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sexta-feira, 10 de abril de 2015

Estado Mascarado



Por 
 
Sábado fui no Rio de Janeiro, no protesto contra as mortes no Morro do Alemão. Querendo falar e desisto. Desesperança completa. A sensação mais viva é de que nada disso vai ter fim.
 
Política de drogas hipócrita, mas não só hipócrita, afinal é exatíssima no intento porque lucrativa demais pra gente poderosa demais e morte de quem não tem dinheiro tá tudo certo pra esse esquema aterrador. O Estado mata, a imprensa diz ok, a sociedade diz amém e seguimos como se nada. E, ironias da vida, nunca se falou tanto em Deus.
 
Uma criança leva um tiro de fuzil na nuca, disparado por um policial, na porta de casa. Como dizia um cartaz na caminhada “tiro na cabeça não é despreparo”. Minha cabeça rodando, o corpo dói de tristeza, nojo da forma como a gente se organiza pra viver, pra que uns vivam e outros não.
 
Sol de outono gritando, às 10:30 da manhã de 4 de abril, na entrada da Grota, pé do Morro do Alemão. Um microfone ligado no ponto de táxi. Muita gente vai lá e fala de dores coletivas, em discurso emocionado, poesia, música, enquanto outros grafitam uma parede, outros observam, uns com cartazes, outros não, todos com rostos cúmplices da mesma ideia. Gente do morro e do lado de baixo também. Todo mundo era irmão de algum jeito ali e só ali. Uma força coesa que dava até a ilusão de vitória. São bonitos demais esses momentos. Gente pedindo a mesma coisa, mesmo com pontos de vista diferentes, discursos diferente às vezes: PAZ. Não uma paz subjetiva, mas um pedido muito concreto, pela dor ainda vivíssima das mortes das últimas décadas, últimos anos, meses, dias, mortes sem fim, incluindo a de Eduardo de Jesus.
 
Alguém falava no microfone “bala perdida” e alguém gritava de longe “bala achada!”, alguém gritava “fora rede Globo!” e alguém gritava de volta “é importante todas as TVs estarem aqui!”…
E fomos nós no solão…
 
Às vezes fecho os olhos enquanto vou devagar nessas turbas de andada, em protestos por isso e aquilo, nessa cidade e naquela outra e na outra de lá. Faço isso faz tempo e sempre que abro os olhos me pegam de jeito os olhares dos policiais. Os olhares deles dizem em que parte da cidade você está. Eles olham te dando segurança (ou achando que te dão isso) ou te inspirando medo e apenas medo.
Um carro de apelido Caveirão já é por si uma aberração. E dentro da caveira o Estado mascarado, armado até os dentes, fuzis pra fora das janelas, imponentes, lataria com tinta bonita, preto fosco, pneus robustos e ameaçadores. Pra quem mora ali normal. Não poderia ser. Mas é. Normal.
 
O inimigo é a população numa praça, chorando seus mortos.
 
A última andada que tinha ido por morte foi na Vila Sabrina, São Paulo, a de Douglas, morto por um PM porque ouvia som alto no carro. “Douglinhas”, cantavam os amigos, com foto dele na camiseta e também gritavam “Luciano, assassino! Luciano, assassino!” olhando nos olhos dos policiais que acompanhavam o trajeto. Douglas foi aquele que olhou pro policial que tinha acabado de dar um tiro no peito dele e perguntou “por que o senhor atirou em mim?”.
 
E, do mesmo jeito do Rio, um monte de mães com foto de filho assassinado.
 
Dói o motivo da andada e mais ainda os olhares da grande maioria dos policiais ali naquela quebrada e naquela outra ali também. Em Recife, São Paulo, Rio, Salvador…Nossas favelas, nossas Palestinas. Nosso Quênia.
 
Dias antes moradores já tinham descido, querendo justiça, dizendo não pra essas mortes, querendo liberdade, ir e vir, querendo poder celebrar, nas suas próprias casas, no seu próprio bairro e receberam do Estado bombas de gás .
 
Muitos não vão. Medo justíssimo. Outros querem ir e são impedidos. Alguém no microfone, pouco antes da saída, falou que tinha polícia lá em cima com gás de pimenta, impedindo muita gente de descer.
 
No protesto de Douglas alguém, acho que da Anistia, ou da Secretaria de Direitos Humanos, não lembro bem agora, me falou que Emicida ia falar logo mais e me pediu pra falar também. Não consegui. Digo aqui o que falaria lá se não estivesse com o juízo tão tremido.
 
Emicida falou que estava ali porque aquilo podia ter acontecido com ele. Isso me deu mais certeza de não ir lá falar nada. Mas tive vontade de dizer que estava ali porque não poderia ter acontecido comigo e que isso me doía tão fundo e mais fundo…Os dois motivos nos ligavam e isso era importante. Queria falar que nós todos precisávamos estar juntos, que essa era a minha certeza na vida. Precisamos estar juntos, é a única saída possível. Mas não, eu não falei nada disso ali.
 
