domingo, 19 de dezembro de 2010

ATOS DE VIOLÊNCIA NÃO NASCEM DO NADA

João Batista Libânio* - 19 dez. 2010

A mídia surpreendeu-nos, em semanas passadas, com dois crimes horrendos em Belo Horizonte, cometidos às claras, de violência e estupidez inauditas. Na Faculdade Izabela Hendrix, um aluno esfaqueia mortalmente um professor. No coração da Savassi, um grupo espanca um jovem até a morte. Cena filmada e lançada na internet.

Há dois olhares. O primeiro dirige-se automaticamente sobre os criminosos. Os adjetivos se sucedem: enlouquecido, perverso moral, transtornado psiquiátrico, abrutalhado etc. Todos eles encerram certa verdade. No fundo, o cerne do ser humano - a liberdade e a responsabilidade - se esconde sob a capa da doença psíquica. Não nos toca julgar, em última instância, o nível de real culpabilidade. Cabe só a Deus e ao fundo da consciência humana, embora essa, não raro, tenha perdido muito de sua força culpabilizadora por causa da cultura presentista e de desprezo e desvalorização da vida.

O Judiciário segue trâmite próprio. Seu juízo possui, para contornos civis, caráter de última instância. Mas tudo isso se vê envolvido por questões maiores e mais graves. Aí vamos. Não esqueçamos naturalmente a dor horrível que assola tanto as famílias das vítimas como a vergonha horrorosa das dos criminosos.

Por que jovens, aparentemente sadios e de nível social bem assentado, chegam a esses extremos do crime? Talvez nos tenha chocado mais a cena do espancamento do jovem torcedor por um grupo de criminosos. Já não se consegue encontrar um perturbado individual, mas estão vários a perpetrarem o mesmo crime. Deslizamos claramente para o lado cultural.

Um ato desse não nasce do nada. Rapazes que cheguam à brutalidade "inocente" de divertir-se no crime refletem câncer social de extrema gravidade. Basta observar o significativo pormenor: os criminosos saíram para a razia de uma casa de shows onde assistiram a campeonato de luta livre e fazem parte de torcida organizada e violenta. Deixemos de lado a causa mais importante e preocupante de tal cultura bruta juvenil: a falta de cuidado, de educação de valores, de limites na família. Os pais acordam tarde quando veem os filhos já envolvidos em crimes e processos. Omitiram-se nos anos decisivos da infância ao permitirem tudo aos filhos e ao não lhes darem o verdadeiro antídoto do crime: cuidado e carinho nos primeiros anos de vida.

No caso bem concreto dos torcedores, está em jogo a crescente perversão do esporte na atual cultura. Saiu do verdadeiro lugar do lazer para transformar-se em comércio descarado por parte dos clubes e de muitos jogadores e em fanatismo inconcebível e estúpido por parte de torcedores. Estes sofrem, arriscam a vida até o crime por lutarem por um time que só se interessa pelo lado financeiro.

Há ingênua e manipulada irracionalidade ao se absolutizar afetivamente a vinculação com um time. Um mínimo de lucidez percebe a tolice de transformar um objeto de divertimento em causa de vida e morte. Voltemos ao futebol-arte. A arte alegra, humaniza, extasia. A paixão cega e degrada.


* - É articulista do Jornal O tempo (BH)


sábado, 18 de dezembro de 2010

EDUCAÇÃO E POLÍTICA...

Amarildo - para o GAZETA

NOTÍCIAS...

Adolescente atira dentro de escola estadual no bairro Carlos Prates, na capital

JÚNIA BRASIL - 17 dez. 2010

Um adolescente de 14 anos foi apreendido na tarde desta sexta-feira, 17, depois de disparar dois tiros dentro de uma escola estadual no bairro Carlos Prates, região noroeste de Belo Horizonte. Os disparos atingiram uma janela, que se quebrou, e uma carteira. Segundo a Polícia Militar, o garoto levou um pistola de calibre 765 para a escola e disparou dois tiros dentro da sala de aula, enquanto uma professora dava aula.

Quando a polícia chegou ao local, encontrou a arma escondida dentro da mochila de outra adolescente, de 16 anos. Segundo o soldado Nicolau, do 34° Batalhão da PM, a arma estava engatilhada, pronta para outro disparo. O adolescente contou aos militares que encontrou a pistola em um lote perto da casa dele e levou para mostrar aos colegas. A PM também encontrou, com ele, munição da pistola.

Durante as buscas pela pistola, a polícia encontrou uma bucha de maconha dentro da mochila de outro adolescente, também de 16 anos. A garota que escondeu a arma também foi apreendida. Ela contou aos policiais que no momento do disparo todos os colegas saíram assustados e que ela guardou a arma por livre e espontânea vontade. Os adolescentes foram encaminhados ao Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional (CIA).

Ameaça

Quando os policiais estavam na escola, duas adolescentes, de 14 e 16 anos, disseram que haviam sido ameaçadas pelo adolescente. “Ele tinha uma rixa antiga com as meninas e disse que iria matá-las” disse o militar. Todos os adolescentes estão na 7ª série do Ensino Fundamental e estudam na mesma turma. Eles assistiam, nesta sexta-feira, a última aula do ano, pois a partir de amanhã começa o período de férias no calendário letivo da escola. Ainda de acordo com o soldado Nicolau, essa foi a motivação para que o adolescente levasse a arma para a escola na data de hoje. “Ele disse que hoje era o último dia de aula e que esta data ia ficar marcada pra sempre na escola”, afirmou.

Comentários

18/12/2010 - 01h04
Sergio Amaral - Belo Horizonte

Retiraram primeiro a remuneração do professor, agora totalmente o direito e dever de ensino, de corrigir e os poucos que ainda tentam correm o risco de serem assassinados. Também vai começar a acontecer na saúde. Criaram a picaretagem do humaniza SUS, que na verdade são um bando de prestadores de serviços contratados, sei por qual tipo de contrato, possivelmente ILEGAL, que ficam "enrolando" os doentes, com informações inúteis, já que quanto ao objetivo nada podem acrescentar,que são consultas RESOLUTIVAS, tratamento cirúrgico,para os devidos casos,colocando-os numa fila sem fim,e ouvirem as queixas destes pacientes contra os profissionais de saúde que, quase sempre não enrolam de os colocam,dentro das dificuldades de solução dos problemas. De sorte que daqui a pouco vamos ter médicos,dentistas,enfermeiras levando facadas e demais atos criminais, face ao ping-pong do atendimento a saúde. Não fica distante também os da área policial,que não conseguem debelar as crescentes ondas de tomadas de comunidades,nome pomposo para as favelas mesmo.Tá difícil.

17/12/2010 - 22h38
Renata - BH
A Escola que É MOSTRADA é a realidade da educação pública. Violência está virando uma constante. Estiletes, canivetes, facas, atualmente armas de fogo. Professor se divide em vários, para evitar catástrofes, separar brigas, evitar tragédias, tentar ensinar além de conteúdos algo mais. Essa é a ESCOLA REAL!!! Rezar muito para que uma tragédia não ocorra. Sempre alerta, tentar motivar, tentar ensinar... Nem sendo mágicos... Enfrentar riscos de agressões físicas e morais. Muitas vezes colocar a vida em risco. Saúde se esvaindo aos poucos, principalmente a mental. Previdência Social é ótima, desde que não se precise dela... e o salário sem comentários. E grande parte da sociedade pensando que o problema não é da mesma. ACORDEMMMMMMMMMMMMM!!!!!!!!!!!!

17/12/2010 - 20h43
Izavera Pândega - BH
Na escola, em sala de aula que aconteceu isso? Arma encontrada em lote vago? Bucha de maconha encontrada em mochila de aluno? Aliás uma pergunta que não quer calar, o que estes adolescentes foram fazer no meio do "mato" pra encontrar esse material? Se alguém souber, que me conte depois.

17/12/2010 - 20h20
Almerio - Rio de janeiro
Não moro mais na minha cidade natal, BH, mas fico estarrecido e entristecido com o que anda ocorrendo na outrora pacífica e bela cidade.

17/12/2010 - 19h11
João Goulart - Belo Horizonte

Realmente é uma vergonha o trato dispensado à educação pelo desgoverno tucanóide. Por falar nisso, ontem foi aprovado na ALMG o Plano Decenal da Educação que contempla o PISO NACIONAL, LEI FEDERAL 11738/08 enquanto vencimento inicial. E agora, o "desgovernador" vai sancionar o que o legislativo aprovou? Ou vai continuar com a farsa do subsídio????

