quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Governo e Ministério Público travam guerra de liminares

 
Publicado no Jornal OTEMPO em 07/11/2012
ISABELLA LACERDA
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Apesar de garantir que vai cumprir a Constituição e aplicar 25% da receita na educação e 12% na saúde, o governo de Minas conseguiu, por meio de agravo de instrumento, derrubar liminar que suspendia os efeitos do Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) assinado com o Tribunal de Contas do Estado (TCE). A briga por recursos não para por aí. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que no início de outubro havia conseguido suspender, por meio de uma liminar relativa a uma ação civil pública, a validade do acordo, promete recorrer da decisão e manter a disputa na Justiça até que o Estado cumpra a Constituição.
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O embate entre o governo do Estado e o MPMG começou depois que durante investigações foi constatado que o TAG permitia ao Executivo investir menos do que os mínimos constitucionais estabelecidos para a saúde e a educação. De acordo com o documento, Minas só precisaria cumprir a legislação em vigor em 2014. Até lá, com aval do TCE, poderia adequar as contas e alocar gradualmente os recursos nas duas áreas, sem nenhum prejuízo legal.
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Ao julgar o recurso do Executivo, a juiza Heloísa Combat, do Tribunal de Justiça de Minas (TJMG), decidiu manter a validade do TAG, sob a justificativa de que "a questão é bastante complexa, exigindo uma maior reflexão". No agravo, o governo justificou que tanto o MPMG quanto a Procuradoria da República em Minas teriam reconhecido a legalidade do TAG e que a anulação do termo implicaria em uma "usurpação da competência do TCE", que foi quem aprovou, em plenário, a validade do acordo.
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A decisão da magistrada contraria entendimento anterior da 5ª Vara da Fazenda, que por meio de liminar obrigou o Executivo a cumprir, de forma imediata e sujeito a pagamento de multa, a Constituição. Para o promotor do Patrimônio Público, Eduardo Nepomuceno, o que o MPMG quer é apenas o cumprimento irrestrito da lei.
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"Acho que uma coisa dessas - uma questão tão clara e simples - não deveria nem precisaria estar sendo discutida na Justiça", ironiza Nepomuceno. "Se o Tribunal de Justiça e o Tribunal de Contas entendem que não tem problemas nisso, nosso dever é recorrer e lutar para que a Constituição seja seguida", garante. Até ontem, o MPMG ainda não havia sido comunicado sobre a revogação da liminar.

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Argumento. Ontem, o governo de Minas garantiu que o TAG foi firmado apenas em caráter preventivo, devido à regulamentação da Emenda 29 e às mudanças no cálculo das despesas com a educação, "o que ocorreu quando o orçamento para 2012 já estava aprovado pela Assembleia Legislativa". O Estado prometeu cumprir a Constituição em 2012. Apesar disso, como mostrou ontem O TEMPO, nos anos anteriores, o Estado aplicou menos de 25% de suas receitas na educação e de 12% na saúde e, mesmo assim, teve suas contas aprovadas pelo TCE.
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FOTO: ANGELO PETTINATI
Pressão. A bancada do PT e do PMDB querem que a equipe do governo mostre os dados de 2012
ANGELO PETTINATI
Pressão. A bancada do PT e do PMDB querem que a equipe do governo mostre os dados de 2012
Convocação
Oposição cobra explicações
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Os deputados que fazem oposição ao governo do Estado na Assembleia Legislativa de Minas querem convocar representantes do Executivo com o objetivo de comprovar se está ou não havendo o cumprimento da Constituição Federal no que diz respeito à aplicação de recursos nas áreas da educação e da saúde.
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Ontem, durante coletiva na Assembleia, os deputados não pouparam críticas à postura do Estado em relação ao cumprimento da legislação. Também sobraram acusações para o Tribunal de Contas do Estado (TCE). "Esse Termo de Ajustamento de Gestão, o TAG, foi um cheque em branco para o governo", criticou o deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), ao lado de parlamentares do PT e representantes de sindicatos.