O pai de Douglas falava “meu filho estava com documentos! Eu sempre falava, Douglas, levou a identidade? E ele sempre levava. A identidade e o cpf…ele era um menino trabalhador, responsável”.
Eu queria gritar enquanto ouvia aquilo! Gritar que qualquer pessoa podia andar sem documento, ser mal aluno, não ser trabalhador, ser farrista, dormir na rua, ouvir o som mais alto do bairro. Gritaria também, na cara do PM que me olhava feio, que nem fumar ou vender maconha, cheirar ou vender pó (pra gente de bairro rico cheirar tranquilo, pra políticos cheirarem tranquilos…)…que nada disso, absolutamente, poderia servir de argumento pra um policial matar ninguém. Mas, claro, eu não disse. Lógico que eu não disse!! E eu não poderia falar nada depois daquele pai. Nada. Meu grito foi pra dentro mesmo, onde ele deveria ficar. Tudo certo. Tudo errado.
 
Um fotógrafo falou “segura  a faixa ali junto com eles, pra eu registrar?”. Não fui. Só queria andar junto, gritar junto. Que eles aparecessem na foto com a dor deles e só deles, dor que eu apenas projeto, que eu apenas desconfio de como seja e nem me imagino suportando. Eu que já chorei meus mortos de outra guerra, em outros morros, de outro alemão…
 
Com Eduardo de novo a mesma coisa, “ele era um bom aluno, um menino de ouro…estava na porta de casa com um caderninho da escola”. Quero gritar de novo. Mas o que eu posso falar depois dessa mãe? Nada. Engole aí. Nova náusea.
 
Não tem fim. Não tem fim, inclusive, porque não é que estamos estagnados, estamos indo no sentido completamente inverso à solução. Vamos reprimir mais em vez de desmilitarizar. Vamos reduzir a maioridade penal, em vez de transformar essa política de drogas hedionda. Vamos botar mais polícia repressora em vez de escola, saúde e diversão pras crianças.
 
Em protesto na periferia a polícia te olha com fome. A polícia te dá medo, muito mais medo do que daquele lado onde se tem dinheiro. Sem falar nos lugares onde ela mete medo nenhum, muito pelo contrário, onde quem protesta tira selfie com policiais sorridentes, fazendo o legal com o dedão e emoji de coração.
 
Em protesto na perifa, irmão, caso você de lá não seja e lá nunca tenha ido e, logo, disso nunca tenha sabido na pele, a polícia te olha como uma infecção. Sim, tem exceção. Ela só não dá conta dessa demanda. Os que descem o morro pra protestar são heróis e heroínas, corajosos no limite. Olhar nos olhos de quem te rouba a naturalidade do dia a dia, a leveza na vida, no mínimo…ou um parente, amigo, vizinho, quando chega no seu máximo de eficiência é para os fortes, muito fortes (vale lembrar que alguns policiais filmavam tudo com celular). Sua festa você não vai poder fazer, mas alguém vai poder matar seu filho e isso vai gerar uma nota de jornal, ou matérias tratando o assunto como corriqueiro.
 
Parênteses pra lembrar que nesse mesmo dia teve entrega de ovos de Páscoa e de gibis pelos guerreiros do Voz da Comunidade. Coisa linda danada que eles fazem.
 
Um tiro de fuzil na nuca de uma criança no Leblon, em Copacabana…dado por um agente do Estado, geraria jornais inteiros por meses, novelas e longas metragem, leis seriam mudadas, quem sabe a polícia desmilitarizada, a família pararia o trânsito da cidade inteira e seria aplaudida por toda sociedade emocionada e generosa. Seria uma Páscoa lembrada como um 11 de Setembro. Flores, fontes e monumentos. Nome de rua mudado, instituto com o sobrenome da criança, altar monetado na praça, o nome do personagem da nova minissérie.
 
No Morro a família e vizinhos descem pra protestar e levam bomba de gás na cara. Sim, já sabemos. Sim, isso é praxe. O tiro de fuzil tratado como um acidente de percurso, uma fatalidade no combate a o que mesmo? Ao mal?
 
Tinha uma criança bebê, no colo da mãe, com um riso tão aceso e que todo mundo ali queria que continuasse a existir sempre, querendo só “é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci e poder me orgulhar…”. E essa música, a mais bonita de todas naquela quentura fastiosa, a poesia maior de todas, o maior fundamento de liberdade.
 
E aquela coisica pequena, tão linda e aquele olharzinho tão olharzão, que eu cruzava hora e outra, no meio da multidão e que me dava gotinhas de alegria nesse dia de Rio tão choro.
 
As crianças ali todas certeiras, completas de vontades, com cartazes fortes e seguros. Olhavam pras câmeras, rostos sérios, encarando qualquer coisa que essas câmeras (às vezes câmeras abutres…) tivessem a dizer, a corresponder, nem que fosse só com dor dividida, nem que fosse só com culpa.
 
Saí de lá me sentindo estranhamente culpada, cabeça abaixada, desmerecedora de qualquer coisa que eu já tenha, até de verdade, merecido. Isso também passa e depois dá até pra fazer música amena.
Com a dúvida se fazemos tão pouco porque somos impotentes no sistema ou se somos impotentes no sistema justamente por fazermos tão pouco.
 