Fonte: http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=104916

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

PESQUISA [Notícias]

Consumo de droga é maior em escola privada que em pública

Rafael Moraes Moura - 16 dez. 2010

O consumo de drogas é maior em escolas privadas que em públicas, aponta levantamento da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) divulgado nesta quinta-feira (16). Mapeamento feito com 50.890 estudantes de todas as capitais brasileiras constatou que, na rede privada, de cada 100 alunos, 30 já consumiram psicotrópicos, como maconha, cocaína e crack, contra 24 na rede pública.

Na faixa etária de 16 a 18 anos, a proporção de estudantes de escolas particulares que já usou essas drogas pelo menos uma vez na vida é ainda maior: 54,9%. Na pública, essa porcentagem é de 40,3%. A relação de consumo entre os dois tipos de escolas se inverte quando se analisa o uso frequente (declaração de consumo de seis ou mais vezes no mês anterior à pesquisa): nessa faixa, a rede pública ultrapassa a privada por uma pequena margem - 0,9% contra 0,8%. Quanto ao uso pesado (vinte ou mais vezes), os alunos da rede pública "superam" os da privada por 1,2% a 0,8%. Ou seja: embora sejam consumidas mais drogas pelos alunos da rede privada, na pública a frequência de uso é maior entre os dependentes.

O estudo do governo federal, feito em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), trouxe números da rede privada pela primeira vez. Estudantes do ensino fundamental e médio foram submetidos a um questionário aplicado em 789 escolas. Segundo a Senad, cerca de 94% das públicas convidadas aceitaram participar, contra 70% das privadas. "Não entendemos como grave a recusa (das privadas). Pode ter, sim, a ver com o fato de ser a primeira vez que se faz uma pesquisa sobre esse tema (com elas), enquanto a rede pública já tem uma tradição", disse a secretária-adjunta da Senad, Paulina Duarte.

Públicas

Os dados da pesquisa anterior, de 2004, permitem uma comparação do cenário das drogas nas escolas públicas. O consumo de maconha - pelo menos uma vez ao ano - caiu de 4,6% para 3,7%; de solventes/inalantes (como lança-perfume), desceu de 14,1% para 4,9%; de anfetaminas, de 3,2% para 1,6%; quanto ao crack, a redução foi de 0,7% para 0,4%. O uso de cocaína, no entanto, subiu de 1,7% para 1,9%.

"O aumento em relação à cocaína foi relativamente pequeno e vai merecer do governo uma análise mais acurada. Não temos uma explicação neste momento", disse Duarte. "A redução do consumo de drogas é um fenômeno que não está ocorrendo apenas no Brasil, há no mundo uma tendência de estabilização do consumo e até mesmo de diminuição. O Brasil vem acompanhando essa tendência mundial, há maior percepção da população sobre os riscos de consumo".

Para a secretária-adjunta, os números mostram um consumo pequeno de crack entre os estudantes - na rede privada, o índice foi de 0,2%. Uma possibilidade para o resultado é o fato de os usuários da droga na faixa etária estudada (de 10 a 19 anos) não estarem em sala de aula. "Isso poderia estar vinculado ao fato de o crack ser uma droga potencialmente muito mais danosa que devasta com muito mais rapidez a vida das pessoas, o que poderia fazer com que (essas pessoas) estivessem fora da escola", observou Duarte.

Quanto à prevalência de uso no ano de tabaco e álcool, entre estudantes de ensino fundamental, a pesquisa apontou redução no consumo entre 2004 e 2010. No primeiro caso, de 15,7% para 9,8%; no segundo, de 63,3% para 41,1%. Na opinião da secretária-adjunta, as escolas estão hoje mais preparadas para lidar com a questão. "A escola brasileira hoje vem discutindo a questão de drogas de uma forma bastante pragmática, saindo daquela questão polarizada, do fundamentalismo ou da banalização do consumo", avaliou.

Fonte: Estadão.com.br

J'ACUSE


J’ACUSE !!! (Eu acuso !)

(Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes)

« Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice. (Émile Zola)
Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. (...) (Émile Zola)

Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!).

A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.

O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares. Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática.

No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando...

E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”

Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno – cliente...

Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”.

Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.

Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:

EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;

EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos” e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;

EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;

EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;

EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;

EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;

EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;

EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;

EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;

EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;

EU ACUSO os “cabeça – boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito,

EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;

EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.

EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;

EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;

Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos -clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.

Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”.

A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”

Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.

* Igor Pantuzza Wildmann - é advogado – Doutor em Direito. Professor universitário.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

Sinpro em Movimento - 14 dez. 2010

O presidente do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro Minas), Gilson Reis, esteve no Ministério Público do Trabalho (MPT), nessa terça-feira (14/12), para uma audiência com o procurador-chefe do órgão, Arlélio de Carvalho Lage, a fim de discutir ações de combate à violência nas escolas de Minas Gerais.

Gilson Reis fez um relato sobre as pesquisas realizadas pelo Sinpro Minas e a gravidade das ocorrências de violência contra os docentes, como o caso do professor Kássio Vinícius Castro Gomes, morto no dia 7/12, dentro de uma instituição privada de Belo Horizonte.

Durante a conversa, surgiu a proposta de o Ministério Público do Trabalho realizar audiências públicas, em parceria com o Sinpro Minas, para debater o tema. Serão realizadas audiências em diversas regiões do estado. A primeira já está prevista para acontecer em Belo Horizonte, no dia 16 de fevereiro. O MPT também poderá enviar uma carta às escolas privadas com recomendações sobre formas de agir para combater a violência no ambiente escolar.

A visita ao Ministério Público do Trabalho está inserida dentro das ações que a diretoria do Sinpro Minas tem encaminhado para contribuir com a melhoria das condições de trabalho dos professores e por uma cultura de paz dentro das escolas.

NOTÍCIAS...

Lula envia ao Congresso o projeto de lei com as metas para 2011-2020

Novo PNE apresenta dez diretrizes objetivas e 20 metas, seguidas das estratégias específicas de concretização. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Educação, Fernando Haddad, encaminharam ao Congresso Nacional na manhã desta quarta-feira, dia 15, o projeto de lei do Plano Nacional de Educação(PNE) para período 2011-2020. A solenidade, no Palácio do Planalto, teve a presença de representantes da Conferência Nacional de Educação (Conae).

O novo PNE apresenta dez diretrizes objetivas e 20 metas, seguidas das estratégias específicas de concretização. O texto prevê formas de a sociedade monitorar e cobrar cada uma das conquistas previstas. As metas seguem o modelo de visão sistêmica da educação estabelecido em 2007 com a criação do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Tanto as metas quanto as estratégias premiam iniciativas para todos os níveis, modalidades e etapas educacionais. Além disso, há estratégias específicas para a inclusão de minorias, como alunos com deficiência, indígenas, quilombolas, estudantes do campo e alunos em regime de liberdade assistida.

Universalização e ampliação do acesso e atendimento em todos os níveis educacionais são metas mencionadas ao longo do projeto, bem como o incentivo à formação inicial e continuada de professores e profissionais da educação em geral, avaliação e acompanhamento periódico e individualizado de todos os envolvidos na educação do país — estudantes, professores, profissionais, gestores e demais profissionais —, estímulo e expansão do estágio. O projeto estabelece ainda estratégias para alcançar a universalização do ensino de quatro a 17 anos, prevista na Emenda Constitucional nº 59, de 2009.

A expansão da oferta de matrículas gratuitas em entidades particulares de ensino e do financiamento estudantil também está contemplada, bem como o investimento na expansão e na reestruturação das redes físicas e em equipamentos educacionais — transporte, livros, laboratórios de informática, redes de internet de alta velocidade e novas tecnologias.

Ideb — O projeto confere força de lei às aferições do índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) — criado em 2007, no âmbito do PDE — para escolas, municípios, estados e país. Hoje, a média brasileira está em 4,6 nos anos iniciais do ensino fundamental (primeiro ao quinto ano). A meta é chegar a 6 (em uma escala até 10) em 2021. Outra norma prevista no projeto é confronto dos resultados do Ideb com a média dos resultados em matemática, leitura e ciências obtidos nas provas do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Em 2009, a média foi de 395 pontos. A expectativa é chegar a 473 em 2021.

