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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Dilma Rousseff sanciona lei que obriga escola e clube a combaterem bullying


A presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que obriga escolas e clubes a adotarem medidas de prevenção e combate o bullying. O texto, publicado no "Diário Oficial da União" desta segunda-feira (9), havia sido aprovado pela Câmara em outubro e enviado para a sanção presidencial. A nova lei passa a vigorar em 90 dias.

Pelo texto aprovado, bullying é definido como a prática de atos de violência física ou psíquica exercidos intencional e repetidamente por um indivíduo ou grupo contra uma ou mais pessoas com o objetivo de intimidar ou agredir, causando dor e angústia à vítima.

O projeto determina que seja feita a capacitação de docentes e equipes pedagógicas para implementar ações de prevenção e solução do problema, assim como a orientação de pais e familiares, para identificar vítimas e agressores.

Também estabelece que sejam realizadas campanhas educativas e fornecida assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores.

Segundo o texto, a punição dos agressores deve ser evitada “tanto quanto possível” em prol de alternativas que promovam a mudança de comportamento hostil.
Fonte: Com informações de G1
Publicado Por: Ana Paula Soares

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Alta rotatividade no MEC afeta políticas públicas de ensino

 
RIO— É máxima entre educadores que para colher frutos no ensino de um país é preciso implementar políticas de longo prazo. No entanto, a troca constante de ministros na área indica que a realidade brasileira vai na contramão, criticam especialistas. Desde a redemocratização do país, há 30 anos, o Brasil teve 16 pessoas conduzindo o Ministério da Educação (MEC). Média de menos de dois anos para cada. Só no governo Dilma Rousseff, cujo slogan é “Pátria Educadora”, com a demissão de Renato Janine Ribeiro, ontem, houve cinco trocas em menos de cinco anos. Aloizio Mercadante, que ocupou o cargo de 2012 a 2014, está de volta à pasta. Ele será o quarto ministro da Educação em menos de um ano.
 
Desde 1985, quando José Sarney assumiu a Presidência, entre os cinco ministros que permaneceram menos tempo no MEC, três foram do governo Dilma: Cid Gomes, que ficou dois meses e meio, Janine com menos de seis meses, e Henrique Paim, que durou cerca de um ano. Da galeria de ministros, o único que conseguiu ter uma passagem ainda mais breve foi Eraldo Tinoco Melo, que comandou o MEC por menos de dois meses antes do impeachment de Fernando Collor.

A preocupação é com políticas públicas que podem ser afetadas devido ao troca-troca. Atualmente, especialistas se mostram temerosos em relação a medidas em elaboração, como a Base Nacional Comum — que unifica o conteúdo a ser ensinado nas escolas brasileiras —, o Plano Nacional de Educação (PNE) e investimentos em pós-graduação.
 
À frente da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (Anped), Maria Margarida Machado criticou a constante mudança de ministros. Ela teme que a substituição de Janine interrompa a rodada de negociações para a liberação de recursos. A área foi uma das mais afetadas pelos cortes de gastos feitos pelo governo desde o início do ano.
 
— Perdemos mais uma vez com essa descontinuidade. Vamos ter que aguardar o posicionamento da nova equipe. O que preocupa quando há uma troca é a demora para que aquilo que estava em andamento seja retomado. No caso da pós, de julho para cá conseguimos a liberação de 25% do recurso de custeio e de verbas referentes a programas. Essa negociação não pode ser interrompida — comenta Maria Margarida.
 
Os quase seis meses de Janine à frente do ministério foram marcados por problemas em programas que são vitrine da presidente Dilma. O ministro anunciou medidas impopulares, como o aumento da taxa de juros do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e a diminuição do prazo para pagamento do crédito estudantil. Houve atrasos sistemáticos nos repasses do Pronatec às instituições que dão cursos do programa e o anúncio de apenas 1,3 milhão de vagas para este ano, o equivalente a 43% do que foi ofertado em 2014. O programa Ciência sem Fronteiras também foi esvaziado, e ainda não há previsão de vagas para 2016. As greves em boa parte das 63 universidades federais têm sido outro problema para o MEC. Na Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara destacou a importância de se colocar o Plano Nacional da Educação (PNE), que estabelece 20 metas a serem alcançadas até 2024, no centro da política do governo, o que, segundo ele, até agora não aconteceu.
 
— Para que as políticas tenham continuidade, a estabilidade do ministério é da maior importância. Precisamos ter clareza sobre quem são os atores da área — afirma o educador, que dá conselhos ao novo titular da pasta: — Janine não teve força para enfrentar os ajustes. O importante é que o próximo ministro tenha poder de frear os cortes. Mercadante tem mais força que Janine. Ele é um político com algum trânsito dentro do governo, Janine não tinha. O que preocupa é que ele ainda não transmitiu que tem o PNE como referência, como política educacional a ser seguida.
 
Segundo Cara, que atuou pela aprovação do PNE no Congresso, ano passado, o plano não sobrevive nessa realidade de ajuste fiscal:
 
— Não vejo disposição e instrumento orçamentário capazes de fazer essa confrontação hoje, o que está posto é a inviabilização do PNE.
 
Segundo o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Eduardo Deschamps, as mudanças no MEC podem ter impacto sobre eixos centrais da educação básica. Ele demonstra especial preocupação com a Base Curricular Comum, cuja proposta inicial foi divulgada pelo MEC em meados de setembro.
 
— Nunca é bom que haja tantas mudanças. Nossa maior preocupação é que projetos como Base Nacional Comum sejam descontinuados — ressalta Deschamps, antes de ponderar: — Mas também temos que entender que essas medidas, às vezes, são necessárias.
 
Coordenadora do movimento Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco faz coro com a questão da Base Comum. Segundo ela, as trocas também podem refletir sobre articulações que vinham sendo construídas em função de programas e projetos importantes.
 
— Irmos para o terceiro ministro em um ano traz um enorme prejuízo à educação. A estabilidade é fundamental para o sucesso das políticas públicas — pontua. — Não digo que a articulação da Base Nacional Comum terá recomeçar do zero, mas quando há uma troca de ministro, algo que já havia sido iniciado precisa ser revisitado.
 
O pró-reitor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e membro da Academia Brasileira de Educação Antônio Freitas é taxativo:
 
— Isso causa incerteza nos escalões inferiores, sobre a permanência ou não de diretores, coordenadores e executivos que estão ocupando postos importantes, o que faz com que projetos fiquem parados durante as transições — diz.— Essa mudança contínua é, de fato, uma negociação para preencher cargos e agradar partidos, o que obviamente prejudica muito a educação

Fonte: O Globo

Janine é demitido e, em dez meses, pasta da Educação terá 3º ministro

"A presidenta da República, Dilma Rousseff, esteve com o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, nesta quarta-feira, 30, às 15h, no Palácio do Planalto. Ficou confirmada a saída de Janine Ribeiro do cargo. A presidenta reconheceu e agradeceu o trabalho do ministro no MEC", afirma a nota divulgada pelo ministério.
 
Em seu perfil no Facebook, o ministro informou: "Mandei publicar esta nota no Portal do MEC. O encontro foi absolutamente cordial".
 
Troca de cadeiras
Mercadante será o terceiro ministro da Educação desde janeiro deste ano – o primeiro nome escolhido para a pasta foi o do ex-governador do Ceará Cid Gomes, que deixou o posto após sessão conturbada no Congresso Nacional. O petista deixou o MEC no início de 2014 para assumir a Casa Civil e seu retorno deve motivar novas alterações no ministério.
 
Seu atual secretário-executivo, Marco Antonio de Oliveira, por exemplo, foi secretário de ciência e tecnologia para inclusão social quando Mercadante era o titular de Ciência e Tecnologia e, em seguida, foi nomeado para a secretaria de educação profissional do Ministério da Educação. Mercadante vai deixar a Casa Civil, que ficará com o atual ministro da Defesa, Jaques Wagner.
 
Nesta quarta-feira (30), Wagner informou que, se fosse convidado para assumir o cargo, estaria à disposição para ajudar. Ele também afirmou que o trabalho de articulação política do governo deve continuar nas mãos do ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini.
Berzoini também deve trocar de posto e atuar no Palácio do Planalto, à frente de uma nova pasta englobando a Secretaria de Relações Institucionais, o Gabinete de Segurança Institucional e a Secretaria Geral da Presidência.
 
Gestão de Janine
A gestão de Renato Janine no Ministério da Educação foi marcada por um orçamento limitado e certo incômodo com interferências externas na pasta – mais precisamente, do novo titular da Educação, que carrega o lema do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, Pátria Educadora.
 
Professor de Ética e Filosofia Política na USP, Janine teve seu nome anunciado em meio a investigações do maior escândalo de corrupção no país, e num momento de fragilidade política da gestão petista. A necessidade de melhorar o relacionamento com a base aliada foi justamente o que motivou uma nova troca na Educação, quase seis meses após a posse de Janine.
 