E a vida passa.
 
E o Rio, que semana passada não me deixou dormir de cachaça, no Sábado de Aleluia não me dorme de tristeza.
 
P. S. Depois de tantas mortes, o governador Pezão deu a notícia que a PM vai ~reocupar~ o Alemão. “Vamos entrar mais fortes, fazer uma reocupação. Segurança continua sendo nossa política mãe”.
Segurança de quem, governador?
 
A mãe de quem?
 

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Aluno barrado por usar guias de candomblé muda de escola

Por Athos Moura e Vania Cunha
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Rio - Um aluno da Rede Municipal de Ensino teve que trocar de escola depois de ter sido, segundo sua família, impedido de frequentar as aulas por usar guias de candomblé sob o uniforme. X., de 12 anos, adotou a religião há cerca de dois meses. Como parte de sua iniciação, tinha que usar as guias durante três meses. Mas, segundo sua família, a diretora teria proibido o menino de entrar na unidade.
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X. já não ia à Escola Municipal Francisco Campos, no Grajaú, há mais de um mês. Isto ocorria, segundo afirma a mãe dele, Rita de Cássia, porque a diretora havia avisado que não permitiria a presença dele usando guias ou quaisquer outros trajes característicos do candomblé.
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No dia 25 de agosto, o menino tentou voltar a frequentar as aulas, mas teria sido impedido, segundo a família. Com as guias por baixo da camisa do uniforme, além de bermuda e boné brancos, ele teria sido proibido de entrar na escola pela diretora. A alegação dela, segundo a família, foi de que X. estava usando roupas fora do padrão adequado.
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O estudante, de 12 anos, tem que usar a guia de candomblé como parte de sua iniciação religiosa. Ele teve que deixar de ir às aulas durante um mês, segundo contou sua mãe.
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Foto: José Pedro Monteiro / Agência O Dia
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A mãe do estudante disse que tinha conhecimento apenas de que o uso da camisa com o logotipo da prefeitura seria obrigatório. Segundo Rita de Cássia, outros alunos usavam boné, bermudas e calças de outras cores, além de tênis coloridos no dia em que o filho foi barrado: “A diretora colocou a mão no peito do meu filho e disse que ele não entraria com as guias, que estavam por baixo da camisa”. A diretora foi procurada pela reportagem, mas na escola informaram que o contato teria que ser feito com a Secretaria Municipal de Educação. A pasta limitou-se a explicar que a diretora, cujo nome não foi informado, alegou que houve um “mal entendido”.
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Para o cientista social Paulo Jorge Ribeiro, da Uerj, a atitude seria válida se símbolos de outras religiões também fossem proibidos. “A grande questão não é se a escola permite ou não o uso de guias de candomblé, mas como a sociedade vai criar mecanismos para que todos os símbolos religiosos sejam expressos de forma igualitária”, disse o professor.
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Para o pastor Marcos Gladstone, fundador da Igreja Cristã Contemporânea, a proibição pode ter sido motivada por regras da escola, como as que restringem o uso de acessórios: “Se for assim não vejo problema. Mas se foi por motivo religiosos, acredito que a escola deve ser laica e respeitar o credo de cada um”. O Padre Lincoln Gonçalves, da Igreja de São Cosme e São Damião, no Andaraí, diz que o Estado laico tem a missão de preservar a fé. “A atitude que se vê nesse caso é muito mais de um Estado intolerante e ateu, que quer coibir os símbolos da fé. A Constituição determina que o Estado seja laico, e não ateu”.
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Choro e constrangimento
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Na tarde desta segunda-feira, o menino começou a frequentar outra escola municipal no Grajaú, sem ser incomodado por causa de suas guias e bermuda branca. A mãe dele afirma que X. ficou envergonhado e não quis mais estudar na antiga escola: ele se sentiu “julgado” pelos colegas e responsáveis que estavam no portão da escola quando foi proibido de entrar. Segundo a mãe, X. chegou a ficar três dias com febre e chorou copiosamente. O pai de santo Rafael Aguiar contou que após ser iniciado no candomblé, a pessoa, além de não poder pegar sol, precisa usar roupas claras, tapar a cabeça e usar as guias por um período de três meses: “A religião tem o seu simbolismo e suas ações, que precisam ser respeitadas”.
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Burca e véu são proibidos em escolas da França por vários motivos
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Proibições polêmicas pelo mundo
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Na França, véus e burcas causam polêmica desde que uma lei — decretada em 2010 mas que só entrou em vigor em abril de 2011 — vetou o uso dessas peças em espaços públicos e na rua. Em caso de desobediência, a pessoa pode ser multada em até 150 euros. Muita gente foi contra, considerando que o decreto estigmatizava as pessoas. Para defender a lei, o governo alegou a preservação da liberdade e do direito da mulher, a manutenção do Estado Laico e medida de segurança, para evitar que terroristas usem as vestimentas para não serem identificados. Em julho, a Corte Europeia de Direitos Humanos decidiu que o decreto francês é válido. Antes da decisão francesa, as vestimentas foram motivo de divergências no mundo. Em 2004, a jovem muçulmana Cennet Doganay, à época com 15 anos, raspou a cabeça em sinal de protesto por ter sido impedida de frequentar as aulas na França de véu. Ela tirou a peça, mas cortou os cabelos. Já no Brasil, outra jovem muçulmana teve problemas para renovar a carteira de motorista porque compareceu à prova teórica usando o véu. Ela registrou o caso na delegacia.
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Colaboraram Gustavo Ribeiro e Maria Luísa Barros
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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