O novo plano dá relevo à elaboração de currículos básicos e avançados em todos os níveis de ensino e à diversificação de conteúdos curriculares e prevê a correção de fluxo e o combate à defasagem idade-série. São estabelecidas metas claras para o aumento da taxa de alfabetização e da escolaridade média da população. Entre outras propostas mencionadas no texto estão a busca ativa de pessoas em idade escolar que não estejam matriculadas em instituição de ensino e monitoramento do acesso e da permanência na escola de beneficiários de programas de transferência de renda e do programa de prestação continuada (BPC) destinado a pessoas com deficiência. O documento determina a ampliação progressiva do investimento público em educação até atingir o mínimo de 7% do produto interno bruto (PIB) do país, com revisão desse percentual em 2015.

A primeira casa do Congresso Nacional a analisar o projeto será a Câmara dos Deputados.

Assessoria de Comunicação Social

Confira a íntegra do projeto de lei no Portal do MEC

Fonte: Portal do MEC

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

SINPRO EM MOVIMENTO

Fonte: site do Sinpro

Sindicato cria espaço para denunciar violência nas escolas
13 dez. 2010

O Sinpro Minas criou, em sua página na internet, um espaço para que os professores denunciem casos de violência no interior das escolas privadas. O objetivo é reunir as denúncias, para que, posteriormente, possam subsidiar ações pela paz nas instituições de ensino.

“Temos que fazer com que o assunto extrapole os muros das escolas privadas. A categoria não pode ficar refém da violência, e as instituições de ensino devem ser o local da sabedoria e da paz, e não do medo”, disse Gilson Reis, presidente do Sinpro Minas.

O sindicato ressalta que a identidade e os dados dos professores serão mantidos em absoluto sigilo.

Para fazer a denúncia pela internet, é só preencher o formulário (clique aqui para acessá-lo). As denúncias também podem ser encaminhadas ao endereço eletrônico paznasescolas@sinprominas.org.br (com nome, email, telefone, escola e relato da situação).

Também será criado um disque-denúncia (0800), no qual os docentes poderão relatar anonimamente os casos nas instituições de ensino. O sindicato já solicitou o serviço à empresa de telefonia responsável e aguarda a implantação. Assim que estiver disponível, será divulgado na internet e pelo email da categoria.

Levantamento

A pesquisa Rede particular de ensino: vida de professor e violência na escola, realizada pelo Sinpro Minas em parceria com a Puc Minas, mostrou que mais da metade dos entrevistados (62%) disse ter presenciado a agressão verbal. O estudo aponta ainda que 39% dos professores relataram ter visto situações de intimidação, e 35%, de ameaça. O levantamento revela ainda que 91% dos professores entrevistados consideram como violência o desrespeito à sua autonomia no exercício da docência, sendo que 52% vivenciaram situações dessa natureza.

PESQUISA [Notícias]

Estudo mostra que 24% dos professores já sofreram ou presenciaram agressões física

Do dia 09 dez. 2010 - "Estado de Minas"

Enquanto o Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix qualifica a morte brutal do professor Kássio Vinícius Castro Gomes, de 39 anos, como um "episódio isolado", entidades de classe e até mesmo o Congresso Nacional batem na tecla de que casos pontuais como esse têm virado rotina no ambiente escolar. Especialistas ainda alertam que, ao tratar as agressões na sala de aula como situações esporádicas e fora de um contexto maior, as escolas mascaram o problema e criam terreno fértil para a violência e a ação de alunos inconsequentes, como Amilton Loyola Caires, de 23, assassino confesso de Kássio Vinícius. Na tentativa de pôr limites na selvageria que invade as instituições de ensino, dois projetos de lei tramitam no Senado, para incentivar a cultura de paz nas escolas e estabelecer punições severas aos agressores.

A barbárie que põe em lados opostos alunos e educadores também foi recentemente tema de matéria especial publicada, no dia 28, no Estado de Minas. Dados da Secretaria de Estado de Defesa Social mostram que os episódios de agressão em ambiente escolar dobraram desde o ano passado em unidades da capital. No centro do debate estava a violência sofrida pela professora Antônia Alexandre Nogueira, do município de Cláudio, no Centro-Oeste do estado. Ela teve uma costela trincada ao ser agredida por um estudante de 15 anos.

O Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro-MG), representante dos profissionais de escolas particulares, articula ação de protesto pelo assassinato de Kássio Vinícius, que será definida hoje. Mas o diretor da entidade, José Carlos Arêas, adianta que o episódio faz parte de cenário de terror denunciado pelo Sinpro em pesquisa divulgada em 2009. O estudo aponta que 62% dos 686 entrevistados presenciaram ou sofreram agressão verbal e 24% deles, violência física. “Esse é um reflexo da sociedade que também aparece dentro da escola. Mas, no caso da rede privada, esses casos ficam abafados pelos interesses econômicos. Além disso, o aluno de escola particular se vê, muitas vezes, como um segundo patrão do professor. Muitos profissionais não denunciam porque temem perder o emprego.”

A coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), Beatriz Cerqueira, chama atenção para o risco de encarar o problema de forma isolada. "Todo lugar tem violência na escola e, se isso é tratado pontualmente, passa a ser caso apenas de polícia. Estamos vivendo uma crise da menos valia do professor. A primeira condição para que sejam tomadas medidas protetivas é que as escolas reconheçam o problema", critica.

Legislação

A violência nas escolas acende o sinal de alerta também no Congresso Nacional. Dois projetos de lei em tramitação no Parlamento, ambos de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), propõem mudanças na legislação brasileira em defesa da criação de uma cultura de paz nas salas de aula e de regras mais rígidas para alunos agressores. Com relação ao cruel assassinato do professor Kássio Vinícius numa faculdade de Belo Horizonte, o senador é categórico ao afirmar que não se trata de um caso isolado. “A violência é geral em todos os estados, onde a juventude se acha acima do bem e do mal e, muitas vezes, age com a conivência dos pais, acostumados a passar a mão na cabeça dos filhos. Espero que as autoridades tomem providências reais, aprovando leis e aplicando a Justiça para que episódios tristes como esse da capital mineira não se transformem apenas em mais uma manchete de jornal”, diz Paim.

O Projeto de Lei 178/2009 propõe alterações na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) para inserir o tema da superação da violência na grade curricular das escolas, além de incorporar ao quadro de educadores pessoas com formação técnica e pedagógica em segurança escolar e atribuir aos profissionais da educação o dever de interagir com a comunidade externa à escola. O texto já foi aprovado pelo Senado e está em tramitação na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

Já o Projeto 191/2009 prevê amparo da Justiça e medidas de proteção para os casos de violência contra professores. Entre as propostas estão a fixação de prazo máximo de 48 horas para que juízes decidam sobre ações protetivas em caso de agressão, previsão de afastamento do agressor da instituição de ensino, imposição de advertência e multa de até 100 salários mínimos para a solução de conflitos e encaminhamento imediato dos casos ao Ministério Público. O projeto, aprovado na Comissão de Educação do Senado, aguarda apreciação da Comissão de Direitos Humanos da Casa para ser remetido à Comissão de Constituição e Justiça.

Enviado por um leitor (dia 15/12/2010)

NOTÍCIAS...

Professora esquece aluna de 6 anos dentro de sala de aula em SP

Foto: site O Globo.com

Publicada em 14 dez. 2010 - O Globo.com


SÃO PAULO - Uma estudante de seis anos foi esquecida dentro de uma sala multimídia de uma escola municipal, em Araçoiaba da Serra, a 115 quilômetros de São Paulo, na manhã desta terça-feira. A criança teria dormido durante a aula e ao sair da sala a professora não teria percebido que a estudante estava dentro do local.

A menina acordou desesperada e para tentar sair do local quebrou o vidro de uma janela. Ela machucou o braço e estilhaços ainda teriam atingido o rosto da menina. O delegado assistente da Seccional de Sorocaba, Celso Araújo, confirmou o caso e disse que a família registrou um boletim de ocorrência na delegacia da cidade.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

NOTÍCIAS...

Escola é arrombada e roubada pela 23ª vez em Contagem

FERNANDO COSTA - 13 dez. 2010 - OTEMPOonline

Os funcionários da Escola Estadual Juventina Pinto Brandão de Contagem, na Grande Belo Horizonte, viveram na manhã desta segunda-feira (13) uma cena que já se está comum na unidade de ensino. Pela 23ª vez desde 2002, a escola, que fica no bairro São Sebastião I, foi arrombada e roubada por vândalos durante a madrugada. De acordo com a Polícia Militar, o crime, desta vez, ocorreu durante o fim de semana, mas só foi percebido quando os funcionários chegaram para o trabalho no início da manhã.