"Uma semana intensa de trabalho no MEC me familiarizando com seus mil programas e sua equipe", escreveu o ministro em rede social, no início de abril, dias antes de assumir o ministério. Desde então, Janine anunciou uma forte redução no número de contratos do Fies (cerca de 57% a menos em relação a 2014), se viu diante da mais longa greve das universidades federais e divulgou dados "preocupantes" sobre a alfabetização de crianças matriculadas no 3º ano do fundamental público. "Este ano vai exigir muita paciência", afirmou ele em entrevista publicada no dia em que tomou posse na nova função.
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Fonte: O Tempo (MG)

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Na ‘Pátria Educadora’ de Rousseff, crise põe em risco Plano de Educação

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por Talita Bedinelli
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Depois de anunciar que o lema de seu novo mandato seria "Pátria Educadora", a presidenta Dilma Rousseff deu à educação um dos maiores cortes globais no anúncio do ajuste fiscal feito nesta sexta-feira. A área terá 9,4 bilhões de reais a menos para investir neste ano. A verba da área para as despesas discricionárias (que não são obrigatórias, como a folha de pagamento, por exemplo) caiu de 48,81 bilhões para 39,38 bilhões de reais -valor similar ao gasto no ano passado e 15 bilhões acima do mínimo constitucional obrigatório. 
 
Se por um lado isso era esperado, já que a pasta tem o segundo maior Orçamento da União, por outro, a situação gera um grande incômodo: a falta de aumento nos investimentos pode representar uma ameaça ao cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado no ano passado em meio a comemorações do próprio Governo e que tem algumas metas a vencer já no ano que vem.
 
"É preciso ver com atenção onde serão os cortes dentro da pasta. A preocupação é que os prazos do plano já estão chegando e isso exigirá um esforço adicional", afirma Alejandra Meraz Velasco, coordenadora-geral da ONG Todos pela Educação. O Governo ainda não anunciou ao certo o que será cortado em cada área, mas o mais provável é que as novas obras sejam as mais afetadas.
 
O problema é que esse "esforço adicional", ao qual Velasco se refere, também tem sido difícil, já que Estados e municípios, que injetam a outra parte do dinheiro necessário para a área, têm sofrido com a queda em suas próprias arrecadações. Por lei, eles são obrigados a gastar 25% das receitas em educação -quando as receitas caem, a verba aplicada na área também cai. Em muitos locais, o cenário já é composto por obras paradas, salários de professores atrasados (e docentes em greve) e até mesmo falta de verba para comprar papel higiênico ou cortar a grama com a mesma regularidade de sempre.
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mais informações
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“Desde o final do ano passado a arrecadação já começou a diminuir. Todo mundo teve que se reorganizar e fazer os primeiros cortes. Os municípios têm segurado seus investimentos, e, na maioria deles, obras novas não estão sendo feitas”, afirma Cleuza Repulho, secretária da Educação de São Bernardo do Campo (Grande SP) e presidenta da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Isso impacta, por exemplo, a construção de novas creches e coloca em risco o cumprimento da primeira meta do plano, que prevê que até o ano que vem todas as crianças de 4 e 5 anos e pelo menos metade das crianças de até três anos estejam na escola. “Como vou construir uma nova creche? Cada vez que uma nova unidade fica pronta há um aumento de quadro de funcionários. É um conjunto de profissionais que vai entrar na rede e não vai sair. A despesa com o custeio é uma grande preocupação”, diz a secretária.
 
A construção de novas creches é, geralmente, um investimento compartilhado entre municípios e o Governo federal. Por isso, bastaria apenas uma das partes fechar a torneira para os projetos demorarem mais para sair do papel. Foi o que aconteceu no município de São Paulo, que desde o início da gestão Fernando Haddad (PT) tem enfrentado dificuldades para aumentar a arrecadação como planejava, apesar de ter aumentado em 8% as receitas entre 2013 e 2014. Com menos dinheiro para arcar com sua parte nas obras, já anunciou, por exemplo, que dificilmente conseguirá construir todas as creches prometidas. No município, 106.000 crianças aguardam uma vaga nesta etapa de ensino, segundo os últimos dados oficiais. Das 243 unidades anunciadas, apenas 147 devem sair do papel até 2016. O município agora tentará parceria com entidades privadas para acelerar obras e garante que, mesmo sem todas as unidades, atenderá mais 100.000 crianças até o ano que vem -o mais provável é que coloque mais alunos por salas.
 
Na gestão estadual paulista, a verba de investimento para a educação também será reduzida em 5% neste ano, segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que anunciou um corte de 2 bilhões de reais no Orçamento global do Estado. “Há uma deterioração da economia nacional, nós temos que ter cautela”, justificou o governador à imprensa. No final do ano passado, a área já deixou de receber verbas para a compra de materiais de escritório e de limpeza, segundo os gestores. O Governo nega.
 
“O dinheiro que estava na conta da escola foi confiscado em 30 de outubro e, depois, não veio mais verba até o início do ano. Não tínhamos como comprar nem papel higiênico”, conta a diretora de uma escola na Grande São Paulo que não quer se identificar. “Também começamos o ano letivo com carteiras e cadeiras em número insuficiente porque não teve reposição e tivemos que buscar a sucata de escolas vizinhas para os alunos sentarem”, diz. Os recursos de manutenção voltaram a ser pagos nesse ano, mas em valor menor que no ano anterior. O Governo, que nega o atraso no ano passado, diz que reduziu em 16% as verbas de manutenção após "um gerenciamento eficiente dos gastos". "Todas as unidades têm verbas suficientes para a manutenção", disse, em nota. A Secretaria da Educação também diz que reduziu 11% dos cargos comissionados (sem concurso) e cessou as gratificações a professores em órgãos centrais (como coordenadorias, por exemplo), economizando mais 3 milhões ao ano.
 
As escolas estaduais paulistas também estão em greve desde 13 de março porque os professores pedem um reajuste de 75% para que o salário dos professores se equipare ao das demais categorias com nível superior, como determina a meta 17 do Plano Nacional de Educação, que vence em seis anos. Segundo eles, o Governo paulista propôs discutir os reajustes apenas em julho. A pasta disse que já reajustou os salários em 45% nos últimos quatro anos e, de acordo com o Plano Estadual de Educação, que divulgou na última sexta, afirma que vai equiparar os salários em tempo.
 
A falta de reajuste salarial também é motivo de greve em outros Estados e municípios, como Paraná, onde professores foram agredidos pela Polícia Militar, e Mato Grosso do Sul, onde os docentes aprovaram o início de greve para a próxima quarta. Na capital sul-matogrossense, Campo Grande, a gestão municipal também enfrenta problemas. Os professores devem entrar em paralisação na próxima segunda-feira. Procurado, o município não respondeu até a publicação desta reportagem.
No início de maio, a secretária de Educação do município, Angela Maria de Brito, pediu demissão ao lado de seu secretário-adjunto. “Houve cortes de 50% na carga horária de professores, o que limitou tecnicamente o trabalho. Tivemos que cancelar uma série de oficinas do programa que mantém as escolas abertas aos finais de semana. A gente tinha um carinho enorme por eles porque se comprovou que a criminalidade diminuiu nos bairros onde ele foi implementado", conta ela. "Também prejudicou o trabalho que tínhamos com crianças com dificuldade de aprendizado. Para trabalhar frustrada, preferi sair", diz.
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Queda livre
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“Se Estados e municípios investem 25% da arrecadação na educação, certamente a educação vai ser atingida em todos os níveis quando a arrecadação cai. Aqui no Amazonas, a arrecadação diminuiu 11%. A nossa economia é muito baseada na Zona Franca de Manaus, que sofre quando há a retração do consumo. Se diminui o poder de compra, as pessoas vão preferir pagar o aluguel e comer ou comprar televisão?”, explica Rossieli Soares da Silva, secretário estadual de Educação do Amazonas e vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). “Nem na crise de 2009 tivemos diminuição no número de postos de trabalho. Neste primeiro trimestre tivemos não apenas isso como parada de produção. Tudo isso traz reflexos para o Estado.” Para mitigar os efeitos da queda da arrecadação, a secretaria refez a licitação de alguns serviços e diminuiu outros. “Fizemos coisas como deixar de capinar quatro, cinco vezes as escolas por ano, e vamos fazer três, duas. Estamos relicitando serviços com peso importante na folha, como vigilância e serviços gerais, para buscar no mercado quem faça o mesmo trabalho por menos”, explica. Mas, segundo ele, também houve a necessidade de reprogramar obras de novas escolas. “Temos obras que pararam em dezembro porque não veio recurso federal. Dez centros de educação de tempo integral inaugurariam no primeiro semestre, mas agora estamos reprogramando a abertura para o início do ano de 2016.” A meta seis do PNE prevê que os Estados e municípios ofereçam educação em tempo integral em pelo menos metade das escolas.
 