PM impede que professores em greve sigam até o Palácio Guanabara

Jornal do Brasil
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Centenas de profissionais da educação das redes públicas municipal e estadual do Rio de Janeiro foram impedidos de seguir em direção ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual, na tarde desta quinta-feira. Uma barreira de policiais militares impediu que os professores ultrapassassem a Rua Pinheiro Machado, nas Laranjeiras.
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A via está totalmente interditada pelos PMs, na altura da sede do Fluminense.
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Os policiais usam escudos e capacetes e formam uma verdadeira "muralha", impedindo o avanço dos profissionais. Os professores tentam negociar com os PMs o acesso até o Palácio Guanabara. A Rua das Laranjeiras, uma das principais do bairro, também foi interditada pela prefeitura
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Até o momento, a manifestação é pacífica. Os participantes cantam, mostram cartazes com suas reivindicações e agitam bandeiras. Pela manhã, os professores se concentraram no Largo do Machado, de onde seguiram em passeata rumo ao Palácio Guanabara. Os manifestantes também devem seguir depois para o Palácio da Cidade, em Botafogo.
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Os professores municipais decidiram, em assembleia realizada na quarta-feira (9), pela manutenção da greve, que já dura mais de dois meses. Cerca de cinco mil profissionais se reuniram no Clube Municipal, na Tijuca, Zona Norte. A categoria seguiu para uma passeata até a sede da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova, que ocorreu sem incidentes e terminou por volta das 17h. Na altura da Central do Brasil eles fizeram o enterro simbólico da educação.
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Os professores rejeitam o plano de cargos e salários aprovado no dia 1º de outubro e que equipara a remuneração dos professores com a mesma formação, além de não oferecer benefícios para os profissionais que têm cursos de especialização. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, anunciou nesta terça (8) que vai manter a decisão de cortar o ponto do professor que continuar em greve, de forma retroativa desde o dia 3 de setembro.
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Para o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio (Sepe) a reunião realizada nesta terça (8) pelo prefeito Eduardo Paes com os conselhos de professores, pais de alunos e a secretária de Educação, Cláudia Costin, representou mais "uma tentativa de desmoralizar as reivindicações da classe e os professores não estavam esperando nada desse encontro". A coordenadora do Sepe, Marta Moraes, afirmou que o sindicato não foi convidado para a reunião e desde que o plano de carreira foi aprovado, os professores tentaram diálogo com a prefeitura, sem sucesso. Segundo o Sepe, cerca de 60% da categoria aderiram à greve. Paes declarou durante a reunião com os conselhos que está buscando novos canais para negociar o fim da paralisação e desistiu de dialogar com o Sepe.
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Negativa da Justiça
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O Tribunal de Justiça do Rio negou a ação movida pelos professores contra a liminar que determinava o retorno imediato da categoria às atividades. O Sepe pode pagar multa de R$ 200 mil por dia, se desobedecer a determinação judicial. Segundo a coordenação do Sepe, será realizada ainda uma audiência de conciliação entre prefeitura e sindicato para definir essa questão e o sindicato entrará com novo recurso. A data da audiência ainda não foi divulgada.
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Protesto no Centro
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Na tarde de segunda-feira (7), professores colocaram cerca de 50 mil pessoas no Centro do Rio, em uma manifestação pacífica por melhorias salariais e melhores condições de trabalho. No fim da passeata, integrantes do grupo black bloc se infiltraram e o protesto acabou em depredações.
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Aprovação polêmica
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A aprovação do plano de cargos e salários dos professores aconteceu na tumultuada tarde do dia 1º de outubro. Do lado de fora da Câmara de Vereadores, professores protestavam contra o plano, enquanto que, do lado de dentro, vereadores aliados do prefeito o colocavam em votação. Policiais militares entraram em ação para coibir a manifestação, e houve confronto, com professores denunciando ação truculenta e violenta dos PMs.
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Fonte: Jornal do Brasil

Polícia e educação


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Não basta ganhar mal, tem que apanhar também

