quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Ameaças de chacina e bomba em escola deixam cidade em pânico

Por Celso Martins

As cinco escolas de Urucuia, a 720 quilômetros de Belo Horizonte, no Norte do Estado, estão sem aulas desde a última segunda-feira (1º). Os pais não deixam os filhos sair de casa depois que se espalhou pela cidade notícia de que um homem mataria os estudantes e, em seguida, jogaria uma bomba em uma das escolas. A Polícia Militar sabe quem é o autor da ameaça, mas alega que não tem como fazer nada pelo fato de nenhum morador ter formalizado uma queixa.

Com 13 mil habitantes, Urucuia é uma cidade tranquila, onde muita gente ainda dorme com as janelas abertas. Mas, depois do boato, alguns pais evitam deixar as crianças saírem de casa até para brincar na rua. "Os muros estão pichados e a Polícia Militar alega que não tem como prender o homem que ameaça matar nossos filhos", desabafa a vendedora Joana de Medeiros de Castro, de 28 anos, moradora de Urucuia. Na Escola Estadual Antônio Esteves dos Santos, com 1.085 alunos, a maior da cidade, os professores e funcionários estão indo trabalhar, mas passam o dia com as janelas fechadas e as portas trancadas. Uma professora, que não quis ser identificada, afirma que se o suspeito de fazer as ameaças não for preso, as aulas não serão retomadas por falta de aluno.

No muro da Escola Municipal Luiz Ribeiro Mendes, no Centro de Urucuia, foi pichado "Comando Vermelho", deixando as pessoas ainda mais em pânico. Uma psicóloga do Hospital Municipal de Urucuia, que não teve seu nome divulgado, pediu à Polícia Militar que pegasse à força o homem que estava fazendo as ameaças, mas o comando da corporação recusou, alegando que seria abuso de poder.

O sargento Rossine Freitas Santos, que comanda o policiamento em Urucuia, confirmou o clima de pânico na cidade. Mas, por causa do medo de represália ninguém aceitou registrar ocorrência. "A Polícia Militar já revistou a casa do suspeito várias vezes, mas nada foi encontrado. Não temos como agir com base em boatos", explica o sargento. O militar informou que algumas lideranças vão procurar o Ministério Público ainda nesta quinta-feira para pedir providências. "Toda vez que o suspeito anda pelas ruas o celular de plantão da polícia e o telefone 190 começam a ser acionados pelos pais assustados", diz.

Conhecido por Dênis, o autor das supostas ameaças nega as denúncias e informa aos policiais que vai processar quem está espalhando os boatos.

No dia 7 de abril deste ano, um homem armado matou 11 crianças na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Fonte: Hoje em Dia (MG)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Professores mantêm greve iniciada no dia 8 de junho

Por Thaís Mota - Do Portal HD - 3/08/2011 - 19:09

Os professores da rede estadual de ensino de Minas Gerais decidiram manter a greve iniciada no dia 8 de junho. A categoria fez assembleia nesta quarta-feira (3) no pátio da Assembleia Legislativa, no Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, de onde saíram em passeata até o Centro da cidade. Após ocupar as escadarias da Igreja São José, interditaram a Avenida Afonso Pena os dois sentidos. A próxima assembleia acontece às 14 horas da terça-feira (9), também na AL. Segundo a coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Beatriz Cerqueira, a categoria reivindica a adoção do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) para os professores de nível médio e jornada de 24 horas semanais.

"Quem não reagiria a um vencimento básico de R$ 369 pra nível médio de escolaridade, como é aqui em Minas?", perguntou, indignada. A Secretaria de Estado da Educação (SEE) informou, por meio de nota, que o piso salarial pago aos profissionais da Educação em Minas Gerais é superior ao estabelecido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). "Considerando-se a regra da proporcionalidade para a jornada de trabalho, o valor pago pelo Governo de Minas aos professores com nível médio de formação é 57,55% superior ao valor estabelecido pelo piso nacional, respeitando, assim, a lei do piso".

