Em menos de dois meses, a estudante Isadora Faber, de 13 anos, conseguiu, por meio das redes sociais, pressionar o governo para conseguir melhorias importantes em sua escola. O sucesso da iniciativa da aluna, que conseguiu uma reforma de emergência na escola onde estuda e uniu pais, alunos e professores, tem servido de inspiração para crianças, adolescentes e jovens de todas as partes do país.
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Desde a quarta-feira (29), dezenas de páginas semelhantes foram criadas no Facebook para expor problemas como janelas quebradas, salas de aula sem ventilação e falta de professores. Muitas páginas tentam seguir o modelo do diário de Isadora.
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Desde que ganhou notoriedade, a estudante catarinense passou a receber também milhares de mensagens no seu perfil. A maioria é de alunos parabenizando-a e pedindo dicas de como criar uma página semelhante. Na tarde de terça-feira (4), por exemplo, Isadora tinha mais de 3 mil mensagens não lidas. Ela disse que às vezes tenta ler tudo. “Eu tento ler o máximo possível. Sempre tento responder para não ser mal-educada”, afirmou. Às vezes, ela também faz um único post respondendo às dúvidas de várias pessoas. O G1 visitou a estudante e lhe mostrou alguns exemplos de "Diários de classe" que surgiram no Facebook após a sua página ganhar destaque. São páginas criadas pelos internautas com o objetivo de mostrar os problemas de suas escolas de cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Pará, Paraná, Paraíba, Minas Gerais e Santa Catarina.
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Um deles foi criado pela estudante Sâmia de Souza Araújo, de 15 anos, que cursa o 1º ano do ensino médio no Liceu de Humanidades de Campos, em Campos de Goytacazes (RJ). "Eu vi a reportagem no Fantástico de domingo e achei muito interessante. A Isadora é tão nova e teve coragem de fazer isso, falar sobre a escola dela. Não é só porque a escola é pública que não temos o direito de ter melhorias", afirmou Sâmia ao G1. A página foi criada por ela na noite de domingo (2) e, no dia seguinte, ela começou a angariar o apoio dos colegas. Já conseguiu a ajuda de uma amiga para produzir as fotos e vai contar com a divulgação dos alunos que coordenam a rádio do colégio e o grêmio estudantil.
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Sâmia conta que nunca teve aula de química, mesmo já tendo cursado mais de meio ano no ensino médio. "A gente pergunta e eles só dizem que não tem professor para dar aula", conta a aluna. Outra crítica é quanto à ventilação nas salas de aula. Segundo a adolescente, a direção diz que não pode instalar ar-condicionado porque o prédio do Liceu, fundado no século 19, é histórico. "Eles dizem que não podem, mas na secretaria tem ar-condicionado. E nós não queremos ar-condicionado, podem colocar ventiladores. Na minha sala, tem só um ventilador, e ele está quebrado."
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A mãe de Sâmia, a depiladora Giselle Pessanha de Souza, de 33 anos, afirmou que a história de Isadora a aproximou dos problemas da escola da filha. "Nem sabia que a escola estava com uma situação tão trágica quanto a da Isadora. Se ela não tem aula de química, como vai passar no vestibular? Falei para a Sâmia: 'Faz a página, quem sabe muda alguma coisa na sua escola'", disse ela. Segundo Giselle, o Liceu é um dos colégios mais conhecidos da cidade. "É um patrimônio histórico. Ela não tem todos os professores, mas tem professores muito bons. O Liceu não é 100% ruim, tem muita coisa boa. Eu não queria que ela saísse da escola, mas ela precisa melhorar."
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Fiação exposta
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Na segunda-feira (3), um dia após criar seu "Diário de Classe", o estudante Pablo Emanuel Ferreira, de 15 anos, caminhou pela escola estadual em que estuda, em Jaraguá do Sul (SC), e registrou em fotos problemas de infraestrutura como fiação elétrica exposta caindo de buracos no teto, janelas e portas quebradas e paredes com pintura improvisada. “Eu acho que a gente talvez não consiga uma solução, mas pelo menos as pessoas vão ficar sabendo do que realmente está acontecendo. O patrimônio da escola está bem descuidado.”
Na segunda-feira (3), um dia após criar seu "Diário de Classe", o estudante Pablo Emanuel Ferreira, de 15 anos, caminhou pela escola estadual em que estuda, em Jaraguá do Sul (SC), e registrou em fotos problemas de infraestrutura como fiação elétrica exposta caindo de buracos no teto, janelas e portas quebradas e paredes com pintura improvisada. “Eu acho que a gente talvez não consiga uma solução, mas pelo menos as pessoas vão ficar sabendo do que realmente está acontecendo. O patrimônio da escola está bem descuidado.”