Os suspeitos que invadiram a escola invadiram o refeitório e a cozinha e levaram dois botijões de gás, uma panela grande de alumínio batido e uma panela de pressão. “Era o material que usávamos para preparar as refeições dos alunos. Pelo visto, eles tiveram muito tempo para agir aqui dentro, já que os botijões são pesados”, conta o diretor da escola, Carlos Antônio de Carvalho. Segundo o diretor, a equipe da escola não vê mais soluções para o problema de segurança. “Não sabemos mais o que fazer. Nem mesmo o sistema de segurança eletrônica que instalamos da última vez conteve os suspeitos neste fim de semana”, afirma o diretor, que vai entrar em contato com a Secretaria de Estado de Educação para tentar recuperar o material roubado.

domingo, 12 de dezembro de 2010

UMA NOTA DE ESPERANÇA

Prezado Professor Lúcio,

Obrigada por compartilhar conosco esta carta que é um grito de tristeza, indignação e de alerta da nossa classe.

O Prof. Tarcísio e o Prof. Rodolfo foram portadores das palavras que todos nós gostaríamos de dizer.

Ainda hoje pela manhã, eu pensava no incômodo que esta morte tão brutal causou-nos a todos, especialmente a nós, professores e professoras que amamos nossa profissão e tudo fazemos para exercê-la com ética, sabedoria e competência. A sensação é de que cada um de nós foi esfaqueado na nossa honra e na vontade que temos de construir uma humanidade mais fraterna. A sensação é de dor na alma. Pensava também nos alunos e alunas que não merecem ser colocados no mesmo cenário de quem, por razões que não nos cabe julgar, perdeu completamente a razão e agiu com total desequilíbrio emocional. Pensava nas famílias que foram e são atingidas diariamente por estas fatalidades inconcebíveis. Pensava nas marcas que ficarão para sempre, no corredor da Faculdade e nas mentes de quem presenciou ou ouviu a notícia que se espalhou mundialmente, na velocidade da luz. Nas marcas familiares, na vida de pais e filhos envolvidos nessa trama, que terão de conviver com os desdobramentos desse assassinato brutal.

A violência nas escolas só vem aumentando, seja em nível de Educação Básica, Superior ou Pós-graduação.

É preciso dar um basta! Muitas coisas estão erradas e quase nada se faz para corrigi-las. Não é suficiente denunciar, mas anunciar novas formas de lidar com esses crescentes problemas. Isso é tarefa das autoridades e de todos nós. É preciso observar com atenção, para além do pagamento das mensalidades e da lista de presença. É preciso acompanhar de perto as ações humanas que ocorrem em nossas instituições de ensino. Ligar fatos, escutar os pedidos de ajuda e de socorro que muitas vezes são ouvidos, mas não escutados com sensibilidade. Se o fizéssemos com frequência, com certeza muita coisa poderia ser evitada.

Não podemos simplesmente ficar como espectadores dessas óperas trágicas que são destaques diariamente na mídia.

Vai-se um Rei, o professor Kássio, que não tive a graça de conhecer pessoalmente, mas conheci pelas palavras de pessoas amigas ligadas a ele.

E faço minhas, as palavras de seus colegas:

"O nosso carinho por ele, a nossa homenagem para ele, é CONTINUAR A VIDA: SER KÁSSIO por aí afora, por onde estivermos, diante de crianças, de jovens, de adultos, enfim, diante dos humanos, em todos os seus sentimentos, asperezas e contradições.

Sou professora por escolha. Amo e respeito a minha profissão, meus colegas, meus alunos e ex-alunos. Por isso mesmo exijo respeito com esta profissão pelas mãos da qual todos os que têm oportunidade passam. Dificilmente alguém alcança seus objetivos profissionais sem ter passado por inúmeros professores e professoras ao longo da vida.

"Professores são aqueles que “escrevem cartas para o futuro”, alguém disse – escrevem cartas no presente para que exista futuro...".

Em homenagem ao Prof. Kássio e a tantas outras vítimas que já se foram, reitero as palavras desses colegas maravilhosos:

"Porque somos Professores, PORQUE SOMOS KÁSSIO, continuaremos a escrever cartas. Não nos matem. Tratemos de cuidar da VIDA."

Cordialmente,

* Profª Santuza Abras - Vice-reitora da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais)

PORQUE SOMOS PROFESSORES



Tarcísio Mauro Vago e Rodolfo Novellino Benda
(Professores da EEFFTO/UFMG)


Para o Professor de Educação Física Kássio Vinícius Castro Gomes, em honra de sua VIDA, e aos que compartilham a imensa dor de sua perda.

“Me diz como pode acontecer, um simples canalha mata um Rei, em menos de um segundo...”

Há exatos 30 anos, Milton Nascimento cantou este verso para Lennon.

Agora, tristes, dilacerados pela dor, perplexos e indignados, cantamos o mesmo verso para Kássio Vinícius Castro Gomes, o Filho, o Esposo, o Pai de 2 Crianças, o Amigo querido e generoso, o Professor de Educação Física de tantos Alunos e Alunas.

É impossível dimensionarmos racionalmente o tamanho desta perda...

Kássio era para nós também um Rei, mas um Rei escolhido por nós, do nosso jeito. E nós o perdemos tão cedo, quando tanta VIDA havia ainda para viver. Tantos sonhos, tantas histórias...

Como pode acontecer? Por que isso pôde acontecer?

É um “desenredo”, é esta “vida que a morte anda armando”, é esta “morte que a vida anda tendo...”, como cantaram dolorosamente Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro.

Mas, Kássio era daqueles que queriam a VIDA DA VIDA. Por isso, foi um Rei à sua maneira.

O nosso carinho por ele, a nossa homenagem para ele, é CONTINUAR A VIDA: SER KÁSSIO por aí afora, por onde estivermos, diante de crianças, de jovens, de adultos, enfim, diante dos humanos, em todos os seus sentimentos, asperezas e contradições.

É o que a VIDA de Kássio nos inspira. É o que sua VIDA nos exige. Porque foi isso que ele sempre fez: Viveu e quis ver a vida nascer, e a alegria se espalhar.

Kássio “ficou encantado”, diria Guimarães Rosa, e agora é Estrela, é Luz, é Saudade, é Inspiração. Uma Estrela a indicar caminhos, nos pedindo para insistir na Esperança, no Afeto, na Solidariedade, na Amorosidade, na Justiça.

Brilhe para nós, Kássio, que precisamos tanto, para CONTINUAR A VIDA.

E para CONTINUAR A VIDA é preciso EXIGIR que seja realizado o Direito de Kássio, de sua Família e de seus Amigos à Justiça. É o mínimo que lhe devemos, em honra de sua VIDA.

E nós estamos aqui para EXIGIR JUSTIÇA.
Como pode acontecer?

Este absurdo acontecimento, que causou comoção à população de Belo Horizonte e de Betim, onde Kássio morava, e estarreceu o Brasil, não pode ficar impune.

Um Professor chega para exercer seu Ofício em seu trabalho, o Instituto Izabella Hendrix. Em seu interior, é atacado por um estudante do Curso de Educação Física, que conseguiu entrar armado com faca nesta Instituição que se diz ‘protegida’. Em instantes, este Professor está morto. Um crime traiçoeiro, covarde, premeditado.

Infelizmente, foi também uma tragédia anunciada, e que poderia ter sido evitada: este aluno já havia causado problemas na Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), de Belo Horizonte, à qual esteve matriculado em 2008. Lá, ameaçou e perseguiu Professores e Estudantes, foi denunciado à Polícia, e sua família ‘convidada’ a retirá-lo de lá – expediente usado para não caracterizar expulsão.

Pelo Direito à Justiça, conclamamos que as autoridades desta Instituição, e também seus Professores e Estudantes, venham a público dar conhecimento dos problemas então causados por este aluno, enquanto esteve lá. Uma atitude que poderá ser decisiva.

Após ser ‘retirado’ da UNIVERSO, lamentavelmente, outra Instituição de Ensino Superior de Belo Horizonte, o Instituto Izabella Hendrix, recebeu este aluno com uma simples transferência, sem realizar procedimentos acadêmicos rigorosos para o ingresso em seu corpo discente. Atitude que caracteriza descuido e irresponsabilidade acadêmicas. Ainda mais em uma Instituição que usa como propaganda o fato de ser centenária. Este tempo, por si só, não é garantia de qualidade. Mas, exatamente por ser centenária, esta Instituição tem como obrigação zelar por uma Educação Superior de qualidade. Infelizmente, parece mais evidente que orientou-se por interesses econômicos.

