terça-feira, 30 de outubro de 2012

UnB retoma projeto de Biblioteca Básica Brasileira que era de Darcy Ribeiro

Por Mariana Moreira - Publicação: 30/10/2012
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 (Cláudio Versiani/CB/D.A Press 
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Quando incluiu a Universidade de Brasília (UnB) no mapa da cidade, o antropólogo, educador e político Darcy Ribeiro concebeu um projeto que pretendia aproximar o país do povo brasileiro, por meio da história e da cultura. Tratava-se do projeto Biblioteca Básica Brasileira (BBB), uma estratégia para reunir um conjunto de livros essenciais à formação nacionalista da população. Diante das limitações impostas pela ditadura, a ideia não vingou. Mas agora, logo após o que seria o 90º aniversário de seu mentor, quando a UnB e o Parque Nacional do Xingu completam 50 anos, a iniciativa é retomada pelo presidente da Fundação Darcy Ribeiro, Paulo Ribeiro.
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“Com a instalação da Fundação dentro do câmpus da UnB, decidimos retomar esse projeto tão importante”, destaca ele. O primeiro passo foi dado na última sexta-feira, “dia de mim”, como Darcy se referia ao próprio aniversário. Foi relançado, no Rio de Janeiro, o livro América latina: a pátria grande, reunião de ensaios que o antropólogo escreveu entre as décadas de 1970 e 1980, período em que os governos democráticos feneceram em toda a América Latina. Os textos fazem uma análise das políticas internacionais da época e apontam uma visão generosa em relação à participação do Brasil no bloco – Darcy enxergava uma liderança salutar a ser exercida pelo Brasil.
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Escola pública do Distrito Federal testa chip para monitorar alunos

Brasília - Por meio de um chip fixado no uniforme, uma turma de 42 estudantes do primeiro ano do ensino médio tem suas entradas e saídas monitoradas no Centro de Ensino Médio (CEM) 414 de Samambaia, cidade do Distrito Federal (DF) localizada a cerca de 40 quilômetros da área central de Brasília. O projeto piloto, que começou a funcionar no dia 22 de outubro, manda mensagem por celular aos pais ou responsáveis pelos alunos, informando o horário de entrada e saída da escola.
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A diretora do CEM 414, Remísia Tavares, disse à Agência Brasil que entrou em contato com uma empresa que implanta os chips nos uniformes depois de saber que o sistema funcionava em uma escola em Vitória da Conquista, na Bahia. Segundo ela, a medida foi tomada para aumentar a permanência dos alunos nas salas de aula. "Os professores dos últimos horários reclamam que muitos alunos costumam sair antes do término das aulas. Por mais que a escola tente manter o controle, eles dão um jeito de sair da escola".
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De acordo com a diretora, o monitoramento foi bem recebido pelos pais, aproximando-os da vida escolar de seus filhos. "Fizemos reuniões para saber a opinião dos pais a respeito do chip, e eles gostaram da ideia. Os pais se sentem mais tranquilos, sabendo exatamente a hora em que seus filhos entram e deixam a escola", disse Remísia. O representante da empresa que implantou os chips nos uniformes, Bruno Castro da Costa, explicou que o sistema funciona por meio de um sensor instalado na portaria principal do colégio, que lê as informações contidas no chip cadastrado.
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"O sistema não altera a rotina dos estudantes. Eles entram normalmente na escola, os dados são passados para o computador e, 30 segundos depois, os pais são notificados. Uma mensagem é enviada quando o aluno entra na escola e outra no momento da saída. Apesar de ficar registrado também na direção do colégio, o sistema não substitui a chamada de presença em aula. Também estão sendo registradas as entregas de boletins ou outros eventos, e a direção pode utilizar o programa para encaminhar o recado ao celular cadastrado", acrescentou Costa.
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Charles de Oliveira, também representante da empresa responsável, disse que o sistema poderá futuramente otimizar o tempo de estudo nas salas de aulas. "Os professores perdem cerca de 20 minutos para realizar as chamadas durante as aulas. Futuramente, isso pode acabar, pois será registrada a presença automaticamente. Além disso, estamos estudando formas para que o sistema contribua também com os programas do governo, acelerando a divulgação de dados".
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Os estudantes Bárbara Coelho, 16 anos, e Jefferson Alves, 15 anos, não se incomodam com o monitoramento pelo chip. "Eu acho que é uma boa maneira de os nossos pais ficarem mais tranquilos e até confiar mais, sabendo que estamos na escola. Eu não me sinto inibida, pois sempre frequentei as aulas", disse Bárbara. "Só quem tem costume de matar aula vai se incomodar, já que agora os pais vão ficar sabendo", completou Jefferson.
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No dia 13 de novembro, um relatório será enviado ao Conselho de Educação da escola e à Secretaria de Educação do Distrito Federal com os resultados da experiência. Caso o sistema seja aprovado, a fixação dos chips no CEM 414 deverá ser ampliada para os 1,8 mil alunos da instituição no próximo ano.
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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Professor agredido dentro da sala de aula

Por Marilene Alcantara de Souza
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Hoje assistindo à TV, vi uma reportagem sobre o ocorrido com um professor em sala de aula; o que motivou o evento foi o professor ter colocado um aluno para fora de sala.
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A chamada veiculada pelo programa Balanço Geral, da Rede Record, era a seguinte: “Professor é agredido em sala de aula por ter colocado aluno para fora de sala”. Aguardei para assistir e, para minha surpresa, foi narrado que um professor foi agredido por duas pessoas: a mãe e o irmão de um aluno que fora colocado para fora de sala num colégio estadual no Rio de Janeiro. Comecei a me perguntar: como tomar atitudes necessárias dentro de sala, se o professor está refém dos alunos e dos responsáveis? Colocar um aluno para fora de sala ou corrigir um aluno hoje se tornou um risco; o professor poderá ser desrespeitado, e, se o aluno não obedecer, o docente poderá até levar socos e pontapés. Mas e se pelo menos ele se defendesse? Certamente a manchete seria: “Professor respondendo processo, correndo o risco de perder o emprego” e outras represálias. O que acontecerá com os agressores do professor? Vamos aguardar.
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Daí me vem a seguinte pergunta: Onde vamos parar? O que podemos constatar é que, agora, professor é profissão de risco. Já não temos mais condição de ensinar como se fazia; hoje o máximo que conseguimos é tentar fazer com que nossos alunos não se agridam tanto. A cada ano que começa nossos alunos estão menos comprometidos com os estudos; eles já não acreditam que estudar é o caminho para conquistar a estabilidade; a estabilidade deverá vir por outros meios que não o estudo.
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O mundo fora dos muros da escola está muito atraente, a escola está desempenhando o seu papel com muita precariedade. Não adianta imaginar que computadores resolvem o problema, as mudanças precisam ser bem mais efetivas. Esse tipo de tecnologia dá a ilusão de que a escola é equipada e está dentro do que a sociedade precisa, mas pelo visto a realidade é outra. Não adianta ter computadores em uma escola nos moldes antigos.
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Estamos no século XXI, e a nossa escola está acontecendo nos mesmos moldes do século passado. A única coisa que mudou na escola, nos últimos tempos, foi a cor do quadro: ele deixou de ser verde e passou a ser branco; paramos de usar giz e passamos à caneta Pilot.
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As mudanças deveriam ser feitas com responsabilidade e respeito, com o firme intuito de haver mudanças efetivas, mas não é isso que se percebe; cada vez que se fala em mudanças, elas estão sempre atreladas a interesses obscuros; são mudanças que não viabilizam uma continuidade. Em educação, o produto tem tempo determinado e relativamente longo: o produto do investimento em educação demora para acontecer, e só será possível ter visibilidade em outro governo. Talvez seja esse um dos motivos para que as mudanças sejam feitas de modo tão pouco significativo.
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Enquanto nada é feito de efetivo, os professores vão sendo agredidos, tentando dar as suas aulas sem sucesso; não podem chamar a atenção dos "príncipes e princesas" que estão em todas as salas porque são questionados. E quando chamam os responsáveis na escola só aparecem os dos bons alunos.
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Técnicas para se livrar da indisciplina

