sábado, 16 de março de 2013

15 de março – Dia da Escola: há o que comemorar?

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Paulla Helena Silva de Carvalho* 
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Estamos, mais uma vez, atrelando uma data comemorativa a um espaço ou acontecimento social. Isso já faz parte da cultura dos diferentes povos. Porém, cabe lembrar a intencionalidade de uma comemoração. É verdade que, no presente momento, a maioria das datas comemorativas levam ao consumo. Ou seja, cada vez mais datas são criadas não somente para comemorar mas para comprar, movimentar o mercado. 
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Comemorar o Dia da Escola, decididamente, não dialoga com esta visão. Se bem que não seria má ideia, ao menos neste dia, que ela recebesse “presentes materiais” — ou seja, todo investimento público que falta no ano aparecesse ao menos neste dia. Mas, ironias à parte, podemos rapidamente analisar que a escola de hoje não pode ser analisada nem de forma generalizada nem tão pouco individualmente, pois esta instituição é social e, portanto, coletiva. Assim sendo, seus avanços e retrocessos não podem ser vistos como ganhos individuais — ou seja, a educação de todo o povo brasileiro pouco ganha ao se provar que um exemplo de escola deu certo, pois os demais por vezes vão mal. Na mesma lógica, dizemos que em um determinado município as escolas vão bem, mas no seu vizinho não!  
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Tal exemplo leva-nos a afirmar que o movimento da escola hoje é fragmentado. As políticas e programas colocados para a educação não são pensados e, muito menos, implementados na maioria das escolas.  O pior de tudo isso é saber que, embora haja avanços em algumas instituições e regiões, este salto não pode ser visto como reflexo da totalidade brasileira. E grave é saber que a educação é um direito social básico e, por isso, deve alcançar a totalidade da população! Assim, comemoraríamos o Dia da Escola sem qualquer sombra de dúvidas. 
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Comemoração também nos remete a festejar. Ou seja, comemora-se alegremente e, por esse motivo – e utilizando o título de uma obra de Snyders – pergunto: onde está a “alegria da escola”, para que possamos comemorar?  Uma coisa podemos saber: a alegria da escola não está somente em paredes coloridas, cadernos novos, bolas e parquinhos com areia. A alegria da escola está em ensinar! Ou seja, cumprir sua função social: a socialização dos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade, como forma de formação e elevação cultural das massas. No dia em que tal função seja reconhecida socialmente como importante, para além da informação fragmentada e técnica do aluno ou da redução de seu papel a um mero espaço de convivência, poderemos comemorar muito. 
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Para que isto ocorra, existe um processo de conquistas muito grande. Entre os pontos mais comentados está a melhoria da condição concreta do trabalho do professor, no que tange desde sua formação com qualidade, até seu salário, o número de alunos por turma. Por isso, não devemos tampar os olhos diante do fato de que verdadeiramente a educação nunca foi prioridade no Brasil, como já afirmava Faoro, embora esteja sempre presente nos discursos dos políticos. Pois, para enfrentar um problema, temos que reconhecê-lo como tal e não só comemorar sem entender sobre quais circunstâncias a festa se dá!  
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Por isso é que no dia 15 de março dou parabéns aos que compreendem esses elementos que envolvem a educação e a escola brasileira – e mais ainda aos que corroboram em defesa de uma educação de qualidade para todos! 
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* Paulla Helena Silva do Carvalho, professora e coordenadora do curso de Pedagogia da UniBrasil, é mestre em educação.
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Fonte: Jornal do Brasil on line

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