O que se exige e se espera desta Instituição, se ela quer respeitar sua própria História, e não maculá-la ainda mais, é que não se preocupe tanto em preservar seu nome, mas em assumir atitude digna diante da gravidade do acontecimento: expor à Justiça os fatos, com depoimentos de suas autoridades sobre todo o histórico escolar deste aluno e entregando todas as provas indiciárias de que dispuser.

E, principalmente, que ofereça, de fato e não por mera retórica, à Família do Professor Kássio, todo o amparo jurídico para realizar seu Direito à Justiça. Contratar Advogados e assumir seus custos são suas obrigações mínimas. O silêncio desta Instituição (o mesmo silêncio que pediu a seus Professores por mensagem eletrônica), as tentativas de tomar o fato como “caso isolado” e de procurar manter seu cotidiano em normalidade (procedimento mais que artificial, desumano), poderão ser vistos como sinônimos de cumplicidade com a violência. Será outra barbaridade contra o Professor Kássio e à sua Família.

Este lamentável acontecimento também exige ser analisado tendo em vista as circunstâncias em que se realiza o ensino superior privado no Brasil. É evidente a crise que muitas dessas Instituições experimentam, depois de anos de crescimento desordenado, em que critérios acadêmicos mínimos foram e são atropelados, em uma busca desesperada por alunos (mais verdadeiro será dizer ‘clientes’). A absoluta falta de rigor acadêmico em processos seletivos para ingresso expressa mensagem de que o que importa e acaba decidindo a entrada e a permanência de alunos em tais instituições é aumentar o efetivo que paga suas mensalidades. Sim, sabemos de exceções, sabemos que existem instituições privadas idôneas, mas elas apenas confirmam a regra.

A Educação Superior é direito de todos, e somos desde sempre favoráveis às ações que o ampliem, especialmente àqueles que sempre foram excluídos dele. No entanto, a realização deste direito há que ser simultânea à garantia da qualidade acadêmica da Educação Superior, o que só se consegue com princípios e práticas acadêmicas rigorosas, que não se deixam capturar nem tampouco reduzir aos interesses de uma indústria de diplomas – que não tem escrúpulos quando se trata de obter lucros.

A conseqüência é a banalização da Educação Superior, em que o ingresso, a permanência e a aprovação se dão a qualquer preço – ou melhor (ou pior), ao preço de uma mensalidade paga em dia. Sem critérios, sem rigor, sem procedimentos acadêmicos, o que temos? Temos isso que está aí...

Uma das conseqüências perversas disso que temos aí sob o nome de “ensino superior privado” é a exposição de Professores e Estudantes à insegurança, à violência, à barbárie. O Professor Kássio foi mais uma vítima destas circunstâncias. Importa compreender que tais circunstâncias não são obras do acaso: são produto do modus operandi predominante em instituições de ensino superior privado.

Particularmente, o Professor se vê desprotegido, desamparado e desautorizado no exercício de seu Ofício. É o maior prejudicado. Todos os dias a morte o espreita: a morte de sua vontade, a morte de seu ímpeto, a morte de seu desejo de se envolver com a Educação. E a morte mesmo, crua e bárbara. Temos morrido um pouco a cada dia...

No entanto, é preciso enfrentar essas mortes. Enfrentar a barbárie. Para que ela não se repita. A barbárie não pode ser maior que nós.

Por isso, a nossa dor de agora se expressa também em nossa rebeldia. Não é hora de calar.

Nos rebelamos contra o aviltamento de nosso Ofício de Professor. Nos rebelamos contra as precárias condições em que nosso trabalho se realiza, em que o salário humilhante é apenas a parte mais visível. Nos rebelamos contra a mercantilização da Educação.

Repudiamos este intolerável atentado à nossa condição de Professores.

Há algo de muito errado em uma sociedade em que Professores são mortos dentro de escolas...

Os Professores queremos isso: respeito à nossa condição.

O que temos feito?

Contra todas as dificuldades, e ainda que também estejamos sujeitos ao erro, temos nos esforçado para oferecer com o nosso trabalho uma contribuição para a Cidadania, procurando formar profissionais de várias áreas, todas necessárias ao País. Mas, nossa Profissão tem sido constantemente desvalorizada.

Tentamos primar pelo rigor acadêmico, valorizar a aquisição de conhecimentos fundamentais à formação e a intervenção profissionais. É o que a sociedade, com toda razão, espera de nós.

Porque somos Professores, trabalhamos com a palavra, o argumento, os conhecimentos vindos das ciências e das culturas para olhar a realidade que nos envolve.

Porque somos Professores, procuramos agir para potencializar o que é bom, e para enfrentar as nossas muitas dores sociais.

Porque somos Professores, assumimos compromissos com os problemas que afligem nosso País, nossas crianças, nossos jovens, nossos adultos.

Porque somos Professores, continuaremos trabalhando para a construção do presente, e do futuro. Não importa o quanto distante esteja. Importa é que estamos aqui.

Porque somos Professores, pedimos apenas isso: RESPEITO E DIGNIDADE PARA A NOSSA PROFISSÃO.

Porque somos Professores, exigimos JUSTIÇA: para o Kássio, para toda a sociedade.

Porque somos Professores, são estas as nossas maneiras de amar este nosso País tão querido.

Professores são aqueles que “escrevem cartas para o futuro”, alguém disse – escrevem cartas no presente para que exista futuro...

O Professor Kássio vinha escrevendo suas cartas, e elas eram tão bonitas. E nós sabíamos disso. Todos os seus alunos e alunas sabem disso. Sua Família sabe disso.

Nós, seus amigos Professores de Educação Física, sentimos muito orgulho de tê-lo tido entre nós.

Porque somos Professores, PORQUE SOMOS KÁSSIO, continuaremos a escrever cartas. Não nos matem. Tratemos de cuidar da VIDA.

Pelo Kássio. Por nós. Pela própria VIDA.

A VIDA CONTINUA.

Enviado pela professora e amiga Célia

sábado, 11 de dezembro de 2010

DEPOIS DO LUTO A LUTA: em favor de uma pedagogia do cuidado


Lúcio Alves de Barros*

Não deixa de ser uma boa tentativa, as primeiras investidas do SINPRO-MG (Sindicato dos professores do Estado de Minas Gerais) em favor dos professores e contra a violência latente e manifesta nas escolas. Infelizmente, as propostas apareceram após o assassinato do mestre em educação física e professor Kássio Vinícius de Castro Gomes. Talvez elas até existissem, mas ainda não haviam chegado até nós. Mas nunca é tarde, visto que a violência nas escolas não é nova e a questão tornou-se séria desde a década de 80. Digo isso devido não somente à comoção oriunda da morte de nosso colega, mas das falas dos professores e professoras que ficaram para contar a história. E elas vieram de todas as formas: umas escutei, outras recebi por e-mail e várias delas recolhi nos intervalos, nas reuniões, nos periódicos e neste grande mundo virtual da internet.

A morte do professor causou mal-estar não somente entre alunos-professores, mas também entre alunos-alunos, professores-professores. Recebi mensagens pedindo "pena de morte ao aluno escroto", outras defendendo medidas repressoras e penalizáveis aos alunos agressores e aos professores que também, para muitos, carregam parcela de culpa. Não deixei de receber críticas e mais críticas às instituições de ensino particular, as quais são criticadas por receber "qualquer tipo de aluno". Muitas foram as lembranças de casos ocorridos em todo o Brasil. Assim veio à memória o caso da professora que teve braços e dentes quebrados em Porto Alegre (RS), da professora do ensino médio que foi atacada a chutes e pancadas na capital de Minas Gerais, da diretora agredida a pedradas em um colégio estadual de Florianópolis (SC), da diretora que apanhou de alunos e amigos dos alunos no meio da rua em Juiz de Fora (MG) e do caso recente do estudante universitário Lucas Zebral de Melo Albuquerque, aluno da FUMEC (Fundação Mineira de Educação e Cultura), em Belo Horizonte, que foi condenado por injúria contra um professor. Os relatos das testemunhas apontaram que ele dava "encontrões propositais", além de "insinuar", com "expressões chulas", que o docente seria homossexual.