“O Plano Nacional de Educação foi discutido numa base de crescimento de financiamento e muito baseado nos recursos do pré-sal. O que vemos agora é desmoronar a queda do preço do barril do petróleo e é insustentável fazer a exploração com o preço atual”, afirma o secretário, em referência à lei aprovada em 2013 pela presidenta Dilma Rousseff (PT), que previa que metade dos recursos do pré-sal seriam destinados para a educação. “Não vamos conseguir cumprir as metas do PNE se não tivermos mais recursos. Como vou universalizar o atendimento no ensino médio até 2016 se a verba não aumentou?”
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Subfinanciada, área da saúde também terá menos verbas
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Maior investimento da União, a área da saúde, que já sofre com a falta de financiamento, também perdeu 11,77 bilhões de reais neste ano, valor quase exato ao que ganhou em emendas parlamentares quando o Orçamento foi votado no Congresso no início deste ano. Como não foram divulgados ainda quais programas serão os mais afetados, não é possível saber se a maior perda foi, de fato, nas propostas acrescentadas pelos deputados e senadores.
 
A área, foco das queixas mais recorrentes da população, terá 91,5 bilhões para investir. O valor deixou o Orçamento da área 3 bilhões de reais acima do mínimo constitucional obrigatório, formado pelo cálculo do valor empenhado no ano anterior mais a variação nominal do Produto Interno Bruto do país. O valor, entretanto, é considerado baixo para especialistas da área, que estimam que ao menos 50 bilhões a mais precisariam ser investidos.
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“O que é aplicado hoje é muito pouco. O volume dos recursos já não dá conta das demandas que o país tem. Qualquer corte é bastante problemático”, afirma Ronald dos Santos, coordenador nacional do Movimento Saúde Mais Dez, que reúne mais de cem entidades do setor e defende que o país gaste ao menos 10% das Receitas Correntes Brutas com o sistema. Entre 1995 e 2001, essa porcentagem chegava a 8,4%. De 2000 para 2009, caiu para 7,1% e, no ano passado, ficou em torno de 7,6%.
 
A proposta, entretanto, foi enterrada pelo Congresso, que aprovou há dois meses a Proposta de Emenda à Constituição do Orçamento Impositivo, que prevê que ao longo de cinco anos o Governo federal deverá que investir 15% da receita corrente líquida na área. No ano que vem, o valor chega a 14,1%. “Os cálculos que fizemos até agora mostram que essa nova regra trará um valor ainda inferior para a área”, completa o coordenador do movimento.
 

sexta-feira, 15 de maio de 2015

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Um ministro com luz própria

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Por Eliane Lobato (elianelobato@istoe.com.br)
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Num governo marcado por ministros inexpressivos, surge enfim uma estrela de primeira grandeza. Na última semana, tomou posse como novo ministro da Educação o filósofo e professor de Ética e Filosofia Política da USP, Renato Janine Ribeiro. Ele ascende ao comando da pasta saudado por integrantes do governo, oposição, universo acadêmico e meio intelectual imbuído de um dos maiores desafios impostos ao segundo mandato da presidente Dilma: proporcionar o salto necessário para uma educação de qualidade. Até agora, o propalado “Brasil, pátria educadora” permanece circunscrito à retórica da presidente. O próprio ministro, antes de ser convidado, vinha tecendo críticas a Dilma Rousseff e a sua maneira de conduzir o País. Disse que ela não fazia política, tinha uma concepção de governo “autoritária” e não dava autonomia aos ministros, sendo “uma decepção do ponto de vista econômico”.
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Em entrevista à ISTOÉ, ele reconhece que virou vitrine do governo. “Altas expectativas sempre deixam a gente vulnerável ao risco de decepção”, pondera. Mas, ao acentuar que os projetos de sua pasta são de longo prazo, sugere que as cobranças também deveriam ser. Nascido em Araçatuba, no interior de São Paulo, e vivendo na capital, Janine, 65 anos, é separado e tem dois filhos. Doutor pela Universidade de Sorbonne, na França, é autor de 18 livros publicados, 78 capítulos de livros editados, além de um grande número de artigos veiculados nos principais jornais do País. A este relevante currículo, ele agora acrescenta mais um item: tornou-se quase uma unanimidade na política brasileira.
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ISTOÉ – Como se sente sendo alvo de tanta expectativa agora?
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Renato Janine Ribeiro – Sinto que não é uma coisa pessoal. Há, no Brasil, um espaço de muita esperança na educação. Só que isso é muito vago, quase uma panaceia. Mas educação é muito ampla mesmo, não é só formal, ela abrange muitas coisas. Por eu ser um educador, não ter ligação com partido político, cria uma expectativa de que alguém da área tenha maior preocupação com a pasta. Mas é claro que não precisa ser assim. Veja que trocas engraçadas deram certo: o (Antonio) Palocci, que é médico, foi bom ministro na Fazenda (governo Lula) e o (José) Serra, que é economista, foi bom ministro na Saúde (governo Fernando Henrique Cardoso).
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.ISTOÉ – Mas é o sr. que passa a ser vitrine. Está preparado para levar pedradas?
Janine – Espero que esteja... Altas expectativas sempre deixam a gente vulnerável ao risco de decepção. Agora, a gente tem que pensar isso tudo a longo prazo. Podemos ter, este ano, dificuldade orçamentária, mas isso vai passar. Temos um projeto de 10 anos, o Plano Nacional de Educação (PNE), que mostra um caminho, e dá segurança de longo voo. O fato de a presidente Dilma (Rousseff) ter escolhido Pátria Educadora como tema é muito significativo porque coloca as ações do governo sob a inspiração da educação. No plano simbólico, é um reforço. No financeiro também deve ser.
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ISTOÉ – Que tipo de ministro ou educador o sr. pretende ser?
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Janine – Eu gostaria de fazer três coisas principais: expansão quantitativa, que é uma questão de justiça social porque ainda temos muita gente longe dos benefícios da educação; qualidade que acompanhe essa expansão numérica e, em terceiro, tentar dar espaço para experiências criativas. Hoje, a educação está extremamente associada, no mundo inteiro, à criatividade. E isso não é só uma questão de dinheiro, é de postura. Na internet tem uma enorme quantidade de conteúdo de qualidade; se souber fazer bom uso, se consegue resultados muito positivos. Conseguimos tornar as pessoas mais educadas e mais cultas.
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ISTOÉ – Acha que ética é um tema que deveria constar de todo o ciclo educacional? Em que idade as escolas deveriam começar a ensinar ética?
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Janine – Durante os últimos anos, atuei como consultor para a Unesco na elaboração de um programa de ética para escolas de ensino médio do Sesi. Não integro mais o programa, mas ele está sendo implantado em Salvador, na Bahia. Os pontos principais são: não se trata de dizer o que é certo ou errado, mas capacitar a pessoa para ser um sujeito autônomo. A palavra-chave na ética é autonomia – ou seja, aquele que dita a lei, o “nomos”, a si próprio, “autos”. O sujeito autônomo é aquele que encontra seu próprio caminho e responde por isso. Outro ponto é o aprofundamento dos valores. Por exemplo, as pessoas entendem o valor ‘não matar’ de uma maneira muito preguiçosa, como sendo não tirar vidas. Mas inclui também acudir pessoas em estado de risco, em situação de vulnerabilidade, de fome, de doença. Então, se você passa por essas pessoas e as deixa nessa situação, está conivente com a morte delas. A ideia central, neste caso, é fazer pensar o que ‘não matar’ quer dizer, e fazer os alunos explorarem as significações adicionais.
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ISTOÉ – Em sentido mais amplo...
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Janine –  A ética pode substituir a violência por uma cultura de paz, o que é muito importante. Há em certas escolas um ambiente de violência que precisa ser revertido. Também pode desenvolver um pouco do sentimento de responsabilidade do estudante pelo País e a sociedade que o proporcionou estudar. Às vezes, esses estudantes estão em boas universidades, ótimas, sem pagar nada, mas não se sentem responsáveis pela sociedade que os educaram. Isso é ruim.
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ISTOÉ – O sr. tem ideia do montante dos recursos do pre-sal? Como pretende usá-lo?
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Janine – Não tenho. Nem como pretendo usar. Mas será muito bem usado, isso eu posso garantir.
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ISTOÉ – O sr. disse:“Não poderemos promover mudanças sem uma constante valorização do professor, em todos os níveis de ensino.” Inclui aumento dos salários?
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Janine – Com certeza. A valorização do professor de educação básica é paga pelo estado e município. A situação orçamentária da União não é muito afetada por isso. Algumas das metas até 2020, contidas PNE, são fazer com que o salário de quem dá aula na rede pública fique no mesmo nível de uma pessoa com igual escolaridade, quatro anos de faculdade, que trabalhe fora do ensino. Hoje, o salário médio do professor de ensino básico estadual ou municipal é 72,7% do salário de quem está atua em outros segmentos.
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Fotos: Paulo Quintas/Editora Globo; Roberto Stuckert Filho/PR.

