terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Causas da erosão atual dos direitos humanos

Ao invés de avançarmos no respeito da dignidade humana e dos direitos das pessoas, dos povos e dos ecossistemas estamos regredindo a níveis de barbárie
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Leonardo Boff*
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Vivemos num mundo no qual os direitos humanos são violados, praticamente em todos os níveis, familiar, local, nacional e planetário. O Relatório Anual da Anistia Internacional de 2013 com referência a 2012 cobrindo 159 países faz exatamente esta dolorosa constatação.
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Ao invés de avançarmos no respeito da dignidade humana e dos direitos das pessoas, dos povos e dos ecossistemas estamos regredindo a níveis de barbárie. As violações não conhececem fronteiras e as formas desta agressão se sofisticam cada vez mais.
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A forma mais convarde é a ação dos “drones”, aviões não pilotados que a partir de alguma base do Texas, dirigidos por um jovem militar diante de uma telinha de televisão, como se estivesse jogando, consegue identificar um grupo de afegãos celebrando um casamento e dentro do qual, presumivelmente deverá haver algum guerrilheiro da Al Qaida. Basta esta suposição para com um pequeno clique lançar uma bomba que aniquila todo o grupo, com muitas mães e criançasinocentes.
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É a forma perversa da guerra preventiva, inaugurada por Bush e criminosamente levada avante pelo Presidente Obama que não cumpriu as promessas de campanha com referência aos direitos humanos, seja do fechamento de Guantânamo, seja da supressão do “Ato Patriótico”(antipatriótico) pelo qual qualquer pessoa dentro dos USA pode ser detida por suspeita de terrorismo, sem necessidade de avisar a família.
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Isso significa sequestro ilegal que nós naAmérica Latina conhecemos de sobejo. Verifica-se em termos econômicos e também de direitos humanos uma verdadeira latinoamericanização dos USA no estilo dos nossos piores momentos da época de chumbo das ditaduras militares. Hoje, consoante o Relatório da Anistia Internacional, o país que mais viola direitos de pessoas e de povos são os Estados Unidos.
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Com a maior indiferença, qual imperador romano absoluto, Obama nega-se a dar qualquer justificativa suficiente sobre espionagem mundial que seu Governo faz a pretexto da segurança nacional, cobrindo áreas que vão detrocas de e-mails amorosos entre dois apaixonados até dos negócios sigilosos e bilionários da Petrobrás, violando o direito à privacidade das pessoas e à soberania de todo um país. A segurança anula a validade dos direitos irrenunciáveis.
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O Continente que mais violações sofre, é a África. É o Continente esquecido e vandalizado. Terras são compradas (land grabbing) por grandes coroporações e pela China para nelasproduzirem alimentos para suas populações. É uma neocolonização mais perversa que a anterior. Os milhares e milhares de refugiados e imigrantes por razões de fome e de erosão de suas terras são os mais vulneráveis. Constituem uma sub-classe de pessoas, rejeitadas por quase todos os países, “numa globalização da insensibilidade” como a chamou o Papa Francisco. Dramática, diz o Relatório da Anistia Internacional, é a situação das mulheres. Constituem mais da metade da humanidade, muitísssimas delas sujeitas a violências de todo tipo e em várias partes da Africa e da Ásia ainda obrigadas à mutilação genital.
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A situação de nosso pais é preocupante dado o nível de violência que campeia em todas as partes. Diria, não há violência: estamos montados sobre estruturas de violência sistêmica que pesa sobre mais da metade da população afrodescendente, sobre os indígenas que lutam por preservar suas terras contra a voracidade impune do agronegócio, sobre os pobres em geral e sobre os LGBT, discriminados e até mortos.
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Porque nunca fizemos uma reforma agrária, nem política, nem tributária assistimos nossas cidades se cercarem de centenas e centenas de “comunidades pobres”(favelas) onde os direitos à saúde, educação, à infra-estrutura e à segurança são deficitariamente garantidos.
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O fundamento último do cultivo dos direitos humanos reside na dignidade de cada pessoa humana e no respeito que lhe é devido. Dignidade significa que ela é portadora de espírito e de liberdade que lhe permite moldar sua própria vida. O respeito é o reconhecimento de que cada ser humano possui um valor intrínseco, é um fim em si mesmo e jamais meio para qualquer outra coisa. Diante de cada ser humano, por anônimo que seja, todo poder encontra o seu limite, também o Estado.
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O fato é que vivemos num tipo de sociedade mundial que colocou a economia como seu eixo estruturador. A razão é só utilitarista e tudo, até a pessoa humana, como odenuncia o Papa Francisco é feita “um bem de consumo que uma vez usado pode ser atirado fora”. Numa sociedade assim não há lugar para direitos, apenas para interesses. Até o direito sagrado à comida e à bebida só é garantido para quem puder pagar. Caso contrário, estará ao pé da mesa, junto aos cães esperando alguma migalha que caia da mesa farta dos epulões.
 
