sábado, 23 de março de 2013

Alunos da rede estadual tomam ruas do Centro

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Estudantes de oito colégios da rede estadual tomaram as ruas do Centro em protesto na manhã desta sexta-feira (22). Entre os participantes do movimento unificado pela melhoria nas condições de ensino estavam alunos das escolas estaduais Batista de Oliveira, Delfim Moreira (Grupo Central), Duarte de Abreu, Duque de Caxias, Estevão de Oliveira, Fernando Lobo, Instituto Estadual de Educação (Escola Normal) e Juscelino Kubitschek (JK). O ato também contou com apoio de movimentos estudantis e sindicais, além de alguns pais e professores, provocando retenções nas principais vias da região central. Quem se deparou com o trajeto da passeata se surpreendeu com a quantidade de gente e precisou aguardar para prosseguir. "Acho muito bom fazerem isso, porque é um absurdo vermos a degradação desses prédios históricos das escolas estaduais. Estudei no Grupo Central e tenho muito amor por este espaço", disse uma aposentada que passava na hora do protesto. Já alguns motoristas ficaram impacientes com as interrupções no tráfego e preferiram cortar caminho, desviando do ato.
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Depois de se concentrarem em frente à Escola Normal, na esquina da Rua Espírito Santo com a Avenida Getúlio Vargas, os manifestantes tomaram a pista de subida da Avenida Itamar Franco até o cruzamento com a Avenida Rio Branco. Na via, eles realizaram paradas em frente à Superintendência Regional de Ensino (SRE) e ao colégio Delfim Moreira. O movimento provocou retenções no trânsito da região central, devido à aglomeração de manifestantes. Conforme estimativa de policiais lotados no Pelotão de Trânsito da Polícia Militar (PPTran), cerca de 200 pessoas participaram do protesto. Já o grupo de estudantes que liderou a ação acredita que pelo menos 300 estudantes acompanharam a passeata. Policiais militares seguiram o percurso para garantir a segurança e para que o fluxo de veículos não fosse totalmente interrompido. Já no final da manhã, na dispersão do ato iniciado às 7h, agentes de trânsito também atuaram nos principais cruzamentos.
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Os manifestantes ainda tomaram por alguns minutos as escadarias da Câmara Municipal, no Parque Halfeld, mas depois saíram novamente caminhando pelas ruas do Centro até chegarem à esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Espírito Santo, onde se localiza a sede da SRE, no edifício Alber Ganimi. Os alunos chegaram a montar uma comissão com integrantes de todas as escolas, com a intenção de se reunirem com representantes da superintendência. No entanto, desistiram de aguardar em frente ao prédio e seguiram novamente em protesto até o Conservatório Estadual de Música, localizado na Rua Batista de Oliveira.
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Conforme o presidente do grêmio estudantil do Instituto Estadual de Educação, Juliano Rezende, 17 anos, o movimento foi organizado pelos próprios alunos e tem a intenção de cobrar do Governo de Minas e da SRE medidas urgentes para melhorar o ensino na rede pública do estado. No início do mês, outros protestos foram realizados questionando a falta de professores e a demora em solucionar falhas na infraestrutura de algumas instituições de ensino, o que foi denunciado em uma série de reportagens da Tribuna. "Esses meninos se mobilizaram para lutar por uma educação de qualidade e contra o sucateamento das escolas. Eles não querem que se repita nos próximos anos a demora na contratação de professores, já que, até agora, temos quadros incompletos", disse a professora de história Ângela de Paula. Pai de uma aluna da escola Duque de Caxias, Francisco Martins, 56, acompanhou o protesto. "Vivemos em um país onde há liberdade para manifestar, mas faltam movimentos como este, para denunciar os problemas e cobrar a aplicação do dinheiro público."
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Vereadores se mobilizam para acompanhar a situação
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Depois de os alunos tomarem a escadaria da Câmara Municipal no protesto da manhã de sexta, o assunto foi alvo de comentários dos vereadores na reunião que ocorreu em seguida no plenário. Depois da pauta, a Comissão de Educação da Casa, integrada pelos vereadores Roberto Cupolillo (Betão-PT), Ana Rossignoli (PDT) e Jucélio Maria (PSB), informou que pretende realizar encontro com os representantes da Superintendência Regional de Ensino (SRE) e da Secretaria de Educação municipal no próximo dia 8 de abril. Uma audiência pública também foi solicitada por Luiz Otávio Coelho (Pardal - PTC) para discutir o tema no dia 17. Ana Rossignoli (PDT) disse ainda que vai entregar representação a ser encaminhada para SRE, Secretaria de Estado de Educação e Governo de Minas cobrando solução para a questão, que envolve falhas na infraestrutura, atraso na contratação de docentes, falta de mobiliário e turmas que estariam com mais alunos do que a capacidade física das salas.
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A assessoria de imprensa da Secretaria Estado de Educação (SEE) informa que a superintendente Belkis Furtado recebeu um grupo de alunos na manhã desta sexta, para ouvir as demandas. À tarde, foi realizada reunião com os diretores das escolas para repassar os questionamentos, que serão apurados. Caso as denúncias tenham procedência, a pasta diz que tomará as providências cabíveis. Em relação à falta de professores, a assessoria informou que um problema ocorrido no início do período letivo no sistema de contratação atrasou algumas designações, tendo sido corrigido rapidamente, mas defende que as nomeações de concurso público realizado foram iniciadas e que, até julho, 150 vagas serão preenchidas na cidade, solucionando este problema.
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Quanto às falhas estruturais nas escolas Delfim Moreira e Duarte de Abreu, que envolvem desde portas e janelas quebradas, infiltrações, goteiras, falta de mobiliário e falhas no assoalho (que cedeu na Delfim Moreira, provocando acidentes com aluno e professor), a SEE disse que, como medida emergencial, autorizou o aluguel de um imóvel para transferência dos alunos da Delfim Moreira até que as obras sejam realizadas no prédio atual, que é tombado pelo Município. O projeto de restauro e reforma orçado em R$ 200 mil está em fase de elaboração, e um espaço para alugar já estaria em análise. Já na Duarte de Abreu, a secretaria afirma que, desde o ano passado, recursos da ordem de R$170 mil foram empregados na reforma do telhado e do banheiro dos alunos. Além disso, no fim de 2012, outros R$ 160 mil teriam sido liberados para obras gerais, que estão em fase de licitação. As escolas Batista de Oliveira, Duque de Caxias, Normal e JK também serão contempladas com reforma. No caso da Normal, cerca de R$ 300 mil já foram liberados para realização do projeto.
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Sobre as denúncias de salas com mais alunos do que a capacidade física, a SEE diz que os diretores não confirmam a situação, já que o espaço é analisado e há lei que restringe o número máximo por etapa educacional. No caso da Escola Normal, foi verificada a possibilidade de redistribuir as turmas do terceiro ano do ensino médio, e houve ampliação para sete classes, sendo que, nas salas menores, foram colocados cerca de 30 alunos, e as maiores estão com 38.
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Fonte: Tribuna de Minas (JF- MG)

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