“Em seis ensaios mais ou
menos autônomos, Zizek envereda no livro por diferentes temas – as
manifestações nos subúrbios de Paris, a desestruturação da ordem social em Nova
Orleans após a passagem do furacão Catarina, o medo da criminalidade e do
terror, o fenômeno social da filantropia e o culto da tolerância – para chegar
sempre à mesma conclusão, estabelecida de antemão como a grade na qual deve se
encaixar a realidade: existe uma violência invisível nas relações
socioeconômicas. Se isso é evidente e mesmo inquestionável, Zizek ignora
surpreendentemente um tema da ciência política fundamental: o do monopólio da
violência pelo Estado. Sem a referência explícita a essa questão, qualquer
interpretação do fenômeno da violência cairá na ideia inocente e falsa de que
todas as violências se equivalem, ou de que existem sistemas políticos nos
quais o Estado abre mão de formas legítimas de coerção. Como afirmou George
Orwell, aliás citado por Zizek, “as pessoas dormem tranquilamente à noite
porque existem homens brutos dispostos a praticar violência em seu nome”. In: A
violência segundo Zizek e uma canção da Jovem Guarda. Por Luciano Trigo. G1 | Máquina de Escrever | 27 de julho de 2014. Fonte: http://www.boitempoeditorial.com.br/v3/News/view/3590
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