Neste sistema econômico, político e comercial se assentam as causas principais, não exclusivas, que levam permanentemente à violação da dignidade humana. O sistema vigente não ama as pessoas, apenas sua capacidade de produzir e de consumir. De resto, são apenas resto, óleo gasto na produção.
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A tarefa além de humanitária e ética é principalmente política: como transformar este tipo de sociedade malvada numa sociedade onde os humanos possam se tratar humanamente e gozar de direitos básicos. Caso contrário a violência é a norma.
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*Escritor e professor
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domingo, 15 de dezembro de 2013

Por quem os sinos calam

Mark Joseph Ster - Slate*
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Ontem, em todas as igrejas de Connecticut os sinos deram 26 badaladas, a pedido do governador: uma para cada vítima da tragédia de Sandy Hook. No entanto, no massacre morreram 28 pessoas: 20 estudantes, 6 professoras, a mãe do autor dos disparos e o próprio. Por que os sinos não tocaram para todos?
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A questão angustiante e complexa de se prestar uma homenagem ao perpetrador de uma atrocidade juntamente com suas vítimas por muito tempo perturbou essas cerimônias fúnebres. As 15 cruzes erguidas para lembrar as vítimas de Columbine - inclusive 2 para os atiradores - foram rapidamente reduzidas a 13, e então a zero. Depois da tragédia de Virginia Tech, os estudantes empilharam 33 pedras como uma espécie de memorial, mas a pedra que representava o atirador mais tarde foi retirada. No sábado, os sinos não deixaram de tocar apenas por Adam Lanza, mas também por sua mãe, que morreu pelas mãos do filho e postumamente foi considerada em parte culpada pelo massacre.
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É fácil compreender o motivo pelo qual um assassino deve ser excluído. Depois de uma tragédia, o atirador torna-se o vilão. E os membros de sua família, cúmplices. As famílias das vítimas de Columbine processaram as famílias dos autores do massacre, afirmando que elas deveriam ter previsto o desenlace, e ganharam um acordo. Em Newtown, afinal, foi a mãe de Adam quem comprou as armas que ele usou. Mas ela não somente forneceu os instrumentos para o filho mentalmente perturbado como foi sua primeira vítima, morta com um tiro em sua cama. Seria desonesto e perigoso simplificar o luto privando-a de uma homenagem adequada.
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Qualquer que seja a culpa que as pessoas atribuam a Nancy Lanza, Adam Lanza foi quem fez os disparos: primeiramente contra a mãe, depois na escola, e então contra si mesmo. Seu ato, pela voz corrente, foi uma retaliação insana, maldade, covardia. Adam jamais mereceria viver e, portanto, evidentemente, mereceu morrer. Agora que está morto, afirmam, sua memória não deve ser homenageada, mas amaldiçoada.
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A ideia tem um apelo óbvio. Qualquer um que concorde com ela tem todo o direito de fazê-lo. Mas, por mais atraente que possa ser o retrato em branco e preto do vilão em relação às vítimas, ele subestima o valor de nossa humanidade. Embora seja doloroso reconhecê-lo, Adam e a mãe eram seres humanos, tanto quanto suas vítimas. A tragédia de Newtown - e do mundo - é exatamente esta: a humanidade daquelas lindas crianças e de suas devotadas professoras lhes foi tão cedo roubada. Mas não é útil para ninguém fingir que o jovem torturado, de 20 anos, do outro lado do fuzil - e também sua mãe, morta naquele mesmo dia - não era, num sentido fundamental, absolutamente humano.
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Segundo a argumentação típica, se Adam era humano, era um ser humano profundamente mau, um flagelo execrável que não merece indulgência. Mas tampouco isso é certo. Olhando para as imagens das 20 crianças, pensando nas indescritíveis atrocidades que ocorreram no interior daquele edifício, não vejo nisso um ato de maldade. Vejo apenas o caos, um horror psicótico desencadeado contra seres que menos tinham condições de se defender. É tentador chamá-lo mal - mas "mal" implica algum raciocínio por trás da ação, algum motivo, alguma compreensão da dor medonha infligida a inocentes.
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Não há o que compreender sobre o que aconteceu em Sandy Hook. Não há nenhum sentido, nenhuma lógica num massacre. As normas usuais de comportamento humano simplesmente não se aplicam. Não há razão para aqueles cinco minutos de brutalidade. Há apenas a escuridão total de uma mente que perdeu a razão. Vemos as fotografias, lemos as inscrições, estudamos os sinais de advertência e debatemos as respostas, mas não há compreensão do que aconteceu em Newtown um ano atrás. Foi um ato inumano cometido por um ser humano.
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Esse é o paradoxo das duas badaladas emudecidas, das duas cruzes excluídas, da pedra ausente. É o cerne da luta entre ira e clemência. Cabe a nós, após todo esse sofrimento sem sentido, afirmar nossa própria humanidade, rejeitar o fascínio horrendo do niilismo, levantar-nos acima do caos. Enquanto lamentamos as vidas destruídas sem nenhum sentido em Newtown, devemos ter em mente a humanidade comum que nos obriga a lamentar por aqueles que não conhecemos e jamais conheceremos. Em certo momento, Adam compartilhou dessa humanidade. O fato de que a tenha perdido é uma tragédia para todos nós.
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TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
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Fonte: Estadão

sábado, 14 de dezembro de 2013

Humanos em que?

