sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Para cada branco assassinado, três negros têm o mesmo destino

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Em Belo Horizonte, para cada branco assassinado, pelo menos três negros são mortos. O dado, divulgado na quinta-feira (29) pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir), corrobora como a população negra está desproporcionalmente mais suscetível à violência.
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Em 2010, foram 653 assassinatos de negros na capital, contra 189 de brancos – em um universo de 1,2 milhão de habitantes negros e 1,1 milhão de brancos. Naquele ano, a cidade apresentou uma taxa de homicídios de 52,5 mortes por grupo de cem mil habitantes negros, índice superior ao do Rio de Janeiro (35,6) e de São Paulo (18,4).
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Para o secretário executivo da Seppir, Mário Lisboa Theodoro, o problema está diretamente ligado à pobreza, à falta de infraestrutura e de oportunidades de trabalho. “Muitos sofrem com o racismo”, afirma.  O estudo aponta que a violência extrapolou o território das capitais e regiões metropolitanas e migrou para outras partes dos Estados, onde houve aumento de investimentos. “O fenômeno da violência, até meados dos anos 1990, estava concentrado nos grandes centros urbanos. Mas o aumento de investimentos em cidades médias e pequenas fez o crime espalhar”.
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Para o especialista em segurança pública Luiz Flávio Sapori, enquanto a segurança for tratada de forma secundária, o “massacre” de negros continuará. “A maior parte dos homicídios acontece nas periferias, onde a população negra é maior”.
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Vítimas da polícia
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Moradores do Aglomerado da Serra, onde um pedreiro foi executado por um policial no início desta semana, reclamam da brutalidade nas incursões feitas ao local. O jardineiro W., de 26 anos, retornava do serviço quando foi abordado por militares. “Fui preso acusado de roubar as ferramentas que uso apara trabalhar. Me senti desrespeitado como cidadão. Tudo o que eu tentava dizer era interrompido com gritos e acabei dentro de um camburão”, afirmou o jovem.
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Arma na cabeça
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Também negro, L., de 18 anos, foi parado por PMs em uma blitz. “Eles nem quiseram conversa. Me mandaram ajoelhar e, com um arma apontada, fui revistado e tive de ficar assim por quase duas horas”, disse. O coronel Alberto Luiz Alves, porta-voz da PM, informou que não se pode relacionar a criminalidade à raça ou condição social. E que as reclamações no aglomerado são resultado do clima tenso no local.
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Fonte: Hoje em Dia (MG)