Educação básica terá prioridade do MEC, diz Renato Janine

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A educação básica, que vai da creche até o ensino médio, será prioridade do Ministério da Educação (MEC), no que diz respeito a preservação de recursos, segundo o novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro. "Todos os ministros dizem que o foco principal é a educação básica. Com certeza é e com certeza tem que ser e isso é mais ou menos óbvio, as crianças são as mais vulneráveis", disse em coletiva de imprensa logo após receber do ministro interino, Luiz Cláudio Costa, o comando da pasta. O novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro disse que o MEC vai colaborar com o ajuste fiscal, que ainda será anunciado pela presidenta Dilma Rousseff (Valter Campanato/Agência Brasil)
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Ribeiro disse que o MEC vai colaborar com o ajuste fiscal, que ainda será anunciado pela presidenta Dilma Rousseff. Hoje (6), na posse do novo ministro, a presidenta garantiu a manutenção dos recursos para os programas essenciais da pasta. O MEC agora avalia quais gastos podem ser adiados e como pode colaborar com o ajuste. "Ainda não sabemos qual a dimensão do corte", disse o ministro. "Vamos escalonar os desembolsos caso haja uma redução significativa". O MEC foi a pasta que mais sofreu com a redução do fluxo do Orçamento estabelecido pelo governo no início do ano, por ser a pasta com o maior orçamento. Ribeiro pretende engajar universidades e institutos federais no ensino básico, para "aumentar a produtividade do nosso orçamento". O ministro também destacou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) como um dos programas prioritários, sem especificar se haverá ou não redução de repasses. Em relação ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), também não mostrou previsões. A pasta voltou a garantir a renovação dos 1,9 milhões de contratos já firmados. Até o momento, segundo dados do MEC, 1,5 milhões fizeram o aditamento. Mais 210 mil firmaram novos contratos.
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Na coletiva de imprensa, voltou a enfatizar o Plano Nacional de Educação (PNE), como "um livro guia", que, em dez anos, "trará uma mudança radical na educação brasileira". A lei estabelece 20 metas desde a educação infantil até a pós-graduação para serem cumpridas em uma década. Consta no PNE o investimento de pelo menos 10% do Produto Interno Bruno (PIB) em educação no final desse período. Perguntado sobre as críticas que fez ao atual governo antes de ser convidado a ser ministro, ele disse que se sente confortável a assumir a pasta. "Quando [Dilma] me fez o convite disse: 'professor sabemos tudo sobre o senhor'. Entendi justamente que a presidenta estava me dispensando de dar qualquer explição, considerei sinal de grandeza, de que aceita críticas", disse.
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Segundo o próprio ministro, ele disse em entrevista que o PT, antes de governar, tinha um discurso essencialmente ético e que, após assumir o país, parou de proferir esse discurso. "Justamente quando faz críticas, se responsabiliza a resolver os problemas", acrescentou.
Renato Janine Ribeiro é o quarto nome à frente do Ministério da Educação em menos de dois anos. No início de fevereiro de 2014, o então secretário executivo, Henrique Paim recebeu o cargo do ministro Aloizio Mercadante, que assumiu por sua vez a Casa Civil. Após Paim, a pasta foi comandada por Cid Gomes, que se envolveu em discussão com parlamentares.
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Gomes não compareceu à cerimônia de transmissão de cargo. Ribeiro recebeu a pasta do ministro interino Luiz Cláudio Costa, que comanda o MEC desde março..
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sexta-feira, 10 de abril de 2015

Política X Economia

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Por Lúcio Alves de Barros*
 
Início de governo deve ser um inferno para as autoridades que através do voto conquistaram o poder. Inferno também é para aqueles que os colocaram por lá. Digo isto devido ao clima de ansiedade e insegurança social que tomou as pessoas desde as recentes mudanças governamentais. Na “calada da noite” a senhora presidente Dilma levou a efeito as propostas do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o qual - como tecnocrata que é – observa somente os números e não as pessoas.

As propostas governamentais, não discutidas nas eleições, buscam a famigerada austeridade fiscal. Esta nada mais é do que a ação de cortar gastos no intuito de evitar o déficit público. Assim, em uma tacada só o governo decidiu por lotar os bolsos e propôs - dentre outras medidas - o retorno da contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE) sobre os combustíveis, o aumento de impostos sobre as operações financeiras (IOF), o aumento do PIS/Cofins sobre produtos importados, mudanças  no abono salarial, seguro-desemprego, auxílio doença e pensão de morte. As mudanças para uns são necessárias e para outros deve o Estado continuar da forma que está, dado que toda política de austeridade tem como pano de fundo o corte de benefícios e de direitos daqueles que tem menos. Contudo, a questão não é somente econômica e deve muito à política. Três pontos merecem destaque neste contexto:

Em primeiro lugar, é notório que a atual presidente se rendeu aos ditames liberais. Não o liberalismo político, mas o econômico baseado no capital, na meritocracia e na guarda daqueles que tem mais. Logo, a presidente mentiu em plena campanha eleitoral. De fato, ela manteve (até o momento) os programas sociais, mas eles contam muito pouco no PIB e logo se preocupou muito mais com os ventos internacionais do que as nossas fronteiras. Na trincheira de Brasília, a presidente jogou o pacote em nossas costas, explicou pouco, repetiu velhas receitas e agradou empresários locais e o mercado internacional.

Em segundo lugar, é claro que a presidente tinha que seguir este caminho. Depois de quatro anos sem controle nos gastos e com a corrupção à solta, não haveria outra forma senão a de apertar os cintos, seguir as regras do FMI e resguardar o apoio político. Não por acaso ela manteve os 39 ministérios e rifou todo o governo dentre os partidos aliados. Contraditória iniciativa, dado que muitos ministérios demandam mais dinheiro, sem falar da disputa entre eles e do vazio político que se forja diante da compra das lideranças.

Em terceiro e último lugar, é sempre bom tomar cuidado com o hiper-poder do executivo. Deputados e senadores no Brasil sempre esperam o executivo opinar. Somente depois ambas as casas tentam fazer algo que não seja uma CPI que termina arquivada. O fato é que o legislativo é omisso, covarde e longe da representatividade nacional. Podendo se locomover na máquina pública sem constrangimentos o executivo nada de braçada em um lago onde inexiste o tubarão da oposição. Sem controle externo, inclusive do judiciário, o novo e “velho” governo vende a ideia de credibilidade e honestidade tapando o sol com a peneira e tentando não afundar o barco.

O Brasil é isto: um lugar da insegurança generalizada. Entre e sai governo a sensação de que “alguma coisa vai acontecer agora” para tirar o sossego é certa. Os mais velhos passam a sofrer taquicardias, uma espécie de transtorno pós-traumático devido o transtorno Sarney, a síndrome Collor e o vírus FHC. Os jovens, uma geração morta e que vai para rua sem saber para onde ir, andam perdendo tempo, esperando acontecimentos, repetindo os erros dos pais e se entregando ao hedonismo sem medida. Mas está tudo bem, a política é para poucos e a ralé brasileira - apesar de “forte” - sabe que vai sobreviver, apesar dos custos da insegurança social, da saúde em frangalhos e da educação incapaz de conscientizar e auxiliar na emancipação humana.
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* Professor da UEMG / FAE/ campus BH e Doutor em Ciências Humanas pela UFMG.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Plano Nacional de Educação é sancionado sem vetos por Dilma

A presidente Dilma Rousseff sancionou sem vetos o Plano Nacional de Educação, informou nesta quinta-feira (26) a Secretaria de Imprensa da Presidência. A sanção ocorreu nesta quarta e a lei deve ser publicada nesta quinta em edição extra do "Diário Oficial da União".
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Proposto pelo Executivo ao Congresso em 2010, o PNE, como é conhecido, estabelece 20 metas e estratégias para o setor nos próximos dez anos, entre elas, um investimento de 10% do Produto Interno Bruto no setor. O plano foi aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 3 de junho e o prazo para a sanção se encerrou nesta quarta (veja aqui a redação final da lei aprovada).
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Além do investimento de 10% do PIB, o plano prevê a erradicação do analfabetismo e universalização da educação infantil (crianças de 4 e 5 anos), do ensino fundamental (6 a 14 anos) e do ensino médio (15 a 17 anos). Serão muito importantes a valorização dos professores e o aumento dos investimentos em educação"
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Plano 'à altura' - Na tarde desta quinta, em mensagens publicadas no Twitter, Dilma afirmou que o PNE está "à altura" das dificuldades educacionais do país. A presidente ressaltou nos últimos 11 anos o governo federal criou "um caminho de oportunidades" para o país por meio da educação.
"O PNE permite ampliar essas oportunidades, partindo da educação infantil, passando pela educação em tempo integral, o crescimento das matrículas da educação profissional e tecnológica, a ampliação do acesso à educação superior. (...) P/ isso serão muito importantes a valorização dos professores e o aumento dos investimentos em educação", escreveu a presidente na rede social.
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Metas - Dentre as metas do PNE, está também a ampliação da oferta de educação infantil em creches, que deverá atender mínimo de 50% das crianças de até três anos. Ao final dos dez anos de vigência do PNE, os brasileiros deverão ser alfabetizados, no máximo, até os seis anos. O plano determina também que 50% das escolas públicas deverão oferecer educação em tempo integral, a fim de atender pelo menos 25% de todos os alunos da educação básica. A escolaridade média da população de 18 a 29 anos deverá ser elevada e alcançar mínimo de 12 anos de estudo. O número de matrículas na pós-graduação também precisará crescer. O plano prevê ainda formação de 60 mil mestres e 25 mil doutores por ano ao final de sua vigência.
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saiba mais
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Royalties
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Durante evento na Bahia no dia 6, dias após a aprovação no Congresso, Dilma afirmou que os royalties do petróleo do pré-sal irão garantir a execução do Plano Nacional de Educação. A lei aprovada pelo Congresso Nacional prevê a destinação de 75% dos recursos obtidos por meio da extração do petróleo e 50% do excedente em óleo para a educação e 25%, para a saúde.
"Eu acredito que a legislação mais importante aprovada no ano passado foi a lei que assegura que 75% dos royalties do petróleo e 50% do excedente em óleo do pré-sal sejam destinados à educação. O que me dá segurança que o Plano Nacional de Educação vai ser cumprido é o que se tem de recursos, para que se cumpra o plano, para que se cumpram as metas", disse a presidente na Bahia.
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Fonte: Portal G1 - http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/06/plano-nacional-de-educacao-foi-sancionado-sem-vetos-por-dilma.html