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Segundo o deputado, a justificativa apresentada pelo governo de que não vai seguir o acordo assinado com o TCE e cumprirá os mínimos de 25% para a educação e de 12% para a saúde é falsa. "Se ele não vai usar o TAG, para que eles estão recorrendo?", questionou. No entendimento da bancada de oposição, com o acordo, Minas deixaria de investir R$ 650 milhões na saúde e R$ 870 milhões na educação.
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Um requerimento foi protocolado, ontem, na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) pedindo a convocação de representantes do Estado. (IL)
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terça-feira, 30 de outubro de 2012

UnB retoma projeto de Biblioteca Básica Brasileira que era de Darcy Ribeiro

Por Mariana Moreira - Publicação: 30/10/2012
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 (Cláudio Versiani/CB/D.A Press 
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Quando incluiu a Universidade de Brasília (UnB) no mapa da cidade, o antropólogo, educador e político Darcy Ribeiro concebeu um projeto que pretendia aproximar o país do povo brasileiro, por meio da história e da cultura. Tratava-se do projeto Biblioteca Básica Brasileira (BBB), uma estratégia para reunir um conjunto de livros essenciais à formação nacionalista da população. Diante das limitações impostas pela ditadura, a ideia não vingou. Mas agora, logo após o que seria o 90º aniversário de seu mentor, quando a UnB e o Parque Nacional do Xingu completam 50 anos, a iniciativa é retomada pelo presidente da Fundação Darcy Ribeiro, Paulo Ribeiro.
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“Com a instalação da Fundação dentro do câmpus da UnB, decidimos retomar esse projeto tão importante”, destaca ele. O primeiro passo foi dado na última sexta-feira, “dia de mim”, como Darcy se referia ao próprio aniversário. Foi relançado, no Rio de Janeiro, o livro América latina: a pátria grande, reunião de ensaios que o antropólogo escreveu entre as décadas de 1970 e 1980, período em que os governos democráticos feneceram em toda a América Latina. Os textos fazem uma análise das políticas internacionais da época e apontam uma visão generosa em relação à participação do Brasil no bloco – Darcy enxergava uma liderança salutar a ser exercida pelo Brasil.
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Escola pública do Distrito Federal testa chip para monitorar alunos

Brasília - Por meio de um chip fixado no uniforme, uma turma de 42 estudantes do primeiro ano do ensino médio tem suas entradas e saídas monitoradas no Centro de Ensino Médio (CEM) 414 de Samambaia, cidade do Distrito Federal (DF) localizada a cerca de 40 quilômetros da área central de Brasília. O projeto piloto, que começou a funcionar no dia 22 de outubro, manda mensagem por celular aos pais ou responsáveis pelos alunos, informando o horário de entrada e saída da escola.
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A diretora do CEM 414, Remísia Tavares, disse à Agência Brasil que entrou em contato com uma empresa que implanta os chips nos uniformes depois de saber que o sistema funcionava em uma escola em Vitória da Conquista, na Bahia. Segundo ela, a medida foi tomada para aumentar a permanência dos alunos nas salas de aula. "Os professores dos últimos horários reclamam que muitos alunos costumam sair antes do término das aulas. Por mais que a escola tente manter o controle, eles dão um jeito de sair da escola".
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De acordo com a diretora, o monitoramento foi bem recebido pelos pais, aproximando-os da vida escolar de seus filhos. "Fizemos reuniões para saber a opinião dos pais a respeito do chip, e eles gostaram da ideia. Os pais se sentem mais tranquilos, sabendo exatamente a hora em que seus filhos entram e deixam a escola", disse Remísia. O representante da empresa que implantou os chips nos uniformes, Bruno Castro da Costa, explicou que o sistema funciona por meio de um sensor instalado na portaria principal do colégio, que lê as informações contidas no chip cadastrado.
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"O sistema não altera a rotina dos estudantes. Eles entram normalmente na escola, os dados são passados para o computador e, 30 segundos depois, os pais são notificados. Uma mensagem é enviada quando o aluno entra na escola e outra no momento da saída. Apesar de ficar registrado também na direção do colégio, o sistema não substitui a chamada de presença em aula. Também estão sendo registradas as entregas de boletins ou outros eventos, e a direção pode utilizar o programa para encaminhar o recado ao celular cadastrado", acrescentou Costa.
