por André Silva*
Com o fim do período eleitoral, o eleitor bem informado pôde perceber que o Brasil ainda é um país que necessita urgentemente superar a crise moral e política que à séculos envergonha e oprime o cidadão de bem que paga seus impostos. Prova dessa afirmação é a grande a vitória nas urnas do palhaço Tiririca. Se por um lado existem aqueles que desperdiçam a oportunidade de segurar as rédeas da nação votando em figuras artísticas desprovidas de condições de assumirem alguma função de representação política, há aqueles que souberam muito bem dizer o que pensam ao votarem na alternativa do Partido Verde. Não se pretende aqui fazer campanha a qualquer partido, mas sim chamar a atenção para os eleitores exigentes que fizeram a diferença que evitou a vitória no em primeiro turno.
A nação brasileira necessita de eleitores exigentes e compromissados com o voto que colocam nas urnas, em especial quando o assunto é segurança pública. Segundo dados do anuário de estatísticas criminais do Fórum Brasileiro de Segurança Pública lançado em 2009, no Estado do Espírito Santo exatamente 1.903 pessoas foram assassinadas no ano de 2007 e 1.958 em 2008. Somando os quatro estados da região sudeste, em 2007 foram assassinadas 15.096 pessoas e em 2008 foram 13.813 assassinadas.
Esses números refletem pontualmente a realidade específica dos assassinatos. Ou seja, há ainda os números do latrocínio e das lesões corporais seguidas de morte. Nesse período eleitoral, os mais atentos cidadãos puderam observar que o tema menos debatido e com as promessas mais superficiais foi o da segurança pública. Ou seja, mesmo com mais de vinte mil mortes por assassinato em dois anos, somente na região sudeste, a segurança do cidadão, a preservação da vida, ainda não é levada à sério.
A tragédia que causou graves ferimentos por disparo de arma de fogo a um juiz e sua família na cidade do Rio de Janeiro reflete a tragédia que é a gestão da segurança pública brasileira e a violência que afronta o convívio humanizado e pacífico em sociedade. De um lado, policiais mal remunerados, mal treinados e mal comandados escalados para realizarem uma blitz não oferecem segurança. Não é função constitucional da Polícia Civil realizar blitz e tão pouco atuar no policiamento ostensivo. Do outro lado, mais uma família que quase se somou às estatísticas de homicídios quando amedrontada pela insegurança pública gerada pela violência urbana tentou evitar ser alvo do que eles acharam serem bandidos armados com fuzis.
Em dois anos, milhares se seres humanos são vítimas de um sistema de segurança estadual doente, falido, abandonado e inoperante, de um conjunto de leis que não beneficiam o eleitor que paga seus impostos e anda dignamente e principalmente por uma violência urbana. O debate do aborto que custou tanto aos candidatos no segundo turno não contemplou os abortos realizados diariamente pelos assassinatos, pelos assaltos seguidos de morte, pelas mortes na violência doméstica e pelo tráfico de drogas. Mulheres, jovens e crianças são abortadas brutalmente nesse país. Aos mais de 20 milhões de eleitores que fizeram a diferença cabe a função de exigir da nova governança desse país compromisso com a vida acima dos interesses partidários e econômicos.
* André Silva - Jornalista e Especialista em Criminalidade e Segurança Pública
Fonte: http://questaodesegurancapublica.blogspot.com/
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