Por Jade Guerbi
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Sobre aparência e comportamento
  • Use roupas formais e adequadas; sua roupa diz muito sobre você, também marca sua atitude. Nada de decotes, tomara que caia e bermuda. Eu tenho como base sempre as advogadas ou as francesas. Minhas roupas são confortáveis e formais: sapatilha de couro sem salto, calça preta, blusa de tecido levinho, mais para larga e sem decotes exagerados. Esse tipo de roupa é formal, apresentável e confortável. Sobre as bijuterias, não exagere a ponto de parecer com a Viúva Porcina.
  • Mantenha as unhas curtas, para não correr o risco de machucar algum aluno, mesmo que sem querer. Se puder, prefira os tons clássicos de esmalte (vermelho, café, rosados ou clarinhos).
  • Cuide da apresentação do cabelo. Aprenda alguns penteados fáceis, clássicos e modernos. Eles dão ar de elegância. E se algum pai ou autoridade chegar não vai te encontrar suada e descabelada. Infelizmente, as pessoas nos julgam muito mais pela aparência do que pela competência. Uma trança embutida ou um coque são os meus preferidos.
  • Se você usa maquiagem, não exagere na sombra nem no batom. É preferível não usar sombra escura ou colorida nem batom vermelho, marrom ou cintilantes. Quanto mais natural melhor.
  • Cuide da higiene; cuidado com o mau odor, com roupa mal lavada, remela, caspa, mau hálito, orelha e nariz sujos etc. Não ignore uma mancha de café, tenha uma blusa reserva. Cuidado com roupas claras quando estiver menstruada; se tem suor excessivo não use camisas em que apareça a famosa pizza etc.
  • Cuide da sua postura ao se sentar e ao caminhar; a linguagem corporal é muito eficiente. Ombros “para dentro” significam que você está deprimida e é uma pessoa facilmente atingível. Em qualquer situação, olhe dentro dos olhos; isso significa firmeza e atitude. Uma pessoa que não olha nos olhos é interpretada como insegura.
  • Se você é homossexual (como eu), saiba que no seu ambiente de trabalho você precisa ter uma atitude diferenciada. Isso não significa que você não está levantando a sua bandeira ou sendo omissa; existem lugares e ocasiões específicas (inclusive na própria sala de aula, mas não precisa ser diariamente). Roupas ousadas e sugestivas dizem que você está “disponível”; essa não é uma boa mensagem quando o ambiente envolve crianças, pois mostra falta de profissionalismo. O mesmo vale para mãos e quadris “soltos”. Você não precisa andar como o Robocop para dizer que é lésbica, é desnecessário. Outro ponto fundamental e que eu vejo muito acontecer: evite programas com alunos (por exemplo, shows, boate, bar etc.). Eles podem te prejudicar, e muito!!!
  • Se você gosta de curtir a noite e de festas mais ousadas, faça isso longe do bairro em que trabalha; não é nada bom encontrar um pai de aluno com uma tanga de carnaval.
  • Faça o possível para não xingar ou depreciar qualquer situação. Tudo tem dois lados.
  • Mantenha uma atitude de respeito e profissionalismo com seus colegas de trabalho, mesmo que pessoalmente você tenha muitas diferenças. Os alunos percebem tons ríspidos. E como você pode ensiná-los a ser respeitosos uns com os outros, se você é desrespeitosa com seus colegas de trabalho?
  • Se você é religiosa e está em uma escola laica (sem uma religião definida), não deixe de dar a sua opinião sobre os assuntos. Mas não faça da sala dos professores o culto de domingo. Respeite a opinião alheia e o direito que todos têm de estar naquele espaço sem necessariamente ter que aceitar suas escolhas.
  • Saiba se posicionar nos debates e exigir as mudanças que você julga necessárias, mas tenha o cuidado de não ofender ninguém.
  • Seja gentil! Promova um lanche entre os professores. Presenteie, se possível, em dias especiais. Não esqueça os funcionários de apoio (cozinheiros, faxineiros, inspetores, porteiros – eles fazem parte da sua equipe e se sentem menosprezados quando não são lembrados ou são excluídos do grupo).
  • Tenha uma postura cordial e leal, se você viu algo de errado acontecer. Dê a sua opinião e defenda o lado certo. Tem muita gente que prefere ficar em cima do muro. Mas o dia de essas pessoas serem injustiçadas também chega.
  • Tenha uma atitude séria diante do seu trabalho; não “enrole” ou “encha linguiça”. É o seu nome!!! Leve a sério, planeje, busque caminhos diferentes, procure atividades com que você possa aliviar suas tensões diárias. Veja o que os grandes colégios fazem e faça do mesmo modo, não importa onde você esteja ou quanto ganhe; ser excelente em alguma coisa é treinar à exaustão e fazer coisas que as outras pessoas não fazem. Existe a possibilidade de ser excelente em todos os espaços, de todos os modos, sem recursos financeiros ou com recursos financeiros; não é uma questão apenas de empenho, mas também de “visão”. Honre o seu trabalho, o seu nome e a sua carreira.
  • Faça uma reunião com os pais e esclareça o seu modo de trabalho, o que você pensa da vida, quais são suas opiniões e o que você defende. Os motivos que fizeram você escolher essa carreira etc. Eu faço sempre um documento – que eu chamo de “manual do aluno” –, uma espécie de contrato com os deveres e direitos dos alunos e pais e peço que ao final eles assinem uma listagem, de que leram e estão de acordo. Eles levam o manual para casa. É uma maneira de dizer que ali estamos firmando uma parceria. Esclareço ponto a ponto, inclusive as penalidades. Faça uma reunião emocionante, toque no coração deles. Eu tenho um vídeo com algumas matérias sobre jovens que mataram familiares, mendigos etc. Quando se trata de uma turma violenta, eu sempre inicio a reunião com esse vídeo, para chocar mesmo. E chamo todos a uma reflexão... “Esses pais também deram tudo aos filhos, mas eles esqueceram de ensinar que na vida não é possível ter tudo”. No final, concluo que é necessário ensinar os filhos a agir de forma positiva diante da frustração... E que o melhor caminho não é criá-los como príncipes e princesas. É necessário educar para que se tornem adultos equilibrados, amorosos e generosos. Essa é uma etapa que exige uma coragem absurda e muita sensibilidade do professor, porque é aí que identificamos alguns pais envolvidos com o crime, e eles têm uma imagem um tanto quanto intimidadora. Se você tem pontos da sua história com semelhança à deles, não deixe de expor. Eu sou sempre muito sincera nesse momento, porque eu também tive uma origem muito humilde; eu sempre falo dos meus momentos de dificuldade e o que me fez continuar firme (meu avô sempre me dizia: “as dificuldades podem vir; eu mato no peito, sabe por quê? Meu nome é Antônio Guerra!!!” Ele sempre me disse que eu iria conseguir, porque o meu sobrenome era Guerra. Não queria dizer muita coisa e ao mesmo tempo significava tanto!!!).
  • Esta é a etapa mais difícil e também a mais importante: em turmas muito violentas, você dificilmente vai conseguir sucesso se não tiver os pais do seu lado. Mas se você tiver os pais do seu lado, saiba que 70% da batalha já estão vencidos. No final, termine com um lanche; se você sabe cozinhar, prepare algumas coisas. Isso demonstra carinho e atenção.
  • Cuide dos pequenos detalhes, como o padrão das folhas do caderno (opte por folhas em tamanho grande ou meia folha, e não mude ao longo do ano); procure encapar os cadernos e cobrar capricho dos alunos.
  • Nós temos a mania de exaltar o “erro”, mas não esqueça de parabenizar seu aluno. Eu não gosto de parabenizar publicamente, porque eu acho que isso incentiva a competição desmedida, mas tenho vários carimbos. Carimbo nos cadernos ou agenda quando eles tiveram uma postura de que eu tenha gostado com uma mensagem legal. Se for premiar os alunos, não dê prêmio apenas "ao melhor", mas também ao que "mais se desenvolveu", "ao que mais se esforçou" etc.
  • Seja uma pessoa pontual; chegue no horário, entregue as provas na data certa, distribua materiais na data adequada, estipule um cronograma de atividades semanal e tente cumpri-lo, coloque um “notificado” na agenda sobre possíveis imprevistos. Seja honesta; quando precisar faltar ou chegar mais tarde, diga a eles que você deixou uma atividade, explique o que será pedido na atividade, diga quem ficará responsável pela sala na sua ausência, converse com a turma e cobre respeito. Diga que, do mesmo modo, irá saber se as regras foram cumpridas e aplicar as penalidades necessárias.
Atitude em sala de aula