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Charles de Oliveira, também representante da empresa responsável, disse que o sistema poderá futuramente otimizar o tempo de estudo nas salas de aulas. "Os professores perdem cerca de 20 minutos para realizar as chamadas durante as aulas. Futuramente, isso pode acabar, pois será registrada a presença automaticamente. Além disso, estamos estudando formas para que o sistema contribua também com os programas do governo, acelerando a divulgação de dados".
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Os estudantes Bárbara Coelho, 16 anos, e Jefferson Alves, 15 anos, não se incomodam com o monitoramento pelo chip. "Eu acho que é uma boa maneira de os nossos pais ficarem mais tranquilos e até confiar mais, sabendo que estamos na escola. Eu não me sinto inibida, pois sempre frequentei as aulas", disse Bárbara. "Só quem tem costume de matar aula vai se incomodar, já que agora os pais vão ficar sabendo", completou Jefferson.
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No dia 13 de novembro, um relatório será enviado ao Conselho de Educação da escola e à Secretaria de Educação do Distrito Federal com os resultados da experiência. Caso o sistema seja aprovado, a fixação dos chips no CEM 414 deverá ser ampliada para os 1,8 mil alunos da instituição no próximo ano.
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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Professor agredido dentro da sala de aula

Por Marilene Alcantara de Souza
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Hoje assistindo à TV, vi uma reportagem sobre o ocorrido com um professor em sala de aula; o que motivou o evento foi o professor ter colocado um aluno para fora de sala.
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A chamada veiculada pelo programa Balanço Geral, da Rede Record, era a seguinte: “Professor é agredido em sala de aula por ter colocado aluno para fora de sala”. Aguardei para assistir e, para minha surpresa, foi narrado que um professor foi agredido por duas pessoas: a mãe e o irmão de um aluno que fora colocado para fora de sala num colégio estadual no Rio de Janeiro. Comecei a me perguntar: como tomar atitudes necessárias dentro de sala, se o professor está refém dos alunos e dos responsáveis? Colocar um aluno para fora de sala ou corrigir um aluno hoje se tornou um risco; o professor poderá ser desrespeitado, e, se o aluno não obedecer, o docente poderá até levar socos e pontapés. Mas e se pelo menos ele se defendesse? Certamente a manchete seria: “Professor respondendo processo, correndo o risco de perder o emprego” e outras represálias. O que acontecerá com os agressores do professor? Vamos aguardar.
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Daí me vem a seguinte pergunta: Onde vamos parar? O que podemos constatar é que, agora, professor é profissão de risco. Já não temos mais condição de ensinar como se fazia; hoje o máximo que conseguimos é tentar fazer com que nossos alunos não se agridam tanto. A cada ano que começa nossos alunos estão menos comprometidos com os estudos; eles já não acreditam que estudar é o caminho para conquistar a estabilidade; a estabilidade deverá vir por outros meios que não o estudo.
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O mundo fora dos muros da escola está muito atraente, a escola está desempenhando o seu papel com muita precariedade. Não adianta imaginar que computadores resolvem o problema, as mudanças precisam ser bem mais efetivas. Esse tipo de tecnologia dá a ilusão de que a escola é equipada e está dentro do que a sociedade precisa, mas pelo visto a realidade é outra. Não adianta ter computadores em uma escola nos moldes antigos.
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Estamos no século XXI, e a nossa escola está acontecendo nos mesmos moldes do século passado. A única coisa que mudou na escola, nos últimos tempos, foi a cor do quadro: ele deixou de ser verde e passou a ser branco; paramos de usar giz e passamos à caneta Pilot.
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As mudanças deveriam ser feitas com responsabilidade e respeito, com o firme intuito de haver mudanças efetivas, mas não é isso que se percebe; cada vez que se fala em mudanças, elas estão sempre atreladas a interesses obscuros; são mudanças que não viabilizam uma continuidade. Em educação, o produto tem tempo determinado e relativamente longo: o produto do investimento em educação demora para acontecer, e só será possível ter visibilidade em outro governo. Talvez seja esse um dos motivos para que as mudanças sejam feitas de modo tão pouco significativo.