Por Lúcio Alves de Barros*
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A cada dia me convenço de que a humanidade está perdida. Os leitores podem até argumentar que estou sendo fatalista ou que a humanidade por natureza é composta por erros e acertos, “afinal somos humanos”. Pura balela: é justamente por sermos humanos e “racionais” que não tem lugar e nem sentido o que fazemos com o outro. Vamos há alguns fatos.
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Em primeiro lugar, destaco a falta de compaixão que percebo em inúmeras organizações e instituições que vivo. A começar pela família, lugar “sagrado” no qual raras vezes não perdemos a paciência ou que - até inconscientemente - tratamos mal as pessoas que mais amamos. Chega-se ao cúmulo do irmão, da irmã, do pai ou da mãe dizer “que na rua você não faz isso” e que “aqui você trata a gente diferente”. Talvez estes exemplos já sejam suficientes, mas ainda acrescento as fofocas, as festinhas de churrasco cheias de mal entendidos, as divisões de herança que causam o desencaixe das famílias – principalmente quando o patriarca ou matriarca morrem – e as competições entre filhos, sobrinhos, tios etc. A família é o espaço perfeito para sentirmos que o outro, apesar do amor, nos estranha e muitas vezes nos odeia.
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Em segundo lugar, destaco o ambiente de trabalho. Este lugar desprivilegiado de sentimentos nobres aos que se dizem cristãos. A começar pela ação de “ter que trabalhar”. Na realidade posso estar errado, mas penso que o ser humano nasceu para ser feliz e para viver no ócio. Longe do sonho, a verdade é que no trabalho exercitamos o que vem de pior entre nós. É um tal de medição de falo, comparação de poder e vaidade que chega a ser nojenta. E teimo a dizer que tais relações estão presentes em todas as organizações, inclusive nas igrejas, nas escolas, nas universidades e nas organizações governamentais assentadas na onda da fraternidade e da igualdade. E ai daqueles que não são “políticos” e resolvem bater de frente com os “donos do poder” sempre dependurados em ternos, automóveis do ano e na arrogância de serem mais especiais do que os outros. Nesta situação fica clara a falta de respeito, atenção e de capacidade de sofrer com o outro.
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Por último, é claro que o espaço da rua é de troca simbólica e emocional, mas também é de luta, conflito, brigas e destruição da diferença. Se nas organizações uma mulher grávida, um jovem doente e um velho sofrem, imagine na rua. É neste espaço que vamos ver o quanto somos invisíveis e insignificantes. É ali, num simples ponto de ônibus ou mesmo em uma fila de banco que atiramos todas as armas contra estas pessoas as quais estão vulneráveis ou momentaneamente vulneráveis. Como o ser humano é um “ser defeituoso” e que não deu certo a ponto de não usar o cérebro é esperado o sujeito não sair do lugar reservado ao idoso, ao moribundo ou à gestante. Nas filas é perceptível, inclusive, a reclamação daqueles que gozam da saúde ou que não estão em risco. Pior que isso, não é ao acaso que abandonamos os idosos em asilo, tratamos a mulher grávida com indiferença e denunciamos o menor infrator. Somos debochados e potentes e, a despeito dos direitos dos mais frágeis, somos capazes de encher os pulmões e gritar com todos como se deles fôssemos verdadeiros donos.