  • Independentemente de como tenha sido a sua atitude até hoje e o que tenha passado, esqueça! Finja que você está vendo aqueles alunos pela primeira vez (finja que tem amnésia, que é uma outra pessoa e que eles não te conhecem). Chegue sem preconceitos e sem esperanças. Se a sala estiver em desordem e tiver aluno gritando, ou coisas do tipo, chegue na porta da sala e dê um aviso (não grite, mas levante e engrosse o tom de voz; preste atenção para manter o tom de voz firme, fale de forma pausada e equilibrada – treine em casa, na frente do espelho) e diga: “Só vou entrar quando a sala estiver em ordem, com todos sentados e com o caderno de aula sobre as mesas” (repita o máximo de duas vezes). Não fale mais nada! Não tenha outra reação senão essa. Se algum aluno aprontar alguma, desde que não seja agressão física, ignore! Se for agressão física, separe e o coloque fora de sala. Ou, se você tem um inspetor bom na sua escola, chame para que ele resolva. Não importa quanto tempo você fique parada na porta (Mas previna-os que o tempo será contado e acrescido no fim). Cumpra a sua palavra!!! Mesmo que você ache que o que você falou não teve efeito, permaneça na porta e no final aplique os minutos a mais que você ficou em pé. É interessante deixar a coordenadora de sobreaviso de que a partir de hoje você vai estipular novas regras; se existe algum problema em você ficar na sala depois da hora, seria interessante avisar também aos pais naquela reunião, mas se isso não for possível nada pode te impedir de fazer o que é necessário. Eles vão te testar de todas as formas, vão atacar os pontos mais doloridos da sua vida; esteja pronta para fazer o que o amor à tua carreira exige. Não diminua o castigo, não dê nenhuma vantagem, não tenha pena; não existe desculpa, se for o banheiro, aquele que foi ao banheiro ficará os minutos do banheiro a mais; permaneça firme! Você, desde o início, deu a eles o poder de escolher; eles escolheram assim. Se você foi capaz de identificar aqueles que ficaram todo o tempo quietos, esses podem ser liberados do castigo. Mas, se a desordem era geral, diga a eles, seja sincera: “Eu sinto muito se estou cometendo alguma injustiça, mas a desordem estava tão grande que eu não consegui identificar quem estava quieto”. Algumas pessoas me acham muito “general”, mas a verdade é que tenho muito amor pelo que faço e muito amor aos meus alunos; sou muito rígida, mas meu coração dói quando eles estão tristes por coisas pessoais; eu me vejo neles. E, apesar de toda rigidez, nunca fui fria com eles; gosto de ver que estão felizes e que são amigos fiéis, gosto de ver que um apoia o outro e que são pessoas de caráter e talento.
  • Depois que a turma estiver em ordem, entre e diga os minutos contabilizados que ficarão depois do horário (escreva os minutos no quadro) e não dê atenção a desculpas do tipo “eu tenho rota escolar e não posso ficar”. Diga a eles que todos os dias a partir de hoje serão assim (permanência – qualquer pessoa exige de nós estabilidade para que ela possa confiar no que dizemos). Diga “eu só vou entrar quando a sala estiver em ordem, com silêncio e o material sobre a mesa”. Explique as razões dessa atitude...
  • Saiba que permitir a desordem é antes de tudo uma traição à sua profissão; professor é aquele que educa e prepara para a vida em sociedade; até hoje, todas as sociedades com desordem desmedida foram abolidas do mapa! Precisamos pensar que um professor que permite a desordem em sala de aula não consegue que os alunos aprendam e, consequentemente, está estimulando a desigualdade social e a pobreza. Você está colocando seu aluno em uma jaula; essa jaula é o próprio instinto animal dele.
  • Existe um caráter social e político muito oculto que estimula o fracasso das escolas públicas. Afinal, um povo numeroso com alta habilidade pensante pode formular estratégias muito eficientes para destituir maus governantes.
  • Se os seus alunos já são maduros para essa discussão, converse com eles sobre isso.
  • Existe muita coisa por trás do desrespeito à escola e ao professor. Existe muito por trás de sites que estimulam esse desrespeito. Está na hora de os alunos saberem que eles vivem em um mundo capitalista que quer faturar a troco da vida deles.
  • É legal começar com uma pergunta para quebrar o gelo: “O que vocês vem fazer todos os dias na escola?”. Se surgir uma piadinha do tipo “brincar”, diga de forma muito séria: “Opa, então acho que você entrou no lugar errado, o playground fica na outra rua” e finaliza aí. Se não surgir nada de produtivo, explique: “as pessoas vêm à escola para aprender a ler as coisas de que gosta, elas vêm para aprender a fazer contas, para não ser enganado, não ser roubado, etc. Quando existe uma bagunça muito grande, ninguém aprende nada”. Nesse momento não permita interrupções (eles já tiveram o momento deles de falar). Diga que, assim como na vida, na escola também temos regras e que nós iremos juntos estipular as regras. Eu sempre faço um painel com as seguintes colunas: regras / direitos / penalidades e digo para eles o seguinte: a cada regra (ou obrigação) vocês têm um direito. Já levo as regras mais ou menos estipuladas, do tipo silêncio na explicação – conversa nos 20 minutos finais da aula e assim por diante. Isso vai depender da idade da turma; mesmo os professores de disciplinas específicas podem fazer isso, só não vão poder afixar na parede como eu faço. Estipulo com eles as penalidades, de acordo com a gravidade. De hoje em diante, todas as vezes que eles errarem devemos fazer menção ao painel: “Fulano você desrespeitou a regra 4 do nosso painel de regras, você bateu no seu colega, que poderia ter se machucado; existem outras soluções para resolver a briga de vocês, você quebrou o nosso acordo e por isso vocês vão ficar no castigo estudando ortografia 15 minutos depois da aula durante esta semana, por exemplo”.
  • Outra medida interessante são os mapas de lugar, designando os lugares de cada um. Assim você separa aqueles que mais conversam e tal. Eu particularmente não gosto muito dessa tática; primeiro, porque aquele que é quieto e estudioso é forçado a ficar com o mais bagunceiro, e certamente irá sofrer por isso. Em segundo lugar, porque eu acho que eles precisam aprender a se respeitar como grupo. Enfim, já usei muito essa tática, ela é eficiente, dá resultado e acredito que seja uma boa saída para quem está iniciando; só tenha cuidado com uma coisa: se você designou que o lugar será marcado, não volte atrás; vistorie todos os dias e garanta que todos estão em seus lugares.
  • No primeiro segmento, é legal fazer uma tabela de ajudante do dia (participação – mostre à turma que todos são importantes); eu fiz um colete e eles têm uma cadeira especial ao lado da minha; é muito legal porque isso estimula que eles sejam generosos uns com os outros.
  • Tenho na minha sala também um cartaz de aniversariantes; como eu adoro cozinhar, faço um bolo por mês e a gente canta parabéns para todos os aniversariantes daquele mês; tiro foto e coloco no mural. Eles ficam radiantes!!! Professores e pais são pessoas muito importantes no processo de formação da personalidade infantil. Mostre que eles são importantes em sua vida e exalte as qualidades e talentos de cada um.
  • Um ponto muito importante é a rotina (qualquer pessoa precisa de estabilidade e planejamento e precisa ter as coisas estabelecidas caso precise expressar algum desejo de mudança; eu sempre digo que eles têm esse direito, desde que seja feito de forma respeitosa). Eu escrevo no quadro tudo que iremos fazer naquele dia, ponto a ponto. Isso dá uma segurança muito grande a eles, além de ser um exemplo de organização. No final, nunca deixo de colocar: “Só vai embora quem tiver terminado todo o dever”. Tudo o que você colocar na rotina... Cumpra!!!
  • Explique de maneira prática e simples o conteúdo, todos os exercícios; seja paciente, pergunte se alguém tem dúvida. Não agrida seu aluno com palavras, mesmo que ele esteja fazendo isso com você. Você é uma profissional, ele não.
  • Nunca chore diante de sua turma. Aprenda que existe lugar para chorar: no seu quarto, debaixo do edredon! Isso mostra insegurança, falta de profissionalismo e incapacidade de lidar com situações extremas. Existe uma técnica: quando você perceber que está numa situação que te afetou emocionalmente, pegue o celular, diga que lembrou de fazer uma ligação urgente e passe um exercício do livro ou leitura. Essa técnica é para que você se afaste da situação que te afetou; procure um lugar calmo (eu sempre escolho o banheiro), respire fundo, prenda a respiração do abdome e solte lentamente; repita esse processo cinco vezes; em seguida, coloque a ponta da sua língua no céu da boca e respire lentamente; repita também por cinco vezes. São técnicas de respiração que acalmam. Se a mágoa persistir, diga à diretora ou coordenadora que você está com sensação de desmaio, que já tentou se recuperar e não conseguiu e se ela pode te ajudar. Mas saiba de uma coisa: reagir às situações com choro significa que você é imatura emocionalmente, independente de sua idade, e significa que você precisa trabalhar esse aspecto da sua personalidade.
  • Se você não estipulou um horário de aulas, diga a eles que a sua forma de trabalho não é a convencional e que você usa a interdisciplinaridade. Explique a eles o que é isso. Eu sempre coloco o horário de aulas na agenda, com livros e cadernos que devem ser levados, além de materiais especiais como régua, tesoura etc. Importante: Não faça da agenda escolar um diário de reclamações; chame os pais e converse quando o caso for extremo.
  • Uma regra está ligada à outra, não adianta cumprir só algumas e achar que dará resultado. Todas as regras são organizações e formas para que seu aluno se sinta seguro e consiga prever seus atos. Nós somos animais (ainda que socializados); todas as vezes em que não estamos seguros em uma situação e não podemos saber o que irá acontecer, iremos atacar.
  • Você tem um compromisso com você mesma: ser uma boa professora. Não queira ser amiga, confidente ou a Britney Spears. Ser professora significa ser dura como a vida é! Estipular e cumprir regras como acontece na vida! Obter bons resultados, e é para isto que lutamos: formar seres saudáveis, equilibrados e capazes de resolver seus problemas de forma leal e firme. Se você não está conseguindo bons resultados, você não está cumprindo a sua missão. É hora de mudar... Pense nisso!