Reflexões sobre a tortura, torturados e torturadores

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Por Leonardo Boff*
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Com a instauração da Comissão Memória e Verdade, vem à tona, com toda a sua barbárie, a tortura como método sistemático do Estado ditatorial militar de enfrentar seus opositores. Já se estudaram detalhadamente os processos de desumanização do torturado e, também, do torturador. Este precisa reprimir sua própria humanidade. Muitos torturadores acabaram suicidando por não aguentarem tanta perversidade.
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Quero, entretanto, destacar um ponto nem sempre suscitado na discussão e que foi muito bem-analisado por psicanalistas, especialmente na Alemanha pós-nazista e, entre nós, por Hélio Peregrino, já falecido.
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O mais terrível da tortura política é o fato de que ela obriga o torturado a lutar contra si mesmo. A tortura cinde a pessoa ao meio. Coloca a mente contra o corpo.
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A mente quer ser fiel à causa dos companheiros, não quer entregá-los. O corpo, submetido a extrema intimidação e aviltamento, tende a fazer a vontade do torturador. Essa é a cisão.
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Mas há um ponto a ressaltar: o torturado pode ser vítima de mecanismos inconscientes de identificação com o agressor. Ao se identificar com ele, consegue, psicologicamente, exorcizar o pânico e sobreviver.
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O torturado que sucumbiu a essa desesperada contingência de autodefesa incorpora sinistramente a figura do torturador. Este consegue abrir uma brecha na alma do torturado, penetra lá onde moram os segredos mais sagrados e onde a pessoa alimenta seu mistério. Ultrapassa os umbrais da profundidade humana para possuir a vítima e fazê-la um outro, alguém que acaba reconhecendo ser de fato um elemento subversivo, inimigo da pátria e da humanidade.
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Os torturadores Albernaz e Fleury eram peritos nessa perversidade. Fleury disse a Frei Tito, como aparece no terrificante filme de Helvécio Ratton "Batismo de Sangue", baseado no livro de Frei Betto, que deixaria nele marcas que ele jamais esqueceria. Efetivamente, conseguiu cindir-lhe a mente e o corpo e penetrar na sua intimidade, a ponto de ele, no exílio na França, sentir a todo momento a presença de seu algoz. Deixou um bilhete: "Prefiro tirar minha vida a morrer".
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Esse tipo de tortura faz da desumanização o eixo de uma prática. Trata-se da completa subversão do humano e de suas referências sagradas. É seguramente um dos maiores crimes de lesa-humanidade que pode existir.
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Tais perversidades não podem obter nenhuma anistia. Por onde andarem os torturadores, a vida os acusará, porque violaram a sua suprema sacralidade.
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E há ainda a tortura dos desaparecidos, crucificando seus entes queridos. A guerrilha do Araguaia até hoje não foi reconhecida totalmente pelos militares. Lá se cometerem todos os excessos contra os guerrilheiros.
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Sumiram com seus cadáveres. Fizeram desaparecerem suas vidas e pretendem apagar suas mortes.
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Os torturadores e seus mandantes estão aí, agora, ameaçados pelo esculacho do movimento Levante Popular da Juventude, que não os deixa descansar a consciência.
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Poderá haver a anistia pactuada dos homens. Mas não haverá anistia perante a consciência e perante Aquele que se apresentou sob a figura de um preso, torturado e executado na cruz. Jesus, feito juiz supremo, julgará aqueles que violaram a humanidade mínima. Chegará o dia em que todos os desaparecidos aparecerão. Eles virão, como diz o Apocalipse, da grande tribulação da história. Então, será definitivamente verdadeiro: "Nunca mais uma ditadura. Nunca mais desaparecidos. Nunca mais a tortura".
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* É professor, teólogo e escritor
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Fonte: Jornal O Tempo (MG)

Ensino médio terá sexta aula, voltada para o mercado

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Por Joana Suarez
A partir de 2013, 133 escolas estaduais mineiras vão ter uma nova grade curricular no ensino médio. Alunos do 1º, 2º e 3º anos terão uma aula a mais por dia, em um sexto horário, voltada para o mercado de trabalho. Estudantes, professores e especialistas se dividem quanto às implicações da mudança, que foi testada em 11 escolas estaduais da região Norte de Belo Horizonte.
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O projeto Reinventando o Ensino Médio, criado pela Secretaria de Estado de Educação (SEE), inclui disciplinas de turismo, comunicação aplicada e tecnologia da informação - o aluno pode escolher uma das áreas. Neste ano, o projeto piloto foi implementado apenas para os alunos do 1º ano. Em 2013, ele será ampliado para outros 122 colégios, se estendendo ao 2º ano. Até 2014, a expectativa é que os estudantes do 3º ano também tenham as novas disciplinas e que as mudanças atinjam todas as 3.700 escolas da rede estadual mineira.
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A socióloga da Universidade Federal de Minas (UFMG) Maria das Mercês Mesquita acredita que a proposta tira a liberdade da escola e não resolve problemas mais urgentes do ensino. "Cada escola deve definir seus projetos, adequando-se à realidade de suas comunidades. Será que sugerir mais conteúdos resolve o problema do ensino médio? Será que o que as escolas do Vale do Mucuri precisam é de aula de turismo?". Já a vice-diretora do Centro Pedagógico da UFMG, Selma Moura, acredita que toda mudança no ensino tem que ser experimentada. "Pensar no mercado de trabalho é uma saída para atrair os jovens, que acabam ficando mais tempo em lan houses que na escola".
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A estudante Miriam Ferreira Vital Ramos, 16, reclama de que é justamente neste período - entre o 1º e 3º ano - que os alunos se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "Eu preferia me dedicar às matérias que vão cair no Enem. O sexto horário poderia ser uma aula de reforço, em vez de curso de comunicação", defende a aluna, da Escola Estadual Paschoal Comanducci, que faz parte do projeto piloto. Já Maurício Thadeu Figueiredo, 16, que está tendo aulas de turismo, vê a mudança como uma oportunidade. "É bom aprender sobre como receber as pessoas. Estamos aprendendo uma profissão, quem sabe, para o futuro".
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O objetivo do projeto, segundo o Estado, é tornar o ensino mais atrativo para reduzir a evasão escolar. Na Escola Estadual Paschoal Dominicci, no bairro Jaqueline, na região Norte, segundo o diretor Hermelindo Santana, nenhum aluno do 1º desistiu do colégio neste ano. Em 2011, 28 estudantes abandonaram o ano letivo. "Com o projeto, notamos também um aumento da demanda por vagas. O projeto se tornou um atrativo porque pensa no mercado sem tirar o foco do Enem". (Com Fernanda Viegas)
Professores das escolas vão ministrar disciplinas
A Secretaria de Estado de Educação (SEE) informou que os responsáveis por ministrar as novas aulas serão os próprios professores das escolas. O docente de história, por exemplo, dará aula de turismo; o de física vai ministrar o curso de tecnologia da informação. Para isso, eles vão receber treinamento da SEE em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O problema é que os profissionais que já foram capacitados reclamam da superficialidade do curso, e os especialistas afirmam que o objetivo do projeto só será alcançado se as aulas forem de qualidade.
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Segundo a professora de biologia Márcia Lima, 33, que está dando aula de turismo, a preparação para o projeto foi de apenas uma semana. "Não recebemos uma formação específica. O conteúdo para trabalhar, a gente é que construiu e vai adaptando junto com os alunos". Para a pedagoga e mestre em educação Rosângela Teles, o projeto só é válido se for ministrado por profissionais capacitados. "Toda área de conhecimento tem seu especialista, nem todo professor de história sabe de turismo. Para fazer algo malfeito, é melhor não fazer".
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Coordenadora do projeto na escola Paschoal Comaducci, Cristina Peixoto admite que a capacitação foi uma dificuldade. "Seria melhor serem profissionais com experiência nas áreas específicas. Talvez formandos", disse. A coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), Beatriz Cerqueira, afirma que os projetos implantados não são discutidos com a categoria. "Eles só servem para fazer propaganda para o governo, nunca vão para frente", afirmou. (JS/FV) - Fonte: Jornal O Tempo (BH).

