segunda-feira, 2 de abril de 2012

Pelo menos 7 morrem no tiroteio em escola dos EUA

OAKLAND - Ao menos sete pessoas morreram nesta segunda-feira (2) em um tiroteio ocorrido em uma universidade de Oakland, subúrbio de San Francisco (Califórnia, oeste), revelou a imprensa local, enquanto a polícia anunciava a prisão do suposto atirador.
.
"A polícia trabalha e trata de compreender qual o motivo que levou alguém a tirar a vida de sete pessoas e ferir outras três", disse à CNN o presidente do Conselho Municipal de Oakland, Larry Reid. Reid afirmou que as informações procedem do chefe de polícia. Segundo uma porta-voz da polícia de Oakland, "um homem armado entrou na Universidade e abriu fogo várias vezes". Em uma entrevista coletiva à imprensa no campus, logo depois do tiroteio, uma porta-voz da polícia afirmou que o atirador tinha fugido, mas alguns minutos depois, em sua conta no Twitter, a polícia de Oakland anunciou a prisão de "um eventual suspeito".
.
"Não há ameaça imediata para a segurança pública nas imediações", acrescentou a polícia em sua mensagem. O suspeito, "um homem asiático, corpulento" e com cerca de 40 anos, foi detido a menos de 7 km da universidade, em Alameda, segundo The Oakland Tribune.
.
Lisa Resler, 41 anos, que saía com a filha de uma loja viu um homem asiático com gorro ser agarrado por guardas do estabelecimento comercial. Cinco ambulâncias foram enviadas ao local do tiroteio, indicaram os bombeiros de Oakland em sua conta no Twitter. Angie Johnson, de 52 anos, declarou ao jornal San Francisco Chronicle que tinha visto uma jovem deixar o prédio chorando, com sangue em seus braços, e gritando: "Levei um tiro". Segundo a vítima, o atirador fazia com ela um curso na Escola de Enfermagem. Ele teria se levantado no meio da aula e atirado a queima roupa em uma pessoa, antes de disparar contra toda a sala.
.
"Ela disse que ele sempre pareceu ser louco", declarou Johnson, citando a vítima. Mas ela não sabia "até onde ele poderia ir". A vítima tinha "um buraco no braço direito do tamanho de uma moeda, e o sangue jorrava", acrescentou. Em seu site, a Universidade de Oikos indica que tem "como objetivo oferecer programas educacionais nas áreas de estudos religiosos, de música e de saúde". A instituição destaca no site que se esforça para "fornecer os mais altos padrões educacionais, com inspiração e valores cristãos".
.
Fonte: Hoje em Dia (MG)

domingo, 1 de abril de 2012

Sinal amarelo para as universidades particulares

.

Fechamento de faculdade, denúncias de fraude em exame do MEC em 30 instituições privadas e ondas de demissão de professores colocam o governo diante do desafio de regular um setor no qual estudam 78% dos alunos do ensino superior

