Aluno pego com crack em escola
Joarle Magalhães e Guilherme Arêas, repórteres- Tribuna de Minas
Na semana em que o Tribunal de Justiça percorre instituições públicas de ensino de Juiz de Fora para divulgar o projeto “Justiça na escola”, com o objetivo de discutir temas, como violência, drogas, evasão escolar, cidadania e bullying, um fato preocupante é registrado pela Polícia Militar na cidade. Na tarde de ontem, um adolescente de 13 anos foi flagrado pelos colegas com quatro pedras de crack, em uma escola municipal da Cidade Alta. O material foi encontrado após a diretora da entidade receber denúncias dos próprios estudantes de que um aluno do sétimo ano estaria com a droga na mochila. Na hora do recreio, o adolescente foi chamado à sala da direção, onde mostrou as pedras e confessou a posse do entorpecente.
Ao constatar o fato, a diretora informou a situação aos pais do aluno e fez contato com a Secretaria de Educação, que acionou a polícia. Duas viaturas foram encaminhadas ao local. A polícia se dirigiu, depois, ao endereço do aluno, onde encontrou a mãe dele, de 37 anos. Ela, o garoto e a diretora da instituição foram encaminhados à 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, em Santa Terezinha, para prestar esclarecimentos. Em depoimento, a diretora informou ter achado a droga após realizar uma “busca na presença de funcionários”. Ela relatou que já teve “problemas” com o adolescente, mas que ele “não era violento e era respeitador”. Segundo a diretora, o estudante informou que venderia cada pedra de crack por R$ 10, mas não chegou a comercializar o entorpecente.
A versão foi confirmada pelo garoto, durante seus esclarecimentos ao delegado. Ele alegou que venderia a droga a pedido do irmão, também menor de idade, mas a comercialização não aconteceria dentro da escola, mas no bairro onde moram, na Cidade Alta. O estudante negou ser usuário, mas garantiu já ter vendido drogas anteriormente. Após ser ouvido, foi entregue aos responsáveis e liberado. De acordo com a Secretaria de Educação, uma reunião com o adolescente e seus pais será realizada na próxima terça-feira, com o objetivo de discutir maneiras de resolver a questão. O estudante poderá ser encaminhado para atividades extracurriculares e programas da Secretaria de Assistência Social ou até mesmo para um tratamento junto à Secretaria de Saúde, caso seja detectado vício em crack.
Apesar da gravidade do caso, o delegado de plantão, Marcelo Faria, acredita que situação semelhante já tenha ocorrido em outras instituições da cidade sem que os responsáveis pelo estabelecimento tenham acionado a polícia. “Muitas vezes, eles tentam resolver o problema internamente.” Coordenador de um programa social que discute a relação dos jovens com substâncias entorpecentes, o professor Valdir de Carvalho afirma que a falta de autoridade nas instituições educacionais e a negligência do Poder Público em realizar políticas de combate ao tráfico podem ser considerados fatores responsáveis pela presença do crack entre os estudantes. O especialista diz que o próprio contexto social em que o aluno está envolvido contribui para a situação de risco. “Para o adolescente, isso está se tornando mais uma brincadeira que uma coisa séria. Ele vê o tráfico sem malícia, como uma forma alternativa de sustento. Sei de casos em que a própria família empurra o filho para o tráfico.”
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