sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

País precisa de mais docentes, mas método é controverso

04 de fevereiro de 2011

''O País também carece de médicos, e não me consta que tenhamos uma política oficial de formação de médicos a distância'', afirma Ângela Soligo sobre a formação de professores por cursos a distância

ÂNGELA SOLIGO - ESPECIAL PARA A FOLHA

A Educação a distância é uma das muitas possibilidades de uso de recursos tecnológicos e não pode mais ser considerada uma novidade.

Desde os anos 80, no Brasil, discute-se sua perspectiva em consonância com experiências de outros países. Argumenta-se que ela amplia o acesso às universidades, principalmente as públicas, da população que trabalha e/ou cuida da família. Também ajuda alunos que enfrentam dificuldade de transporte para chegar à Escola. O morador de uma região afastada no Amazonas, por exemplo, é favorecido.

Por outro lado, argumenta-se que identidade profissional não se forma a distância. Não há um convívio com a vida acadêmica, que inclui debates e reflexões, diálogo direto entre colegas e professores, participação em movimentos estudantis e presença em bibliotecas, laboratórios, salas de vivência etc.

A identidade profissional é uma trama cognitivo-afetiva complexa, que resulta dessa rede de relações. Tal identidade implica uma presencialidade que o ensino à distância não oportuniza. Outra preocupação refere-se às desigualdades entre os programas presenciais e os programas a distância. A experiência já mostrou que não é possível fazer uma transposição simples de conteúdos.

Textos precisam ser adaptados ao formato virtual. Não se pode garantir, ainda, equidade de nível entre os dois formatos, e não temos experiências comprovadamente bem sucedidas nesse campo.

Chama a atenção, portanto, o fato de uma estratégia de aprendizagem com adequação e eficácia não comprovadas ter sido transformada em política pública voltada quase exclusivamente à formação de professores.

Não há dúvidas de que o país precisa ampliar o número de docentes para a Educação básica. Mas o país também carece de médicos, e não me consta que tenhamos uma política oficial de formação de médicos a distância.

Isso expõe um fato: Educação ainda não é a grande meta de nossos governantes.
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* ÂNGELA SOLIGO é professora da Faculdade de Educação da Unicamp
Fonte: Folha de São Paulo (SP)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Opinião: Educação e sociedade

03 de fevereiro de 2011

''Estamos cansados, sim. Hoje somos socialmente culpados pelo mau aproveitamento dos alunos que formamos para o mercado de trabalho'', afirma a professora Maria Cláudia Barros
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Maria Cláudia Barros*

Sou professora de História e vice-diretora de Escola pública. Todos estão preocupados com Educação. Juristas, engenheiros, jornalistas e até economistas querem escrever sobre Educação baseados em “estudos e estatísticas”. Agora, a sociedade e a mídia estão unidas em achar um “culpado” para o péssimo desempenho de nossos alunos, comparado com outros países.

A figura do professor se torna alvo de análises variadas. O referencial vai desde a acomodação e vitimização até a tradicional valorização saudosista da profissão. Todos estão percebendo aquilo que há anos tentamos mostrar: o bom funcionamento da Escola garante o desenvolvimento tecnológico e econômico do país. A iniciativa privada da comunicação virtual, da robótica e da descentralização produtiva depara com uma multidão de “auxiliares de escritório” para contratar. Estagiários e funcionários que devem aprender tudo. Relações pessoais e utilização da tecnologia para solução de problemas passam a ser um desafio diário.

É uma sociedade em transformação sobre suas necessidades produtivas e que hoje necessita de uma Escola interligada com as formas de comunicação digital, conectada também com projetos científicos e ambientes que na prática estimulem a produção de conhecimento.

Gustavo Ioschpe, na revista Veja desta semana, afirma que “em termos de administração financeira aumentar o salário de professores é desperdício”. Sim, não é só o salário deprofessor que garante um melhor resultado da Educação, mas, sim, um grande investimento em toda a estrutura que planeja e organiza o sistema de ensino deste país. O salário do professor poderia ser o início dessa mudança, pois mestrados e doutorados não dependem somente da vontade.

Acesso à cultura e instrumentos pedagógicos interligados com novas tecnologias também custam dinheiro. Quando isso já é o básico para outras categorias sociais, o diálogo fica difícil. E as análises menores centradas no professor são um prato cheio para uma sociedade cansada de receber o mínimo diante de tanto recurso perdido em burocracias e muito pouco investido de forma séria e criteriosa.