Por Rachel Costa
.
chamada.jpg
.
Em menos de três meses, a repercussão de problemas em cinco grandes grupos educacionais particulares acendeu o sinal de alerta para o ensino superior privado brasileiro. Só nos últimos dez dias, o Ministério da Educação (MEC) descredenciou a Universidade São Marcos, em São Paulo, e divulgou auditoria para investigar possíveis fraudes no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) da Unip e de outras 30 instituições. Na mesma semana, o Serviço de Proteção ao Consumidor (Procon) de Campinas notificou a União das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo (Uniesp) por suspeita de propaganda enganosa relativa ao Programa de Financiamento Estudantil (Fies). A mesma instituição já foi proibida pelo MEC de usar a sigla Uniesp – por sugerir que se trata de uma universidade – e responde a diversos processos. Some-se a isso a demissão de cerca de dois mil professores pelos grupos educacionais Galileo e Anhanguera, seguida por queixas relativas ao aumento do número de alunos por sala de aula, a redução da carga horária presencial e a perda de qualidade nos cursos. Este cenário conturbado leva a uma pergunta obrigatória: estaria o aluno que ingressa nas faculdades particulares muitas vezes levando gato por lebre?
.
Por todo o País, as instituições privadas multiplicam-se rapidamente. De acordo com o último Censo da Educação Superior, elas já somam mais de 2.099 instituições – em 2000, esse número era menos da metade. Nelas estão 78% das matrículas no ensino superior e um poder de movimentação financeira de mais de R$ 28 bilhões anuais, de acordo com o último relatório do grupo Hoper, consultoria especializada em educação. O tamanho desses números impõe ao Ministério da Educação o desafio de não deixar que a educação se torne mero negócio. “Não há dúvida de que vamos precisar de mais gente e de pessoal especializado para dar conta dessa demanda”, diz Luís Fernando Massonetto, responsável pela recém-criada Secretaria de Regulação do Ensino Superior do MEC. O órgão, em funcionamento há menos de um ano, é uma resposta do Ministério aos mandos e desmandos perpetrados por instituições privadas. “Esperamos que com a secretaria se tornem mais claras as regras que devem ser seguidas pelas instituições particulares”, diz Adércia Hostin, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino.
.
Diante da dificuldade de controlar o setor, o que se vê são muitos alunos à deriva, sem saber o que fazer diante de arbitrariedades. Caso de Luiz Augusto de Sá, 24 anos, que foi obrigado a mudar sua formação superior de filosofia para psicologia. Aluno da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, ele descobriu, no início do ano, que seu curso havia sido extinto. “A reitoria achou inviável mantê-lo e o encerrou. Fomos informados da decisão só em janeiro”, conta. O fechamento súbito soma-se a duas ações coletivas na Justiça contra a instituição, recém-adquirida pelo grupo Galileo: uma por causa do aumento abusivo de mensalidades (que, no cálculo dos alunos, variou entre 18% e 40%) e outra para reverter a demissão em massa dos professores. “Com base nas homologações que recebemos, já são mais de 400 demitidos”, diz Wanderley Quêdo, presidente do Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro. “Não tem como manter qualidade do ensino sem corpo docente.” O acúmulo de problemas tem incomodado os alunos. “Desde o início do ano, fizemos duas assembleias, com cerca de 500 estudantes em cada uma”, diz Igor Mayworm, aluno de história na Gama Filho e presidente da União Estudantil do Estado do Rio de Janeiro. “Em uma delas conseguimos levar o reitor, que prometeu sanar a falta de professores, mas isso ainda não aconteceu.” Procurado por ISTOÉ, o grupo Galileo não quis se manifestar. Situação semelhante, porém ainda mais grave, acontece na Universidade São Marcos. Descredenciada pelo MEC por descumprir ordem de não realizar vestibular e sem pagar os professores, a instituição deixou ao léu seus mais de dois mil estudantes. Douglas Claudino, 30 anos, aluno do último período de administração da São Marcos, descobriu que a transferência obrigatória para outra universidade irá lhe valer ao menos mais um ano de curso. “Ia me formar agora, no meio de 2012”, diz. Embora muitos estudantes não tivessem a informação, a situação crítica da São Marcos não é nova. “Desde 2007 estamos alertando o MEC sobre problemas nessa instituição”, diz Celso Napolitano, presidente da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp). “Ela já deveria ter sido fechada há muito tempo.” Napolitano critica o Ministério pela morosidade na avaliação das denúncias e na tomada de medidas.
.
Quem estuda o ensino superior brasileiro, porém, garante que os casos assistidos nos últimos meses são apenas a ponta do iceberg. Por detrás desses escândalos está a incompatibilidade entre a regulação existente e as mudanças que têm ocorrido no setor, cada vez mais dominado por grandes grupos empresariais. “A Lei de Diretrizes e Bases da Educação e outras portarias e decretos nos anos 1990 promoveram uma flexibilização muito grande do marco regulatório”, diz Aparecida Tiradentes, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio. A especialista critica a falta de limites aos grupos empresariais que optam por maximizar seus lucros sem se preocupar com a qualidade do ensino. Para o professor Otaviano Helene, ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o risco que se corre é o de deixar a educação sujeita apenas à lógica de mercado. “O que temos hoje são cursos de baixo retorno social, concentrados em poucas áreas de conhecimento, com carga horária pequena e distribuição geográfica equivocada”, resume.
.

sábado, 31 de março de 2012

Lei Seca e educação

Homenagem

Justiça julga legal greve dos professores da rede infantil e mantém movimento

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) negou liminar buscada pelo município de Belo Horizonte para declarar ilegal a greve dos professores das Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis), promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sindrede-BH). Com isso, a greve dos educadores pode ser mantida, na capital mineira, sem qualquer penalidade para a categoria.
.
A decisão é do desembargador Maurício Barros, da 6ª Câmara Cível, que analisou o pedido nessa quinta-feira (29). Para ele, o sindicato tem observado os requisitos necessários para a deflagração do movimento grevista, entre eles, a comunicação com antecedência mínima de 72 horas ao Poder Público.
.
O município alega que até o deflagramento da greve não foi promovida qualquer tentativa de conciliação. Afirma que, em razão de os servidores exercerem funções elementares de educação pública, a greve vem causando prejuízos irreparáveis às crianças e às famílias. Ainda, segundo o município, devido à essencialidade específica do serviço de educação infantil, por ser direcionado a crianças de zero a cinco anos e oito meses, o movimento grevista deve ser declarado ilegal. O município solicitou a fixação de uma multa diária de R$ 100 mil caso os servidores não voltassem ao trabalho.
.
O desembargador Maurício Barros argumentou que, neste momento, somente poderia analisar se estão presentes os requisitos autorizadores da concessão da liminar, sem poder discutir questões que envolvam o mérito da ação. De acordo com o magistrado, o sindicato informou antecipadamente todas as suas ações: a marcação da assembleia para sinalização de greve e da que realmente decidiu pela deflagração do movimento de paralisação, não havendo, assim, a ilegalidade apontada pelo município.
.
Fonte: O Tempo (MG)