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Enquanto nada é feito de efetivo, os professores vão sendo agredidos, tentando dar as suas aulas sem sucesso; não podem chamar a atenção dos "príncipes e princesas" que estão em todas as salas porque são questionados. E quando chamam os responsáveis na escola só aparecem os dos bons alunos.
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Técnicas para se livrar da indisciplina

Por Jade Guerbi
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Sobre aparência e comportamento
  • Use roupas formais e adequadas; sua roupa diz muito sobre você, também marca sua atitude. Nada de decotes, tomara que caia e bermuda. Eu tenho como base sempre as advogadas ou as francesas. Minhas roupas são confortáveis e formais: sapatilha de couro sem salto, calça preta, blusa de tecido levinho, mais para larga e sem decotes exagerados. Esse tipo de roupa é formal, apresentável e confortável. Sobre as bijuterias, não exagere a ponto de parecer com a Viúva Porcina.
  • Mantenha as unhas curtas, para não correr o risco de machucar algum aluno, mesmo que sem querer. Se puder, prefira os tons clássicos de esmalte (vermelho, café, rosados ou clarinhos).
  • Cuide da apresentação do cabelo. Aprenda alguns penteados fáceis, clássicos e modernos. Eles dão ar de elegância. E se algum pai ou autoridade chegar não vai te encontrar suada e descabelada. Infelizmente, as pessoas nos julgam muito mais pela aparência do que pela competência. Uma trança embutida ou um coque são os meus preferidos.
  • Se você usa maquiagem, não exagere na sombra nem no batom. É preferível não usar sombra escura ou colorida nem batom vermelho, marrom ou cintilantes. Quanto mais natural melhor.
  • Cuide da higiene; cuidado com o mau odor, com roupa mal lavada, remela, caspa, mau hálito, orelha e nariz sujos etc. Não ignore uma mancha de café, tenha uma blusa reserva. Cuidado com roupas claras quando estiver menstruada; se tem suor excessivo não use camisas em que apareça a famosa pizza etc.
  • Cuide da sua postura ao se sentar e ao caminhar; a linguagem corporal é muito eficiente. Ombros “para dentro” significam que você está deprimida e é uma pessoa facilmente atingível. Em qualquer situação, olhe dentro dos olhos; isso significa firmeza e atitude. Uma pessoa que não olha nos olhos é interpretada como insegura.
  • Se você é homossexual (como eu), saiba que no seu ambiente de trabalho você precisa ter uma atitude diferenciada. Isso não significa que você não está levantando a sua bandeira ou sendo omissa; existem lugares e ocasiões específicas (inclusive na própria sala de aula, mas não precisa ser diariamente). Roupas ousadas e sugestivas dizem que você está “disponível”; essa não é uma boa mensagem quando o ambiente envolve crianças, pois mostra falta de profissionalismo. O mesmo vale para mãos e quadris “soltos”. Você não precisa andar como o Robocop para dizer que é lésbica, é desnecessário. Outro ponto fundamental e que eu vejo muito acontecer: evite programas com alunos (por exemplo, shows, boate, bar etc.). Eles podem te prejudicar, e muito!!!
  • Se você gosta de curtir a noite e de festas mais ousadas, faça isso longe do bairro em que trabalha; não é nada bom encontrar um pai de aluno com uma tanga de carnaval.
  • Faça o possível para não xingar ou depreciar qualquer situação. Tudo tem dois lados.
  • Mantenha uma atitude de respeito e profissionalismo com seus colegas de trabalho, mesmo que pessoalmente você tenha muitas diferenças. Os alunos percebem tons ríspidos. E como você pode ensiná-los a ser respeitosos uns com os outros, se você é desrespeitosa com seus colegas de trabalho?
  • Se você é religiosa e está em uma escola laica (sem uma religião definida), não deixe de dar a sua opinião sobre os assuntos. Mas não faça da sala dos professores o culto de domingo. Respeite a opinião alheia e o direito que todos têm de estar naquele espaço sem necessariamente ter que aceitar suas escolhas.