Da omissão



Professora morre após discussão com aluno de 8 anos em SP

A professora Izabel Cristina Sampaio morreu após ter um infarto na manhã de terça, dia 23, na Escola Estadual Professora Jandyra Nery Gatti, em Araraquara, a 250 km de São Paulo. De acordo com a Secretaria da Educação do Estado, a educadora tinha acabado de conter um aluno de 8 anos, que teria tentado agredi-la.
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No instante em que Izabel informou o mal-estar, a administração da escola acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ela morreu quando estava a caminho de uma unidade de pronto-atendimento.
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Segundo a secretaria, a direção da unidade já havia acionado o Conselho Tutelar para acompanhar o caso desse estudante, que também estava sob acompanhamento médico por um serviço de saúde do município. Em nota, eles informaram que "é importante salientar que a equipe gestora nunca recebeu orientação médica contrária à permanência da criança em ambiente escolar". Em função do ocorrido, as aulas na unidade foram suspensas nesta quarta-feira e serão retomadas amanhã.
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Fonte: Jornal do Brasil on line

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Com licenciatura desvalorizada, pode faltar professor em Minas

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JOHNATAN CASTRO - A falta de interesse pelos cursos de licenciatura, motivada pelos baixos salários e pela desvalorização social dos profissionais, pode levar à escassez de professores nas salas de ensino básico de Minas Gerais em até dez anos. A constatação é feita por especialistas com base nos números de matrícula em cursos superiores. No caso da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a maior do Estado, a procura pela carreira caiu 4% nos últimos anos. Em 2010, foram 6.815 matriculados, contra 6.510 neste ano.
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Para o professor de sociologia da educação e coordenador do Colegiado Especial de Licenciatura da UFMG, João Valdir Alves de Souza, o desinteresse pelos cursos de licenciatura - que formam professores - é preocupante e pode resultar na falta de professores em breve. "Mantida a atual tendência, em três ou cinco anos, não teremos candidatos aos cursos de licenciatura", afirmou, ressaltando que a relação candidato/vaga de cursos como letras e matemática diminuiu de cerca de 30 para apenas três nos últimos dez anos. "A UFMG está formando menos professores que no passado", constatou.
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O Censo da Educação Superior 2011, divulgado na última semana pelo Ministério da Educação (MEC), mostrou que a realidade é a mesma em todo o país. Segundo o levantamento, entre 2010 e 2011, o número de matrículas nos cursos de licenciatura ficou estagnado.
Sem estímulo. O motivo para a queda na procura é unanimidade entre os especialistas. "A carreira no magistério tem sido de baixa atratividade", afirmou Mozart Neves Ramos, conselheiro da Organização Não Governamental (ONG) Todos pela Educação. De acordo com ele, os baixos salários aparecem como o principal motivo para os jovens fugirem da profissão. "Um professor no Brasil ganha, em média, 40% menos que outros profissionais com a mesma titulação. E não é só o salário que resolve. Falta um plano de carreira", afirmou. A desvalorização social da carreira é outro problema. "Vivemos um cenário em que a figura do mestre tem sido empalidecida", afirmou Valdir Souza. Junto com isso, segundo ele, estão as condições de trabalho dos profissionais, que enfrentam falta de estrutura nas escolas e violência vinda de alunos.
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Para Mozart Ramos, entretanto, é preciso investir na profissão, de modo a resgatar o prestígio da carreira. "A gente tem que fazer esse diagnóstico, mas acho que a saída passa por um pacto social pela valorização da carreira do magistério como um todo. Em outros países, os professores ganham tanto ou mais do que um engenheiro ou um médico qualquer", concluiu.
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Carreira
Jovens não querem dar aulas
Os problemas apresentados pelos especialistas são perceptíveis também na forma como os alunos de cursos de licenciatura lidam com a carreira. A estudante do segundo período de letras Danielle Cardoso Ferreira, 22, por exemplo, não pensa em ser professora, apesar de já dar aulas particulares de português. "Esse era um curso que eu jamais pensei em fazer. Mas comecei e gostei. Só que o que quero mesmo é trabalhar com edição de livros", disse.
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Já a estudante Poliana Jardim Rodrigues, 24, entrou na faculdade de história por afinidade com a área e com o ato de ensinar. "Comecei com a intenção de partir para a rede pública, mas, depois que vi as dificuldades da profissão, resolvi ficar com pesquisa", explicou a jovem, que ressalta os baixos salários e as greves enfrentadas pela classe como os principais pontos de desânimo.
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Para Julia Lery, 21, que concilia o curso de história com uma faculdade de jornalismo, a falta de estrutura em muitas escolas e os casos de violência contribuem para esse cenário. "A maioria das pessoas que optam pela faculdade quer ser professor, mas, logo que elas entram na área, aparecem as frustrações", disse.
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A diretora do instituto de ciências humanas da PUC Minas, Carla Ferreti, credita parte dessa rejeição à forma como a sociedade tem visto a carreira de professor. "Isso acontece por essa impressão que as famílias têm de que as melhores carreiras são as que estão na moda". (Fonte: O Tempo (MG))

Adolescente é apreendido após agredir colega de escola com canivete em Paracatu

TABATA MARTINS
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Um adolescente, de 17 anos, foi apreendido por ter agredido um colega de escola, de 15, nessa terça-feira (23) em Paracatu, na região Noroeste de Minas Gerais. O caso ocorreu dentro da Escola Municipal Arquimedes Cândido Meireles, localizada em uma região conhecida como Morro Agudo de Baixo. De acordo com a Polícia Militar, o garoto, que foi atingido por um canivete na região escapular posterior esquerdo e na região cervical, está internado no hospital municipal da cidade.
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Segundo relatos da diretora e funcionários da instituição de ensino, os dois adolescentes discutiram durante um jogo de futebol, realizado na aula de educação física. Após o fim da partida, o adolescente apreendido foi até a sala de aula, pegou o canivete dentro da mochila e feriu o colega.
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Depois do crime, o garoto fugiu, mas foi achado escondido em uma fazenda perto da escola. O detido ainda estava com o canivete e foi encaminhado à Delegacia de Polícia Civil da cidade na companhia da mãe.
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Fonte: O Tempo - on line

educação


Denúncia de problemas da escola no Facebook deve ser "responsável"; veja dicas de advogados

Após a reação de secretarias de educação em todo o país rejeitando as denúncias dos alunos em postagens no Facebook sobre as condições das escolas, a reportagem do UOL ouviu especialistas na área de direito educacional que apontam caminhos oficiais para o encaminhamento das reclamações dos estudantes.
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A advogada e assessora da ONG Ação Educativa Ester Rizzi defende a liberdade de manifestação dos estudantes ao postarem fotos denunciando problemas de infraestrutura nas escolas, mas alerta para o perigo de citação nominal de professores nos comentários na internet.
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“Talvez dar publicidade não seja a única resposta a esse tipo de problema. Acho receoso essa responsabilização de pessoas que estão no ambiente escolar. Uma manifestação de um aluno pode ser interpretada como um desrespeito ao exercício da função do professor. Seria mais adequado tentar resolver inicialmente o problema dentro da esfera escolar. Caso a direção da escola não resolva, buscar a diretoria regional de educação ou a própria secretaria do município ou do estado”, disse.
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Para Ester Rizzi, ao citar nominalmente professores que, na opinião dos alunos, estariam agindo em desacordo com a profissão , os estudantes podem ser responsabilizados pelas palavras divulgadas na mídia social caso não consigam provar a denúncia. Tentar resolver o problema dentro da esfera escolar seria o caminho mais adequado. “No ambiente escolar você chama as pessoas e conflito e ambas as partes podem se representar. A possibilidade de defesa do professor numa mídia social fica limitada”, completou.
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A advogada esclarece que mesmo o estudante menor de idade pode encaminhar uma petição à esfera responsável. “É direito de todo o cidadão, garantido no artigo 5º inciso 34 da Constituição Federal o direito de petição. Além disso, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) prevê o direito à manifestação pública. O estudante pode levar adiante uma petição administrativa ou uma representação no Ministério Público sem a necessidade que seja representado pelos pais”, informou.
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Em casos de problemas de infraestrutura, o presidente do Comissão de Direito Educacional da OAB/Niterói (RJ), Carlos Alberto Lima de Almeida, também aponta a escola como primeiro espaço de discussão de problemas. “Não havendo resposta ou providências, o passo seguinte poderia ser no sentido de contato na secretaria de educação. Se a inércia persistir o próximo passo poderia se desenvolver com representação ao Ministério Público competente (Estadual ou Federal), para exame do caso e das providências cabíveis”, apontou Almeida.
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“Em casos de violação do direito à educação , não encontrando resposta dentro da estrutura do poder executivo, é possível e necessário levar o caso ao Ministério Público, por exemplo se há uma falta recorrente de professor em determinada disciplina ou se as condições de infraestrutura da escola seja muito precária”, orientou a assessora da Ação Educativa. Em casos de má qualidade da merenda escolar, o representante da OAB recomenda aos responsáveis procurarem o órgão de vigilância sanitária local. “Quando a denúncia é sobre merenda a vigilância sanitária poderá ser acionada”, recomendou. Procurar fazer as denúncias coletivamente, segundo Rizzi, é uma forma de se proteger de retaliações. “Primeiro porque mostra uma organização política, mostra que outras pessoas estão descontentes com a situação. Mostra a força da organização política e o aluno se protege de represálias individuais. Quando você se manifesta sozinho, fica mais exposto”, comentou.
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Os dois especialistas criticaram a posição das secretarias de educação ao não reconhecerem a internet como meio legítimo para a apresentação de denúncias. Para Ester Rizzi, a solução de alguns dos problemas apresentados pelos alunos via Facebook e ainda de maneira mais rápida provou o contrário. “É engraçado falarem que não é adequado. Embora não seja uma meio formal, as secretarias, as direções reagem resolvendo os problemas nas escolas, ou seja , as denúncias têm efeito. Dizer que existe um outro caminho mais formal não significa invalidar as manifestações que foram realizadas na internet. É uma manifestação legítima desses alunos levar essas questões a público. Ninguém pode proibir as pessoas de falarem do que está se passando”, ressaltou.
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Os dois especialistas apontam a criação de canais mais simplificados para alunos e responsáveis como forma de tornar mais próximo e eficiente o contato com o poder decisório. “Se as secretarias de educação adotassem estratégias de gestão escolar compatíveis com a importância que o tema educação tem para a sociedade, por certo poderiam usar o exemplo das instituições particulares de ensino e criarem ouvidorias para receberem pela internet críticas, denúncias, elogios e sugestões. Nesta hipótese, a internet além de ser um meio legítimo também seria uma forma oficial de contato”, disse Almeida.
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“Essas denúncias vieram pela internet talvez porque as instâncias adequadas das secretarias não existam. Talvez porque as secretarias não tenham canais entre a comunidade escolar e as instancias decisórias. Quem decide pra onde vai o dinheiro, que decisões serão tomadas. Por isso se faz importante a criação de canais diretos de comunicações, ouvidorias para receber essas demandas que ficam represadas nas escolas”, completou Rizzi.
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CUIDADOS A SEREM TOMADOS NAS REDES SOCIAIS: PERGUNTAS QUE O ALUNO PODE SE FAZER PARA EVITAR PROBLEMAS JURÍDICOS
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1) A diretoria já foi informada? Os especialistas recomendam que os estudantes tentem resolver os problemas dentro do ambiente escolar.
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2) Há certeza nas afirmações que estão sendo feitas? A crítica ou a denúncia devem ser feitas com responsabilidade. A ofensa à honra de uma pessoa ou de uma instituição pode render um processo. Ariel de Castro Alves, advogado, exemplifica: Pode responder criminalmente quem, por exemplo, atribuir, falsamente, a alguém a responsabilidade pela prática de um crime (calúnia), exemplo “professor Y agrediu fisicamente (lesão corporal) o aluno X”. Se for verdade o aluno será chamado para provar na delegacia e na Justiça. Ou se ofender a dignidade ou a moral de alguém (injúria) , atribuindo uma qualidade negativa, do tipo: “o professor tal é um medíocre”. Ou ainda a difamação, ofendendo a reputação de uma pessoa para gerar descrédito junto a opinião pública, uma afirmação voltada a desacreditar a pessoa diante de terceiros, do tipo “o professor X não tem diploma e foi contratado por ter caso amoroso com a diretora”.
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3) O "acusado" teve direito de defesa? Ser reponsável pelo que se publica nas redes sociais, por exemplo, também implica em dar direito de resposta a quem está sendo apontado como "culpado" pela situação.
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4) Existe autorização para fotografar o ambiente escolar?
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 Se a instituição é pública, o advogado Ariel de Castro Alves, vice- presidente da Comissão Especial da Criança e do Adolescente da OAB, entende que "que prevalecem os princípios da transparência e da publicidade do direito público, mas cada situação depende do regimento interno de cada escola e devem ser analisadas conforme a importância e contribuição da imagem e da denúncia para a melhoria da qualidade da educação".
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Fazer fotos é um meio de prova, desde que seja possível identificar quando a foto foi feita. Um meio de assegurar a data é afixar um jornal do dia no local que será fotografado, aconselha Oliveira:
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PASSOS PARA OFICIALIZAR A CRÍTICA OU A DENÚNCIA
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1. Em primeiro lugar, tente resolver o problema na escola, conversando com os professores e com a diretoria
2. Se não der certo, procure meios oficiais da secretaria responsável (municipal ou estadual, dependendo da escola pública). Pode ser pela diretoria regional de ensino ou na própria secretaria
3. Se o problema for com a merenda, um outro órgão que pode ser acionado é a Vigilância Sanitária
4. No caso de as tentativas de comunicação terem falhado ou de o problema estar se repetindo, uma outra estratégia é procurar o MP (Ministério Público) para que seja feita uma representação pública com a finalidade de buscar a solução e a responsabilidade
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Fontes: Ariel de Castro Alves, Carlos Alberto Lima de Oliveira e Ester Rizzi
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Fonte: UOL Educação