Estamos cansados, sim. Hoje somos socialmente culpados pelo mau aproveitamento dos alunos que formamos para o mercado de trabalho. E assim entendemos por que a opinião de um economista se torna tão urgente sobre Educação nesse contexto. Não somos vítimas, mas frutos de uma lógica de prioridades. Assumimos a cada dia o tipo de sociedade que construí-mos encarando todas as carências e necessidades básicas que uma sociedade nos apresenta nos três turnos do dia.

Poucas empresas privadas dariam tanto resultado com tão pouco investimento. Não vamos decretar falência, continuamos realizando nosso trabalho mesmo sem respostas para carências básicas de funcionamento. Qual o papel da sociedade então?

E os “pensadores em Educação” continuam na mídia apreensivos com o limite a que chegamos: ou abrimos mão de recursos transferidos para a realidade das Escolas ou continuaremos a receber um bando de “auxiliares de escritório” de nível médio, quando conseguem chegar lá. A Escola pública e seus resultados refletem a sociedade e sua administração também reflete as prioridades do município ou Estado no qual está inserida. As secretarias de Educação se apresentam como unidades administrativas muito distantes da realidade das Escolas.

Poucas pessoas estão comprometidas a resolver problemas estruturais de falta de funcionários na limpeza, secretaria e demais setores. Recursos, planejamento e investimentos estão relacionados à Escola que a sociedade precisa.

* Maria Cláudia Barros, vice-diretora e professora de História

Fonte: Zero Hora (RS)

A decência e a docência

03 de fevereiro de 2011

''É imprescindível que medidas palpáveis sejam estabelecidas a curto e médio prazo, a fim de tomarmos a carreira docente um pouco mais atraente'', diz editorial do Jornal de Brasília.

Os objetivos da Educação para a A próxima década (2011-2020). O texto traz várias metas que pretendem alterar a realidade das Escolas no sentido de qualificar o atendimento, principalmente no ensino básico. Todas as metas poderão ser atingidas desde que haja políticas públicas consistentes, continuidade dessas políticas e investimento na formação e valorização do quadro de professores.

O objetivo de assegurar a todas as crianças e jovens o ensino básico e permitir que cada um conclua o processo de Escolarização básica pode continuar sacrificando a qualidade em função da quantidade. Todavia, sabemos que a realidade da Escola poderá ser mudada se, sobretudo, as metas propostas estiverem apoiadas na confiança, na ação e no empenho dos professores.

Isso significa que, se os professores não acreditarem na força e na seriedade das políticas educacionais e não as efetivarem no contexto das Escolas, o Plano Nacional de Educação será apenas mais um plano bem intencionado, porém ineficaz. Deve existir um projeto social e político que aponte, por meio de ações concretas, o desejo de se transformarem significativamente as metodologias e os conceitos que hoje determina os fazeres Escolares. Ninguém ignora que é a intervenção pedagógica adequada dos educadores que faz quase toda a diferença na Escola.

Todos defendem que a atividade docente está cada vez mais complexa e exigente; no entanto, também é consensual a idéia de que a carreira docente com ruim estatuto social decadente, formação fragilizada e remuneração baixa não atraem à profissão os estudantes mais qualificados nem anima os melhores profissionais a manter-se nas Escolas públicas.

Em um tempo em que nós, a sociedade como um todo, e as autoridades educacionais buscamos uma Escola que atenda mais e melhor à população que dela faz uso, é imprescindível que medidas palpáveis sejam estabelecidas a curto e médio prazo, a fim de tomarmos a carreira docente um pouco mais atraente. É preciso que os jovens sejam motivados a serem professores e encontrem incentivos e sentido no magistério. Uma profissão que não atrai as boas com certeza será ocupada por aqueles que, do ponto de vista profissional, não tiveram opções melhores.

Assim sendo, estaremos encaminhando pessoas desmotivadas à carreira docente, sem empenho e, sobretudo, que não acreditam que podem. Por isso mesmo, elas provavelmente não farão a diferença, posto que não escolheram , mas foram social e economicamente escolhidas para serem professores.

Para inverter o desprestigio da carreira de professor é imperativo que se efetivem medidas claras de formação continuada dos docentes e, ao mesmo tempo, se definam com clareza novas condições para o exercício da profissão. O PNE 2011-2020 aparece em hora propícia e deseja o desenho de um novo projeto social para a Escola pública. Todavia, o primeiro e mais importante passo para tal empreitada é devolver a decência à docência.