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A realidade é que os seres humanos desejam a superioridade, se agarram ao poder (por vezes um micro poder) e querem é disputar e ganhar o pão que - na maioria das vezes - já possui. Aos mais fracos na seleção social são direcionados os piores lugares e resevados os piores rótulos e oportunidades. Aos mais fortes e endinheirados são perceptíveis o culto ao corpo, a ostentação, a educação mais sofisticada, os bens e os direitos e privilégios deste Estado que se diz de direito. Não posso acreditar na humanidade que decidiu pela destruição do outro. A alteridade - com a modernidade recente - há tempos foi colocada em xeque, logo não me venham com essa ilusão de sociedade igualitária, fraterna e de compaixão, porque ela não existe. Trata-se de um conto de fadas e prefiro acreditar que em longo prazo a única certeza que temos é a de que estaremos todos mortos.
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* - Professor na UEMG

Jovem de 18 anos é identificado como autor de tiroteio em escola dos EUA

Denver (EUA) - O jovem Karl Halverson, de 18 anos, foi identificado como o autor do tiroteio ocorrido nesta sexta-feira na escola da cidade de Centennial (Colorado), nos Estados Unidos, e as autoridades informaram que apenas um estudante ficou ferido, e não dois, conforme foi divulgado anteriormente.
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Autor dos disparos, identificado como Karl Halverson, de 18 anos, se matou
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O xerife Grayson Robinson, do condado de Arapahoe, identificou Halverson como o autor do ataque na escola secundária Arapahoe de Centennial, ao sul de Denver. Halverson estava aparentemente à procura de um professor e, após ferir um estudante, se matou. Anteriormente, acreditava-se que outro estudante também tinha sido ferido por disparos, mas depois se descobriu que o sangue que ele tinha no corpo era da outra vítima, explicou Robinson à imprensa.
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O estudante que foi atingido está hospitalizado em situação crítica e, provavelmente, entrou em enfrentamento com Halverson. As autoridades acreditam que Halverson pretendia se vingar do professor que estava procurando e com quem, aparentemente, teve um confronto ou uma desavença.
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Também foram encontrados na escola dois coquetéis molotov, que foram supostamente deixados lá por Halverson. O incidente aconteceu a apenas 25 quilômetros do local do massacre de 2012 no cinema de Aurora, que deixou 14 mortos, e a 20 quilômetros da escola de Columbine, onde 15 pessoas morreram em outro massacre em 1999.
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Além disso, ocorreu um dia antes do primeiro aniversário do massacre na escola de Newtown (Connecticut) em dezembro do ano passado, quando 20 crianças e 7 adultos morreram, entre eles Adam Lanza, o responsável pela tragédia.
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Fonte: O Estadão