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Pablo afirma que já conseguiu o apoio de vários colegas, mas ainda não teve coragem de comunicar os professores. “Não levei a ideia para frente ainda pelo receio de ter alguma briga, alguma coisa assim”. Morador do mesmo estado de Isadora, ele conta que teve a ideia ao ver a reportagem sobre a menina no Fantástico, mas afirma que a repercussão do diário da garota e o debate sobre a qualidade da educação e a participação dos estudantes na exigência de melhorias ainda não chegou à sua escola.
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Medo de prejuízo
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No Espírito Santo, uma estudante de 16 anos também teve a ideia de usar as redes sociais para denunciar as necessidades de melhorias em sua escola. Mas ela e a mãe, uma balconista de 39 anos, temem identificar a si mesmas e ao colégio para não sofrerem represálias. "Eu admiro a coragem e a atitude dela, mas desde que seja uma coisa que venha em melhoria da escola. Não quero que prejudique a escola, os professores e nem ela mesma", contou a mãe ao G1. A aluna, atualmente no segundo ano do ensino médio técnico em informática de uma escola estadual considerada de qualidade em Castelo (ES), diz que, quando entrou na escola, no início de 2011, ela já estava em uma reforma que ainda não acabou. "Só um terço da reforma está pronta", afirmou a aluna. "Todo mundo acha que o ensino lá é muito bom, porque é uma das melhores escolas. E é, mas ela também tem muitos problemas que têm que ser resolvidos."
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Durante todo o primeiro ano do ensino médio, a turma dela estudou em uma sala de aula improvisada no pátio do colégio. "Era uma estrutura de plástico com areia, não sei bem, e ficava perto das árvores. Quando chovia, entravam uns bichinhos que tinham um cheiro forte e ruim. Como o ginásio está em reforma, a educação física era sempre no pátio, e a única coisa que podíamos fazer era jogar vôlei", contou.
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Neste ano, a turma dela já foi instalada na parte renovada da escola, mas um problema ainda persiste, sem perspectiva de solução. A estudante faz parte de um grupo de cerca de 40 alunos de cursos do ensino técnico, que têm aulas em período integral duas vezes por semana, entre 7h e 12h e 13h25 e 17h30. Porém, o cardápio da escola estadual inclui duas merendas, às 9h e às 15h, nas quais é servido um almoço, com arroz, feijão e mistura. "Isso desregula totalmente a nossa alimentação, comemos almoço de manhã e à tarde e, na hora do almoço, às vezes recebemos um lanche, que geralmente é um biscoito e um suco."
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A mãe conta que já precisou levar comida para a adolescente. Segundo ela, hoje em dia apenas cerca de 10 alunos almoçam na escola, inclusive ela. "Os estudantes tentam encontrar parentes que moram perto para almoçar lá. Como eu moro longe, não tenho tempo de ir até em casa." A garota explicou que os alunos já tentaram conseguir melhorias diretamente com a direção, mas sempre ouviam as mesmas respostas. "A maioria dos problemas de que a gente reclama, a diretoria diz que está tentando resolver, mas que não pode porque o assunto é com a secretaria do estado", conta. Por isso, ela decidiu tentar conseguir o mesmo apoio público de Isadora para pressionar o governo a agir.
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As dicas de Isadora
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A estudante Isadora Faber achou válida a iniciativa dos alunos de mostrarem os problemas em suas escolas e deu algumas dicas para quem quer fazer uma página como a dela. "Tem que colocar fotos para poder provar o que está sendo falado. E é bom ir postando o material aos poucos, e não tudo de uma vez, para não ficar chato."
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A criadora do "Diário de classe" afirmou que não conhecia a página criada pela estudante Sâmia, sobre os problemas da escola Liceu de Humanidades de Campos, em Campos de Goytacazes (RJ). Ela diz que a página ainda tem pouco material. “Mas está no sentido da minha, mostrando o que está quebrado”.
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Sobre a página da escola de Jaraguá do Sul (SC), Isadora disse "está no caminho certo". A menina afirmou ainda que o diário sobre a escola de Castelo (ES) ainda precisa de ajustes. "As fotos não têm muitas explicações." A única página que a garota já conhecia era a da Escola Estadual de Ensino Médio Profº Pedro Augusto Porto Caminha (Eepac). Segundo ela, um professor da escola, que fica em João Pessoa, na Paraíba, a contatou via Facebook. Ela entrou na página e pediu que eles curtissem o "Diário de Classe" dela. “Os professores estão apoiando, isso é muito bom.”
