Os professores brasileiros de escolas de ensino fundamental, gastam, em
média, 25 horas por semana só com as aulas. O número é superior à média de
aproximadamente 30 países, como a Finlândia, Coreia, Estados Unidos, México e
Cingapura. Lá, os professores gastam, em média, 19 horas por semana ensinando em
sala de aula, ou seja, um porcentual 24% menor. O posição brasileira é inferior
apenas à do Chile, onde os professores gastam quase 27 horas em aulas.
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O docente brasileiro, contudo, usa até 22% mais de tempo que a média dos
demais países em outras atividades da profissão, como correção de "tarefas de
casa", aconselhamento e orientação de alunos. Todos os dados são da mais recente
Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) divulgada nesta
quarta-feira (25) na França.
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Junto com o Brasil, não foram apenas países ricos e integrantes da
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - coordenadora da
pesquisa - que participaram do estudo. Outras nações emergentes e também países
menos desenvolvidos fizeram parte da pesquisa. Polônia, Bulgária, Croácia,
Malásia e Romênia fazem parte do conjunto de nações integrantes da edição 2013
da Talis. Os dados foram obtidos junto a mais de 14 mil professores brasileiros e cerca
de 1 mil diretores de 1070 escolas públicas e privadas de todos os estados do
País. Os docentes e dirigentes responderam aos questionários da pesquisa, de
forma sigilosa, entre os meses de setembro a novembro de 2012. Cada questionário
tinha cerca de 40 perguntas.
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Em âmbito nacional, o estudo foi coordenado pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), vinculado ao Ministério da Educação
(MEC). Em 2007, o Brasil também participou da primeira rodada da pesquisa, a
Talis 2008, que foi publicada no ano seguinte.
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Objetivo: A pesquisa tem como principal objetivo analisar as condições de
trabalho que as escolas oferecem para os professores e o ambiente de
aprendizagem nas salas de aula. De acordo com o Inep, "a comparação e análise de
dados internacionais permite que os países participantes identifiquem desafios e
aprendam a partir de políticas públicas adotadas fora de suas fronteiras".
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Diferente do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), que
prioriza a avaliação dos alunos, do seu contexto e da escola, no Talis, o foco
está mais centrado nos docentes. "O programa Talis é um programa de pesquisas
que visa preencher lacunas de informação importantes para a comparação
internacional dos sistemas de ensino", afirma estudo da Universidade Federal do
Paraná liderado pela pesquisadora Rose Meri Trojan.
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"Desperdício"
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A pesquisa também quis saber do professor quanto tempo de
aula é voltado, efetivamente, para a aprendizagem. E o número é pouco animador
para o Brasil. Mesmo com uma carga de 25 horas de aulas por semana, mais de 30%
do tempo desses encontros regulares é "desperdiçado" em tarefas de manutenção da
ordem dentro da sala e em questões burocráticas, como o preenchimento de
chamadas e outras atividades administrativas. Só o tempo gasto para por "ordem na bagunça" dos estudantes representa 20% do
tempo total da aula. Com serviços administrativos, são gastos 12%. De aula
mesmo, ou seja, atividades de aprendizagem, o professor dispõe apenas de 67% do
tempo. É a pior situação entre todos os países avaliados. Na média dos países
pesquisados, quase 80% do tempo é voltado, exclusivamente, para a
aprendizagem.
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"Precisamos otimizar mais o tempo em sala de aula. O Brasil ainda tem como
foco o ensino, mas é preciso se voltar para a aprendizagem. Não podemos
desperdiçar tanto tempo com outras questões", afirma Ocimar Alavarse, professor
da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ele, um dos principais fatores de dispersão do aluno é a própria
defasagem que ele tem em termos de conhecimento por uma série de fatores,
inclusive os socioeconômicos. "Os alunos que chegam no fundamental veem com
baixa proficiência ou possuem uma diferença muito grande em relação aos demais
estudantes. Isso é um dos fatores que faz com que ele não fique atento às aulas
e o professor precise gastar mais tempo organizando a dispersão", fala
Alavarse.
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Deslocamento - Além de usar mais horas por semana ensinando, parte dos
professores brasileiros ainda sofre com o desgaste em descolamentos. Isso
porque, muitos deles trabalham em mais de um estabelecimento.
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"Ainda temos que enfrentar o desafio da reorganização do corpo de professores
nas escolas públicas. O ideal era que ele estivesse vinculado a apenas uma
escola. No entanto, é comum docentes, especialmente dos anos finais do ensino
fundamental, ensinarem em mais de um estabelecimento, já que certas matérias que
eles lecionam têm uma carga horária e número de turmas limitado", afirma Daniel
Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
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No Brasil, cerca de 40% dos mais de 2 milhões de professores da educação
básica dão aulas em cinco ou mais turmas. E aproximadamente 20% deles ensinam em
pelo menos dois estabelecimentos. Já em São Paulo, 26% dos professores dão aulas
em duas escolas. Os dados são do Censo Escolar 2013 divulgado no início deste
ano pelo MEC.
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Perfil - Além dos dados sobre condições de trabalho e ambiente de aprendizagem, a
pesquisa da OCDE também traçou o perfil do docente brasileiro. Confira os números da
pesquisa aqui.
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'Educação não é mercadoria: setor privado precisa de uma
regulamentação urgente'
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Depois da participação na aprovação, pelo
Congresso, do Plano Nacional de Educação (PNE) - uma das principais bandeiras de
reivindicação da União Nacional dos Estudantes (UNE) -, a entidade vai focar sua
atuação, a partir de agora, na regulamentação mais efetiva do ensino superior
privado do País. Essa supervisão mais eficiente das 2.112 faculdades, centros universitários e
universidades particulares (87% do total de instituições de ensino superior do
Brasil) será possível com a aprovação do projeto de lei que cria o Instituto
Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior (Insaes). Isso é o que
afirma a presidente da UNE, Virgínia Barros, de 28 anos.
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"Quem se posiciona de forma contrária ao projeto fala que é mais um instituto
que vem para inchar o Estado brasileiro e aumentar a burocracia. Eu não concordo
com essa avaliação. Acho que o Insaes vem para aumentar a eficiência do próprio
Estado no processo de fiscalização", afirma Vic, como é mais conhecida.
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Confira, no vídeo, a
posição da UNE sobre a regulamentação do ensino privado, o balanço da gestão no
primeiro ano de mandato encerrado agora em junho, além de outros temas
envolvendo políticas públicas, movimento estudantil, eleições e Copa. Aqui.
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Superinstituto - O novo 'superinstituto' do Ministério da Educação (MEC)
prevê a criação de mais de 500 cargos públicos ao custo que ultrapassa os R$ 40
milhões. O Insaes passaria a assumir algumas atividades da Secretaria de
Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) do MEC e do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), ambos responsáveis pela
regulação do setor.
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Hoje, tanto o Inep quanto a Seres sofrem com falta de pessoal e
infraestrutura, o que compromete a fiscalização da qualidade do ensino ofertado
pelas instituições privadas. Contudo, o projeto - que foi apresentado pelo executivo federal em 2012 -,
ainda está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da
Câmara. O Ministério da Educação (MEC) esperava que ele fosse apreciado ano
passado para que passasse a valer a partir deste ano.
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O setor privado, em geral, critica a criação e a formatação do instituto.
Atualmente, o total de estudantes matriculados em faculdades e universidades de
ensino superior no País ultrapassou a marca de 7 milhões em 2012. Mais de 70%
desses alunos estudam em instituições privadas.
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