Piso O PSPN foi instituído em 16 de julho de 2008 e estabelece o vencimento básico de R$ 1.187 para uma jornada de 40 horas semanais para professores com formação em nível médio. Em Minas, a jornada de trabalho dos profissionais é de 24 horas. A Secretaria de Estado da Educação informou que "a menor remuneração paga a um professor de nível médio de escolaridade é de R$ 1.122,00 para uma jornada de 24 horas semanais de trabalho".

Fonte: Hoje em Dia (MG)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Opinião: Descaso gera descaso


Nylza Osório Jorgens Bertoldi*

Se bem entendo pela experiência vivida, a Educação começa pela formação de atitudes, tantas vezes ausente na esfera familiar. A observância das relações interpessoais neutralizando as discriminações, o desrespeito, o individualismo, remete-nos à certeza de que uma outra Educação é possível.

O lado emocional do professor desempenha papel significativo no ofício de educar, por isso nem sempre a qualidade do ensino está atrelada às metodologias pedagógicas, mas certamente transcende os limites da razão e do emocional.

Ninguém pode oferecer o que tem de melhor quando a angústia bate às suas portas pela desvalorização do seu “eu”, enquanto o descrédito aos seus méritos são questionados e leiloados em pregões.

Méritos, todos os mestres têm. Tanto aqueles com formação acadêmica mais qualificada exigida pela profissão quanto aqueles que ainda não tiveram a oportunidade para alcançá-la plenamente. A obra de Paulo Freire nos fala de “uma compreensão integral do ser humano, sua história, suas possibilidades, suas condições econômicas, sua emancipação social e cultural”.

Quando existe conhecimento, mas faltam autoestima e valorização, os conflitos, a incompreensão, os desenganos, geram a derrocada dos sentimentos por mais puros que sejam.

E o que vemos agora? Os rumos da qualidade do ensino, em discussão por quem desconhece o regulamento das Escolas; por quem nunca pisou numa sala de aula de Escola pública; por quem se capacita a debater as questões de Educação, aleatoriamente, porque nunca foramprofessores. Educação e ensino são tarefas do professor.

Se é que existe um consenso sobre a relação “baixa qualidade de desempenho Escolar versus recursos para as exigências da Educação”, por que as históricas mudanças não acontecem? Afinal, a Educação é prioridade dos governos ou discursos, temas e promessas de campanhas eleitorais? Acredito na segunda hipótese.

O argumento financeiro é um mero jogo de cena de quem descumpre a constitucionalidade do piso nacional para docentes, votado pelos juízes do Supremo Tribunal Federal, mais alta instância jurídica do país.

Arcar com essa consequência terá um preço bem mais alto do que o piso nacional. Melhorar a Educação significa abrir novos caminhos ou reconhecer os espaços pelos quais o Rio Grande do Sul, com muito orgulho, já conquistou em passadas épocas.

A construção do conhecimento é coletiva, pertence à história, é produto da cultura, mas a construção dos valores morais é individual e pertence à formação do caráter na dimensão de suas experiências.

Volte para as Escolas públicas o uso do uniforme, ora jogado no baú, para que nossos jovens frequentem as aulas dignamente vestidos e as meninas cubram os seios e os umbigos de fora, em sala de aula. Voltem as exigências de conduta que orientem esses jovens a construir uma formação para a cidadania.

São inúmeras as Escolas particulares que se alinham nestes conceitos, independentemente de suas orientações e crenças, mas protagonistas de um processo educativo de formação moral.

Essa é uma visão possível de transformação cultural de compreender a Educação como perspectiva de um “salto de qualidade” que certamente acontecerá para privilégio de uma sociedade que espera pela mudança de mentalidades.

*Escritora e educadora emérita do Estado do Rio Grande do Sul

Fonte: Todos pela Educação.

Programa de PMs na escola começa hoje

Por Cláudia Lazarotto

Especial para o Diário

O programa de inserção de policiais militares reformados nas escolas estaduais de Cuiabá inicia oficialmente. A informação é do gerente de Projetos e Programas da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Allan Benitez. Segundo ele, às 16h30, será realizada na Seduc uma reunião com os diretores e com a Secretaria de Estado de Segurança Pública para definir quais unidades irão receber apoio de militares e quais terão a ronda escolar reforçada.