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O Brasil não é para principiantes (Tom Jobim)


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Por Lúcio Alves de Barros*
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A presidente Dilma Rousseff acaba de falar, após reunião com governadores e prefeitos das capitais, da necessária e obrigatória ação conjunta no intuito de melhorar os serviços públicos no Brasil. Finalmente, a presidente abriu um buraquinho na “caixa de pandora”. Ainda é pouco e muito pouco, mas como ela diz, “escutei as vozes da rua”. Sábia, a senhora defendeu a república e ações participativas. Tratou de deixar a coisa meio didática e delineou cinco pontos:
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(1) estabilidade fiscal (o que não é mais que a obrigação);
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(2) uma reforma política com a proposição de um plebiscito para uma Constituinte com fim exclusivo de tratar desse assunto (espero que fique por aqui mesmo. Uma PEC seria interessante também);
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(3) Recursos e ações exclusivas para o SUS (óbvio e claro como a lua cheia. A dengue e outras falácias do SUS já mostraram a necessidade de maiores investimentos neste campo);
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(4) plano para o transporte público, com o anúncio de desoneração de PIS e COFINS para o diesel e para a energia que move veículos da rede de transporte (já deveria ter feito isso antes, cumpre perguntar por que não o fez. Empresários do setor de transportes são crias políticas e mandam e desmandam no executivo);
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(5) ações para a educação com destinação de 100% dos recursos do pré-sal para o setor (só acredito vendo, pois as escolas públicas já estão um lixo há anos e esperar o pré-sal para solucionar o caos da educação pública é desejar manter o povo na ignorância em que se encontra). As propostas de escolas de tempo integral e outras práticas que ela disse são velhas e morreram com as políticas vigentes. Vamos ver.
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De todo modo, quem achou que as mobilizações não dariam em nada caiu do cavalo. Ela pode estar ganhando tempo e respondendo anseios e apelos internacionais (A Fifa tem um poder enorme). Muitas das propostas são de longo prazo e “em longo prazo o povo já morreu”.
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Neste sentido, ela pode estar esperando o cansaço da população e o remédio da violência que se alastrou pela e através da polícia no Brasil. O fato é que boa parte da população ainda permanece no espaço público e ainda se encontra indignada com os gastos da COPA (sem falar da falta de transparência) e desejam muito mais. Desejam porque podem. Desejam porque querem. Desejam porque merecem. Desejam porque o Brasil tem o que oferecer. Se nada mudar, restam as eleições. Pena que o povo tem memória curta.
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PS1: É obrigação e dever dos governadores a revelação do estrago que fizeram e ainda vão fazer no campo da segurança pública (a repressão anda solta e não por acaso falaram em golpe). Muita gente apanhou, se machucou e duas pessoas morreram nesta brincadeira de pega ladrão da polícia. É necessário que cada caso seja apurado e que o Ministério Público responsabilize os funcionários que saíram do controle.
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PS2: Não creio que as mobilizações vão parar. Também não acho que vão muito mais longe. Muitas reivindicações que tocam o judiciário e o legislativo precisam de ampla discussão. O congresso ainda está calado e poucos se atreveram a dizer algo. De duas uma: (1) ou o legislativo se escondeu entre o medo e a esperança da coisa ficar feia para o executivo ou (2) aposta no hiper poder do executivo que tende a tomar as dores e a liderar as mudanças que deveriam ter nascido no congresso.
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Detalhe: O judiciário ainda é campo minado e é uma instituição para poucos. Passou da hora de saber os rumos do mensalão e de outras falcatruas que andam paradas nos recursos daqueles que ainda teimam em furtar o país.
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*Professor da FAE / Campus BH / UEMG
 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Dilma exalta emprego, reafirma combate à inflação diz que Educação será o foco

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Em um tom mais ameno do que o adotado em seus últimos pronunciamentos à nação, a presidente Dilma Rousseff tentou transmitir serenidade em um momento em que cresce a preocupação com os índices de inflação.
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Na sua fala em comemoração ao Dia Internacional do Trabalho, Dilma trouxe a importância da luta conta a inflação para o lado pessoal, dizendo que um governo e uma presidente que lutam firme pela redução de impostos e pela diminuição de custos, "não vão descuidar nunca do controle da inflação".
De acordo com a presidente, a luta contra a inflação é "uma luta constante, imutável, permanente". A presidente também reafirmou a compromisso com os pilares da política econômica.
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"Não abandonaremos jamais os pilares da nossa política econômica que tem por base o crescimento sustentado e a estabilidade. E não abriremos mão, jamais, dos pilares fundamentais do nosso governo, a distribuição de renda e a diminuição da desigualdade no Brasil", disse.
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A presidente, no entanto, não anunciou medidas ou bondades como nas suas últimas aparições em rede nacional e como era aguardado. Apesar de não fazer anúncios, Dilma destacou medidas tomadas em benefício dos trabalhadores, com a isenção do Imposto de Renda sobre o pagamento de participação nos lucros e resultado das empresas e a extensão dos direitos trabalhistas previstos na CLT para os empregados domésticos. O governo deve anunciar, em breve, a regulamentação dos novos direitos. Esse era, inclusive, uma das novidades aguardadas para o primeiro de maio.
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O foco do discurso foi a Educação e o ganho dos trabalhadores nos últimos anos. Também não foram dados recados de viés político. A cobrança da presidente foi ao Congresso, sobre a aprovação da medida que destina os recursos do petróleo à Educação. Dilma disse que o Brasil avançou muito por causa de políticas econômicas corretas e de políticas sociais profundas, mas ponderou que um fato "tem passado desapercebido", o fato de o emprego e o salário terem se tornado "os dois maiores fatores de diminuição da desigualdade".
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Para justificar sua afirmação, a presidente aponta que os programas de transferência de renda tiraram 36 milhões de brasileiros da miséria, mas que o emprego e a renda é que impedem que essas pessoas voltem à pobreza e foram esses dois vetores que levaram 40 milhões de pessoas à classe média.
Depois de elencar dados sobre a geração de empregos com carteira assinada e o ganho real de salário, Dilma enfatizou que só uma Educação de qualidade pode garantir mais avanço para o emprego e para o salário. E que para que o Brasil faça uma "grande revolução no Ensino" é necessário, além da vontade política, recursos suficientes.
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"Por isso, é importante que o Congresso Nacional aprove nossa proposta de destinar os recursos do petróleo para a Educação. Peço a vocês que incentivem o seu deputado e o seu senador para que eles apoiem essa iniciativa", disse a presidente, que logo no começo de seu pronunciamento anunciou o envio de uma nova proposta sobre o tema ao Congresso. Tal postura já era esperada e foi até sinalizadas pela própria presidente no começo da semana, conforme a medida provisória 595, enviada em dezembro do ano passado tratando dessa proposta, teve sua tramitação suspensa no Congresso, pois ela perderia validade em 12 de maio. A presidente, no entanto, não deu detalhes sobre a nova proposta.
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Ao encerrar, Dilma faz um chamamento a toda à sociedade, apontando que a Educação "não é apenas um dever do estado e um direto do cidadão. É também tarefa da família e responsabilidade de todos, sem exceção".
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A ideia da presidente é alcançar uma nova "marca" para o país. "Somente assim [investindo em Educação] podermos gritar em uma só voz uma nova marca de fé e amor para o nosso país. Poderemos gritar, do fundo do nosso coração, Brasil pátria Educadora."
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Fonte: Valor Econômico.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Dilma sanciona Lei de Cotas para ingresso em universidades federais

