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JOHNATAN CASTRO - A falta de interesse pelos cursos de licenciatura, motivada pelos baixos salários e pela desvalorização social dos profissionais, pode levar à escassez de professores nas salas de ensino básico de Minas Gerais em até dez anos. A constatação é feita por especialistas com base nos números de matrícula em cursos superiores. No caso da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a maior do Estado, a procura pela carreira caiu 4% nos últimos anos. Em 2010, foram 6.815 matriculados, contra 6.510 neste ano.
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Para o professor de sociologia da educação e coordenador do Colegiado Especial de Licenciatura da UFMG, João Valdir Alves de Souza, o desinteresse pelos cursos de licenciatura - que formam professores - é preocupante e pode resultar na falta de professores em breve. "Mantida a atual tendência, em três ou cinco anos, não teremos candidatos aos cursos de licenciatura", afirmou, ressaltando que a relação candidato/vaga de cursos como letras e matemática diminuiu de cerca de 30 para apenas três nos últimos dez anos. "A UFMG está formando menos professores que no passado", constatou.
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O Censo da Educação Superior 2011, divulgado na última semana pelo Ministério da Educação (MEC), mostrou que a realidade é a mesma em todo o país. Segundo o levantamento, entre 2010 e 2011, o número de matrículas nos cursos de licenciatura ficou estagnado.
JOHNATAN CASTRO - A falta de interesse pelos cursos de licenciatura, motivada pelos baixos salários e pela desvalorização social dos profissionais, pode levar à escassez de professores nas salas de ensino básico de Minas Gerais em até dez anos. A constatação é feita por especialistas com base nos números de matrícula em cursos superiores. No caso da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a maior do Estado, a procura pela carreira caiu 4% nos últimos anos. Em 2010, foram 6.815 matriculados, contra 6.510 neste ano.
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Para o professor de sociologia da educação e coordenador do Colegiado Especial de Licenciatura da UFMG, João Valdir Alves de Souza, o desinteresse pelos cursos de licenciatura - que formam professores - é preocupante e pode resultar na falta de professores em breve. "Mantida a atual tendência, em três ou cinco anos, não teremos candidatos aos cursos de licenciatura", afirmou, ressaltando que a relação candidato/vaga de cursos como letras e matemática diminuiu de cerca de 30 para apenas três nos últimos dez anos. "A UFMG está formando menos professores que no passado", constatou.
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O Censo da Educação Superior 2011, divulgado na última semana pelo Ministério da Educação (MEC), mostrou que a realidade é a mesma em todo o país. Segundo o levantamento, entre 2010 e 2011, o número de matrículas nos cursos de licenciatura ficou estagnado.
Sem estímulo. O motivo para a queda na procura é unanimidade entre os especialistas. "A carreira no magistério tem sido de baixa atratividade", afirmou Mozart Neves Ramos, conselheiro da Organização Não Governamental (ONG) Todos pela Educação. De acordo com ele, os baixos salários aparecem como o principal motivo para os jovens fugirem da profissão. "Um professor no Brasil ganha, em média, 40% menos que outros profissionais com a mesma titulação. E não é só o salário que resolve. Falta um plano de carreira", afirmou. A desvalorização social da carreira é outro problema. "Vivemos um cenário em que a figura do mestre tem sido empalidecida", afirmou Valdir Souza. Junto com isso, segundo ele, estão as condições de trabalho dos profissionais, que enfrentam falta de estrutura nas escolas e violência vinda de alunos.
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Para Mozart Ramos, entretanto, é preciso investir na profissão, de modo a resgatar o prestígio da carreira. "A gente tem que fazer esse diagnóstico, mas acho que a saída passa por um pacto social pela valorização da carreira do magistério como um todo. Em outros países, os professores ganham tanto ou mais do que um engenheiro ou um médico qualquer", concluiu.
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Para Mozart Ramos, entretanto, é preciso investir na profissão, de modo a resgatar o prestígio da carreira. "A gente tem que fazer esse diagnóstico, mas acho que a saída passa por um pacto social pela valorização da carreira do magistério como um todo. Em outros países, os professores ganham tanto ou mais do que um engenheiro ou um médico qualquer", concluiu.
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Carreira
Jovens não querem dar aulas
Os problemas apresentados pelos especialistas são perceptíveis também na forma como os alunos de cursos de licenciatura lidam com a carreira. A estudante do segundo período de letras Danielle Cardoso Ferreira, 22, por exemplo, não pensa em ser professora, apesar de já dar aulas particulares de português. "Esse era um curso que eu jamais pensei em fazer. Mas comecei e gostei. Só que o que quero mesmo é trabalhar com edição de livros", disse.
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Já a estudante Poliana Jardim Rodrigues, 24, entrou na faculdade de história por afinidade com a área e com o ato de ensinar. "Comecei com a intenção de partir para a rede pública, mas, depois que vi as dificuldades da profissão, resolvi ficar com pesquisa", explicou a jovem, que ressalta os baixos salários e as greves enfrentadas pela classe como os principais pontos de desânimo.
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Para Julia Lery, 21, que concilia o curso de história com uma faculdade de jornalismo, a falta de estrutura em muitas escolas e os casos de violência contribuem para esse cenário. "A maioria das pessoas que optam pela faculdade quer ser professor, mas, logo que elas entram na área, aparecem as frustrações", disse.
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A diretora do instituto de ciências humanas da PUC Minas, Carla Ferreti, credita parte dessa rejeição à forma como a sociedade tem visto a carreira de professor. "Isso acontece por essa impressão que as famílias têm de que as melhores carreiras são as que estão na moda". (Fonte: O Tempo (MG))
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Já a estudante Poliana Jardim Rodrigues, 24, entrou na faculdade de história por afinidade com a área e com o ato de ensinar. "Comecei com a intenção de partir para a rede pública, mas, depois que vi as dificuldades da profissão, resolvi ficar com pesquisa", explicou a jovem, que ressalta os baixos salários e as greves enfrentadas pela classe como os principais pontos de desânimo.
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Para Julia Lery, 21, que concilia o curso de história com uma faculdade de jornalismo, a falta de estrutura em muitas escolas e os casos de violência contribuem para esse cenário. "A maioria das pessoas que optam pela faculdade quer ser professor, mas, logo que elas entram na área, aparecem as frustrações", disse.
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A diretora do instituto de ciências humanas da PUC Minas, Carla Ferreti, credita parte dessa rejeição à forma como a sociedade tem visto a carreira de professor. "Isso acontece por essa impressão que as famílias têm de que as melhores carreiras são as que estão na moda". (Fonte: O Tempo (MG))
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