De acordo com o gerente, 24 escolas consideradas críticas, com elevado índice de violência entre alunos e entre comunidade externa e estudantes, irão integrar o programa. A lista com o nome das unidades será anunciada na reunião. Trinta policiais aposentados serão chamados para realizar a segurança, dez deles devem atuar nas escolas ainda neste mês. “Na reunião vamos debater como será a formação desses policiais, mas, de imediato, dez já estarão atuando e, no total, 30 serão chamados”, destacou Allan.

O projeto foi anunciado pelo secretário estadual de Segurança Pública, Diógenes Curado, no dia seguinte ao assassinato do adolescente Gustavo Pacheco da Silva, 16 anos, ocorrido dentro da Escola Estadual Cezário Neto, em 21 de julho. Gustavo foi assassinado por cinco tiros de revólver disparados por dois colegas, Maurício Pereira Filho e Vinicius Toledo Lemos, ambos de 18 anos. Os dois estão presos. De acordo com as informações prestadas pelo gerente de Programas e Projetos, a Escola Cezário Neto contará com a presença de um policial em suas dependências.

Fonte: Fonte: Diário de Cuiabá (MT)

Estado corta ponto de grevistas



Por Natália Oliveira

O governo estadual ameaçou e cumpriu: cortou o ponto dos professores que estão em greve há 54 dias. O contracheque do mês de junho, que eles receberam ontem, veio com o salário proporcional aos oito dias trabalhados. A punição do Estado não intimidou a categoria, que promete manter a paralisação até que a negociação envolva um reajuste real. Irredutível também está o governo, que afirmou que só restabelece o pagamento se houver um acordo.

A diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-Ute), Beatriz Cerqueira, explicou que a greve é uma consequência da luta pelo aumento do piso salarial. "A secretaria cortou o nosso salário para nos pressionar a encerrar a greve, mas não vamos ceder porque queremos alcançar um piso salarial melhor", explicou Beatriz. Os professores irão discutir, oficialmente, o corte do salário e os rumos da paralisação em uma assembleia na tarde de amanhã.

O Estado informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que está tentando negociar com o sindicato e que acredita na possibilidade de um acordo após a assembleia da categoria. A secretaria anunciou também que estuda colocar professores substitutos nas escolas durante o período da paralisação para não prejudicar ainda mais os alunos. A assessoria afirmou que o período de recesso escolar de julho não será considerado no corte salarial. Prejudicados. Enquanto a queda de braço entre o governo e os professores não chega ao fim, os alunos são os mais prejudicados. Segundo o sindicato, 50% das escolas são afetadas pela paralisação. O percentual do Estado é bem menor, 19%.

A professora Rita Soares argumenta que se preocupa com o efeito que a luta da categoria tem nos estudantes, mas se defende dizendo que não pode abrir mão de seus direitos. "Sabemos que ficar sem aula é muito ruim para todos os estudantes, mas também não vamos ceder às pressões do governo, temos que continuar lutando", disse a professora.
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Números

54 dias é o tempo que os professores de Minas estão em greve
250 mil é o total de servidores da educação no Estado

Opções de salário

Regime salarial. Para tentar solucionar o problema do piso, o governo criou um novo regime salarial, o subsídio. Os professores devem optar, até o próximo dia 10, por ele ou pelo modelo antigo de remuneração com as gratificações.
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Diferenças. No subsídio, há a unificação das gratificações dos servidores e o consequente fim dos benefícios. No sistema de subsídio, adotado desde janeiro, os professores recebem os vencimentos e acumulam benefícios separadamente.
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Contra-ataque

Sindicato ameaça não repor aulas perdidas

O impasse entre o governo e os professores pode prejudicar ainda mais os alunos. A diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), Beatriz Cerqueira, afirma que se o salário de junho não for pago, os professores não irão repor os quase dois meses de aulas perdidas. Já o governo evita a polêmica e diz que tenta costurar um acordo com os servidores para minimizar os prejuízos aos alunos. O Estado promete inclusive pagar o que foi cortado se houver consenso.
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No meio do fogo cruzado, pais e alunos estão cada vez mais preocupados. A vendedora Isabel Alves, 49, teme pelo desempenho da filha no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "O ensino dela está muito prejudicado. As aulas precisam ser retomadas", disse. Ela defende que o Estado encontre uma solução. "O governo precisa resolver isso, os alunos não podem mais ficar sem aulas", disse. (NO)
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Entenda a polêmica do piso salarial:

O que os professores alegam: O reajuste no piso salarial é a principal reivindicação da categoria, que está em greve há 54 dias. Segundo o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação em Minas (Sind-UTE), o piso salarial nacional da categoria é estabelecido em R$ 1.597 para profissionais com escolaridade de nível médio e uma jornada de trabalho de 40 horas semanais. Em Minas, no entanto, segundo o sindicato, os servidores com nível médio recebem piso de R$ 369 para 24 horas semanais.