  • Saiba se posicionar nos debates e exigir as mudanças que você julga necessárias, mas tenha o cuidado de não ofender ninguém.
  • Seja gentil! Promova um lanche entre os professores. Presenteie, se possível, em dias especiais. Não esqueça os funcionários de apoio (cozinheiros, faxineiros, inspetores, porteiros – eles fazem parte da sua equipe e se sentem menosprezados quando não são lembrados ou são excluídos do grupo).
  • Tenha uma postura cordial e leal, se você viu algo de errado acontecer. Dê a sua opinião e defenda o lado certo. Tem muita gente que prefere ficar em cima do muro. Mas o dia de essas pessoas serem injustiçadas também chega.
  • Tenha uma atitude séria diante do seu trabalho; não “enrole” ou “encha linguiça”. É o seu nome!!! Leve a sério, planeje, busque caminhos diferentes, procure atividades com que você possa aliviar suas tensões diárias. Veja o que os grandes colégios fazem e faça do mesmo modo, não importa onde você esteja ou quanto ganhe; ser excelente em alguma coisa é treinar à exaustão e fazer coisas que as outras pessoas não fazem. Existe a possibilidade de ser excelente em todos os espaços, de todos os modos, sem recursos financeiros ou com recursos financeiros; não é uma questão apenas de empenho, mas também de “visão”. Honre o seu trabalho, o seu nome e a sua carreira.
  • Faça uma reunião com os pais e esclareça o seu modo de trabalho, o que você pensa da vida, quais são suas opiniões e o que você defende. Os motivos que fizeram você escolher essa carreira etc. Eu faço sempre um documento – que eu chamo de “manual do aluno” –, uma espécie de contrato com os deveres e direitos dos alunos e pais e peço que ao final eles assinem uma listagem, de que leram e estão de acordo. Eles levam o manual para casa. É uma maneira de dizer que ali estamos firmando uma parceria. Esclareço ponto a ponto, inclusive as penalidades. Faça uma reunião emocionante, toque no coração deles. Eu tenho um vídeo com algumas matérias sobre jovens que mataram familiares, mendigos etc. Quando se trata de uma turma violenta, eu sempre inicio a reunião com esse vídeo, para chocar mesmo. E chamo todos a uma reflexão... “Esses pais também deram tudo aos filhos, mas eles esqueceram de ensinar que na vida não é possível ter tudo”. No final, concluo que é necessário ensinar os filhos a agir de forma positiva diante da frustração... E que o melhor caminho não é criá-los como príncipes e princesas. É necessário educar para que se tornem adultos equilibrados, amorosos e generosos. Essa é uma etapa que exige uma coragem absurda e muita sensibilidade do professor, porque é aí que identificamos alguns pais envolvidos com o crime, e eles têm uma imagem um tanto quanto intimidadora. Se você tem pontos da sua história com semelhança à deles, não deixe de expor. Eu sou sempre muito sincera nesse momento, porque eu também tive uma origem muito humilde; eu sempre falo dos meus momentos de dificuldade e o que me fez continuar firme (meu avô sempre me dizia: “as dificuldades podem vir; eu mato no peito, sabe por quê? Meu nome é Antônio Guerra!!!” Ele sempre me disse que eu iria conseguir, porque o meu sobrenome era Guerra. Não queria dizer muita coisa e ao mesmo tempo significava tanto!!!).
  • Esta é a etapa mais difícil e também a mais importante: em turmas muito violentas, você dificilmente vai conseguir sucesso se não tiver os pais do seu lado. Mas se você tiver os pais do seu lado, saiba que 70% da batalha já estão vencidos. No final, termine com um lanche; se você sabe cozinhar, prepare algumas coisas. Isso demonstra carinho e atenção.
  • Cuide dos pequenos detalhes, como o padrão das folhas do caderno (opte por folhas em tamanho grande ou meia folha, e não mude ao longo do ano); procure encapar os cadernos e cobrar capricho dos alunos.
