, a PM já quer ter o diagnóstico pronto para iniciar um trabalho de repressão na comunidade e também de prevenção, com palestras que envolvam familiares.

Para o antropólogo Luís Roberto de Paula, professor da Faculdade de Educação (FaE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é preciso identificar primeiro os problemas para depois traçar um plano de ação específico para cada escola. "Não adianta um trabalho genérico, que não leve em consideração a situação de cada bairro", ressaltou. Além disso, ele diz que o diálogo com a população precisa sempre vir antes da repressão à violência. "O combate ostensivo por si só não resolve nada", disse.

Enquanto isso, a Escola Estadual Djanira Rodrigues de Oliveira, no bairro Jardim dos Comerciários, em Venda Nova, já registrou vários crimes somente em janeiro, durante a reposição de aulas. "Motoqueiros invadiram a escola, estudante foi flagrado com réplica de revólver e todo dia a escola é apedrejada", relatou a professora Graziella Souza, 35. Segundo ela, não há um trabalho de conscientização com os alunos e a polícia nem sempre está na região.
Ano letivo começa na rede sem os detectores de metais
As aulas nas escolas municipais de Belo Horizonte terão início amanhã sem os prometidos detectores de metais, que deveriam ser instalados até o começo do ano letivo de 2012. O prazo foi estipulado pela Lei 10.204, sancionada em junho passado pelo prefeito Marcio Lacerda. Por enquanto, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial informou que estuda que
tipo de detector será instalado nas escolas.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, o equipamento será instalado ao longo deste semestre nos 72 colégios previstos na lei, que são aqueles com mais de 500 alunos. No mesmo período, o órgão promete instalar câmeras de vigilância nas 186 escolas municipais da capital. (LC).
Fonte: O Tempo (MG)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

PM de plantão nos colégios

Com o objetivo de reduzir a violência nas unidades da rede pública, 40 escolas passam a contar com a presença de policiais nos três turnos

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Desde ontem, 40 Escolas da rede pública de ensino contam com a presença de policiais militares em tempo integral. Os PMs estarão dentro dos colégios e farão rodas internas e nos arredores nos três turnos de atividades. A iniciativa faz parte de um programa que pretende combater a violência e o tráfico de drogas nas instituições. Além do policiamento, palestras e atividades lúdicas que visam combater o bullying e a dependência química serão organizadas pela Secretaria de Educação, com o intuito de conscientizar alunos e também as comunidades que receberam o projeto. De acordo com o secretário de Segurança, Sandro Avelar, o governo tem a intenção de aplicar nas Escolas a filosofia de policiamento comunitário para aproximar alunos, professores, diretores, pais e moradores das cidades.

O lançamento do programa Muita Calma Nesta Escola ocorreu na manhã de ontem no Centro de ensino médio 4 (CED 4) do Guará, que, em abril deste ano, foi palco de uma briga entre professores, alunos e policiais (Leia memória). Segundo Avelar, a escolha foi simbólica e representa uma mudança nas políticas de segurança pública.

“As equipes vão estabelecer uma relação de confiança com a comunidade e estão preparadas para o desafio. Um policial trabalhará de manhã, outro à tarde e mais dois durante a noite”, afirmou.

O comandante do Batalhão Escolar da Polícia Militar, Eduardo Leite Souza, explicou que esse programa também vai resgatar um trabalho desenvolvido anteriormente pela corporação. Segundo Souza, o grupamento conta atualmente com 516 militares e a extensão da iniciativa está relacionada ao aumento do efetivo.

“Quando o Batalhão Escolar foi criado, em 1989, havia policiais fixos nas Escolas. Agora, vamos retomar esse trabalho. Com o aumento do número de soldados, mais Escolas serão contempladas. As outras unidades de Educação que não integram as 40 escolas escolhidas inicialmente também receberão reforço nas rondas móveis e com policiais a pé”, acrescentou.  Na avaliação do governador do DF, Agnelo Queiroz, esse trabalho visa criar uma cultura de paz para garantir a segurança da comunidade Escolar.

“Os alunos, pais, diretores eprofessores querem segurança nas salas de aula para desenvolver a atividade educativa. Também pretendemos levar isso para as Escolas privadas”, pontuou.

Para o diretor do CED 4, Antônio José Rodrigues, as drogas são responsáveis por criar os principais problemas nos colégios do DF. Segundo Rodrigues, o acesso aos entorpecentes está cada vez mais fácil e as dificuldades se multiplicam quando os pais dos alunos não acreditam que os filhos são usuários de drogas.

“Com a presença da polícia vamos diminuir os casos relacionados a droga e teremos um colaborador diário no combate a qualquer ilegalidade”, comentou.

Fonte:Correio Brasileinse (DF) - Todos pela educação

sexta-feira, 8 de abril de 2011

8 sepultamentos de vítimas estão confirmados para hoje 08 de abril de 2011

Foto de Reuters (O Globo)

Menino presta homenagem a vítimas de atentado na Escola Tasso da Silveira Foto: Luiz Gomes/Futura Press ReduzirNormalAumentarImprimirA Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) do Rio disse nesta sexta-feira que disponibilizou o custeio dos sepultamentos para as vítimas do atirador que invadiu ontem a Escola Municipal Tasso da Silveira e matou 12 alunos, se suicidando em seguida. A pasta informou que está oferecendo trabalho de apoio socioassistencial às famílias e de assistência psicológica na escola e nos hospitais para onde as crianças foram encaminhadas e no Instituto Médico Legal.


Os profissionais da secretaria estão auxiliando os familiares no processo de reconhecimento dos corpos e nos trâmites necessários para os sepultamentos. Até as 8h25, segundo a SMAS, estavam confirmados para hoje os enterros de Larissa Silva Martins, 13 anos, e Mariana Rocha de Souza, 12 anos, no Cemitério do Murundu, em Padre Miguel, às 11h; Bianca Rocha, 13 anos, Cemitério do Murundu, às 14h; Géssica Guedes Pereira, no Cemitério Ricardo de Albuquerque, às 15h; e Larissa Santos Atanásio, 13 anos, Karine Lorrayne Chagas de Oliveira, 14 anos, Rafael Pereira da Silva, 14 anos, e Luiza Paula da Silveira, 14 anos, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, ainda sem horário definido.


Um homem matou pelo menos 12 estudantes a tiros ao invadir a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, na manhã do dia 7 de abril. Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, era ex-aluno da instituição de ensino e se suicidou logo após o atentado. Segundo a polícia, o atirador portava duas armas e utilizava pelo menos 10 dispositivos para recarregar os revólveres rapidamente. As vítimas tinham entre 12 e 14 anos. Outras 18 ficaram feridas.


Wellington atirou em duas pessoas ainda fora da escola e entrou no local alegando ser palestrante. Ele se dirigiu até uma sala de aula e passou a atirar na cabeça de alunos. A ação só foi interrompida com a chegada de um sargento da Polícia Militar, que estava a duas quadras da escola. Ele conseguiu acertar o atirador, que se matou em seguida. Em uma carta, Wellington não deu razões para o ataque - apenas pediu perdão de Deus e que nenhuma pessoa "impura" tocasse em seu corpo.


Fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5056840-EI17958,00-Rio+sepultamentos+de+vitimas+estao+confirmados+para+hoje.html