O que o governo do Estado alega: A Secretaria de Estado de Educação de Minas contesta os números apresentados pelo sindicato dos professores e afirma que o piso salarial nacional da categoria é fixado em R$ 1.187 para os servidores com nível de escolaridade médio e uma jornada de trabalho de 40 horas semanais. Ainda de acordo com informações da secretaria estadual, com a recente criação do regime de subsídio, o menor salário pago a um professor em Minas Gerais supera o índice nacional e é de R$ 1.122, mas para uma jornada de 24 horas semanais.

Fonte: O Tempo (MG)

Os humanistas: contextualização e enfoques


Por: Ediléia Vieira, Lucília Santos, Luíza Mundim, Renatha Maia, Sandra Abreu e Salomão Ferreira de Souza*
Falar sobre os humanistas é se arriscar pelos dilemas humanos, dos mais contextualizados aos mais universais, em busca da compreensão de nossas próprias angústias. Considerando o contexto histórico, econômico e cultural de cada pensador podemos entender a leitura que faz o psicanalista ao observar esse objeto tão complexo e ler os sinais de seus mais variados dilemas.
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Carl Gustav Jung, na sua leitura, aponta os rígidos padrões suíços de beleza, consumo e administração do tempo que impõe hora certa para tudo. Essa rigidez, muitas vezes, leva os sujeitos a uma espécie de robotização pela automação do plano consciente, o que conduz à redução da acuidade restringindo-a a escolhas de ações dentro do estrito cumprimento dos modelos e valores propostos para o alcance de metas de vida como trabalho, família, lazer e outras poucas. Arriscamos afirmar, na nossa rasa leitura de outros contextos, que a rigidez e robotização a que se refere Jung, embora mais visível em seu contexto, se fazem universais em grupos menores ou maiores, cujo comum interesse e rigor econômico se assemelham ao modelo suíço e no qual o padrão de beleza e as tradições suplantam os valores subjetivos dos indivíduos. Assim pensamos por acreditar que, na sua análise, Jung leva em consideração o self, ou seja, os processos desenvolvidos pelos indivíduos em interação com seus semelhantes e através do qual se torna capaz de tratar a si mesmo como objeto, isto é, observar-se considerando seu próprio comportamento do ponto de vista alheio.
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Tal qual Jung, Rollo May fala da perspectiva americana das costuras capitalistas de muitas sutilezas onde o verniz precisa suplantar a essência. Na sua análise as pessoas são avaliadas por sua aparência superficial construída pela “consciência criativa” onde a ética é a consciência de si mesmo e essa depende do contexto e das negociações de interesses capitalistas em jogo. Relativamente à religião, May fala do erro de Freud, que a considera uma neurose compulsiva; relativiza essa máxima freudiana e estende suas considerações sobre a filosofia e as ciências que, assim como as religiões da consideração de Freud, são instrumento de fuga da realidade. Dentre os tantos dilemas humanos que colocam o objeto de estudo de May frente aos múltiplos espelhos, clamando por uma projeção no outro, da imagem que esse faz de si mesmo, perpassa o abismo da verdade que deve ser escondida para garantir a referida fuga da realidade. Se para Nietzsche “errar é covardia!”, devemos pensar o relativismo de sua filosofia em comparação ao humanismo de May e em relação às omissões desse com respeito às religiões que tanto tem a dizer de seus objetos de estudo. Quando Nietzsche fala dessa verdade ele mesmo tem dúvidas de sua existência real assim como às vezes duvidamos da religião que professamos. Percebe-se em May certa aversão às impressões dos signos culturais nascidos da alteridade, daqueles que nomeiam as coisas antes que delas tenhamos conhecimento. Essa escrita tem múltiplas impressões: filosofia, ciências, religiões... Essas imprimem em nós a relatividade da construção pessoal de identidade. O presente é o estreito fio construído pela lógica da nomeação escrita em nosso passado e que o liga ao futuro pela projeção que fazemos a partir de nossas experiências com tal escrita. Não somos o presente ou aquilo que projetamos para o futuro. Somos uma construção de muitos pilares edificados na cultura onde a filosofia, as ciências e as religiões são componentes essenciais. Assim, considerando a universalidade do pensamento de May, devemos considerar as inumeráveis correntes culturais onde a Ciência, a filosofia e a religião ganham significados e valores igualmente diversos.