  • Nós temos a mania de exaltar o “erro”, mas não esqueça de parabenizar seu aluno. Eu não gosto de parabenizar publicamente, porque eu acho que isso incentiva a competição desmedida, mas tenho vários carimbos. Carimbo nos cadernos ou agenda quando eles tiveram uma postura de que eu tenha gostado com uma mensagem legal. Se for premiar os alunos, não dê prêmio apenas "ao melhor", mas também ao que "mais se desenvolveu", "ao que mais se esforçou" etc.
  • Seja uma pessoa pontual; chegue no horário, entregue as provas na data certa, distribua materiais na data adequada, estipule um cronograma de atividades semanal e tente cumpri-lo, coloque um “notificado” na agenda sobre possíveis imprevistos. Seja honesta; quando precisar faltar ou chegar mais tarde, diga a eles que você deixou uma atividade, explique o que será pedido na atividade, diga quem ficará responsável pela sala na sua ausência, converse com a turma e cobre respeito. Diga que, do mesmo modo, irá saber se as regras foram cumpridas e aplicar as penalidades necessárias.
Atitude em sala de aula
  • Independentemente de como tenha sido a sua atitude até hoje e o que tenha passado, esqueça! Finja que você está vendo aqueles alunos pela primeira vez (finja que tem amnésia, que é uma outra pessoa e que eles não te conhecem). Chegue sem preconceitos e sem esperanças. Se a sala estiver em desordem e tiver aluno gritando, ou coisas do tipo, chegue na porta da sala e dê um aviso (não grite, mas levante e engrosse o tom de voz; preste atenção para manter o tom de voz firme, fale de forma pausada e equilibrada – treine em casa, na frente do espelho) e diga: “Só vou entrar quando a sala estiver em ordem, com todos sentados e com o caderno de aula sobre as mesas” (repita o máximo de duas vezes). Não fale mais nada! Não tenha outra reação senão essa. Se algum aluno aprontar alguma, desde que não seja agressão física, ignore! Se for agressão física, separe e o coloque fora de sala. Ou, se você tem um inspetor bom na sua escola, chame para que ele resolva. Não importa quanto tempo você fique parada na porta (Mas previna-os que o tempo será contado e acrescido no fim). Cumpra a sua palavra!!! Mesmo que você ache que o que você falou não teve efeito, permaneça na porta e no final aplique os minutos a mais que você ficou em pé. É interessante deixar a coordenadora de sobreaviso de que a partir de hoje você vai estipular novas regras; se existe algum problema em você ficar na sala depois da hora, seria interessante avisar também aos pais naquela reunião, mas se isso não for possível nada pode te impedir de fazer o que é necessário. Eles vão te testar de todas as formas, vão atacar os pontos mais doloridos da sua vida; esteja pronta para fazer o que o amor à tua carreira exige. Não diminua o castigo, não dê nenhuma vantagem, não tenha pena; não existe desculpa, se for o banheiro, aquele que foi ao banheiro ficará os minutos do banheiro a mais; permaneça firme! Você, desde o início, deu a eles o poder de escolher; eles escolheram assim. Se você foi capaz de identificar aqueles que ficaram todo o tempo quietos, esses podem ser liberados do castigo. Mas, se a desordem era geral, diga a eles, seja sincera: “Eu sinto muito se estou cometendo alguma injustiça, mas a desordem estava tão grande que eu não consegui identificar quem estava quieto”. Algumas pessoas me acham muito “general”, mas a verdade é que tenho muito amor pelo que faço e muito amor aos meus alunos; sou muito rígida, mas meu coração dói quando eles estão tristes por coisas pessoais; eu me vejo neles. E, apesar de toda rigidez, nunca fui fria com eles; gosto de ver que estão felizes e que são amigos fiéis, gosto de ver que um apoia o outro e que são pessoas de caráter e talento.
  • Depois que a turma estiver em ordem, entre e diga os minutos contabilizados que ficarão depois do horário (escreva os minutos no quadro) e não dê atenção a desculpas do tipo “eu tenho rota escolar e não posso ficar”. Diga a eles que todos os dias a partir de hoje serão assim (permanência – qualquer pessoa exige de nós estabilidade para que ela possa confiar no que dizemos). Diga “eu só vou entrar quando a sala estiver em ordem, com silêncio e o material sobre a mesa”. Explique as razões dessa atitude...