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sentidos para a educação


Violência afeta alunos e professores no Ceará

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Em Fortaleza, os Professores da rede pública de Ensino lideram os pedidos de licenças médicas. A violência dentro das Escolas no Ceará tem gerado reações adversas de intensa agressividade tanto por parte dos estudantes quanto de Professores. Um dos registros ocorreu, ontem, em um colégio do Município de Sobral. Um vídeo feito pelo celular de um estudante da Escola Municipal Netinha Castelo mostrou o momento em que uma Professora puxou um Aluno do 7º ano pela orelha e o obrigou a sentar.
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Uma cópia do material foi entregue anonimamente na sede do Diário do Nordeste em Sobral, com uma carta informando que o caso havia ocorrido na última quarta-feira, dia 17 de outubro. O material, de dois minutos, levantou, mais uma vez, a discussão sobre a relação entre Alunos e Professores nas Escolas. Conforme o vice-presidente do Sindicato dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc), Reginaldo Pinheiro, essa realidade acontece tanto na rede municipal de Ensino quanto na rede estadual. Segundo ele, a quantidade de licenças relacionadas a problemas de saúde motivadas por depressão e síndrome do pânico devido a conflitos nas Escolas é crescente. "Acho que é uma realidade complexa que envolve a própria desvalorização da carreira, a falta de estrutura, baixos salários e o processo de violência", explica.
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O psicólogo e mestre em Educação, Marco Aurélio de Patrício Ribeiro, afirma que, sempre que acontece uma ato de violência, ocorre uma desorganização psíquica. "Quando você expõe uma pessoa durante um longo período a uma situação de estresse, ela entra em estágio de desorganização mental. Isso acontece muito com os Professores", diz.
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Aluno é agredido por Professora
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De acordo com Marco Aurélio, muito Professores adoecem da síndrome de bournout. "Por conta dessa síndrome desaparece a motivação, a vontade de trabalhar, de ir para a Escola e a vontade de viver", Contudo, segundo o especialista, alguns Professores não se reconhecem como doentes e acabam cometendo algum ato de violência.
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Sobral
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Outro fato ligado à relação dentro da sala de aula ocorreu com o Professor de português de uma Escola da rede estadual de Ensino, na cidade de Fortaleza, José Carlos (nome fictício), que há cerca de 25 anos exerce o magistério. Durante o ano de 2010, uma ameaça de morte feita por um grupo de Alunos quase o fez desistir da profissão. Conforme o Professor, no início, os estudantes apenas reclamavam dos exercícios que estariam muito complicados. Em seguida, as ameaças passaram a ser verbais, até o dia em que o grupo chegou ao ponto de planejar a sua morte.
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 "Fui alertado por alguns estudantes que gostavam de mim. Eles me contaram que os Alunos iriam forjar um assalto na porta da Escola seguido de morte. Fiquei muito assustado e, durante um ano, estive de licença médica devido à síndrome do pânico. Hoje, voltei a dar aulas em outra Escola, mas nunca consegui esquecer dos terríveis momentos", revela o Professor.
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Dados divulgados, no início do ano, pelo Instituto de Previdência do Município (IPM), revelam que, em Fortaleza, os Professores da rede pública lideram os pedidos de licença médica e de transferência de função. Em 2011, o órgão concedeu 10.561 licenças médicas. Para os Professores, foram concedidas 4.921 licenças, além de um total de 591 readaptações. A coordenadora da Junta Médica do IPM, Auxiliadora Gadelha, admite que os principais motivos de afastamento são os problemas vocais, psicológicos e ortopédicos. Entretanto, a depressão e a síndrome do pânico aparecem com maior frequência.
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Agressões
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"Os problemas mais comuns entre os Docentes são os psicológico. Os Professores, muitas vezes, são obrigados a conviver com crianças e adolescentes usando e vendendo drogas, e estudantes altamente agressivos. Além disso, o profissional faz a faculdade, o concurso público e, quando chega na Escola cheio de sonhos e esperança, se depara com uma realidade precária. Esses são os principais fatores da depressão e da síndrome do pânico entre os mestres", diz a médica do IPM.
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Em relação ao caso em que a Professora de uma Escola estadual de Sobral agrediu fisicamente um Aluno, o Secretário de Educação daquele município, Julio César Alexandre da Costa, disse só ter ficado sabendo da situação na manhã de ontem, após a divulgação do vídeo. Ele afirmou que está apurando o problema, junto aos envolvidos, e garante que pretende tomar providências necessárias.
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Fonte: Diário do Nordeste (CE)

Alunos denunciam problemas em escolas pelo Facebook; veja o mapa de queixas de 30 páginas