 
.Presidente Dilma e a ex-deputada Nice Lobão, uma das idealizadoras do projeto
que criará cotas sociais em todas as universidades federais do paísAndré Coelho
- Agência O Globo
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Presidente Dilma e a ex-deputada Nice Lobão, uma das idealizadoras do projeto que criará cotas sociais em todas as universidades federais do país
Foto: André Coelho / Agência O Globo
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BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff sancionou nesta quarta-feira a Lei das Cotas, que destina 50% das vagas nas universidade federais para alunos de escolas públicas. O texto sofreu apenas um veto, no artigo segundo, que estabelecia que o critério de seleção dos alunos cotistas seria o Coeficiente de Rendimento, obtido por meio da média das notas obtidas no ensino médio. Com o veto, o critério passa a ser a nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), como defendia o MEC.
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Em cerimônia fechada, com a presença dos ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e da Igualdade Racial, Luiza Bairros, além de parlamentares que participaram da elaboração e aprovação do projeto no Congresso, Dilma ressaltou o “desafio” de democratizar o acesso ao ensino superior mantendo um alto nível de ensino e a “meritocracia”.
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- A importância desse projeto e o fato de nós sairmos da regra e fazermos uma sanção especial tem a ver com um duplo desafio. Primeiro, é a democratização do acesso às universidades e, segundo, o desafio de fazer isso mantendo um alto nível de ensino e a meritocracia. O Brasil precisa fazer face a esses dois desafios, não apenas a um. Nada adianta eu manter uma universidade fechada e manter a população afastada em nome da meritocracia. Também de nada adianta eu abrir universidade e não preservar a meritocracia. Por isso, hoje nós estamos aqui celebrando, num momento, duas ações: uma pelo mérito e outra pela democratização do acesso à universidade brasileira -, disse.
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Pela lei, em até 4 anos, os estudantes oriundos do ensino público terão direito a metade das vagas nas universidade federais. Atualmente, 88% dos alunos do ensino médio no Brasil frequentam a rede pública. São 891 mil, contra 246 mil em escolas privadas. A norma ainda terá de ser regulamentada, até o final do ano, segundo o ministro da Educação, para estabelecer cronograma de implantação, procedimentos e regras. O preenchimento das vagas, de acordo com Mercadante, será feito de forma gradativa e terá início já no próximo vestibular.
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- Serão 150 mil vagas em até 4 anos. A política de cotas para o ensino público irá representar uma grande motivação para esses alunos. E isso vai ser positivo porque temos o grande desafio de melhorar o ensino médio público -, disse o ministro, que reconheceu que a implementação de cotas é “um desafio” para a meritocracia.
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A ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, afirmou que a lei foi “um grande passo” para as ações afirmativas nas universidades e que a regra vai assegurar que as vagas reservadas para negros cheguem a um total de 56 mil em quatro anos. Hoje, a reserva para negros nas universidade federais é de 8,7 mil vagas.
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- A lei vai garantir cotas para negros independentemente da classe social e isso é importante para assegurar diversidade racial. O politicamente possível no Brasil, hoje, ainda é a associaçaõ de cotas éticas e raciais. Mas a presidente ressaltou que a lei não coloca em risco a meritocracia e sim, assegura a democracia, que é essencial
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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Dilma vai à TV e promete ''ProUni da escola técnica''

11 de fevereiro de 2011

Em seu 1º pronunciamento, presidente fala em inclusão digital e melhora no Enem e Sisu.

Em seu primeiro pronunciamento em cadeia de rádio e TV, a presidente Dilma Rousseff anunciou que o governo lançará ainda neste trimestre o Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica (Pronatec), que levará ao ensino técnico a "bem sucedida experiência do ProUni".

Ela também afirmou que o governo está acelerando a implantação do Plano Nacional de Banda Larga para que todas as escolas públicas tenham acesso à internet e a população pobre possa ter internet com um preço compatível com sua renda. Dilma também disse que o governo federal está tomando medidas para corrigir e evitar falhas que têm ocorrido no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que utiliza as notas do Enem para preencher vagas em universidades federais.

A presidente aproveitou o retorno às aulas em todo o País para reafirmar o compromisso com a melhoria da educação. "Um desafio que só será vencido se governo e sociedade se unirem de fato nessa luta, com toda força, coragem e convicção", disse.

"Nenhuma ferramenta é mais decisiva que ela (educação) para superarmos a pobreza e a miséria", continuou, defendendo mais investimentos na formação e remuneração dos professores, ampliação do número de creches e pré-escolas e combate à evasão escolar. Dilma também disse que é hora de fazer mais escolas técnicas, ampliar os cursos de ensino profissionalizante, melhorar o ensino médio e as universidades.

Miséria

Ela concluiu reafirmando que a "luta mais obstinada" do seu governo será o combate à miséria. "Isso significa fortalecer a economia, ampliar o emprego e aperfeiçoar as políticas sociais. Isso significa em especial melhorar a qualidade do ensino, pois ninguém sai da pobreza se não tiver acesso à educação gratuita, contínua e de qualidade. Nenhum país igualmente poderá se desenvolver sem educar bem o seu jovem e capacitá-lo plenamente para o emprego e para as novas necessidades criadas pela sociedade do conhecimento." Ao final, citou o novo slogan: "País rico é país sem pobreza". "Esse será o lema de arrancada do meu governo. Ele está aí para alertar permanentemente a nós do governo e a todos os setores da sociedade que só realizaremos o destino de grandeza do Brasil quando acabarmos com a miséria."

A presidente admitiu que essa é uma tarefa para toda uma geração e destacou que é preciso realizar a parte importante que falta. "Para que a única fome desse país seja a fome de saber, de grandeza, de solidariedade e igualdade. E para que todos os brasileiros possam fazer da educação a grande ferramenta de construção do seu sonho."

Fonte: O Estado de São Paulo (SP)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Resgate da Educação

Pro Ilson Sanches*

06 de janeiro de 2011

Está posta a grande chance de resgate da Educação. Em 2010 tivemos fatos e diagnósticos que nos deixaram não só entristecidos e indignados como também mais conscientes de uma enorme exigência. As políticas públicas nos Estados brasileiros necessitam de um novo rumo e de novos paradigmas. Em verdade, para um país que teve como presidente um trabalhador de mãos calosas e que perdeu um dedo (muitos perdem a própria vida), o significado da Educação é evidente e deve servir como um alerta para erradicar o sofrimento por conta do desenvolvimento e de grandes esforços físicos e mentais.

Louvável a luta de um trabalhador para superar dificuldades com sacrifício, mas isto não precisa ser um modelo, nem um paradigma, ou mesmo um imperativo, deve sim servir como ensinamento para que novos presidentes ou cidadãos não tenham que passar por isso. Eles deverão ter uma vida menos sacrificada e deverão ter a possibilidade de alcançar a Presidência sem passar por tais provações.

Temos agora uma presidente que também passou por dificuldades e sofrimentos, e ainda deve fazer um grande esforço para superar discriminações e valorar ainda mais o seu trabalho e o seu compromisso com a nação. Ambos passaram por injustiças em um momento na história em que a democracia e o atual estado democrático de direito amadureceram cobrando muito da sociedade brasileira, incluindo aí a classe média que paga grande parte desta conta. Entramos, como disse a presidente, em uma nova era e esta não deverá exigir grandes sacrifícios complementares à sociedade, isto se as políticas públicas forem as mais acertadas. E esta é a responsabilidade de nossos novos governantes passando, necessariamente, por diversos níveis, incluindo o ensino fundamental até a pós-graduação em fase de pós-doutorado.

A vergonha internacional que sentimos com um 53º lugar no ranking do Programa Internacional de Avaliação de alunos, dentre 65 países, é uma dura realidade que não vangloria ninguém. E uma discussão de quem fez mais ou deixou de fazer não faz sentido, pois todos nos sentimos responsáveis, e há que haver um franco resgate, sobretudo de valorização ao professorado e à profissionalização do ensino, em nosso país. Ao avaliar a cadeia produtiva do ensino percebem-se lacunas e constata-se o desprezo às pesquisas aliadas ao desenvolvimento, a ponto de se concluir um bacharelado e não ser natural, seqüencial, realizar aperfeiçoamentos e especializações, mestrados e doutorados. Estes custam uma fortuna, a ponto de muitos profissionais irem para o exterior, onde há maior valorização e facilidade para cursar.

No serviço público, este, responsável pelas políticas públicas, nos revela uma realidade apavorante, pois no país possuímos poucas Escolas de administração pública que produzem efetivos resultados e que não o são de forma suficiente, valorizadas e priorizadas, e ainda se pensa pequeno, num país gigante. E o improviso prevalece. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicou em novembro, de 2010 um diagnóstico da Educação com base em 2009. A população urbana brasileira tem em média 3,9 anos de estudos a mais que a população rural. Dentre vários outros resultados a média de anos de estudos na população acima de 15 anos é de 7,5 anos, abaixo do mínimo de oito previsto na Constituição.

E isto reflete uma triste realidade, estuda-se pouco, valorizam-se pouco as políticas públicas e os professores, assim como, o ensino, a pesquisa e a extensão. E, como consequência, profissionaliza-se pouco. O resultado é a instabilidade produtiva nacional na grande maioria dos setores da economia, pois se amplia sim, o despreparo, diminuindo a competitividade comparativa com outros países.