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

MEC altera cálculo de nota de curso superior

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por FÁBIO TAKAHASHI - DE SÃO PAULO.
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O Ministério da Educação decidiu alterar o cálculo da nota dos cursos de ensino superior. O quesito professor com doutorado perdeu peso, enquanto aumentou o valor para o docente com mestrado e com dedicação integral.
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Chamada de CPC (Conceito Preliminar de Cursos), a nota é usada para fiscalizar os cursos superiores. Os que ficam com nota 1 ou 2 (numa escala até 5) são inspecionados e podem até fechar.
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A diminuição do peso para doutores era um pedido das instituições privadas, que afirmam ser difícil contratar professores tão qualificados em algumas áreas do conhecimento ou regiões do país. Profissionais com doutorado tendem também a ganhar mais e serem mais qualificados por fazerem pesquisas.
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Para educadores, houve afrouxamento nas exigências de qualidade. O MEC diz que o momento é o de induzir melhorias em outros aspectos.
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Com a nova fórmula, a proporção de professores com doutorado cairá de 20% para 15% da nota. Os cinco pontos serão distribuídos entre os quesitos docentes mestres e com dedicação integral.
Também haverá aumento no peso para a existência de projeto pedagógico e a qualidade da infraestrutura.
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INGRESSANTES
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Essa elevação virá do quesito nota dos ingressantes no Enade (exame de universitários), que deixará de ser contabilizada, pois os calouros não fazem mais a prova. "Já estamos em um bom patamar em alguns pontos e precisamos induzir a melhoria de outros", disse o presidente do Inep (responsável pela avaliação), Luiz Cláudio Costa, sobre a redução do peso para doutores no CPC. "A redução não foi tão alta."
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Nos últimos cinco anos, a proporção de doutores nas instituições subiu de 22% para 29%. Já a dedicação integral subiu de 36% para 47%.
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"Uma alteração dessa faz com que as instituições segurem a contratação de doutores, o que traz prejuízos à qualidade", afirmou o pesquisador da área de educação José Rothen, da Ufscar.
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Diretor do Semesp (sindicato das universidades privadas), Rodrigo Capelato diz que a alteração corrige "em parte" distorções. "O peso para doutor era grande. Melhorou, mas segue alto."
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Fonte: Folha de São Paulo on line