O dia do basta. Pela internet, alunos de escola pública de todo o Brasil marcaram para esta segunda-feira (22) um protesto pedindo uma "escola digna". A proposta da ação é enviar mensagens para o gabinete do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e para as secretarias municipais e estaduais de Educação denunciando os problemas de suas unidades.
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A manifestação é parte da onda de protestos virtuais que começou em agosto deste ano, com a divulgação da página Diário de Classe feita pela estudante catarinense Isadora Faber, 13, que tornou públicos os problemas da escola em que estuda em Florianópolis. Agora são ao menos 30 páginas na rede social que reúnem denúncias em escolas e universidades de 14 Estados brasileiros e do Distrito Federal.
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Desveladas na internet, centenas de fotos expõem descuidos com as unidades escolares. Carteiras quebradas, banheiros sem porta, que não funcionam, salas de aula abandonadas, lousas quebradas, quadras inutilizadas, fiação exposta, lixo e reformas inacabadas são alguns dos problemas apresentados. Nas mensagens, os alunos também reclamam da falta de professores, problemas com equipamento eletrônico e da qualidade da merenda.
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Entre as 30 páginas encontradas pelo levantamento do UOL Educação, 26 são escolas de ensino fundamental e médio, duas delas são de universidades e outras duas reúnem diferentes escolas do mesmo município. A maioria das instituições é de responsabilidade estadual. São Paulo é o Estado com maior número de páginas (8), a Bahia tem quatro, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm duas cada. Para fechar a lista, ao menos uma página existe em Alagoas, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro.
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Melhorias
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Os estudantes deixam claro em suas páginas que a ação é autônoma e tentam se unir por meio da rede para pressionar as autoridades por uma escola de qualidade. Como Isadora Faber, que ultrapassou os 340 mil seguidores e conquistou melhorias para sua escola, alguns jovens percebem resultados imediatos de sua ação. O aluno Emerson Mendes, de Itamaraju (BA), conta que depois da criação de sua página a maioria dos problemas de sua escola foram resolvidos: os banheiros quebrados, as fechaduras quebradas e a fiação exposta. Ele ainda espera intervenções na quadra esportiva.
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No caso da Escola Estadual de São Paulo, o estudante Guilherme (que não quis divulgar seu sobrenome), 14, afirma que até o momento apenas um buraco aberto no pátio foi consertado pela escola. Ainda restam salas em desuso, infiltração, banheiros e janelas quebradas, entre outros problemas. Procuradas pelo UOL, secretarias estaduais afirmam, em sua maioria, que as redes sociais não são o local para a denúncia de problemas nas unidades escolares. No entanto, após saberem dos problemas por meio das páginas dos alunos ou por meio da imprensa, providências passaram a ser tomadas.
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Muitos "likes", mas pouco apoio
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Para Gisele Chaves, 17, criadora do Diário de Classe da EEPAC (Escola Estadual de Ensino Médio Professor Pedro Augusto Porto Caminha), de João Pessoa (PB), escrever o diário do colégio serviu para que os problemas fossem divulgados. "Criamos essa página com a finalidade de mostrar a realidade da escola, isso inclui o lado bom e o ruim, e significa que sabemos reconhecer quando um trabalho é bem realizado", explica a aluna. Com quase 3 mil "curtidas" em sua página, Gisele conta que a participação dos alunos é essencial para um bom resultado. "Na página, vejo muitos que apoiam, mas ao redor, de verdade, são poucos." Já Guilherme, que junto com outros amigos, faz o diário da escola, diz que teve apoio da coordenadoria ao relatar problemas encontrados. "Tem que mostrar o nome e persistir para poder apresentar os problemas da escola, porque, só assim, aparece algum resultado", explica o aluno. Sua escola tem problemas? Na área de comentários, conte ao UOL qual a situação da sua escola. Não esqueça de colocar o nome completo da instituição e o nome da cidade.
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Denúncias podem ser enviadas também para o e-mail vestibular@uol.com.br.
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Veja o mapa aqui.
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Impulsionadas por denúncias estudantis, secretarias respondem a pedidos de manutenção
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Após reunir as denúncias feitas por estudantes de 15 Estados brasileiros em 30 páginas de Facebook, o UOL Educação procurou secretarias estaduais, prefeituras e algumas unidades escolares para saber quais providências estão sendo tomadas em relação aos problemas apontados por alunos. Em sua maioria, os órgãos afirmaram que as redes sociais não são o local para a denúncia de problemas nas unidades escolares, mas que, após tomarem consciência dos problemas por meio das páginas dos alunos ou por meio da imprensa, estão tomando providências.
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EESP
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A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, por meio de sua assessoria, afirma que a Escola Estadual de São Paulo “tem recebido diversas melhorias desde setembro”, entre elas estariam a troca de vidros e lâmpadas, revisões elétricas e a instalação de uma tampa na caixa de cabeamento elétrico, além da limpeza das áreas de convivência. Na nota, a secretaria afirma que a escola recebeu novas cadeiras e carteiras escolares e que os móveis depredados seriam retirados até o início de novembro.
O órgão diz, ainda, que a escola passará por uma reforma geral e que a previsão é de que as obras se iniciem no primeiro trimestre de 2013, segundo a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação).
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Luiz Gonzaga Pinto e Silva
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Sobre a Escola Estadual Professor Luiz Gonzaga Pinto e Silva, na zona sul de São Paulo, a secretaria afirma que a unidade deve receber “nos próximos dias, o serviço móvel contratado pela FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) para que sejam feitos reparos emergenciais e manutenção em diversos espaços do prédio”. A unidade também teria recebido móveis novos, como cadeiras, carteiras, armários, estantes e mesas para professores. A secretaria afirma ainda que a unidade deverá passar por reforma de suas instalações elétricas, da cobertura, dos sanitários, da cozinha, dos bebedouros, do telhado e das quadras esportivas. A obra está em fase de planejamento, de acordo com a nota.
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Doutor Washington Luís
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No caso da Escola Estadual Doutor Washington Luís, em Mogi das Cruzes, a secretaria afirma que a unidade recebeu recentemente novas carteiras, armários, estantes e mesas para professores. E que os móveis depredados deverão ser retirados da escola em breve. Em nota, a secretaria estadual afirma ainda que estão em processo de licitação os serviços para implementação do sistema de combate a incêndio da unidade.
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Roque Savioli
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 A secretaria estadual, por meio de sua assessoria, afirma que a direção da Escola Estadual Roque Savioli, em Cotia, “tem tomado as providências necessárias para solucionar as questões apontadas pelos alunos”. Os reparos da quadra esportiva teriam sido começados na semana passado pela FDE. De acordo com a nota, técnicos da fundação devem visitar a escola nesta semana para avalias outras intervenções necessárias. A secretaria afirma que as revisões nas instalações elétricas e hidráulicas do prédio foram realizadas em setembro e o mobiliário depredado já foi retirado. Os sacos plásticos armazenados junto do acervo de livros da unidade seriam retirados durante o último final de semana.
Após reparos, os 28 computadores estariam prontos para utilização e que a escola conta com seis docentes para suprir ausências pontuais de professores.
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Emilia Anna Antonio
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Ainda em nota, a secretaria estadual de São Paulo afirma que a Escola Estadual Professora Emilia Anna Antonio, de Guarulhos, recebeu recentemente mesas e cadeiras novas, além de armários. Segundo a secretaria, foram executados serviços emergenciais na escola “como a troca de uma válvula no banheiro, de forro e vidros e a instalação de tampos nos vasos sanitários”.
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Cardoso de Almeida
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No caso da Escola Estadual Cardoso de Almeida, localizada em Botucatu (a 238 km de São Paulo), o serviço de atendimento móvel deve visitar a unidade nas próximas semanas para que sejam feitos reparos emergenciais, como instalação de portas e pia no banheiro, além de cortinas nas salas de aula.
A secretaria afirma que não há vazamento de água na unidade e que o banco quebrado já foi retirado da escola. A quadra esportiva deverá ser liberada para utilização dos alunos assim que forem instaladas telas ao seu redor. Sobre os computadores supostamente não utilizados pelos estudantes, a pasta esclarece “que se trata de material de uso da Etec (Escola Técnica Estadual) que utiliza espaços do imóvel” e que a escola Cardoso de Almeida tem uma sala do programa Acessa Escola para uso de seus alunos.
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Bahia
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A Secretaria da Educação do Estado da Bahia afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a quadra oficial do Colégio Estadual Roberto Santos, em Salvador, foi completamente recuperada. A secretaria afirma que tem repassado recursos financeiros para que as unidades possam fazer sua manutenção diretamente. De acordo com a secretaria, o Colégio Estadual Bolívar Santana deverá passar por uma reforma geral do prédio. As aulas continuarão a ser ministradas em “módulos climatizados e, também, no prédio anexo da unidade”.
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Espírito Santo
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De acordo com a secretaria estadual de educação do Espírito Santo, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Coronel Gomes de Oliveira, em Anchieta, receberá nesta semana a visita de uma equipe técnica para que sejam diagnosticados os problemas. Após a visita técnica, deverá ser feito um pedido de serviços e aberta a licitação para possíveis obras. Segundo o gerente de rede física escolar do Estado, Alexandre Aquino, apesar dos problemas denunciados por alunos, como uma rachadura em uma das paredes, a escola passou por uma grande reforma em 2010.
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Pará
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A Secretaria de Estado de Educação do Pará declarou, por meio de sua assessoria de comunicação, que a Escola Estadual Ensino Médio Alexandre Zacharias de Assumpção receberá a reforma de suas redes elétrica e hidráulica, além da construção de uma quadra de esportes. Neste momento está sendo cotado o custo dos serviços.
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Paraíba
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Segundo a Secretaria de Estado da Educação da Paraíba, foi solicitada a inspeção das escolas estaduais Maria Zeca de Souza, em Massaranduba, e Pedro Augusto Carminha, em João Pessoa, para a Chefia de Manutenção da secretaria para que sejam tomadas as “devidas providências”.
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Pernambuco
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A Secretaria de Educação de Pernambuco informou que as denúncias feitas por estudantes da Escola Estadual João Batista Vasconcelos já foram averiguadas e que o banheiro da unidade foi consertado. A unidade, de acordo com a secretaria, fez uma campanha de conscientização da importância da preservação do patrimônio da escola com alunos.
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Piauí
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A reitoria da Uespi (Universidade Estadual do Piauí) afirmou que em outubro começaram as obras de construção de salas de aula no campus Picos. “A situação atual é de demolição das salas antigas”, afirmou o pró-reitor adjunto de administração e recursos humanos, Benedito da Graça. “O prazo contratual para entrega das salas de aula é de 120 dias a contar da ordem de serviço assinada no dia 10 de outubro.”
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Rio Grande do Sul
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A assessoria de comunicação da secretaria estadual de Educação do Rio Grande do Sul afirmou, por meio de nota, que não há nenhum registro oficial de denúncias de problemas na Escola Estadual de Ensino Médio Villa Lobos. A 2ª Coordenadoria Regional de Educação, responsável pela unidade, afirmou que postagens em redes sociais não configuram denúncias, “pois precisam de registros com assinaturas (dos denunciantes) para fazer os encaminhamentos necessários”. A coordenadoria afirmou ainda, por meio de nota, que a Escola Villa Lobos será contemplada com a reforma geral do prédio em 2013.
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Demais unidades
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Procuradas pela reportagem do UOL, as secretarias estaduais de educação de Alagoas, Distrito Federal, Maranhão, Rio de Janeiro e Santa Catarina não responderam até a finalização do texto. Também não responderam ao contato do UOL as prefeituras dos municípios de Castelo (ES), Taubaté (SP) e Triunfo (RS) e a assessoria de imprensa do IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo).
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Fonte: UOL Educação