  • Saiba que permitir a desordem é antes de tudo uma traição à sua profissão; professor é aquele que educa e prepara para a vida em sociedade; até hoje, todas as sociedades com desordem desmedida foram abolidas do mapa! Precisamos pensar que um professor que permite a desordem em sala de aula não consegue que os alunos aprendam e, consequentemente, está estimulando a desigualdade social e a pobreza. Você está colocando seu aluno em uma jaula; essa jaula é o próprio instinto animal dele.
  • Existe um caráter social e político muito oculto que estimula o fracasso das escolas públicas. Afinal, um povo numeroso com alta habilidade pensante pode formular estratégias muito eficientes para destituir maus governantes.
  • Se os seus alunos já são maduros para essa discussão, converse com eles sobre isso.
  • Existe muita coisa por trás do desrespeito à escola e ao professor. Existe muito por trás de sites que estimulam esse desrespeito. Está na hora de os alunos saberem que eles vivem em um mundo capitalista que quer faturar a troco da vida deles.
  • É legal começar com uma pergunta para quebrar o gelo: “O que vocês vem fazer todos os dias na escola?”. Se surgir uma piadinha do tipo “brincar”, diga de forma muito séria: “Opa, então acho que você entrou no lugar errado, o playground fica na outra rua” e finaliza aí. Se não surgir nada de produtivo, explique: “as pessoas vêm à escola para aprender a ler as coisas de que gosta, elas vêm para aprender a fazer contas, para não ser enganado, não ser roubado, etc. Quando existe uma bagunça muito grande, ninguém aprende nada”. Nesse momento não permita interrupções (eles já tiveram o momento deles de falar). Diga que, assim como na vida, na escola também temos regras e que nós iremos juntos estipular as regras. Eu sempre faço um painel com as seguintes colunas: regras / direitos / penalidades e digo para eles o seguinte: a cada regra (ou obrigação) vocês têm um direito. Já levo as regras mais ou menos estipuladas, do tipo silêncio na explicação – conversa nos 20 minutos finais da aula e assim por diante. Isso vai depender da idade da turma; mesmo os professores de disciplinas específicas podem fazer isso, só não vão poder afixar na parede como eu faço. Estipulo com eles as penalidades, de acordo com a gravidade. De hoje em diante, todas as vezes que eles errarem devemos fazer menção ao painel: “Fulano você desrespeitou a regra 4 do nosso painel de regras, você bateu no seu colega, que poderia ter se machucado; existem outras soluções para resolver a briga de vocês, você quebrou o nosso acordo e por isso vocês vão ficar no castigo estudando ortografia 15 minutos depois da aula durante esta semana, por exemplo”.
  • Outra medida interessante são os mapas de lugar, designando os lugares de cada um. Assim você separa aqueles que mais conversam e tal. Eu particularmente não gosto muito dessa tática; primeiro, porque aquele que é quieto e estudioso é forçado a ficar com o mais bagunceiro, e certamente irá sofrer por isso. Em segundo lugar, porque eu acho que eles precisam aprender a se respeitar como grupo. Enfim, já usei muito essa tática, ela é eficiente, dá resultado e acredito que seja uma boa saída para quem está iniciando; só tenha cuidado com uma coisa: se você designou que o lugar será marcado, não volte atrás; vistorie todos os dias e garanta que todos estão em seus lugares.
  • No primeiro segmento, é legal fazer uma tabela de ajudante do dia (participação – mostre à turma que todos são importantes); eu fiz um colete e eles têm uma cadeira especial ao lado da minha; é muito legal porque isso estimula que eles sejam generosos uns com os outros.
  • Tenho na minha sala também um cartaz de aniversariantes; como eu adoro cozinhar, faço um bolo por mês e a gente canta parabéns para todos os aniversariantes daquele mês; tiro foto e coloco no mural. Eles ficam radiantes!!! Professores e pais são pessoas muito importantes no processo de formação da personalidade infantil. Mostre que eles são importantes em sua vida e exalte as qualidades e talentos de cada um.