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* Ilson Sanches é advogado e professor universitário.
Site: www.ilsonsanches.com; e-mail: ilson@ilsonsanches.com

Fonte: A Gazeta (MT)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A barreira da desigualdade


Por Fábio Konder Comparato (Revista Carta Capital – 03 de janeiro de 2011)

A ligação entre democracia e direitos humanos é visceral, pois trata-se de realidades intimamente correlacionadas. Sem democracia, os direitos humanos, notadamente os econômicos e sociais, nunca são adequadamente respeitados, porque a realização de tais direitos implica a redução substancial do poder da minoria rica que domina o País. Como ninguém pode desconhecer, sem erradicar a pobreza e a marginalização social, com a concomitante redução das desigualdades sociais e regionais, como manda a Constituição (art. 3º, III), é impossível fazer funcionar regularmente o regime democrático, pois a maioria pobre é continuamente esmagada pela minoria rica.

Acontece que o nosso País continua a ostentar a faixa de campeão da desigualdade social na América Latina, e permanece há décadas entre os primeiros colocados mundiais nessa indecente competição. Em seu último relatório, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (PNUD) mostrou que os setores de mais acentuada desigualdade social, no Brasil, são os de rendimento e educação.

É óbvio que essa realidade deprimente jamais será corrigida simplesmente com a adoção de programas assistenciais do tipo Bolsa Família. Trata-se de um problema global, ligado à estrutura de poder na sociedade. Para solucioná-lo, portanto, é indispensável usar de um remédio também global. Ele consiste na progressiva introdução de um autêntico regime republicano e democrático entre nós. Ou seja, no respeito integral à supremacia do bem comum do povo (a res publica romana) sobre o interesse próprio das classes e dos grupos dominantes e seus aliados. Ora, se a finalidade última do exercício do poder político é essa, fica evidente que ao povo, e a ele só, deve ser atribuída uma soberania efetiva e não meramente simbólica, como sempre aconteceu entre nós.

Para alcançar esse desiderato, é preciso transformar a mentalidade dominante, moldada na passiva aceitação do poder oligárquico e capitalista. O que implica um esforço prolongado e metódico de educação cívica.

Concomitantemente, é indispensável introduzir algumas instituições de decisão democrática em nossa organização constitucional. Três delas me parecem essenciais com esse objetivo, porque provocam, além do enfraquecimento progressivo do poder oligárquico, a desejada pedagogia política popular.

A primeira e mais importante consiste em extinguir o poder de controle, pelo oligopólio empresarial, da parte mais desenvolvida dos nossos meios de comunicação de massa. É graças a esse domínio da grande imprensa, do rádio e da televisão, que os grupos oligárquicos defendem, livremente, a sua dominação política e econômica.

O novo governo federal deveria começar, nesse campo, pela apresentação de projetos de lei, que deem efetividade às normas constitucionais proibidoras do monopólio e do oligopólio dos meios de comunicação de massa, e que exigem, na programação das emissoras de rádio e televisão, seja dada preferência a finalidades educativas, artísticas e informativas, bem como à promoção da cultura nacional e regional.

A esse respeito, já foram ajuizadas no Supremo Tribunal Federal algumas ações diretas de inconstitucionalidade por omissão. É de se esperar que a nova presidente, valendo-se do fato de que o Advogado-Geral da União é legalmente “submetido à sua direta, pessoal e imediata supervisão” (Lei Complementar nº 73, de 1993, art. 3º, § 1º), dê-lhe instruções precisas para que se manifeste favoravelmente aos pedidos ajuizados. Seria, com efeito, mais um estrondoso vexame se a presidente eleita repetisse o comportamento do governo Lula, que instruiu a Advocacia–Geral da União a se pronunciar, no Supremo Tribunal Federal, a favor da anistia dos assassinos, torturadores e estupradores do regime militar.

As outras duas medidas institucionais de instauração da democracia entre nós são: 1. A livre utilização, pelo povo, de plebiscitos e referendos, bem como a facilitação da iniciativa popular de projetos de lei e a criação da iniciativa popular de emendas constitucionais. 2. A instituição do referendo revocatório de mandatos eletivos (recall), pelos quais o povo pode destituir livremente aqueles que elegeu, sem necessidade dos processos cavilosos de impeachment.

Salvo no tocante à iniciativa popular de emendas constitucionais, já existem proposições em tramitação no Congresso Nacional a esse respeito, redigidas pelo autor destas linhas e encampadas pelo Conselho Federal da OAB: os Projetos de Lei nº 4.718 na Câmara dos Deputados e nº 001/2006 no Senado Federal, bem como a proposta de Emenda Constitucional 073/2005 no Senado Federal. Recentemente, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou a proposta de Emenda Constitucional nº 26/2006, apresentada pelo senador Sérgio Zambiasi, que permite a iniciativa popular de plebiscitos e referendos.

Mas não sejamos ingênuos. Todos esses mecanismos institucionais abalam a soberania dos grupos oligárquicos e, como é óbvio, sua introdução será por eles combatida de todas as maneiras, sobretudo pela pressão sufocante do poder econômico. Se quisermos avançar nesse terreno minado, é preciso ter pertinácia, organização e competência.

Está posto, aí, o grande desafio a ser enfrentado pelo futuro governo federal. Terá ele coragem e determinação para atuar em favor da democracia e dos direitos humanos, ou preferirá seguir o caminho sinuoso e covarde da permanente conciliação com os donos do poder?

É a pergunta que ora faço à presidente eleita.

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*Fábio Konder Comparato é jurista, doutor honoris causa da Universidade de Coimbra, doutor em Direito da Universidade de Paris, professor titular aposentado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e presidente da Comissão Nacional de Defesa da República e da Democracia da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

OPINIÃO: MAIS EDUCAÇÃO DENTRO E FORA DA ESCOLA


Eliana Yunes*

Toma posse hoje, como presidente da República, uma mulher. O país se distanciou bastante dos preconceitos que, subliminarmente, Machado de Assis e José de Alencar tematizaram no século XIX. Se não é preciso enveredar por uma discussão de gênero, ociosa neste caso, para tratar das expectativas, é notável a decisão da chefe de Estado de ampliar o quadro feminino de seu primeiro escalão.

Seria, portanto, legítimo supor que seu olhar pudesse ser atraído com maior sensibilidade para o papel que 38% das mulheres brasileiras desempenham como chefes de família, desdobrando-se entre os minguados ganhos que alcançam como empregadas de serviços eventuais e a obrigação de sustentarem a prole sozinhas, com o empenho de que o futuro lhes seja melhor que o seu presente. Ah, se elas tivessem podido estudar, se tivessem tido a chance de estar mais bem preparadas para as oportunidades que vieram, como D. Dilma.

O início de um novo governo coloca sempre em questão o projeto que se desenha para o futuro do país. No caso do governo Dilma, dois documentos publicados há poucas semanas permitem que centremos essa reflexão numa área sem a qual o futuro de qualquer país é impensável: a Educação. Em dezembro, foram divulgados o novo Plano Nacional de Educação e os resultados do PISA, um exame internacional que mede o desempenho de estudantes de 65 países. Lidos em sequência, os textos formam um conjunto que dá a medida atual de nossos avanços, fracassos e expectativas na área educacional.

Falta de articulação entre áreas distintas é prejudicial

Segundo o PISA, em leitura, ciências e matemáticas, vamos mal. Qual a relação entre elas? A leitura ensina a pensar, abstrair, deduzir, imaginar e criar, como testemunhou Einstein, e por isto está na base do problema geral da aprendizagem. Houve um avanço de 4% em relação a nove anos passados, parece motivo de otimismo; contudo, seguem as taxas de repetência altas, escolas isoladas, formação sofrível do mediador. Há boas novas: o aumento de investimento de 4% para 5,2% em apoio federal à escola municipal já deu resultados; o currículo único adotado em São Paulo surtiu efeitos e o aumento salarial expressivo dado a professores no Acre fez diferença.

Entre 65 países, o Brasil é 53º, com 401 pontos em 800; já fomos os piores (2000) e somos o 3º em curva ascendente; elevamos o índice de desempenho dos melhores e mantivemos o dos mais fracos: aumentamos, em verdade, a desigualdade. Países que melhoraram os índices aumentaram o investimento na Educação infantil, na escola básica e na formação inicial e continuada de professores, como propõe o MEC no PNE para a próxima década. A evasão escolar é brutal, não bastasse a repetência e a distorção grave (82%) entre série/idade. A taxa de matrícula na pré-escola é baixa, com 50% das crianças fora dela. No mundo rural e nos níveis de pobreza absoluta, a conclusão do primeiro ciclo é completada por pouquíssimos. Os desafios propostos pelo MEC são criar acesso igualitário à Educação e implementar a qualidade da formação de professores e alunos, numa tentativa de acompanhar individualmente as crianças, recomendação enfática da Unesco.

Há que pensar realisticamente em "como". Não pode ser em salas multiseriadas de 40 alunos, com três horas de aulas por dia: a escola integral, a formação continuada do professor e atenção à escolarização, ainda que tardia dos pais (EJA), aumenta a possibilidade de êxito na vida escolar do aluno. Educação é investimento de longo prazo, já estamos correndo atrás do trem da História e há solução com mais recursos já, competência aliada a conhecimento do quadro geral e processos ininterruptos de ação sistematizada e acompanhada.