Brasil aparece em penúltimo em ranking de educação

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Estudo leva em conta testes internacionais e coloca à frente do Brasil nações como Colômbia, Tailândia e México

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Sala de aula de escola estadual do Rio de Janeiro
Brasil faz feio em novo ranking de educação (Eduardo Martino/Documentography)
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A educação brasileira fez feio em outro ranking internacional. Divulgado nesta terça-feira, o índice de qualidade elaborado pela empresa Pearson, de materiais e serviços educacionais, coloca o Brasil na penúltima posição da lista, atrás de nações como Colômbia, Tailândia e México. Apenas os estudantes da Indonésia figuram atrás dos brasileiros. Foram avaliados 39 países mais a região de Hong Kong.
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O indicador, batizado Índice Global de Habilidades Cognitivas e Realizações Educacionais, foi feito com base em três testes internacionais de educação: o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), o documento Tendências em Estudo Internacional de Matemática e Ciência (TIMSS) e o Progresso no Estudo Internacional de Alfabetização (PIRLS). Essas avaliações compreendem o aprendizado de matemática, leitura e ciências durante o ciclo fundamental (1º a 9º ano).
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No topo do ranking, figuram Finlândia, na primeira posição, e Coreia do Sul, na segunda. "Ao comparar os sistemas educacionais dos dois países pode ser difícil imaginar resultados semelhantes obtidos a partir de sistemas tão diferentes: o último é frequentemente caracterizado como rígido e de intensa carga de provas e avaliações. Já o sistema finlandês é considerado muito mais tranquilo e flexível. Um exame mais detalhado, porém, mostra que ambos se desenvolvem por meio de professores altamente qualificados, cujos resultados são mensurados", diz o estudo.
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Além do Índide Global, a Pearson lançou nesta terça-feira o portal The Learning Curve (ou "A curva do aprendizado"), site que traz informações dos sistemas educacionais de 50 países. Índices, vídeos, indicadores, cases, artigos, mapas, dados socioeconômicos, infográficos podem ser acessados na nova plataforma.
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Confira o ranking:1. Finlândia
2. Coreia do Sul
3. Hong Kong
4. Japão
5. Cingapura
6. Grã-Bretanha
7. Holanda
8. Nova Zelândia
9. Suíça
10. Canadá
11. Irlanda
12. Dinamarca
13. Austrália
14. Polônia
15. Alemanha
16. Bélgica
17. Estados Unidos
18. Hungria
19. Eslováquia
20. Rússia
21. Suécia
22. República Tcheca
23. Áustria
24. Itália
25. França
26. Noruega
27. Portugal
28. Espanha
29. Israel
30. Bulgária
31. Grécia
32. Romênia
33. Chile
34. Turquia
35. Argentina
36. Colômbia
37. Tailândia
38. México
39. Brasil
40. Indonésia
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Escolas estaduais de MG recebem placas com notas recebidas no Ideb

As escolas estaduais de Minas Gerais começaram a receber placas com as notas recebidas no último Ideb, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. A placa chamou atenção. Ela traz o índice que é apurado a cada dois anos, em todo o ensino fundamental das escolas públicas do país. Nas provas do ano passado, Valter diz que não se saiu bem. “Achei muito difícil”, diz.
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A avaliação considera conhecimentos de matemática e português, além de dados sobre aprovação escolar. Em uma escola em Belo Horizonte, o índice do nono ano do ensino fundamental foi de 3,9, menos que a média de Minas, que é de 4,4.
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“Os nossos resultados não são os piores, mas podem ser melhorados muito. Muito mesmo”, avalia a diretora da escola, Maria Carmem Barbosa. Nas escolas onde forem instaladas, as placas vão ficar em local de muito movimento, bem à vista dos alunos, dos pais de alunos e dos professores para que possam se lembrar, a todo momento, da nota que tiraram no Ideb.
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“Você precisa dar aos pais os instrumentos para que eles saibam qual é a real qualidade da escola do filho, para que então eles possam se engajar e participar, e a escola brasileira precisa desesperadamente da participação e do auxílio dos pais”, opina o especialista em educação Gustavo Ioschpe.
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Mas a iniciativa gerou polêmica. O professor da UFMG, pós-doutor em educação, considera que o índice médio é pouco para informar sobre a qualidade do ensino. “A comunidade saber é essencial, agora a forma de comunicar a comunidade precisa mudar. Ela precisa mudar dando uma visão de quantos estão no nível insuficiente, quantos estão no nível básico, quantos estão no nível avançado, e fazer de uma forma que seja informativa”, diz José Francisco Soares, do Conselho Consultivo do Inep.
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A dona de casa Vitória Vieira acha que o índice já é um avanço. “Aí vai poder haver cobrança das duas partes: dos filhos da gente e dos professores”. Mas ela espera que o Ideb ajude a reduzir diferenças. Em Belo Horizonte, uma escola pública tradicional ficou acima da média. Outra, em uma comunidade, onde Gabriela Ferreira estuda, ficou abaixo. “Pelo menos a gente tentou, conseguiu. Vai melhorar, tomara.”
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Fonte: Jornal Nacional