De qualquer modo tentei resumir as narrativas em três blocos não excludentes e complementares. O primeiro bloco de narrativas tem por alicerce que a "a violência está não somente no nível superior". Os docentes contaram casos de professores que "apanharam feio de alunos", que foram "vítimas de agressões verbais", "furtos", "roubos", "carros quebrados", "carros arranhados" e "xingamentos". Apontaram como problema as políticas públicas voltadas à educação e "não acho que as coisas podem melhorar". A violência estaria pior na educação em nível médio e fundamental "onde a droga come solta" e "alunos e alunas só pensam em sexo, conversa e vadiagem". Um professor chegou mesmo a dizer "que não deixa a profissão porque não sabe fazer outra coisa, mas que tem dias que pensa em se matar porque não aguenta mais o descaso do Estado e a falta de interesse dos alunos". Uma docente, que já havia sido minha aluna, disse que certa feita não apanhou porque "o traficante perto da escola não deixou a mãe do aluno bater". Como se vê, e por falta de linhas não vou alongar por aqui, é possível perceber que a violência está presente não somente no nível superior, mas no ensino médio e fundamental e que, pela faixa-etária dos meus colegas não é tão nova assim.

O segundo grupo de narrativas chama atenção para a "gradação" do tipo de violência. Um deles disse: "no fundamental o aluno belisca, te joga lápis, água, faz piada e até te bate na perna. No ensino médio fura o pneu do seu carro, te chama na porrada, ameaça na internet e por aí vai e, no ensino superior, como a gente vê, a coisa já está é na facada mesmo". Embora tenha sido uma conversa emocionada a comparação colocou em tela o agressor que já estaria em maturação desde a infância. Ele cresce e se enche de hormônios na adolescência e se transforma em um predador após alguns períodos no "ensino superior". Longe dos exageros, a questão é séria e, como já disse, merece ser entendida como problema de segurança pública. Alunos tem andado armados em salas de aula: uma professora disse que "morre de medo de dois alunos que em sua sala só andam armados com a justificativa de serem policiais". Outra disse que já teve que "escutar calada os gritos de uma aluna que se gabava em pagar o seu salário". Aparentemente, e não por acaso, as mulheres são as maiores vítimas, pois das mensagens que recebi uma professora afirmou "que chora toda vez que um aluno a desrespeita e que não percebe isso nos professores que são homens". Também neste caminho encontrei a famosa pérola, ouvida várias vezes em meio aos policiais: "hoje eu disse para minha mulher que saio para trabalhar, mas não sei se eu volto". A frase, apesar de cômica no lugar no qual foi dita, não deixou de produzir algumas respostas como: "Eu já pensei nisso", "É! O trem ta feio", "Daqui há pouco é isso mesmo" e "Quero ganhar insalubridade e periculosidade". Em tais narrativas identifiquei professores medrosos, frágeis fisicamente, extremamente ternos e fleumáticos, o que justifica a fala da pequena e bela professora, já desencantada com o mundo da educação: "Eu estou com medo dos meus alunos".

O último grupo de narrativas apontou para a necessidade de que "alguma coisa deve ser feita". Os docentes que escutei com atenção disseram da importância da existência de "normas" e "regras claras no ensino", principalmente nas redes particulares, as quais "andam a vender diplomas como água em parada de sinal". Comentaram sobre alunos passando sem mérito e sem a possibilidade de aprovação. Assinalaram para a perda da autoridade e do respeito, justamente porque a ideologia do "PP - Pagou Passou" está valendo desde o momento em que o MEC abriu as portas para o ensino privado. Sem normas e fiscalização, os "alunos acham que são deuses" e "que pagam os salários dos professores porque na verdade são clientes" e não discentes ou profissionais em formação. Na realidade, as falas são conhecidas no meio dos denominados "trabalhadores da educação" e não tenho dúvidas que o MEC é co-responsável por essa situação. De todo modo, existe uma crença nascendo de que "as coisas vão melhorar", de que "a educação é a melhor saída para as sociedades" e que "episódios como o do mestre em educação física não podem se repetir". Aprendi que professores são esperançosos, generosos e sofrem com o sofrimento dos alunos. Um discurso foi quase unânime: "é preciso salvar a educação". A fala é interessante porque o docente que leciona em nível superior sabe que é do ensino médio que o seu trabalho depende e nada como melhorar a qualidade da educação dos seus "clientes".

Finalmente, gostaria de terminar deixando clara minha preocupação em relação aos professores que, embora passem pelos mesmos problemas e constrangimentos, tem tentado diminuir a gravidade dos fatos. Muitos deles são coordenadores, supervisores, diretores, orientadores, tutores, estão em cargos de chefia ou comungam com as ordens dos proprietários dos estabelecimentos escolares que não se preocupam com o corpo docente. Em geral, são executivos da educação que pouco sabem de didática, política pedagógica, planos de ensino ou sala de aula. Muitos jamais enfrentaram turmas de 40, 60 ou 80 alunos. É deste pessoal que tenho o maior receio, pois são eles que recebem as "reclamações", os e-mails ocultos, as cartas os abaixo-assinados e, em geral, levam para o campo pessoal assuntos que são pedagógicos e estão atrelados a uma determinada conjuntura e história. Como disse uma amiga, eles ajudam a plantar e cultivar a dúvida entre os professores, alunos e corpo dirigente. Praticamente produzem dois lados dicotômicos que aparentemente devem estar em constante conflito. Existem casos em que tais coordenadores operam como verdadeiros proprietários da instituição e não deixam de distribuir "queixas", "advertências" e "chamadas de atenção em plena reunião". Sinceramente, a diferença deste docente-coordenador para o aluno que decidiu matar o professor é somente a "arma". A morte social, a baixa estima, a síndrome de burnout e as várias moléstias que vem atacando o corpo docente é nada mais que o resultado de nossa falta de respeito com o outro, do direito inegociável do contraditório, da aceitação das limitações, da tolerância sempre viva e da construção de uma pedagogia do cuidado. Não custa lembrar que somos seres vulneráveis, frágeis, caminhando em tempos pós-modernos com certa dificuldade em um mundo carente de valores, utopias e sentidos de vida, com uma única certeza: "a vida é curta e a morte é certa".

* - é mestre em sociologia e doutor em Ciências Humanas pela UFMG. Professor na FAE (Faculdade de Educação) da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais).

SINPRO EM MOVIMENTO

Foto: Site do Sinpro

Sinpro Minas vai criar movimento pela paz nas escolas

Em entrevista para a imprensa, nesta sexta-feira (10/12), o presidente do Sinpro Minas, Gilson Reis, apresentou algumas iniciativas do sindicato com o objetivo de conter a violência nas instituições de ensino. Nessa quinta-feira (9/12), o Sinpro Minas encaminhou um ofício à Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, solicitando o agendamento, em caráter de urgência, de uma audiência pública para discutir ações de combate à violência nas escolas, entre elas a criação de uma lei estadual sobre o tema.

O sindicato também enviou ofícios, nessa quinta, ao Conselho Estadual de Educação e ao Ministério Público do Trabalho, pedindo uma reunião emergencial. Uma proposta que será discutida com o Conselho prevê a criação, pelo órgão, de uma câmara setorial específica, com a participação de representantes de pais, alunos, professores e donos de escolas. O sindicato ainda não obteve retorno sobre as datas das reuniões e da audiência pública.

A ideia é dar início a um amplo movimento para divulgar a cultura de paz nas escolas, com a participação de todas as entidades ligadas à educação.

“Não podemos tratar o episódio do professor Kássio como algo isolado. Ele é reflexo da situação de tensão que milhares de docentes vivem no cotidiano escolar, tanto na rede pública quanto privada. Esperamos, a partir dessa situação de luto, construir conjuntamente ações de combate à violência no interior das escolas. Na rede privada, não podemos deixar que o interesse econômico prevaleça e abafe as ocorrências. É papel da escola debater o assunto e apontar outros rumos para a sociedade, para que não tenhamos novamente casos como esse ”, disse o presidente do Sinpro Minas, Gilson Reis.

O sindicato também vai criar um disque-denúncia, pela internet e por telefone, no qual os professores poderão relatar anonimamente casos de violência nas instituições de ensino, e negociar com os sindicatos patronais a inclusão nas Convenções Coletivas de Trabalho de cláusula que trate da criação de uma comissão interna, também com a participação de pais, alunos, professores e direção da escola, a fim de discutir e implementar ações nas instituições de ensino. Uma reunião com o Sinep/MG está prevista para ocorrer na próxima semana, dentro do calendário de negociação da campanha reivindicatória 2011.