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A menina explicou que é preciso evitar expor alunos e professores, e só citar nomes se for mesmo necessário. Um exemplo de quando foi preciso foi durante os posts sobre as aulas do professor de matemática, que acabou afastado pela Secretaria de Educação de Santa Catarina.
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Fonte: G1
31 DE AGOSTO DE 2012
ResponderExcluirDiário de uma professora.
"Para a mais nova “militante” das redes sociais, Isadora Faber.
Garota do momento, Isadora Faber, sou professora e posso com todo carinho te dar umas aulinhas de respeito a minha profissão e, mais ainda, de como funciona o sistema educacional do Brasil. Garanto-te uma coisa, não são os professores os culpados. Vá estudar queridinha, vá virar gente e fazer luta real, porque a escola pública não é a novelinha malhação, não se limita a sua realidade. Concordo que é preciso melhorar e muito, mas cobre de quem de fato nos deve: o governo. Acho justo utilizar as redes sociais para protestar e divulgar suas ideias, já para virar 'estrela'... Poupe-nos do 'showzinho' irritante’. “hoje estou cansada porque dei muitas entrevistas...”
Você é um desrespeito aos professores e uma desinformada com relação à educação brasileira e especialmente com a luta de muitos profissionais que defendem e trabalham (mesmo sem recursos qualificados) uma educação de qualidade. Respeite para ser respeitada. Vá tratar de estudar, vire gente, faça luta e venha opinar soluções possíveis, respeitosas e dignas para todos. Ficar dando chilique com quem não é culpado pela deficiência de sua escola ou da educação no Brasil não resolve nada, você é a ‘estrelinha’ do momento e logo mais ninguém vai lembrar-se de você. Acorda fedelha! Desliga a TV e vai estudar! Vai cobrar educação de qualidade montando um grêmio, vai saber por que há meses as universidades do Brasil estão em greve e os jornalecos desse país nada falam, vai procurar saber do mundo lá fora e cria envergadura moral para falar comigo e todos os meus colegas de profissão.
E por fim, dedico as linhas abaixo aos senhores responsáveis por Isadora Faber, ‘a justiceira’, nenhuma criança é responsável por seus atos, os adultos sim, ou seja, cuidem dessa garota, eduquem e deem a ela lições de amor e respeito ( a educação e formação de uma criança não é papel exclusivo da escola, a família é um dos pontos fundamentais). Lembrem-se de dizer a ela que: príncipes encantos não existem, super herói também não e, professor em parte alguma do mundo, sem recursos, é capaz de ter o tal ‘controle da turma’. Ela é uma marionete no meio de uma mídia avassaladora, tomem conta dela, eduquem para que seja uma cidadã que respeita e participa da sociedade e não uma ativista momentânea. A causa é justa e deve ser uma luta de todos.
Ah, e antes que alguém diga que sou uma professora praticando bullying, deixo claro que o nome disso, além de revolta pelo desrespeito sofrido, é um choque de realidade.
Anne Benevides."
http://eu-apenas-queria-que-voce-soubesse.blogspot.com.br/
“Os professores estão apoiando, isso é muito bom.”
ResponderExcluirCLARO !! TÁ TODO MUNDO COM MEDO, SENÃO...
"A menina explicou que é preciso evitar expor alunos e professores, e só citar nomes se for mesmo necessário. Um exemplo de quando foi preciso foi durante os posts sobre as aulas do professor de matemática, que acabou afastado pela Secretaria de Educação de Santa Catarina."
ATÉ EU DARIA O MAIOOOOOORRRRR APOIO!!
oS FUXICOS DA MENINA ESTÃO TODOS AQUI Ó Ó Ó...
http://www.quemdisse.com.br/frase.asp?frase=101368
rolou o nome da Queila de português, do Aloísio de matemática de novo, queixas das merendeiras, da professora auxiliar, e por aí vai... a garota está tecendo a maior rede de intrigas que já vi rolar... esconjura mangalo 3 vezessss
KKKKKKKK ... Fuxico virou “máximas”. Se cuidem pensadores e filósofos!! Se cuidem grandes ícones da Educação! crianças tomando a cena?? e já são “personalidades”, entre Voltaire, Einstein,
ResponderExcluirCapistrano de Abreu está Isadora Faber !! rsrsrss.....
