segunda-feira, 15 de junho de 2015

Gênero de Desinformação : “Educação sexual compulsória”

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PARA: JORNAL A TARDE, Salvador
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Enviado em 9.6.2015 - Sobre artigo “Educação sexual compulsória” de Carlos Alberto Di Franco (consulte na web se interessado) Nota: não foi publicado o comentário abaixo pelo Jornal
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Gênero de Desinformação : “Educação sexual compulsória”
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O artigo do jornalista Carlos Alberto Di Franco intitulado “Educação Sexual Compulsória” é ilustrativo do tipo de jornalismo opinativo com tons de arauto da verdade, que decola de preconceitos mascarados em conhecimentos e dados que não contribui nem para informar nem para formar criticamente, ou seja para indicar polemicas e contribuir para controvérsias, posições embasadas em conhecimentos, como se espera de um bom jornalismo. Apresenta como ‘verdades’ um conjunto de bobagens sobre o que ele afirma saber e criticar, “ideologia de gênero”, “relação entre [perspectiva de gênero] e pedofilia”, ‘banalização da sexualidade’, etc. Texto de inquisição tão próprio desses tempos de tentativa de volta à barbárie, fundamentalismos, que se alimentam da ignorância cultural e política, medo de culturas não repressivas, do reconhecimento da diversidades, de formas de estar e querer ser. Além do mais gênero não é conceito que goze de consenso nem entre feministas, ativistas do movimento LGBT, sociólogos, antropólogos e outros saberes e fazeres no campo de direitos humanos, direitos sexuais e reprodutivos.
Se para alguns se refere ao debate sobre sistema social de relações entre os sexos, as assimetrias nessas relações, comumente, vitimando mulheres ou sobre construções sociais do como ser considerado homem ou mulher, para outras correntes seu potencial é colaborar com o respeito à diversidade, trânsitos, combater homofobias, e codificações deterministas. Ora gênero, conta hoje com respeitável literatura nacional e internacional que engloba várias perspectivas, inclusive por grupos bem formados em teologia, como as “Católicas pelo Direito a Decidir”.
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O tema da sexualidade não passa hoje, como defende o articulista, “a gerar novos dogmas e tabus”, mas sim, vem passando por questionar velhos dogmas e tabus que tantas, violências, frustrações e repressões por hipocrisias vem causando há muito. Se a escola mais investisse em debates críticos, e estivesse antenada com questões do seu tempo, vivencias e querências de juventudes, como discutir diversidade, sexualidade, racismo e gênero, entre outros temas, um panfleto retrógado como esse artigo não teria potencial tão perigoso, alimentando preconceitos Respeito a livre opinião, mas esse tipo de panfleto retrogrado deveria ser contrabalançado com artigos jornalistas mais arejados e informados.
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 Mary Garcia Castro, socióloga, castromg@uol.com.br
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