“O dia 7 de dezembro ficará marcado em nossa memória pela trágica morte do professor Kássio Vinícius. Entretanto, essa data também será marcada pelo início de um grande movimento pela paz nas escolas. Não precisamos de mártires, precisamos de respeito pelos nossos direitos e pela nossa dignidade. Precisamos também de melhores condições de trabalho e segurança para lecionarmos”, afirmou o diretor do Sinpro Minas Marco Eliel Santos de Carvalho. Durante a semana, vários emails de solidariedade ao professor Kássio Gomes também chegaram ao sindicato.

A diretoria do Sinpro Minas também publicou uma nota de solidariedade aos familiares e amigos, na qual lamentou profundamente a morte do educador. Nessa quinta-feira, uma manifestação organizada pelo sindicato, também de solidariedade e pela paz nas escolas, reuniu professores e estudantes no Centro de Belo Horizonte (clique aqui e acesse a notícia do ato).

Propostas do Sinpro Minas

Criação, no âmbito do Conselho Estadual de Educação, de uma câmara setorial específica para tratar o tema, com a participação de representantes de pais, alunos, professores e donos de escolas. (O Sinpro protocolou uma carta no dia 9/12 e aguarda retorno do órgão)

Discutir com o Ministério Público do Trabalho ações jurídicas que podem ser encaminhadas. (O Sinpro protocolou uma carta no dia 9/12 e aguarda retorno do órgão)

Promover uma audiência pública na Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir ações de combate à violência, entre elas a elaboração de uma lei de âmbito estadual. (O Sinpro protocolou uma carta no dia 9/12 e aguarda retorno da Comissão)

Negociar com os sindicatos patronais a inclusão nas Convenções Coletivas de Trabalho de cláusula que trate da criação de uma comissão interna, composta por professores, alunos, pais e representantes da direção da escola, com o objetivo de discutir e implementar ações de combate às agressões no interior das escolas e pela paz nas instituições de ensino.

Criar uma comissão com representantes do Sinpro Minas e dos sindicatos patronais para acompanhar todas as ações contra a violência nas escolas.

Criação, pelo Sinpro, de uma ouvidoria para que o professor possa denunciar anonimamente casos de violência na escola por meio da internet e telefone.

Apoiar e exigir a aprovação dos projetos de lei em tramitação no Congresso que preveem a criação de um juizado especial e medidas de proteção para os casos de violência contra os professores.

NOTÍCIAS...

Docente terá disque-denúncia contra violência nas escolas

Publicado no Jornal O TEMPO - 11 dez. 2010

Um disque-denúncia será a nova ferramenta dos educadores contra a violência nas escolas. A medida faz parte do pacote anunciado ontem pelo Sindicato dos Professores da Rede Privada (Sinpro-MG), em resposta ao assassinato brutal do mestre em educação física Kássio Vinícius de Castro Gomes, 39, morto com uma facada pelo aluno Amilton Loyola Caires, 23, na última terça-feira, dentro do Instituto Metodista Izabela Hendrix, em Belo Horizonte.

Entre as ações propostas está ainda a criação de uma câmara setorial, que funcionará como um "tribunal", com a participação de pais e donos de escolas, para analisar mais profundamente os casos. O presidente do Sinpro-MG, Gilson Reis, espera que o disque-denúncia traga à tona casos de agressões que são mantidos em segredo ou ficam restritos às instituições de ensino. O sindicato vai disponibilizar, já a partir da semana que vem, um número de telefone 0800 para receber relatos de casos de ataques a professores.

Com base nas ligações, será realizado um ranking das instituições mais denunciadas e dos tipos de violência mais comuns, para que o sindicato possa cobrar soluções. "É preciso que esse problema extrapole os muros das escolas. Só assim o problema será resolvido", declarou Reis. O Sinpro-MG registra, em média, de três a cinco relatos de ataques a professores por semana, entre agressões verbais, pressões e atos de violência física. "É o resultado da mercantilização da educação. Os pais e alunos acham que, porque pagam, podem exigir a aprovação. São pressões às quais os professores são expostos diariamente", critica o sindicalista.

O presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas (Sinep-MG), Emílio Barbine, criticou o uso do termo "mercantilização do ensino" pelo sindicato e negou que haja pressão por aprovação de alunos. "Se a escola fala em qualidade de gestão, isso é incabível e contraditório", afirmou.

Sobre as propostas do Sinpro-MG, Barbine disse que os donos de escolas estão abertos às medidas que possam contenham a violência. "Vamos resolver o problema a partir da união das forças. O professor é autoridade máxima e tem que ser respeitado. Temos que sentar para debater essa questão urgentemente", declarou o representante.

Legislação. Entre as medidas propostas, o presidente do Sinpro-MG pediu o envolvimento da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nas discussões sobre o tema. Além disso, Gilson Reis promete ir a Brasília para se reunir com o senador Paulo Paim (PT-RS), autor do projeto de lei que classifica como violência contra o professor "qualquer ação ou omissão que lhe cause morte, lesão corporal ou dano patrimonial, praticada direta ou indiretamente por aluno, pais ou responsável".

Medidas
- Criar uma câmara setorial no Conselho Estadual de Educação.
- Envolver o Ministério Público na discussão de ações jurídicas cabíveis.
- Audiências públicas na Assembleia para envolver a sociedade no debate
- Negociar com o sindicato patronal a criação de um comitê interno nas escolas para discutir e adotar ações.
- Criar uma ouvidoria para denúncias de agressões.
- Pressionar a aprovação de projetos de lei de proteção ao professor em casos de violência.
- Criar uma campanha de conscientização contra a agressão aos professores.

E mais...

BH encabeça reação contra onda de violência nas escolas

Elemara Duarte e Thiago Lemos, repórteres - 11 dez. 2010

Com a recorrência no Brasil de casos de agressões no ambiente escolar, Belo Horizonte tenta mudar esse cenário ao encabeçar um movimento contra esse tipo de violência. O Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro Minas) vai disponibilizar, na próxima semana, canais de comunicação, via internet e telefone, para a formalização denúncias dos docentes da rede privada.

Na rede pública municipal, a vigilância dos estudantes será reforçada. Todas as escolas e Unidades Municipais de Ensino Infantil (Umeis) serão monitoradas por câmeras de segurança até o fim de 2011. Ao todo, serão instaladas 1.380 equipamentos, nas 230 unidades de educação da capital. As medidas coincidem com o assassinato do professor universitário Kássio Vinícius Castro Gomes, morto por um aluno, na última terça-feira, dentro do Centro Universitário Izabela Hendrix.

No âmbito das escolas particulares, um link estará disponível no site do Sinpro Minas (www.sinprominas.org.br) e também um 0800, ainda com número indefinido. Os professores poderão denunciar, anonimamente, ameaças, agressões, chantagens e ofensas. O Sinpro recebe, em média, cinco denúncias de violência em escolas diariamente. Os relatos são feitos diretamente na sede da instituição, em Belo Horizonte.

Em pesquisa realizada entre 2007 e 2008, o Sinpro Minas constatou 62% dos docentes já haviam presenciado agressão verbal. Ainda conforme o estudo, 20% dos entrevistados flagraram tráfico de drogas dentro das instituições de ensino. Em São Paulo, em um estudo mais amplo, feito há dois anos, 87% dos docentes disseram ter sido alvo ou saber de algum caso de violência dentro da escola. Os alunos, de acordo com 93% dos professores, eram os maiores causadores da violência.

Para o ano que vem, o Sinpro prevê a criação de uma campanha com a participação de várias entidades de classe para a divulgação da cultura da paz. A entidade de classe vai negociar com o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), a partir da próxima quarta-feira, a criação de um comitê em cada colégio para discutir a implementação de ações contra a violência.

O Sinpro também vai sugerir ao Conselho Estadual de Educação a criação de uma câmara setorial para tratar assuntos sobre violência nas escolas. Na rede municipal de educação, serão seis câmeras de vigilância em cada uma das 186 escolas e 44 Umeis. Os equipamentos vão monitorar toda a movimentação nas unidades 24 horas por dia. As imagens captadas serão enviadas em tempo real para a central de monitoramento eletrônico da Guarda Municipal, que atualmente já monitora seis escolas, entre elas Lucas Monteiro Machado, no Bairro Vila Pinho, no Barreiro, Mestre Paranhos, no Conjunto Santa Maria (Centro-Sul) e Santos Dumont, no Santa Efigênia (Leste).