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Carl Rogers, também americano, diferentemente do behaviorismo, pensava numa psicanálise centrada na pessoa, pensamento esse tão influente nos filósofos existencialistas e femenólogos que pensavam na autorrealização da pessoa. Pensando o homem como essencialmente bom, pensava a educação do indivíduo para o meio e não o meio para o indivíduo. Para Rogers é necessário que o homem descubra, por si mesmo, as respostas para suas inquietações e, com o uso de suas próprias habilidades, construam segurança para tomar as decisões necessárias nos momentos de conflitos existenciais ou não. Rogers propunha uma escola onde o clima afetuoso, teria o aluno como centro e o professor como um facilitador. Considera, também, que todas as pessoas são naturalmente capazes e suficientemente aptas a realizar tudo que lhe for apresentado. Tendo no outro um facilitador para a realização da aprendizagem, propunha uma educação que considere a totalidade cognitiva e afetiva de seus sujeitos. Assim, alunos e professores, ao construir e desconstruir, dariam sentido e forma a sua existência. Tomando a escola como um lugar por onde todos deviam passar, o humanismo de Rogers se faz universal dentro da realidade daqueles que atendem a essa condição. Nas suas considerações humanistas fica evidente a construção da autonomia dos sujeitos, a interação harmoniosa entre professores e alunos e a formação continuada construída nas relações de respeito, solidariedade e ausência do exercício de poder. Se essa perspectiva é utópica pouco interessa, importa que ela seja uma possibilidade que leva em conta a própria proposta de Rogers, que seria essa de cada um usar suas habilidades para o enfrentamento de si, numa construção de si para o outro e não do outro para si. Nele, o outro seria apenas um intermediador das relações na perspectiva da desconstrução e reconstrução necessária à existência de todos, o que daria sentido à vida.
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Erich Fromm, o mais clássico dos humanistas, construiu suas teorias a partir do materialismo histórico de Marx e Engels. Em suas considerações da psicologia social analítica, o homem está envolto no progresso histórico e social não só da natureza, mas do próprio ser natural do homem, no qual se inscrevem as ideologias do comportamento social onde a influência e determinação econômico-social são os determinantes comportamentais dos sujeitos. Por suas raízes críticas da escola de Frankfurt, Fromm pensa criticamente a psicologia que, conjuntamente ao materialismo histórico, produz os mecanismos produtores de ideologias e a interação dos fatores naturais e sociais como produtores do comportamento humano. Para ele, as forças libidinais, nessa construção social e histórica, são socialmente dirigidas o que a enfraquece até que deixe de constituir uma ameaça à estabilidade social. A essa estrutura libidinal, Fromm dá o nome de caráter social cujo produto resulta das influências das condições sócio-econômicas sobre os impulsos humanos. Em resumo, para Fromm, os impulsos libidinais, além de ser um fator importante no condicionamento da evolução dos vários níveis da sociedade e no conteúdo da superestrutura ideológica, é o meio pelo qual a economia exerce sua influência nas manifestações intelectuais e mentais do homem. Suas considerações se fazem universais na medida em que considerada as relações numa estrutura de acumulação capitalista onde os sujeitos são ajustados aos interesses do mercado ou se faz ator na luta de classes onde o capital, pretensamente, quer ser o determinante histórico em oposição às lutas sociais que se inscrevem como a não aceitação dessa condição de poder. No centro dessas lutas, o homem se ajusta ou resiste, se dobra o luta, recalca ou explode em ações de humanidade que não se conforma com a imposição ideológica desse materialismo. Em ambos os casos ele se faz sujeito da mesma condição.