"Hoje a professora de português Queila, preparou uma aula pra me humilhar na frente dos meus colegas, a aula falava sobre politica e internet, ela falava que ninguém podia falar da vida dos professores, porque nós podíamos ter feito muitas coisas erradas pra eles odiarem e etc. Eu e acho que a maioria dos meus colegas entenderam o recado pra mim. Além disso quando vou até o refeitório as cozinheiras, começam a falar de mim, na minha frente e rir, eu e a Melina (minha colega) fomos reclamar com a diretora, então ela disse que eu tenho que aguentar as consequências e que a partir de agora seria assim com todos, não resolveu o problema.
"Isadora Faber
"A diretora disse que a demissão do professor Aloísio, de matemática, está pronta e ele não quer assinar, a nossa turma já fez abaixo assinado, e ela não sai. Alguém pode me explicar como isso funciona??? Pensei que quando era demitido tinha que sair."
Isadora Faber
Tem mais gente refletindo sobre o reality show de Isadora:
ResponderExcluir" (...) Estou falando do mais recente fenômeno do facebook, e não é o da Gina Indelicada, rs, é sobre o Diário de Classe de Isadora Faber. Por conta desta reflexão ter se realizado em um curto espaço de tempo (alguns dias), desde que a nova intelectual da educação brasileira estudante de uma escola pública em Florianópolis, resolveu criar uma página no facebook para denunciar as mazelas da educação nacional (...) me parece que a jovem fez algumas gravações dentro da sala de aula do professor de matemática, e alega que dentro de espaços públicos não tem que existir privacidade… Transcrevo aqui a fala dela: “Quanto as câmeras elas já fazem parte do nosso dia não tem o que discutir elas já estão por toda parte, numa instituição pública não podemos querer privacidade.” Peraí… Não é corporativismo vão, pois sou também professora, mas gravar aula de um profissional, colocar na internet, expondo e criticando o professor… Não me parece uma atitude ética. Será que o professor teve chance de se defender? Só a título de informação, o uso do telefone celular, e isso inclui câmeras é proibido dentro de sala de aula (pelo menos aqui no Estado do Rio de Janeiro, mas acredito que em outros Estados também). Bem Isadora, menos um ponto para você."
O TEXTO É GRANDE ESTÁ AQUI: http://eacritica.wordpress.com/tag/politica/
Um artigo sobre o caso da menina do face:
ResponderExcluirhttp://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2012/09/04/artigo-o-caso-da-aluna-isadora/?topo=13,1,1,,,13
AMILCAR BERNARDI*
"Eu sei que o diálogo é o melhor caminho. Os monólogos são uma insanidade, pois não há neles a abertura para o outro. Pior é quando o monólogo arregimenta milhares de pessoas. Se alguém é criticado desta forma, é bastante provável que será linchado. Os grandes meios de comunicação usam várias vezes esta estratégia infame. A mídia fala utilizando um monólogo que, não raro, destrói muitas pessoas.
A aluna Isadora Faber enquadra-se nesta situação. Ela usou a mídia virtual para criticar sua escola e seus professores. A adolescente fotografou os problemas e emitiu opinião sobre o que acontece por lá. Rapidamente internautas se aliaram à aluna. A imprensa noticiou o fato e a escola virou notícia. Evidentemente, críticas criam audiência, ainda mais por ser de uma menina e por um meio tão moderno: o monólogo nas redes sociais. Houve mudanças para melhor na escola. Porém, insisto no peso do monólogo, porque o colégio e os professores não podem fazer o mesmo. Quero dizer, tirar fotos dos alunos e dos problemas que eles trazem. Não podem registrar os pais dos alunos que vêm diariamente à direção agredindo. Muito menos podem registrar o que os políticos fazem contra ela. Qualquer tentativa de reação do colégio pelo mesmo tipo de mídia será mal entendida. Então, será novamente soterrado em críticas. Se esta instituição de ensino errar por um milímetro, será acusada de impedir a livre manifestação de uma adolescente. Concluo que não haverá diálogo. Pelo menos um diálogo público, no mesmo nível midiático da aluna.
Não acuso a Isadora de montar uma estratégia ardilosa. Nem digo que não deveria ter agido assim. Digo apenas que os professores e a direção foram enredados de tal forma, que apanharão quietos. Talvez uma escola particular tenha uma equipe com jornalistas que sabem o que fazer num caso desses. Com certeza, não é o caso dessa instituição, que, sabemos, é pública. Também sabemos que o real dirigente dessa escola é um secretário de Educação. Um cargo político. Portanto, está preso à opinião pública. Justo essa opinião mutável e mutante foi cooptada pela aluna. Penso que não há o que fazer. A escola está julgada e condenada.
Insisto: a aluna tem o direito inegável de se manifestar. Porém, a escola sempre estará cerceada nesse mesmo direito, pois ela foi criada para ensinar e não para defender-se nas redes sociais."
*Professor