sexta-feira, 23 de março de 2012

A felicidade humana não está em maximizar, mas em otimizar a vida

.
Por Leonardo Boff (teólogo e escritor)
.
No ponto de saturação, o efeito é o vazio existencial
.
Há uma ética subjacente à cultura produtivista e consumista, hoje vastamente em crise por causa da pegada ecológica do planeta Terra, cujos limites foram ultrapassados em 30%. Nunca mais vamos ter a abundância de bens e serviços como até há pouco tempo dispúnhamos. A Terra precisa de um ano e meio para repor o que lhe extraímos durante um ano. E não parece que a fúria consumista esteja diminuindo. Pelo contrário, o sistema vigente, para salvar-se, incentiva mais e mais o consumo que, por sua vez, requer mais e mais produção, que acaba estressando ainda mais todos os ecossistemas e o planeta como um todo.
.
A ética que preside esse modo de viver é a da maximização de tudo o que fazemos: maximizar a construção de fábricas, de estradas, de carros, de combustíveis, de computadores, de celulares; maximizar programas de entretenimento, novelas, cursos, reciclagens, produção intelectual e científica. A roda da produção não pode parar, caso contrário, ocorre um colapso no consumo e nos empregos. No fundo, é sempre mais do mesmo e sem o sentido dos limites suportáveis pela natureza.
.
Imitando Nietzsche, perguntamos: quanto de maximização aguenta o estômago físico e espiritual humano? Chega-se a um ponto de saturação e o efeito direto é o vazio existencial. Descobre-se que a felicidade humana não está em maximizar, nem engordar a conta bancária, nem o número dos bens na cesta de produtos consumíveis. O fato é que o ser humano possui outras fomes: de comunicação, de solidariedade, de amor, de transcendência, entre outras.
.
Essas, por sua natureza, são insaciáveis, pois podem crescer e se diversificar indefinidamente. Nelas se esconde o segredo da felicidade. Mas nas palavras do filósofo Ludwig Wittgenstein, citando santo Agostinho, "tivemos que construir caminhos tormentosos pelos quais fomos obrigados a caminhar com multiplicadas canseiras e sofrimentos, impostos aos filhos e filhas de Adão e Eva" para chegar a essa tão buscada felicidade.
.
Logicamente, precisamos de certa quantidade de alimentos para sustentar a vida. Mas alimentos excessivos, maximizados, causam obesidade e doenças. Os países ricos maximizaram de tal maneira a oferta de meios de vida e a infraestrutura material que dizimaram suas florestas (a Europa só possui 0,1% de suas florestas originais), destruíram ecossistemas e grande parte da biodiversidade, além de gestar perversas desigualdades entre ricos e pobres.
.
Devemos caminhar na direção de uma ética diferente, a da otimização. Ela se funda numa concepção sistêmica da natureza e da vida. Todos os sistemas vivos procuram otimizar as relações que sustentam a vida. O sistema busca um equilíbrio dinâmico, aproveitando todos os ingredientes da natureza, sem produzir lixo, otimizando a qualidade e inserindo a todos. Na esfera humana, essa otimização pressupõe o sentido de autolimitação e a busca da justa medida. A base material sóbria e decente possibilita o desenvolvimento de algo não material que são os bens do espírito, como a solidariedade para com os mais vulneráveis, a compaixão, o amor que desfaz os mecanismos de agressividade, supera os preconceitos e não permite que as diferenças sejam tratadas como desigualdades.
.
Talvez a crise atual do capital material, sempre limitado, nos enseje viver a partir do capital humano e espiritual, sempre ilimitado e aberto a novas expressões. Ele nos possibilita ter experiências espirituais de celebração do mistério da existência e de gratidão pelo nosso lugar no conjunto dos seres. Com isso, maximizamos nossas potencialidades latentes, aquelas que guardam o segredo da plenitude tão ansiada.
.
Fonte: O Tempo (MG)