  • Um ponto muito importante é a rotina (qualquer pessoa precisa de estabilidade e planejamento e precisa ter as coisas estabelecidas caso precise expressar algum desejo de mudança; eu sempre digo que eles têm esse direito, desde que seja feito de forma respeitosa). Eu escrevo no quadro tudo que iremos fazer naquele dia, ponto a ponto. Isso dá uma segurança muito grande a eles, além de ser um exemplo de organização. No final, nunca deixo de colocar: “Só vai embora quem tiver terminado todo o dever”. Tudo o que você colocar na rotina... Cumpra!!!
  • Explique de maneira prática e simples o conteúdo, todos os exercícios; seja paciente, pergunte se alguém tem dúvida. Não agrida seu aluno com palavras, mesmo que ele esteja fazendo isso com você. Você é uma profissional, ele não.
  • Nunca chore diante de sua turma. Aprenda que existe lugar para chorar: no seu quarto, debaixo do edredon! Isso mostra insegurança, falta de profissionalismo e incapacidade de lidar com situações extremas. Existe uma técnica: quando você perceber que está numa situação que te afetou emocionalmente, pegue o celular, diga que lembrou de fazer uma ligação urgente e passe um exercício do livro ou leitura. Essa técnica é para que você se afaste da situação que te afetou; procure um lugar calmo (eu sempre escolho o banheiro), respire fundo, prenda a respiração do abdome e solte lentamente; repita esse processo cinco vezes; em seguida, coloque a ponta da sua língua no céu da boca e respire lentamente; repita também por cinco vezes. São técnicas de respiração que acalmam. Se a mágoa persistir, diga à diretora ou coordenadora que você está com sensação de desmaio, que já tentou se recuperar e não conseguiu e se ela pode te ajudar. Mas saiba de uma coisa: reagir às situações com choro significa que você é imatura emocionalmente, independente de sua idade, e significa que você precisa trabalhar esse aspecto da sua personalidade.
  • Se você não estipulou um horário de aulas, diga a eles que a sua forma de trabalho não é a convencional e que você usa a interdisciplinaridade. Explique a eles o que é isso. Eu sempre coloco o horário de aulas na agenda, com livros e cadernos que devem ser levados, além de materiais especiais como régua, tesoura etc. Importante: Não faça da agenda escolar um diário de reclamações; chame os pais e converse quando o caso for extremo.
  • Uma regra está ligada à outra, não adianta cumprir só algumas e achar que dará resultado. Todas as regras são organizações e formas para que seu aluno se sinta seguro e consiga prever seus atos. Nós somos animais (ainda que socializados); todas as vezes em que não estamos seguros em uma situação e não podemos saber o que irá acontecer, iremos atacar.
  • Você tem um compromisso com você mesma: ser uma boa professora. Não queira ser amiga, confidente ou a Britney Spears. Ser professora significa ser dura como a vida é! Estipular e cumprir regras como acontece na vida! Obter bons resultados, e é para isto que lutamos: formar seres saudáveis, equilibrados e capazes de resolver seus problemas de forma leal e firme. Se você não está conseguindo bons resultados, você não está cumprindo a sua missão. É hora de mudar... Pense nisso!

Da omissão



Professora morre após discussão com aluno de 8 anos em SP

A professora Izabel Cristina Sampaio morreu após ter um infarto na manhã de terça, dia 23, na Escola Estadual Professora Jandyra Nery Gatti, em Araraquara, a 250 km de São Paulo. De acordo com a Secretaria da Educação do Estado, a educadora tinha acabado de conter um aluno de 8 anos, que teria tentado agredi-la.
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No instante em que Izabel informou o mal-estar, a administração da escola acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ela morreu quando estava a caminho de uma unidade de pronto-atendimento.
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Segundo a secretaria, a direção da unidade já havia acionado o Conselho Tutelar para acompanhar o caso desse estudante, que também estava sob acompanhamento médico por um serviço de saúde do município. Em nota, eles informaram que "é importante salientar que a equipe gestora nunca recebeu orientação médica contrária à permanência da criança em ambiente escolar". Em função do ocorrido, as aulas na unidade foram suspensas nesta quarta-feira e serão retomadas amanhã.
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Fonte: Jornal do Brasil on line