Juventude desperdiçada

Fonte: Gazeta do Povo (PR)
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Ao mesmo tempo em que atinge níveis historicamente baixos de desemprego e sofre com a escassez de mão de obra qualificada em alguns setores, o Brasil “desperdiça” um de cada cinco jovens adultos. Pouco mais de 5,3 milhões de pessoas com idade entre 18 e 25 anos, o equivalente a 19,5% dos brasileiros dessa faixa etária, não estão estudando nem trabalhando e tampouco procurando emprego, segundo dados do Censo 2010. São pessoas que mal entraram na idade produtiva e já são enquadradas como “não economicamente ativas”.
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Era de se esperar que, com o crescimento do mercado de trabalho e alguns avanços na Educação, o quadro tivesse melhorado desde o censo anterior, de 2000. Mas ocorreu o oposto. O contingente de jovens que não estudam nem trabalham até aumentou: em 2000 eles eram 4,8 milhões, ou 18,2% do total, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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“Estamos desperdiçando parte de uma geração, que vai demorar muito a encontrar um lugar ‘virtuoso’ no mercado de trabalho”, diz Adalberto Cardoso, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Iesp/Uerj). “Mais adiante alguns vão voltar a estudar e tentar tirar o atraso, mas então encontrarão novas gerações mais escolarizadas e qualificadas, dificultando sua competição.”
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A chamada “geração nem-nem” tem crescido na Europa assolada pela crise. Mas por que existem tantas pessoas nessa situação no Brasil? Há as que estão à toa por que querem, acomodadas com alguma fonte segura e não muito exigente de sustento – os pais, por exemplo. Mas trata-se de uma minoria. Na maior parte dos casos, diz Cardoso, os brasileiros “nem-nem” são pobres e têm baixa escolaridade. E, no caso das mulheres, filhos para cuidar.
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“Dois terços desses jovens são mulheres, e metade delas tem filho vivo, nem sempre fruto de casamento. Dos homens, uma pequena parte, perto de 10%, tem deficiência física ou mental grave. Cerca de 70% dessas pessoas vivem em famílias que estão entre as 40% mais pobres, e 50% dos homens e 40% das mulheres não completaram nem o Ensino Fundamental”, enumera o pesquisador.
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Aprendizado deficiente:  Para Priscila Cruz, diretora-executiva da organização Todos Pela Educação, os problemas começam pelo baixo nível de aprendizado dos estudantes. Avaliações mostram que, em português e matemática, menos de 35% aprendem o mínimo esperado. “O jovem não aprende, repete de ano, e a repetência é o primeiro indício de que ele pode abandonar a escola. E, depois que abandona, tem dificuldade para se inserir no mercado”, explica.
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Visto como distante da realidade dos alunos, o currículo do Ensino Básico é outro desestímulo. Há disciplinas em excesso, várias delas abstratas demais para quem mal consegue interpretar um texto, e pouco úteis para quem precisa arrumar logo um emprego. “É preciso oferecer uma opção de Ensino Médio profissionalizante, que deixe o jovem apto a algum serviço já aos 18 ou 19 anos. Nem todos podem esperar pela faculdade”, diz Priscila.
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Quem deixa a escola e não arruma trabalho pode acabar recorrendo a bicos ou algo pior, avalia Amilton Moretto, do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp. “Se não criarmos condições para que o jovem tenha a expectativa de conseguir um emprego, uma perspectiva de futuro, corremos o risco de perdê-lo para a marginalidade.”
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País não aproveita “bônus demográfico”: O Brasil atravessa desde a década de 1960 um período que estudiosos chamam de “bônus demográfico”, em que a população com idade entre 15 e 64 anos aumenta em relação à população total – ou seja, a quantidade de pessoas em idade produtiva cresce mais rápido que o número de crianças, adolescentes e idosos. Assim, há uma certa abundância de mão de obra e, com mais pessoas produzindo, também pode haver mais geração de riqueza.
No entanto, o elevado número de jovens desempregados e fora da escola ou da faculdade mostra que o país não está aproveitando bem esse bônus. E não terá muito tempo para isso: com a queda na taxa de natalidade e o envelhecimento da população, o bônus demográfico deve acabar por volta de 2020, segundo cálculos dos pesquisadores João Basílio Pereima, Fernando Motta Corrêa e Alexandre Porsse, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
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Por um lado, isso será bom. A oferta de jovens trabalhadores vai diminuir, o que deve elevar os salários e melhorar a distribuição de renda. Aliás, há quem desconfie que a persistência de baixas taxas de desemprego e o aumento dos rendimentos em plena estagnação econômica já seja reflexo de uma estabilização ou mesmo queda na entrada de novos profissionais.
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Por outro lado, se não houver um aumento da inovação tecnológica e da produtividade, os custos das empresas tendem a aumentar quando o bônus demográfico acabar – o que pode resultar em coisas como inflação e recessão. Portanto, sem jovens criativos e bem formados, o crescimento econômico do país estará ameaçado.
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Políticas
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“Se um país aproveita seu bônus demográfico com políticas adequadas, pode emergir ao fim do processo com enormes avanços econômicos e sociais”, afirmam os pesquisadores da UFPR, em artigo publicado no mês passado. O problema, dizem, é que o Brasil tem sido relapso: “As políticas educacionais não estão dando conta de formar pessoas qualificadas na velocidade e quantidade necessárias no nível técnico. E o quadro é mais grave ainda no nível universitário e de pós-graduação.”
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Ocupação
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Curso de qualificação ajuda jovem a encontrar trabalho
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Durou pouco tempo a “folga” de Douglas Maicon Ferla, 19 anos. Dois meses depois de deixar o emprego no almoxarifado de uma fábrica de autopeças, onde o pó vinha agravando sua rinite, ele está de volta ao trabalho e às aulas. Passa o dia todo ocupado: estuda pela manhã e trabalha até à noite.
Enquanto esteve desempregado, ele fez um curso de manipulação de alimentos no Senai. No fim de setembro, conseguiu uma vaga de auxiliar de produção na fábrica de chocolates da Kraft, quase ao mesmo tempo em que começou a frequentar um curso gratuito de mecânica na ONG Rede Esperança. “Estou fazendo o curso por vontade própria”, conta Douglas, que tem Ensino Médio completo. “No futuro quero trabalhar com mecânica industrial, na própria Kraft ou em outra empresa.”
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A coordenadora de intermediação de mão de obra da Secretaria Estadual do Trabalho, Angela Carstens, conta que a maioria dos programas públicos voltados ao emprego juvenil contempla a questão da Educação. “O Jovem Aprendiz, por exemplo, passou a exigir que o jovem faça 80 horas de curso técnico para poder ser encaminhado à empresa. Dá mais resultado que encaminhá-lo sem qualificação”, diz. (FJ)Índice piorou no Norte, Nordeste e Sudeste. O crescimento da proporção de jovens brasileiros fora da escola e do mercado de trabalho entre 2000 e 2010 foi puxado pelas regiões Norte, Nordeste e Sudeste do país. No Sul e no Centro-Oeste, o índice “nem-nem” diminuiu entre os dois censos. No Paraná, o número de jovens nessa situação caiu de 235 mil (16,5% da população com 18 a 25 anos) em 2000 para 208 mil (14,5% do total) em 2010. O índice paranaense é o quarto mais baixo do país, mas ainda é o pior da Região Sul – no Rio Grande do Sul a taxa caiu de 13,8% para 13,3% e em Santa Catarina, de 13,9% para 10,7%.
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Pobreza
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 De forma geral, quanto mais pobre é o estado, maior tende a ser a população “nem-nem”. Alagoas e Maranhão, que segundo dados de 2009 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) figuram entre os três estados com a maior proporção de famílias pobres (47,7% e 41,6%, respectivamente), também têm os piores índices “nem-nem” do país (28% e 29,2%). No outro extremo da tabela, Santa Catarina ostenta o mais baixo índice de pobreza (6,4%) e a menor proporção de jovens que não estudam nem trabalham.

A vitória contra o bullying nas escolas

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Erika de Souza Bueno*
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O bullying não é coisa da idade. É coisa de crianças, adolescentes e jovens muito malpreparados para a vida. São nossos alunos e, mesmo que tentemos negar, podem também ser um de nossos filhos. Estão na “flor da idade”, têm a força e a vitalidade próprias da juventude. Contudo, são pessoas que não sabem empregar tais características para o bem, envolvendo-se em atividades para “aproveitar melhor a vida”.
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Mal sabem elas que existem formas mais eficazes de se viver, por mais que os meios de comunicação, inúmeras vezes, enalteçam o mal, o erro e a consequente violência. Agindo violentamente sem nenhuma resposta satisfatória, acreditam mesmo que podem assim viver sem maiores consequências. Afinal, aprenderam que a violência seria o meio mais rápido de conseguir o que querem. Só não aprenderam ainda que tudo o que vem fácil vai embora tão repentinamente como a nuvem da manhã que parece não encontrar mais espaço para ela.
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Os vilões dessa história já tiveram sua consciência vitimada por conceitos impróprios a uma vida em sociedade. Eles escolhem a vítima entre aqueles que deveriam estar sob nossa proteção, talvez porque, ao desafiar nossos filhos e alunos, estão, na realidade, desafiando também a nós. Não adianta negar, a verdade pode ser facilmente comprovada por qualquer pessoa que assim tiver algum interesse. Eles agem contra os princípios, contra a moral, contra qualquer intenção de se estabelecer a ordem. É ingenuidade pensar que o bullying é simplesmente um ataque pessoal a alguma pessoa, pois as razões para que ele aconteça vão muito além disso.
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O bullying é um ataque contra todas as pessoas que estabelecem princípios e que pensam a ordem de algum lugar de convivência comum. É por isso que qualquer tentativa isolada de vencê-lo em nossas escolas pode estar fadada ao fracasso e à frustração. Ora, se a luta do praticante do bullying é contra o sistema e as leis e princípios de algum lugar (nossa casa, escola ou sociedade), o combate tem que contar com mais agentes dispostos a vencer por meio do bem. Sozinha, a família pode ver-se tão intimidada quanto a própria vítima do bullying. Unida à escola, que, por sua vez, precisa ser amparada por outras pessoas que querem a paz dentro de seus muros, a família ganha força, apoio e esperança de vencer esse terrível mal.
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Muito além da união, encontramos a unidade. Esta é evidenciada por atitudes em consonância com pensamentos e objetivos que almejam, de igual modo, a paz. Somente essas características podem ser capazes de, enfim, vencer a luta contra o mal conhecido como bullying. Por mais dura que seja a batalha contra essa prática (não simplesmente contra o praticante), os benefícios da vitória são compensadores.
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A vitória, certamente, permitirá que nossas crianças, adolescentes e jovens passem a valorizar o bem, entendendo-o, de fato, como o melhor caminho a ser seguido.
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* Erika de Souza Bueno, coordenadora pedagógica do Planeta Educação e Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br), é professora e consultora de Língua Portuguesa.
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Fonte: Jornal do Brasil