Secretaria promete investir mais em segurança de escolas

Para sanar o problema da violência nas escolas estaduais de Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) pretende continuar investindo em segurança e ampliar a atuação do Fórum de Promoção da Paz Escolar (Forpaz), um dos programas de combate à violência da pasta que tem como objetivo implementar no ambiente escolar a cultura da paz. Em 2014, o projeto será expandido para pelo menos outras quatro cidades de Minas. Somente em 2013, foram registrados 19 casos de agressões entre professores e alunos, e de acordo com a secretaria, houve punição em todos eles.
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Nos últimos dois anos, foram gastos R$ 14 milhões com a instalação de câmeras de segurança em prédios escolares e, em 2013, 93 viaturas foram cedidas para a Polícia Militar (PM) atuar diretamente com a patrulha escolar. Para o próximo ano, a SEE pretende ir além das ações preventivas e investir na questão social. De acordo com a secretária de Estado de Educação, Ana Lúcia Gazzola, ações com o intuito de provocar uma mudança no ambiente escolar serão priorizadas no ano que vem. “Essas são ações de prevenção. Precisamos tomar medidas para uma mudança cultural”, afirmou.
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A secretária revelou que ainda não tem o valor exato do orçamento que será destinado para o setor da segurança em 2014 porque a maioria dessas ações são feitas sob demanda, como no caso das câmeras e das viaturas da PM. Ela garantiu que gastará tudo o que for necessário. “Temos, no orçamento, uma margem grande para a área, mas isso vai depender das circunstâncias reais das escolas”, disse.
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Entre as medidas socioeducativas a serem implantadas, se destaca o Forpaz – rede de instituições e entidades que dão suporte para os diretores e professores no enfrentamento das condições geradoras de violência na escola –, que desde 2012 capacita educadores de todas as regiões de Minas. A expectativa para 2014 é de que o Forpaz aconteça nas cidades de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, Araçuaí e Diamantina, ambas no Vale do Jequitinhonha.
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Reajuste. Outra mudança importante para 2014 é o reajuste no salário dos professores, que terá um aumento de pelo menos 5% a partir do mês de janeiro.
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Além disso, a secretária Gazzola chamou a atenção para as posições do Estado em avaliações do governo federal e também para a adesão de 100% dos municípios mineiros no Programa de Intervenção Pedagógica (PIP), que é uma integração entre a rede estadual e municipal de ensino.
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Calendário terá mudanças para a Copa
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Além da segurança em escolas de todo o Estado, outro ponto importante destacado pela secretária de Estado de Educação, Ana Lúcia Gazzola, foi a alteração do calendário escolar em função da Copa do Mundo de 2014. De acordo com a pasta, todas as 3.682 escolas da rede estadual já foram notificadas sobre as mudanças no calendário letivo para o próximo ano. A intenção é que as férias do meio do ano sejam estendidas e, em compensação, o ano letivo comece mais cedo e termine mais tarde em 2014.
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As aulas devem começar no dia 3 de fevereiro e as férias irão de 12 de junho a 13 de julho. Já o ano letivo será encerrado no dia 19 de dezembro..
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Fonte: O Tempo (MG)