Professores da rede municipal decidem pela continuidade da greve
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Jornal do Brasil (Opinião)
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Os professores do Rio de Janeiro, que lutam por melhores salários, enfrentam agora a truculência da Polícia Militar, que no sábado -acionada pelo governador Sérgio Cabral, a pedido do prefeito Eduardo Paes –retirou a força os representantes da categoria da Câmara de Vereadores. Uma categoria da maior importância para o desenvolvimento de qualquer município, estado, nação, recebe no Rio entre R$ 1.200 e R$ 3.500 mensais, um dos piores salários pagos a um profissional com esse nível de capacitação para exercício da profissão. A prefeitura acena com um reajuste de míseros 8%, enquanto a categoria pede 19%.
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Não bastam os salários aviltados, é preciso bater, humilhar e impor um plano de cargos e salários que deverá piorar ainda mais a vida dos professores. Esquece o prefeito que aumentar a carga horária para 40 horas semanais vai transformar o professor em mero aplicador de provas e exercícios já prontos e que, provavelmente, deverão ser elaborados por alguma empresa privada “especialista nesse tipo de serviço”, cobrando o inimaginável para ser pago pelo contribuinte carioca, enquanto a educação da população vai piorando cada vez mais.
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Uma solução excelente do ponto de vista da secretária deEducação, Cláudia Costin, ex-funcionária de construtora e sem a menor capacidade para estar à frente da secretaria. Sua proposta de cargos e salários foi recusada por ser considerada pior do que a situação atual dos professores. O que já é péssimo ficaria pior. Parece piada, mas é a pura realidade. Uma luta que deveria ser de todos, mas infelizmente não vem contando com muito apoio.
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Fonte: Jornal do Brasil (opinião) / Foto: JB

terça-feira, 8 de outubro de 2013

'Tropa de prof' faz sucesso em passeata dos professores

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Esta fantasia aí da foto está fazendo o maior sucesso na passeata dos professores, que está acontecendo agora no Centro do Rio. A tropa de choque virou "tropa de prof". Incrível essa capacidade que os nossos queridos professores têm de transformar um limão numa limonada.
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* Ancelmo Gois - in: O Globo - é jornlista

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Manifestantes picham e tentam invadir Câmara Municipal do Rio
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Grupos de manifestantes, ligados ao Black Bloc e com rostos cobertos, que participavam de passeata no Centro do Rio de Janeiro picharam as paredes do lado de fora da Câmara Municipal do Rio, jogaram artefatos semelhantes aos usados nas festas juninas e tentaram atear fogo ao prédio. A manifestação, em defesa da educação, começou de forma pacífica, por volta das 18h, na Igreja da Candelária até a Cinelândia. A maior parte dos manifestantes é formada por grupos de professores municipais, estaduais, estudantes e sindicalistas, que não se envolveram nos atos de pichação e vandalismo.
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A manifestação havia seguido rumo à Avenida Rio Branco, mas já acabou. Um grupo de pessoas, no entanto, permanece no Centro ateando fogo pelas ruas. Cerca de 200 pessoas cercaram a Câmara de Vereadores, atiraram pedrões, fogos e rojões contra as janelas e portões. Os manifestantes tentaram invadir a Câmara e um dos portões de acesso estaria cedendo devido aos explosivos atirados. Durante os protestos, uma banca de jornal foi destruída. O clima ficou tenso ao redor da Câmara, com lançamento de bombas de efeito moral e balas de borracha, por parte da polícia.
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A manifestação, intitulada Um Milhão pela Educação, ocupa toda a área em frente à Câmara e à Biblioteca Nacional. Poucos policiais acompanham o protesto e evitaram se aproximar dos manifestantes na maior parte do tempo. Alguns manifestantes jogaram coquetel molotov nas janelas do prédio, que estão protegidas com chapas de madeira. Outros invadiram agências bancárias na Cinelândia e quebraram as vidraças. As pichações fazem referência ao governador do Rio, Sérgio Cabral, e frases como "Mais livro e menos bomba". Algumas pessoas subiram na fachada do prédio com um cartaz pedindo a libertação da ativista do Greenpeace Ana Paula Maciel, indiciada por pirataria pela Rússia após protesto.
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Uma lei proíbe o uso de máscaras ou cobrir os rostos em protestos no Rio.
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A estudante de pedagogia e direito Gabriela Guedes, participante do protesto, disse que apoia a causa e defende o reajuste dos salários dos docentes. "Sem os professores, nós não temos nenhum tipo de profissional. É muito importante que as pessoas se conscientizem, a população, e os universitários estão também aqui na luta para apoiar essa causa, que é muito digna". Para ela, as manifestações dos últimos meses renderam bons frutos e são uma boa forma de reivindicar direitos, apesar da violência.
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Fonte: Jornal do Brasil com Agência Brasil

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Professores grevistas e black blocs fazem manifestação em frente à Câmara do Rio