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Governo limita número de alunos em turmas

por JOHNATAN CASTRO
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Um projeto de lei aprovado pelo Senado ontem determina que as turmas de pré-escola e dos 1º e 2º anos do ensino fundamental da rede pública deverão ter o máximo de 25 alunos. As classes dos anos seguintes do ensino fundamental e do ensino médio devem ter até 35 estudantes, segundo o projeto. A medida, que será encaminhada à Câmara dos Deputados, joga luz na realidade de muitas escolas da capital, como afirma o presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação Minas Gerais (Sind-Ute/MG), Paulo Henrique Fonseca. "Belo Horizonte ainda possui muitas escolas com superlotação. Acho que os limites do projeto poderiam ser mais rígidos", disse.
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Apesar de Minas já possuir uma lei que estipula o limite de 25 alunos para os anos iniciais do ensino fundamental, 35 estudantes para as séries seguintes e 40 para o ensino médio, o presidente da Federação das Associações de Pais e Alunos de Escolas Públicas de Minas Gerais (Fapaemg), Mário de Assis, também ressalta o excesso de alunos. "Quase todas as escolas reclamam. Em salas mais vazias, o professor pode dar uma atenção mais individualizada, e a qualidade do ensino aumenta".
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Lotação. Sem saber informar a média de alunos por salas de aula, as assessorias das secretarias de Estado e municipal de Educação afirmaram que todas as escolas das redes obedecem aos limites impostos pelo governo do Estado e pela Lei Orgânica do Município. O representante do Sind-Ute/MG questionou. "Sabemos que não é bem assim. O problema é geral". Para a diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino, Maria das Graças de Oliveira, a lei irá além da melhora na qualidade de ensino e nas condições de trabalho no setor. "A novidade vai abrir muito mais vagas para professores", acredita a professora e autora de uma dissertação de mestrado sobre o tema.
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Escolas
Salas chegam a ter até 52 alunos
Para a professora de ciências Idalina de Oliveira, que trabalha na Escola Estadual Professora Maria Amélia Guimarães, no bairro Pirajá, na região Nordeste de Belo Horizonte, a superlotação tem sido uma realidade. De acordo com ela, como o Estado não libera a criação de novas turmas no início de cada ano letivo, a escola é obrigada a montar salas com grandes quantidades de alunos. "Só lá para o mês de abril, quando as turmas estão com até 52 alunos, é que eles liberam o remanejamento", contou.
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Apesar de haver essas mudanças a partir dos meses de abril e maio, os números continuam altos para a professora Idalina. Enquanto o novo projeto de lei determina até 35 estudantes para o ensino fundamental, ela enfrenta classes mais cheias. "Eu tenho turmas de 36, 38, 42 e até 44 alunos. Imagina um professor ministrar um conteúdo para essa quantidade de alunos? É muito difícil. Acho que não deveria passar de 30 estudantes", disse, ressaltando conhecer outras instituições de ensino que enfrentam o mesmo problema. (JHC).
Fonte: O Tempo (MG)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Os professores...


Instituições de ensino iniciam corrida para se adaptar à Lei das Cotas

Por Paula Sarapu
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A ansiedade e a angústia típicas de estudantes às vésperas do vestibular tomou conta também de boa parte dos responsáveis pelas universidades federais em Minas. Depois de duas semanas de expectativa, o Ministério da Educação enfim publicou o decreto que regulamenta a Lei das Cotas e deflagrou uma corrida entre representantes das instituições de ensino para se adaptar à nova legislação. O documento confirmou a reserva de 50% das vagas para alunos do ensino público, a entrada em vigor das cotas já no ano que vem – com reserva mínima de 12,5% das vagas – e estabeleceu prazo de 30 dias para que as universidades adaptem seus processos de seleção. Desde ontem, representantes de instituições se reúnem para analisar as regras e alterar editais, mas parte deles já admite ter de reabrir inscrições e já há casos de adiamento das provas.
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Na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), as inscrições foram suspensas no dia 25 de setembro. A instituição já adotava políticas afirmativas, reservando 50% das vagas para estudantes que cursaram todo os anos dos ensinos fundamental e médio em escolas públicas, mas ao reorganizar os critérios definidos pelo Ministério da Educação (MEC), as provas – marcadas para o dia 16 de dezembro – deverão ser aplicadas somente no final de janeiro. O prazo de inscrições pode ser reaberto ainda na sexta-feira. “A lei vai atrasar tudo”, afirma o presidente da comissão do vestibular, professor Hewerson Teixeira.
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“Teremos que mexer no edital que já foi publicado. Fora que vamos ter que entrar em contato com quem já se inscreveu e pedir que façam outra vez o cadastro para concorrer. Esperava que o decreto fosse mais detalhado, mas acrescenta pouco à lei”, disse Teixeira. “Nosso maior temor é como conferir os documentos que comprovam renda, porque não sabemos exatamente como isso vai funcionar”, acrescenta. O decreto publicado ontem confirmou que das vagas reservadas ao ensino público metade será destinada a estudantes com renda per capita igual ou inferior a 1,5 salário mínimo. Ao serem aprovados, esses alunos terão que comprovar a renda por diferentes meios para garantir a matrícula. As universidades terão ainda de reservar vagas para negros, pardos e índios obedecendo à proporção deles na população do estado indicada pelo Censo do IBGE. No caso de Minas, o percentual é de 53,6%.
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O pró-reitor adjunto de Graduação da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Adilson Pereira, diz não ter experiência para conferir essa documentação específica. “O complicador vai ser a aferição da renda. Estamos acostumados a conferir dados acadêmicos, relacionados à escola, e precisaremos que os assistentes sociais da universidade capacitem pessoas para desenvolver essa tarefa”, afirma. “Os alunos devem ter consciência da documentação que precisam apresentar e nós teremos que ter competência para conferir cada documento. Claro que isso pode gerar até atraso na matrícula”, prevê.
Por meio de nota, a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) informou que vai alterar o edital, já publicado. Quem se cadastrou poderá retificar a inscrição, optando por disputar uma vaga das cotas. A documentação comprobatória, segundo a universidade, só será cobrada na matrícula. A UFTM vai manter o número total de vagas, mas o percentual de livre concorrência será reduzido, uma vez que a instituição reservará 12,5% das vagas a cotistas.
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Sisu
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Representantes de universidades que participam do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) também se preocupam. O ministro Aloizio Mercadante informou ontem que as regras valerão para o sistema. O MEC prometeu oferecer às instituições federais um programa de computador que calcula exatamente a quantidade de vagas reservadas aos cotistas. Bastará que o gestor inclua o número total de vagas em cada curso, por turno, e qual o percentual que vai aplicar este ano, obedecendo o mínimo de 12,5%. “Haverá uma caixa de reserva de vagas por renda e outra para as etnias. O Sisu vai calcular para cada universidade, com nossas informações, e nos mandar a lista de aprovados”, explica Adilson Pereira, da Ufop.
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A nova legislação já provocou atraso na liberação do edital da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). O coordenador do processo seletivo, Luiz Cláudio Campos, disse que a instituição tentou se adequar e já definiu percentual para cotas raciais, mas terá que incluir o benefício a alunos que vieram da rede pública e àqueles com renda inferior à definida na lei. “Essa lei está dando um trabalho enorme”, diz. Apesar de o MEC ter definido ontem que a Lei das Cotas trata negros, pardos e índios como um grupo único, na Unifei ainda há dúvidas sobre como reservar vagas. “Seguramos o edital pronto e incluímos a cota racial, porque não tínhamos políticas afirmativas, mas ainda não sabemos se vamos ter que separar vagas para negros, pardos e índios, de acordo com os dados do IBGE, ou se vale um percentual para todo mundo. O departamento jurídico está analisando todos os termos”, disse Luiz Cláudio. A mesma dúvida surgiu na Universidade Federal de Juiz de Fora, onde o pró-reitor de graduação, Eduardo Magrone, disse não ter cotas para índios e não fazer distinção entre negros e pardos. “Teremos que consultar o IBGE para saber qual a porcentagem destinada a essas etnias”. Em entrevista ontem, o ministro Mercadante confirmou que a lei trata negros, pardos e indígenas em conjunto, mas que cada universidade terá liberdade de criar subcota para indígenas, levando em consideração a demanda específica de cada estado.
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Dever de casa para federais.
As cotas
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As cotas sociais estão previstas na Lei Federal nº 12.711, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada em agosto. A lei prevê a reserva de 50% das vagas em instituições federais de ensino para alunos de escolas públicas, negros, pardos, indígenas e de baixa renda em quatro anos. A aplicação é imediata e vale para as próximas seleções, que darão acesso à universidade em 2013. Neste primeiro ano, o percentual mínimo a ser adotado é de 12,5%.
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Validade do sistema
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A Lei de Cotas Sociais tem validade de 10 anos, a contar da data de publicação. É uma política afirmativa para incluir alunos de escolas públicas, mas temporária. Após esse prazo, uma análise será feita para verificar os resultados da aplicação do modelo.
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Renda
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Do total de vagas destinadas aos alunos de escolas públicas, metade será reservada aos candidatos de famílias com renda per capita inferior ou igual a 1,5 salário mínimo. O decreto e a portaria publicados ontem instituem os documentos necessários para comprovar que o estudante se enquadra nesse perfil.
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Critério étnico.
Para os que desejam ingressar pelo sistema de cotas sociais, a lei prevê autodeclaração para o quesito étnico. Não haverá banca ou qualquer outro método de avaliação.

Critério de renda e currículo escolar
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No ato da inscrição, o candidato vai se autodeclarar de baixa renda e de escola pública. Ao ser aprovado, ele precisará apresentar documentação que comprove essas afirmações. No caso da escola pública, o estudante precisa comprovar que cursou integralmente o ensino médio em instituições públicas, em cursos regulares ou na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Escolas militares se enquadram no perfil de públicas. Para comprovar a renda, será necessário apresentar contracheques; declaração de Imposto de Renda; carteira de trabalho registrada e atualizada; extrato atualizado da conta vinculada do trabalhador ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); extratos bancários dos últimos três meses, pelo menos, da pessoa física e jurídicas vinculadas. Há ainda documentação específica para aqueles que praticam atividade rural; aposentados e pensionistas; autônomos e profissionais liberais; entre outros.
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Avaliação

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A lei institui um Comitê de Acompanhamento e Avaliação das Reservas de Vagas nas Instituições Federais de Educação Superior e de Ensino Técnico de Nível Médio para avaliar e acompanhar o andamento dos parâmetros exigidos na norma.
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