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Escola pública mantém nota baixa no Enem

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O Ministério da Educação (MEC) divulgou ontem as notas por Escola da edição de 2011 do Exame Nacional do Ensino médio (Enem). Entre os cem melhores colégios com o melhor desempenho na prova aparecem apenas dez Escolas públicas, a maioria unidades de aplicação vinculadas a universidades federais, instituições militares e de Ensino técnico. Embora o Enem não sirva como uma avaliação de qualidade educacional, mas principalmente como uma espécie de vestibular de acesso ao Ensino superior, o resultado da edição do ano passado mostra que as Escolas particulares absorveram melhor a proposta pedagógica do exame, composta por testes de ciências da natureza e tecnologias, ciências humanas, linguagens e códigos e matemática, além da redação. Na edição de 2010, 13 Escolas públicas estavam na lista das cem melhores do Enem.
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O MEC anunciou somente as notas de 10.076 unidades, que representam 40,6% das Escolas de Ensino médio do país. Pouco mais de 1.185 Escolas que tiveram menos de dez Alunos no exame e outras 13.581 com taxa de participação de estudantes concluintes menor de 50% do total da turma foram excluídas da divulgação. Do total geral de médias apresentadas ontem, 199 são federais, 4.968 estaduais, 111 municipais e 4.798 particulares. Na avaliação de Tufi Machado Soares, Professor e coordenador de pesquisa do Centro de Políticas Pública e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), desde que o MEC propôs reformular o conteúdo do Ensino médio em 2009, usando o Enem como base, as Escolas particulares foram as primeiras a se adaptar. "A exemplo da estrutura do Estado, as Escolas públicas são muito engessadas, têm mais dificuldade para mexer no conteúdo, dar mais dinamismo ao que é ensinado", disse Soares durante encontro em São Paulo para discutir o Enem, promovido pelo movimento educacional Todos Pela Educação.
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O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, ponderou que o resultado não pode ser considerado como ranking das melhores Escolas de Ensino médio do país. "O Enem não é um ranking de avaliação entre Escolas, é uma avaliação dos Alunos, dos estudantes. É insuficiente como avaliação do estabelecimento Escolar porque há Escolas com naturezas muito distintas", disse.
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José Francisco Soares, Professor titular aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), defende o uso de dados socioeconômico para melhor avaliar as Escolas no Enem. "O que está fora da Escola impacta o que está dentro da Escola. O nível socioeconômico é essencial para se perceber isso. Quando não mostramos essa correlação, a informação que se divulga é de má qualidade."
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O Colégio Objetivo Integrado, Escola privada de São Paulo, ficou com a melhor média geral do Enem do ano passado: 737,15, considerando as quatro disciplinas e a redação. O Colégio Elite Vale do Aço, de Ipatinga, interior de Minas Gerais, e o Colégio Bernoulli-Unidade Lourdes, de Belo Horizonte, ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente, com média 718.
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A Escola pública mais bem classificada no Enem 2011 foi o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), com média 704. O Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é a segunda pública melhor colocada, na 29ª posição, com média 676, seguido pelo Instituto Federal do Espírito Santo, de Vitória, no 40º lugar e média 672.
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As outras sete Escolas que figuram entre as cem melhores notas do Enem 2011 são: Colégio Militar de Belo Horizonte (52º), Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (60º), Colégio Militar de Porto Alegre (73º), Etec São Paulo (74º), Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais (85º), Colégio Pedro II - Unidade Niterói (90º) e Instituto Técnico da Universidade Federal de Tecnologia do Paraná (91º).
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Fonte: Valor Econômico (SP)