Rio de Janeiro – Professores em greve e integrantes do Black Bloc participaram, na noite de segunda-feira (30), de uma manifestação em torno do prédio da Câmara Municipal do Rio, na Cinelândia. O protesto começou nas primeiras horas da manhã, com representantes do magistério chegando em grande número para apoiar um grupo que estava acampado do lado de fora do Palácio Pedro Ernesto, desde que foram expulsos do plenário da Câmara, na noite de sábado (28), pela Polícia Militar (PM).
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O ato ocorreu sem tumulto na maior parte do tempo, mas acabou em conflito por volta das 21h, quando os black blocs foram dispersados pela Tropa de Choque da PM. Pelo menos um jovem ficou levemente ferido. Um carro de reportagem do SBT foi pichado pelos manifestantes e precisou deixar o local rapidamente.
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O efetivo da PM, que inicialmente isolava os professores acampados na rua ao lado da Câmara, foi reduzido e os manifestantes puderam circular livremente, pois até o fim da tarde não tinham autorização para voltar, caso necessitassem deixar o acampamento para lanchar ou mesmo ir ao banheiro.
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Tumulto durante protesto de professores
Tumulto durante protesto de professores
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Ao longo da tarde, deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) foram ao local para ajudar nas negociações. O deputado Gilberto Palmares (PT) criticou a decisão da PM de isolar os manifestantes e ajudou a negociar a diminuição do efetivo policial. “Embora a greve seja do âmbito municipal, não podemos fechar os olhos, pois todos lutamos por uma educação melhor, seja para a cidade do Rio, seja para o nosso estado”, disse Palmares. O trânsito na Avenida Rio Branco ficou fechado a partir das 19h, pois um grupo de black blocs ocupou a pista, que foi desobstruída por volta das 21h30.
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O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e a secretária municipal de Educação, Claudia Costin, participaram de um chat (sala de bate-papo) pela internet, das 20h às 22h, quando responderam a mais de 40 perguntas enviadas por professores. Ele abriu a conversa fazendo uma defesa do plano de carreira do magistério, reafirmando que a prefeitura cumpriu a sua parte nos três acordos firmados com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) desde o início da greve, há 52 dias.
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“Nós recebemos três vezes o Sepe e fizemos três acordos, com sucessivas concessões, até o máximo que a prefeitura poderia conceder”, disse. Paes reafirmou a intenção de que o projeto do plano de carreira do magistério seja votado pela Câmara amanhã (1º) e, por várias vezes, repetiu que os professores que aderirem ao novo regime de 40 horas de trabalho semanal poderão manter uma segunda matrícula na rede.
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O prefeito disse, no entanto, que o município não tem dinheiro para pagar, de uma só vez, a todos os professores que desejarem passar para a carga de 40 horas, o que deverá ser feito de forma gradual. O objetivo, segundo Paes, é aumentar o número de escolas de tempo integral, que vão oferecer um total de nove horas de aula por dia, o que deve começar com 109 escolas das zonas oeste e norte da cidade.
O Sepe sustenta que o professor terá de se demitir de uma das matrículas para assumir as 40 horas e pede que a prefeitura retire o regime de urgência do projeto encaminhado à Câmara, para que a matéria seja mais bem discutida. Mas, em nenhum momento, Paes admitiu retirar o pedido de urgência.
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Fonte: Jornal do Brasil

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Professores em greve acampam ao lado da Câmara Municipal do Rio de Janeiro

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Cristina Indio do Brasil, (da Agência Brasil)
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Professores da rede municipal de ensino armaram barracas de acampamento na lateral do Palácio Pedro Ernesto, sede do Legislativo do Rio, onde na noite do sábado (28) houve uma ação da Polícia Militar (PM) para a desocupação do plenário da Casa.
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Segundo a coordenadora-geral do Sindicato dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe), Gesa Corrêa, que estava presente no momento da operação, os policiais chegaram às 18h e pediram a desocupação. Depois da tentativa de negociação, e com a decisão dos professores de permanecer no local, os policiais começaram a ação de retirada. “Foi uma truculência. Foi um caos”, disse. Durante as negociações os professores pediram que o comandante da operação apresentasse a ordem judicial para a reintegração de posse do plenário, explicou. Segundo ela, na véspera já havia ocorrido uma tentativa. “Eles chegaram com um documento que era uma farsa de 20 de agosto. Falamos com os advogados e não saímos. Ontem foi a mesma história.”
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Gesa contou que os professores insistiram para ver o documento de reintegração e que o comandante saía e voltava. “Depois ele acabou dizendo que era ordem do Cabral [governador do Rio, Sérgio Cabral], do Jorge Felippe [presidente da Câmara] e do Eduardo Paes [prefeito do Rio]. Não tinha nada escrito, foi autoritarismo mesmo.” Segundo ela, houve a troca do comandante da operação, que apresentou a alternativa de saída dos professores do plenário da Câmara, caso contrário, a PM faria a operação de desocupação do local, que já estava no terceiro dia.
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Gesa disse que dois professores foram autuados e levados para a 5ª Delegacia de Polícia e que quatro feridos foram encaminhados para o Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio. Segundo ela, o sindicato vai recorrer à Justiça contra a operação policial dentro do plenário da Câmara. “Vamos entrar com ações judiciais em todas as instâncias. Eles não podiam retirar a gente de lá e nem dar voz de prisão.”
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Em nota, a Polícia Militar informou que a desocupação da Câmara Municipal na noite deo sábado atendeu a um ofício do presidente da Casa. Segundo a PM, Jorge Felippe solicitou a reintegração e a retirada dos professores que ocupavam o Palácio Pedro Ernesto desde quinta-feira (26). “O comando da PM tentou durante todo o período de ocupação uma forma de entendimento, mas não houve acordo, a PM cumpriu a determinação da Justiça”, diz a nota.
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Gesa contou ainda que enquanto estava na delegacia acompanhando os professores detidos recebeu um chamado de colegas, por volta da 1h, dizendo que estavam acampados próximos à Câmara e que um grupo da Guarda Municipal tinha chegado ao local para a retirada das barracas. Depois de mais uma rodada de negociação, as barracas continuaram montadas na parte lateral do prédio.
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Cabral critica
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O governador do Rio, Sérgio Cabral, (PMDB) disse que a melhor forma de defender as reivindicações é por meio de diálogo, ao falar sobre a ocupação do plenário do Palácio Pedro Ernesto por professores. Cabral não quis comentar se houve excessos da Polícia Militar durante a desocupação, na noite anterior. Ele disse que não viu as imagens e por isso não pode julgar o comportamento dos policiais.
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“Ter a participação da população é muito importante”, avaliou. “A democracia estabelece ritos e deve ser sempre, em tese, dessa maneira. Como ex-parlamentar e chefe do Legislativo, acho que a participação da população deve ser sempre dentro do que se chama direitos e deveres, mas, se houve enfrentamento ou não, eu não sei. Não vi as imagens. Em tese, ocupar também o plenário do Poder Legislativo não é a melhor forma de se dialogar e de se acompanhar qualquer tipo de debate”, disse.
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Foto: Tânia Rêgo/ABr
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Fonte:

domingo, 29 de setembro de 2013

Professores acampam na Câmara do Rio após confronto com Batalhão de Choque

Foto:  Professor de geografia e história da rede estadual, de 32 anos, foi violentamente agredido pela Polícia Militar ao proteger um amigo durante a confusão com a PM do lado fora da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A ocupação dos profissionais da educação era pacífica e foi removida violentamente pelos oficiais militares, que sem nenhum tipo de mandado ou ordem judicial, inv...adiram a Casa do Povo. Fonte: https://www.facebook.com/midiaNINJA?ref=ts&fref=ts#!/photo.php?fbid=230150360476450&set=pb.164188247072662.-2207520000.1380485869.&type=3&theater
 
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Rio de Janeiro - Professores da rede municipal de ensino estão acampados em dez barracas na lateral do Palácio Pedro Ernesto, sede do Legislativo do Rio, onde ontem (28), por volta das 22h30, houve uma ação da Polícia Militar (PM) para a desocupação do plenário da Casa.
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Segundo a coordenadora-geral do Sindicato dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe), Gesa Corrêa, que estava presente no momento da operação, os policiais chegaram às 18h e pediram a desocupação. Depois da tentativa de negociação, e com a decisão dos professores de permanecer no local, os policiais começaram a ação de retirada. “Foi uma truculência. Foi um caos”, disse. Durante as negociações os professores pediram que o comandante da operação apresentasse a ordem judicial para a reintegração de posse do plenário, explicou. Segundo ela, na véspera já havia ocorrido uma tentativa. “Eles chegaram com um documento que era uma farsa de 20 de agosto. Falamos com os advogados e não saímos. Ontem foi a mesma história.”
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Gesa contou que os professores insistiram para ver o documento de reintegração e que o comandante saía e voltava. “Depois ele acabou dizendo que era ordem do Cabral [governador do Rio, Sérgio Cabral], do Jorge Felippe [presidente da Câmara] e do Eduardo Paes [prefeito do Rio]. Não tinha nada escrito, foi autoritarismo mesmo.”
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Segundo ela, houve a troca do comandante da operação, que apresentou a alternativa de saída dos professores do plenário da Câmara, caso contrário, a PM faria a operação de desocupação do local, que já estava no terceiro dia. Gesa disse que dois professores foram autuados e levados para a 5ª Delegacia de Polícia e que quatro feridos foram encaminhados para o Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio. Segundo ela, o sindicato vai recorrer à Justiça contra a operação policial dentro do plenário da Câmara. “Vamos entrar com ações judiciais em todas as instâncias. Eles não podiam retirar a gente de lá e nem dar voz de prisão.”
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Em nota, a Polícia Militar informou que a desocupação da Câmara Municipal na noite de ontem atendeu a um ofício do presidente da Casa. Segundo a PM, Jorge Felippe solicitou a reintegração e a retirada dos professores que ocupavam o Palácio Pedro Ernesto desde quinta-feira (26). “O comando da PM tentou durante todo o período de ocupação uma forma de entendimento, mas não houve acordo, a PM cumpriu a determinação da Justiça”, diz a nota.
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Gesa contou ainda que enquanto estava na delegacia acompanhando os professores detidos recebeu um chamado de colegas, por volta de 1h, dizendo que estavam acampados próximos à Câmara e informando que um grupo da Guarda Municipal tinha chegado ao local para a retirada das barracas. Depois de mais uma rodada de negociação, as barracas continuaram montadas na parte lateral do prédio.
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Fonte: Jornal do Brasil