Ex-marido invade escola e atira em professora durante cantata de Natal

Cerca de 250 pessoas, a maioria sendo crianças de 6 a 11 anos, foram surpreendidas por uma tentativa de homicídio em uma escola estadual no momento de uma apresentação dos alunos durante uma confraternização de Natal, na tarde dessa quinta-feira (13), em Ladainha, no Vale do Jequitinhonha. O ex-marido de uma das professoras invadiu a instituição, atirou três vezes contra a cabeça dela e se matou, em seguida, na frente do público.
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"Foi uma confusão, as crianças ficaram muito assustadas, todo mundo saiu correndo", disse o sargento Ailton Pinheiro, do 19º Batalhão da Polícia Militar. Segundo ele, o casal estava separado há dois meses porque o homem, José Geraldo Rodrigues, de 25 anos, estaria abusando da babá da família, que tem apenas 14 anos, segundo o policial.
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Renata Gomes de Almeida, de 27 anos, tem um filho de 2 anos com Geraldo. Inconformado com o fim do relacionamento ele passou a ameaçar Renata constantemente. Na Polícia Militar, há dois boletins de ocorrência que a vítima fez por causa das ameaças do homem. O resultado de um deles foi a apreensão de uma espingarda na casa de Geraldo, que já tem passagens pela prisão por porte ilegal de armas.
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Na quarta-feira (11), uma ordem judicial foi expedida proibindo que Geraldo chegasse perto da vítima. Revoltado com a decisão, ele invadiu a Escola Estadual Nossa Senhora da Conceição por volta de 15h30. A diretora da instituição, que não será identificada, contou que viu a aproximação.
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"A gente não sabia dessa ordem judicial, ainda víamos ele como o marido dela, e pensamos que eles estavam passando por uma fase ruim, apenas. Ele chegou perto da Renata, que estava na porta da sala dela, perto do pátio onde acontecia a festa, e conversou com ela. Depois disso ele saiu, e voltou momentos depois, falou mais alguma com ela e atirou", disse.
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Segundo a diretora da escola, Renata havia passado em um concurso público para atuar na instituição e tomou posse em agosto deste ano. De acordo com a polícia, após a separação, Geraldo estava morando há 36 quilômetros do município e Renata continuou na cidade.
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Após o crime, Geraldo deu um tiro na própria cabeça. Ele e a mulher foram socorridos e levados para o Hospital Santa Rosália em Teófilo Otoni, onde Geraldo acabou morrendo na manhã desta sexta (13). Já Renata passou por uma cirurgia também na manhã desta sexta e não tem previsão de alta.
"Aparentemente, ela está bem. Já conversou com a família e lembra como tudo aconteceu", explicou o irmão da vítima, que pediu para não ter o nome divulgado. Era na casa dele que a professora estava hospedada desde o começo da semana. O homem, que presta serviço de motorista para a prefeitura da cidade, estava viajando quando o crime aconteceu.
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"Estava em Guanhães a trabalho quando uma outra professora ligou e contou o que tinha acontecido. Foi um susto. Não esperávamos uma reação dessa do Geraldo", disse. Segundo ele, a irmã nunca reclamou do ex-marido. "Eles tinham uma relação normal. Não éramos de frequentar a casa um do outro, mas ela nunca disse que tinha sido ameaçada durante o casamento", explicou o motorista.
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No entanto, Geraldo parou de conversar com o cunhado após saber que ele recusou ajudar na reconciliação do casal. O motorista confirmou que o atirador abusava da babá, mas achava que era uma coisa normal. O caso, segundo ele, chegou ao conhecimento do Conselho Tutelar do município, mas o suspeito não foi preso.
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"A Renata sabe que o ex-marido morreu e não demonstrou nenhuma reação. Agora, ela quer se recuperar e seguir a vida com o filho, sem mais problemas", finalizou o irmão.
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Atualizada às 18h16.
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Fonte: O Tempo (MG)