Ainda não está prevista a data de início da implantação das câmeras. Conforme o prefeito Marcio Lacerda, terão prioridade as unidades que ficam em áreas mais vulneráveis à violência. Ainda segundo o prefeito, a violência dentro das escolas municipais é inibida pelo patrulhamento da Guarda Municipal. A Secretaria Municipal de Educação não informou quando os editais de licitação serão abertos.

A diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede BH), Vanessa Portugal, discorda dos argumentos do prefeito em relação à segurança nas unidades municipais. Ela critica a falta de uma política na secretaria para tratar do assunto. Para ela, as agressões de alunos contra professores têm sido cada vez mais comuns. “Ainda não temos um levantamento, já que muitos professores não comunicam as agressões à polícia. Sabemos que são muitos os casos e, por isso, criaremos em janeiro do ano que vem um departamento dentro do sindicato para acompanhar esse tipo de ocorrência nas escolas”, anuncia.

A coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), Beatriz Cerqueira, acredita que o problema da violência nas escolas é consequência da desvalorização do professor. A subsecretária de Desenvolvimento da Educação da Secretaria de Estado de Educação, Raquel Elizabete de Souza, discorda. Para ela, os casos de agressões entre alunos e professores refletem “uma sociedade que está ficando mais violenta”.

Fonte: http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/minas/bh-encabeca-reac-o-contra-onda-de-violencia-nas-escolas-1.213984

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

FALA EDUCADOR (A) !

Prezado Lúcio,

Vc não vai acreditar, mas liguei o computador pensando em redigir uma nota de protesto sobre o caso, para enviar à imprensa. Pensei, exatamente, em ressaltar o mercantilismo da educação e a vulnerabilidade em que se posiciona o professor dentro de instituições que contam matrículas e se esquecem de ouvir comentários críticos sobre a conduta de alunos.

Há poucos dias tive uma discussão com um "brutamontes" na sala. Depois de perturbar a aula com suas gracinhas e sob o apoio de dois parceiros e da minha chamada de atenção, no final da aula ele veio falar grosso e com o dedo apontando para o meu nariz, levantou a voz "Você me respeita, eu exijo respeito, e a coisa não vai ficar barata....etc".

Respondi-lhe no mesmo tom e disse-lhe que eu estava no meu local de trabalho cumprindo o meu papel; quanto a ele, a porta estava aberta e a presença lançada. Que eu também não deixaria "barato". Confesso-lhe que fui muito firme e tive o apoio de toda a turma. Entretanto, o aluno foi à coordenação com outra conversa e, como sempre, plantou a dúvida. Mas, embora eu tivesse mantido a minha posição firme, inclusive diante do coordenador, fiquei preocupada com o que poderia me acontecer ao sair para o estacionamento. Ainda bem que ele conseguiu passar de ano com a nota mínima, mas ainda me questionou o motivo de não ter ganho pontos de participação.

Estamos vulneráveis. Andamos com medo. Estamos nos tornando escravos de um sistema cruel e distante de uma proposta de educação integral. Somos promotores de diplomas. Como será o futuro do Brasil?

Abraços.

Prof. Célia

NOTÍCIAS...

Família quer que faculdade responda judicialmente

Foto de Nélson Batista

Empresário diz que Izabela Hendrix não deveria ter aceitado aluno expulso de instituição por mau comportamento

DOUGLAS COUTO - Super Notícia em 10 dez. 2010

No enterro de professor ontem em Betim, amigos entregaram um manifesto que pede punições para casos de violência.

A família do professor universitário Kássio Vinícius de Castro Gomes, de 39 anos, assassinado na última terça-feira, em um corredor do Instituto Metodista Izabela Hendrix, na região Centro-Sul da capital, informou ontem que decidiu contratar um advogado para cobrar da faculdade que responda judicialmente pelo crime.

Para o irmão do professor, o empresário Luy Castro Gomes, de 42 anos, a universidade tem parcela de culpa no crime por ter aceitado o ingresso de um aluno expulso de outra universidade por problema de comportamento. "Não vamos querer nada mais do que for de direito, mas é preciso que a faculdade entenda que ele (Kássio) foi morto em pleno trabalho e deixou mulher e filhos", disse.

O estudante Amilton Loyola Caires, de 23 anos, que confessou ter matado o professor, já teria se envolvido em várias ocorrências policiais. De acordo com a Polícia Civil, em 2006, o rapaz foi detido por direção perigosa na Savassi. Dois anos depois, ele foi denunciado por ameaçar funcionários da faculdade Universo onde estudava. No mesmo ano, teria roubado R$ 600 do irmão e o agredido. Ele também já teria discutido em um bar por causa de troco. Ontem, no enterro do corpo do professor, amigos entregaram um manifesto que pede punições para casos de violência. "Nossas leis são muito brandas, principalmente se o assassino for de família abastada", diz um trecho.

Através da assessoria de comunicação, o Izabela Hendrix informou que não tinha conhecimento do histórico violento de Caires. Segundo a assessoria, por lei, o Ministério da Educação exige apenas o histórico escolar, o que foi feito no caso do aluno suspeito.

Medidas previstas

O Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG), que representa os docentes de escolas particulares do Estado, anuncia hoje um pacote de ações para conter a violência em salas de aula. Entre as medidas que deverão ser divulgadas pelo setor jurídico da entidade está um pedido de parceria com o Ministério Público Estadual (MPE) e o Conselho Estadual de Educação para criação de "tribunais" ou conselhos que julguem os casos de violência de alunos contra professores. A medida é uma reação ao assassinato do professor universitário Kássio Vinícius de Castro Gomes. (DC e RR)

Fonte: http://www.otempo.com.br/supernoticia/noticias/?IdNoticia=51133,SUP

"OS BONS MORREM JOVENS".

Infelizmente não anda nos parecendo tão estranho tal assertiva.

Ainda me recuso a "acomodar-me" diante desse estranhamento que, se não é mais pelo lado cotidiano das impressões típicas do relacionamento humano, deve ser pelo horror da violência sem limite e da banalização da vida e do respeito, que não são mais lastro de qualquer convivência minimamente civilizada.

O assassinato do nosso colega é, de alguma forma, o assassinato de nossa profissão que se processa num continuum de desmantelamento em todos os níveis. O que dizer de um homem, de uma família, o que dizer para os seus, se esse homem sai "naturalmente" para trabalhar e mediar espaços de educação e não retorna porque um aluno (um aluno, que deveria dialogar sempre com seus professores [e vice-versa]!) decide tirar-lhe a vida? Qual a lógica de entendimento disso? Para aceitar algo, necessário aprioristicamente é compreender. Eu não aceito!

MG protagonizou nos últimos dias as cenas da mais torpe condição humana: o eterno retorno do mesmo ou a perpetuação desde sempre do estado de natureza? "O homem é o lobo do homem"!

Resta-nos a solidariedade com os familiares, com os colegas e com os alunos de Kássio Vinícius que dialogam e, de alguma forma, a vergonha que podemos ter de um mundo absurdamente "histérico" que por bem ou por mal também ajudamos a legitimá-lo. Dói esse sentimento de culpa. Mas me sinto um pouco culpado. A angústia decorrente dessa violência precisa, não obstante os fatos, ser transformada em resistência a este mundo de feiúra pós-moderna.

"Vai com os anjos
Vai em paz
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
Até a próxima vez".

Em luto.
Rodrigo Furtado (professor na UEMG/Frutal)

OPINIÃO

Caros colegas,

Atualmente acompanho na rede municipal de BH o adoecimento de professores e não imaginava que a violência contra docentes alcançasse toda a nossa categoria, independente da rede particular ou pública e do nível de ensino, da educação infantil a graduação.

Estou pensando que sociedade é essa que estamos construindo no Brasil com níveis de educação muito baixos, profissionais infelizes e adoecidos e crianças e jovens violentos e sem limites. Será possível construir um país sem valores morais? Sem princípios? Onde a vida humana vale tão pouco que um aluno pode matar um professor no corredor de uma faculdade?

Que país é esse que não consegue formar pessoas capazes de respeitar seus mestres? É mesmo urgente reagirmos a tanta violencia e buscar alternativas, soluções, mudanças para construir uma sociedade onde não prevaleça a barbarie, mas a humanidade. Quanto ainda teremos que sofrer para construir uma nova sociedade que se oriente por valores morais e não por valores econômicos ou do capital? Como professora, e professora de educação física, lamento toda essa tragédia. Como vamos dizer BASTA?

Silvia