Professores, política e polícia

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Um país que espanca professores. É o fim. Já aconteceu em MG, SP, RJ. Ontem no Rio não escapou nem os professores adoentados. É difícil confiar em um Estado que utiliza da violência como linguagem. Muitos apanharam, outros foram presos e a ...maioria humilhada. A maioria não. Nós professores apanhamos. Apanhamos em casa e na cara. A fala governamental é a de que o Estado pouco ou nada valoriza os profissionais da educação. Ironia: professores são importantes para a democracia. São eles que discutem a inconstitucionalidade das máscaras, que denunciam a violência policial e que seguram essa educação precária que está por aí. Mais que isso, são eles os responsáveis pela juventude e pela adolescência que hoje gritam e também morrem na ruas. A ação do Estado - repressora e cruel - revela o fracassso de nossas autoridades e o fim de qualquer possibilidade de negociação em um momento que a democracia deixou de ser um processo. Só não vê quem não deseja ou quem não quer.
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Lúcio Alves de Barros (professor da UEMG)

terça-feira, 14 de maio de 2013

Por dia, quase três professores pedem demissão da rede estadual de ensino

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Por Maria Luisa de Melo
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Pagando salários menores do que os da Prefeitura do Rio de Janeiro, e de pelo menos cinco municípios da Baixada Fluminense, a rede pública estadual do Rio assiste a uma debandada de professores no início deste ano. Só nestes cinco primeiros meses, 308 mestres concursados pediram exonerações. Outros 504 se aposentaram. Ou seja, 812 mestres estão fora da rede. O déficit de profissionais, segundo a Secretaria estadual de Educação, no entanto, é de cerca de 800. 
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A principal causa apontada para os pedidos de demissão trata dos baixos salários - R$ 1001 de salário inicial bruto, por 16 horas de trabalho. De acordo com dados do Sindicato dos Profissionais da Educação (Sepe), a média de pedidos de demissão na rede é de 2,5 por dia. Levando-se em conta o número de profissionais que se aposentam, a média aumenta para 6,76.
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O problema, segundo os dados, não é exclusividade da rede estadual. No caso da Secretaria Municipal de Educação, o número de mestres que pediram desligamento de janeiro a maio é ainda maior: 514. No segundo semestre do ano passado, o município se viu às voltas com 1.270 pedidos deste tipo. 
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Concursado do governo do estado em 2010, o professor de Biologia Eduardo Moraes, 28 anos, decidiu abandonar a rede estadual e passar a trabalhar em Mesquita, na Baixada Fluminense. A intenção era aumentar seus rendimentos em R$ 520. "Em 2010, no Rio, eu ganhava R$ 880. Na Prefeitura de Mesquita, passei a ganhar R$ 1400. Como eu moro em Benfica, na Zona Norte, a mudança me exigiu um certo esforço de deslocamento, mas está valendo a pena". Eduardo ardo é um dos milhares de mestres que acumula mais de uma matrícula. Ou seja, trabalha para a Prefeitura de Mesquita e também para a Prefeitura do Rio de Janeiro. "O vale-transporte que o governo do estado me pagava não cobria as minhas despesas de deslocamento para o trabalho. Isso acontece principalmente com aqueles professores que trabalham em mais de uma escola. Este foi mais um dos motivos pelos quais decidi abandonar a rede estadual. É muito trabalho para pouco dinheiro", destaca. 
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O biólogo aponta ainda outras vantagens de se trabalhar fora da capital: "Na rede municipal de educação da Baixada, as turmas tem limite de 30 alunos. Já na rede estadual, o limite oficial é de 60. Isso significa que as turmas na Baixada são menos cheias e é possível trabalhar melhor", aponta. 
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Professora do Ciep Pablo Neruda, no Jardim Catarina, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, Maria Beatriz Lugão Rios diz que o fato de os novos professores concursados serem chamados apenas em meados do ano piora ainda mais a situação da classe. 
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"Os concursados, chamados pelo governo no meio do ano, tem que se encaixar nas turmas já formadas. Ou seja, um professor de Filosofia que é contratado para 12 horas por semana tem que lecionar em 12 turmas distintas já que cada turma tem direito a um tempo de aula desta disciplina. Assim, é comum um professor com apenas uma matrícula acumular aulas em mais de uma escola. O grande problema é que o vale-transporte é para apenas um colégio, né? Assim, o professor desembolsa parte de sua despesa com transporte", critica.
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Contratações não acompanham saída
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Enquanto a saída de profissionais da rede só neste início de ano foi de 812 mestres, as contratações são exatamente a metade: só 406 professores foram chamados este ano para trabalhar na rede estadual.
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Gratificações para diminuir déficit
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Para suprir o déficit de professores, a Secretaria estadual de Educação lançou mão de uma gratificação que praticamente dobra os rendimentos dos mestres. Para isso, os professores também tem carga horária dobrada. Com a chamada "gratificação por lotação prioritária", houve diminuição da carência por professores na rede. Segundo a Secretaria estadual de Educação, a carência de profissionais veio reduzindo desde 2010, quando chegava a 12 mil
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Adolescentes não tem Riocard há três meses
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No Colégio Estadual Vilma Atanásio, em Campo Grande, na Zona Oeste da cidade, as dificuldades vão além da falta de professores da rede estadual de ensino. Muitos estudantes - cerca de 50 - ainda não possuem o cartão Riocard, que dá acesso livre aos estudantes da rede pública. Alguns deixaram a escola, enquanto outros contam com a boa vontade dos motoristas para entrar pela por traseira. 
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Fonte: Jornal do Brasil (on line)