"A Educação está bem encaminhada", assegurou a presidente, sem maiores detalhes. Mesmo opositores reconhecem os esforços e as articulações feitas nas várias esferas com apoio federal, nos últimos anos. Mas o sistema operacional é caótico, os trâmites burocráticos kafkianos, a desconfiança da sociedade civil enorme, a indiferença com a corrupção dos políticos idem. Não basta estar bem encaminhada, é preciso priorizar a Educação dentro e fora da escola. E sem acesso a bens culturais, a Educação se perde na instrumentalização de conteúdos sem sentido.

O ritmo atual de melhoria em Educação depende de investimento robusto e livre de desvios que valorize o professor, promova melhores condições na sala de aula, comprometa família e sociedade no acompanhamento, estabeleça metas rígidas e puna os gestores maus, para vencer o desafio de chegar antes de 2022 ao patamar de 70% dos alunos em nível de conhecimento adequado à serie. O PNE precisa mais que 7% para acelerar metas que universalizem o ensino (hoje 91%) e chegue a ter 95% dos alunos com fundamental completo, correspondendo em idade aos anos de estudo (hoje, 63%); e no ensino médio alcançar 90% frente aos atuais 50% no número dos que o concluem, no fim da década. Só mudando a escola, e isto significaria 13% do orçamento para a Educação agora, se desejamos ser, antes de 2050, a Coreia de hoje.

Não seria justo um PAC para a Educação, sem tubulações por onde fujam os maus gestores e corruptos de outras índoles que se burlam da própria escolarização? O investimento em cultura, efetivamente festejado ao atingir 1% do orçamento, não pode recuar depois de articulado o PNLL. Aprende-se a ler ainda na fase da oralidade, quando escutar e falar preparam o caminho para ler e escrever: recursos e atenção à primeira infância são decisivos para garantir que o potencial da pessoa não se esvaia antes que ela possa dominar as operações mentais e afetivas que garantam uma base para construir seu saber e seu fazer. Quanto tempo mais vamos esperar as condições para uma Educação de qualidade?

O novo PNE para 2011-2020 tem diretrizes lúcidas, metas e estratégias coerentes, mas falta muita articulação entre diferentes áreas da ação executiva: pode, por exemplo, uma escola rural não ser atendida no seu contexto por uma atuação integrada interministerial? Saúde, transporte, cultura, saneamento... Imagine a revolução que faria em todo o sistema social uma decisão desta natureza! A presidente poderia priorizar a Educação como um exemplo de ação articulada e simultânea de seus eleitos. Seus eleitores andariam quarenta anos em quatro. Mas há vontade política e capacidade de decisão para isto?

Lembremos que Educação ficou na periferia das discussões na campanha e a cultura nem foi tema, que dirá fundo! Temos nível de Educação baixo e de corrupção alto. A começar pelo uso pessoal dos recursos públicos, legitimado por uma legalidade espúria, que não pode aumentar os mínimos, mas faz inchar os máximos: como educar para o civismo, para o dever, para a ética neste quadro? Num momento em que o Rio de Janeiro procura fazer as pazes com a vida cidadã, na qual o estado de direito prevalece sobre a barbárie, devemos lembrar que a Educação é o grande desafio, para não ter que se manter o exército nas favelas reconquistadas. Que haja gratificação para as polícias das UPPs é ótimo; a Prefeitura do Rio já apoia o estado pagando R$500 por soldado e R$1 mil por comandante. Dá para fazer o mesmo com os professores das escolas das favelas e das adjacências? Por que estes valeriam menos?

Há um mês, praticamente, vivemos o histórico se vis pacem para bellum. Que bom não termos usado maniqueisticamente o poder para retomar o território ocupado ilegalmente, como se coubesse apenas uma troca de guarda, com a substituição de uns heróis armados por outros, oferecendo, sobretudo aos jovens, modelos de exceção para a vida cotidiana.

Pensemos agora no que faltou, em como estas coisas se passaram, para que toda uma juventude pudesse ser cooptada pelo poder paralelo e nele ver sua saída para a luz. Há estudos - como lembrava Calligaris, referindo-se a Winnicott - que indicam como as privações podem levar seus sobreviventes a uma resistência "heróica", posta em marcha como uma epopeia, para dobrar a moira e alcançar o Olimpo.

Tomou posse em setembro, na Secretaria Nacional da Reforma do Judiciário, um jovem advogado que nasceu e cresceu morando em favela e estudou em escola pública, sem direito a desistir, mesmo nas fases de pouca comida e muito sono, por insistência da mãe analfabeta. Marivaldo de Castro Pereira trabalhou desde os nove anos e ler mudou sua cabeça, abriu horizontes: viu que havia outro mundo! Depois de, surpreendentemente, entrar no curso de Direito na USP, atuou ativamente em movimentos sociais. Por conta disto, através de convívio com "brava gente", foi lembrado por um colega de faculdade e acabou voltando a Brasília, terra natal. Se, para ele e sua família, foi possível saírem da miséria e passarem da favela à esplanada com trabalho, seriedade e determinação gerados pela Educação, então há esperança.

Mas podemos ficar no Complexo do Alemão, onde com 11 anos o menino Reginaldo descobriu livros no lixo e neles o admirável mundo novo de pensadores. Não fez faculdade, mas integrou-se a movimentos culturais e é palestrante em universidades sobre a cultura como elemento decisivo da Educação. Resistiu no morro lendo e o tráfico o rejeitou por ser "meio" intelectual... Historiador da favela, faz análise lúcida de como a violência se instalou no Alemão. E sua visão é a mesma de antropólogos e sociólogos com quem nunca estudou, mas que certamente leu. Do livro, passou ao conhecimento crítico das políticas públicas intermitentes por conta das vaidades pessoais que abortam projetos que dão certo. Todos se sentem maiores que as causas...

É possível, sim. A porta aberta à Educação pelas práticas sociais de cultura ensina a pensar de forma mais consequente, articulada, a usar da experiência solidária para experimentar noções de respeito, colaboração, disciplina, que têm efeitos diretos na escola, na família, na comunidade.

Quem não leu deveria ler o discurso do escritor peruano Mario Vargas Llosa ao receber o Nobel de Literatura este ano: o elogio da leitura e da ficção, a insistência no domínio da palavra como "arma" para mudar o mundo, pela indução ao pensamento crítico e à sensibilidade para reconhecimento de si e do outro. As narrativas permitiram preservar a memória do tempo, com maior extensão depois da escrita; aprender a dizer emoções, ideias, fatos, situações, vivências de um jeito que dispensa a violência, como indicou Freud.

UPPs, sim, mas com reeducação dos policiais

Uma reflexão de Cristovão Buarque é desafiadora: bandido preso é bandido adotado ao custo anual de mais de R$20 mil cada um; quanto custa cada criança na escola com qualidade de ambiente, acervos, mestres, tecnologia? Basta ver o desconto autorizado pelo Imposto de Renda nos gastos com Educação!

"Para matar ervas daninhas sim, para fazer crescer as flores e os frutos muito pouco; bandidos são visíveis e incomodam; crianças não protestam, não incendeiam, e por isso prisões são mais importantes que escolas", diz o ex-ministro da Educação. Por falta de escolas muitas se perdem no crime. A violência da miséria e da fome é visível, mas a violência da exclusão, do roubo de direitos que acaba por levar à ignorância dos deveres - fruto da corrupção disseminada, que drena os recursos investidos - não conta.

UPPs, sim, mas com reEducação dos policiais, que no Japão aprendem artes marciais e... ikebana! Por que será? Sabemos que "o problema é antigo e que não será resolvido só com polícia. Sem Educação..., tudo vai para a vala", comenta Helio de La Peña. A vitória (no Complexo do Alemão), segundo a antropóloga Alba Zaluar, foi saudada com esperança e alívio, mas sem entusiasmo, com incertezas quanto ao futuro: com as tropas saindo virão escolas, profissionalização, qualidade de vida para combater a pobreza? Não a qualidade dos bens de consumo, mas a de valores, de cidadania, de direitos, de inserção no trabalho lícito?

A cidade está partida ainda, porque não se trata de uma luta de bons (aqui) contra maus (ali), como indicou Zuenir Ventura, pois não há o lado de lá sem o de cá, os chefões daqui sem os testa-de-ferro de lá. E a beligerância urbana se instaurou dissimulada nos dois lados. Aqui, como lá, falta Educação de verdade.

Utopia à parte, lembrando Monteiro Lobato, o país do pré-sal pode ser feito de homens com mais acesso ao conhecimento, em livros e outros suportes... Pena que o ex-presidente acredite que não tem mais idade para estudar e diga isso para milhões de brasileiros que ainda precisam das letras, passado o ciclo escolar ordinário!
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*ELIANA YUNES é doutora em Letras, coordenadora adjunta da Cátedra Unesco de Leitura PUC-Rio - Fonte: O Globo (RJ)