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A idéia de pirâmide hierárquica das necessidades humanas onde Maslow defende uma espécie de sobreposição sucessiva de necessidades, começando pelas fisiológicas, a segurança, as sociais, a condição de status e estima e, finalmente, a autorrealização, embora equivocada, por acreditar que as etapas são vencidas em um momento e não se constituem problemas a serem enfrentados durante toda a vida, tem sua contribuição na psicologia ao possibilitar as distinções sociais de autorrealização de cada sujeito dentro dos contextos sociais. Mesmo que as necessidades fisiológicas perpassem todas as etapas da vida humana, a idéia de autorrealização, em cada contexto social, tem sua escrita onde podemos ler os níveis de realização individual dos sujeitos. Na perspectiva de Maslow as etapas, ao serem compreendidas, podem favorecer o enfrentamento das angústias e dilemas, lutando para conquistar cada etapa, não sem o devido respeito a suas hierarquias. Assim, a hierarquia é uma forma de organização de nossos objetivos para que não corramos o risco de nos perdermos na tentativa de suprimir etapas, como acontece com as supernovas, ou seja, os astros que explodem na mídia, ganham status e falsa estima, mas não conseguem a segurança necessária para manter essa condição rumo à autorrealização. Por isso se apagam rapidamente nas insaciáveis necessidades fisiológicas de sensações de hierarquias não respeitadas.
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A título de conclusão
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Pensando a educação na perspectiva dos humanistas, acreditamos que nossos dilemas e angústias devem ser pensados dentro da realidade de cada cultura onde, criticamente, o sujeito deve se inscrever com e nas possibilidades de suas múltiplas escolhas. Devemos, na nossa construção subjetiva, considerar as escolhas criticamente, seja dentro da rigidez e tradição de Jung, ou nos múltiplos espelhos de May cujo reflexo e verniz esperamos projetar no outro e cuja finalidade é a aceitação que sanciona nossa realização. Não podemos deixar de considerar, também, as possibilidades de interação, sem a condição hegemônica, tão natural nas relações sociais, que Rogers nos apresenta como possibilidade entre tantas escolhas possíveis, onde a harmonia seja munição para resolução dos problemas pessoais. Da mesma forma há que se considerar Erich Fromm, com sua psicologia social analítica que coloca o homem frente às lutas de classe, onde as relações humanas são ideologicamente construídas. Para esse, a limitação dos impulsos libidinais são conformações cujo objetivo é conter os indivíduos num limite onde não representem ameaças ao sistema. Dessa forma devemos pensar Fromm dentro da realidade de cada grupo examinando, historicamente, as construções subjetivas e objetivas no limite de suas condições materiais e históricas. Por último, a construção da pirâmide hierárquica de Maslow serve, em nossa compreensão, como parâmetros a serem seguidos na busca da realização pessoal. Embora as linhas do pensamento humanista tenham suas particularidades constituem, no seu conjunto, ricas leituras de nossas angústias, o que possibilita melhor compreensão da realidade dentro de cada contexto histórico, econômico e cultural. Acreditamos que seja essa a maior contribuição dos humanistas, principalmente em se tratando de educação de jovens e adultos onde os dilemas apresentam como uma realidade a ser enfrentada.
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BIBLIOGRAFIA
JUNG, Carl Gustav, por MARTINEZ, Sérgio Rodrigo. In: Manual da Educação Jurídica, Editora Juruá, 2003, retirado do portal Jusapiens, www.ensinojuridico.com.br, página Educação e conhecimento jurídico, em 25 de junho de 2011.
MAY, Rollo. O homem à procura de si mesmo. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 1971. 
FROM, Erich, em REIS, Carlos e CARVALHO, Eurico. em análise da obra. Psicanálise da Sociedade Contemporânea. Rio de Janeiro, 1983.
MASLOW, Abraham H. Maslow no Gerenciamento. Qualitymark, 2001.
ROGERS, Carl R. Tornar-se pessoa. São Pauloa: Ed. Martins Fontes, 2009.
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* Estudantes do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação (BH) na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).