Fonte: Jornal de Brasília (DF)

Levantamento mostra que 23 a cada 100 estudantes do ensino fundamental no Brasil estão atrasados nos estudos

Publicada em 03/02/2011 / O Globo

RIO - De acordo com levantamento feito pelo movimento Todos pela Educação, 23 a cada 100 estudantes do ensino fundamental brasileiro estão atrasados nos estudos. No ensino médio, a situação é ainda pior: 34 a cada 100 alunos sofreram defasagem ao longo da vida escolar. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e se referem ao ano de 2009. A distorção idade-série pode ocorrer quando a criança entra atrasada no sistema de ensino ou ainda quando abandona os estudos e retoma.

Entre os estados da Região Sudeste, o Rio de Janeiro apresenta os maiores índices de defasagem: no ensino fundamental, a taxa é de 28,4%, contra 21,5% do Espírito Santo, 20,2% de Minas Gerais, e 8,3% de São Paulo. No ensino médio, a situação é mais alarmante, já que 45,9% dos jovens não estão na série adequada a sua idade. No ES, este número é de 21,5%, e em MG, de 27,5%. São Paulo novamente apresenta o melhor resultado, com 17,3%.

No Norte e Nordeste, o atraso é maior em comparação com as outras regiões do país. O destaque negativo fica por conta do Piauí. No ensino fundamental do estado, 33,4% estão atrasados. Já no ensino médio, a taxa chega a 54,8%, mais da metade dos estudantes da rede. Na outra ponta, o melhor resultado no Brasil é de Santa Catarina, com apenas 15% e 16,7% de alunos com defasagem nos ensinos fundamental e médio, respectivamente. Segundo professores ouvidos pelo Todos pela Educação, o atraso escolar pode ser explicado, em boa medida, pela reprovação.

- O único percentual aceitável para a distorção idade-série é 0%. O ideal seria que ninguém reprovasse. Todas as crianças deveriam estar oito ou nove anos no Ensino Fundamental", afirma. "As altas taxas de reprovação e de repetência não estão produzindo os efeitos de aprendizagem esperados - afirma Ocimar Munhoz Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

Já para a professora Inês de Almeida, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), o processo ensino-aprendizagem é complexo e não pode se resumir apenas à reprovação por notas:

- Ao longo do tempo que esse aluno está na escola, o professor tem oportunidade de conhecê-lo em sua dimensão de sujeito humano e, portanto, pode acompanhá-lo, sabendo de suas fragilidades pessoais, familiares, cognitivas e de domínio de conteúdos. O professor precisa estar atento para que dê a essa criança condições de chegar ao resultado final, mas para que o processo não seja determinado apenas por provinhas - diz.
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Fonte: O Globo

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Número de formandos em cursos que preparam docentes cai 50% em 4 anos

02 de fevereiro de 2011

Queda entre 2005 e 2009 atinge os que concluíram cursos de Pedagogia e Normal Superior
Luciana Alvarez - O Estado de S.Paulo

O número de formandos nos cursos que preparam docentes para os primeiros anos da educação básica - como Pedagogia e Normal Superior - caiu pela metade em quatro anos, segundo os últimos dados do Censo do Ensino Superior, realizado anualmente pelo MEC. De 2005 a 2009, os alunos que concluíram essas graduações foram de 103 mil para 52 mil, o que comprova o desinteresse dos jovens pela carreira. Houve queda também nos graduandos em cursos de licenciaturas, que preparam professores para atuar no ensino médio e últimos anos do fundamental - em 2005 foram 77 mil, contra 64 mil em 2009. No mesmo período, o total de concluintes do ensino superior no País cresceu de 717 mil para 826 mil.

Ao mesmo tempo em que o Brasil forma menos professores, o número dos que estão em sala de aula sem diploma vem crescendo. Em 2009, docentes sem curso superior somavam 636 mil nos ensinos infantil, fundamental e médio - cerca de 32% do total. Em 2007, eram 594 mil. Para o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Carlos Eduardo Sanches, a queda na quantidade de formandos é "preocupante". "Os municípios se preparam para ampliar o número de matrículas para crianças de 4 e 5 anos, que se tornarão obrigatórias em 2016. Isso projeta um cenário de falta de docentes", afirmou.

Especialistas em ensino alertam que o Brasil já enfrenta um déficit de professores nas redes públicas. "Muitos desses formandos preferem seguir na área acadêmica, ir para colégios particulares ou atuar em outras áreas, onde ganham mais. Eles não vão para as escolas públicas", diz Mozart Ramos Neves, membro do movimento Todos Pela Educação. Para reverter o quadro e trazer mais jovens para o magistério, Neves aponta três medidas. "Precisamos de um salário inicial atraente para o jovem, ter uma carreira promissora e dar boas condições de formação e de trabalho", recomenda. "Enquanto não houver um pacto nacional pela valorização do professor, não resolveremos o problema."

A coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Márcia Malavasi, diz que a desvalorização do magistério tem feito muitos docentes abandonarem a carreira e muitos jovens desistirem antes mesmo de entrar na faculdade. "Ao procurar informações sobre a profissão e conversar com quem atua na área, os jovens não têm ouvido boas recomendações e se desmotivam", afirma.

Márcia também diz que os alunos, de forma geral, acabam prejudicados pelo fenômeno. "O professor que está em sala deixa claro que não gostaria de estar lá - e mesmo assim o aluno precisa se submeter. Isso cria um ambiente desfavorável ao aprendizado", explica. A coordenadora lembra, porém, que existem exceções. "Professores em algumas escolas particulares têm bons salários e se sentem valorizados."

Plano B

Quem entra no curso de Pedagogia, além do amor pela sala de aula, costuma ter também um plano alternativo de carreira. É o caso de Regiane Ferreira, de 22 anos, que cursa o último ano de Pedagogia da Universidade Estadual Paulista (Unesp). "Assim que me formar, vou tentar um mestrado. Quero seguir a carreira acadêmica", conta. "Vou tentar conciliar a pós-graduação com dar aulas na rede municipal de Marília, mas, se não der, posso pedir uma bolsa."

Músico profissional, Welington das Neves Moreira, de 53 anos, terminou há um semestre o curso de Pedagogia e diz estar animado para tentar um concurso e dar aulas na rede pública de São Paulo. "Sei que não é uma carreira fácil, mas tive boas experiências nos estágios. Se não der certo, continuo tocando."

Fonte: O Estado de São Paulo (SP)

Professor cria disque-denúncia contra violência nas escolas

Denunciante ficará anônimo; ação visa diminuir agressões na rede particular
Publicado no Jornal O TEMPO - 02/02/2011
Por: TÂMARA TEIXEIRA

Reação. Professores e alunos protestaram por medidas após a morte do professor Kássio Gomes, em dezembro de 2010
De um lado, um aluno sem limites que não mede suas palavras e chega a agredir o professor. Do outro, instituições particulares que não estariam dando suporte para que o profissional se sinta seguro. Foi nesse contexto que o Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-Minas) criou um disque-denúncia para atender as reclamações de agressões verbais e físicas dos profissionais da educação. O denunciante não precisa se identificar. Com a nova ferramenta, a expectativa é que muitos casos de violência, que hoje se perdem no silêncio, sejam apurados. Uma pesquisa do sindicato realizada em 2009 mostrou que 62% dos entrevistados já presenciaram uma agressão verbal; 39% relataram ter visto situações de intimidação; e 35%, de ameaça.

De acordo com o presidente do Sinpro-Minas, Gilson Reis, os números revelam que a violência é uma constante no cotidiano dos professores. "Ao mesmo tempo em que os números da pesquisa são expressivos, as denúncias não aparecem. Só podemos deduzir que há uma violência que se mantém velada. O objetivo do disque-denúncia é criar o caminho para que esses casos não passem desapercebidos. Essas histórias precisam atravessar os muros das escolas", disse Reis.

O presidente do Sinpro explica que todas as denúncias serão apuradas e, caso uma escola seja alvo de um número elevado de queixas, o sindicato irá recorrer ao Ministério Público do Trabalho. "Dependendo da gravidade, podemos conversar com a instituição ou até acionar a polícia. O ministério pode propor a assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) à escola". Reis acredita que muitos profissionais da rede particular sofrem pressão das instituições, que não têm interesse em que o caso de violência venha a público.

Resposta. A criação do disque-denúncia surgiu como uma promessa do sindicato depois do assassinato do mestre em educação física Kássio Vinícius de Castro Gomes, 39, morto com uma facada pelo aluno Amilton Loyola Caires, 23. O crime aconteceu em 7 de dezembro, dentro do Instituto Metodista Izabela Hendrix, em Belo Horizonte.
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Para denucniar: 0800-770-3035

NOTÍCIAS...

Ano letivo não começa para 1.600 alunos

por DOUGLAS COUTO, Jornal O TEMPO em 02 fev. 2011

Para fiscais da vigilância, não há condição sanitária para que escola receba alunos hoje

O ano letivo começa hoje com 1.600 alunos sem aula em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. Por causa das condições precárias, a Vigilância Sanitária da cidade interditou ontem a Escola Estadual Manoela Martins de Melo. Os pais apoiam a medida, mas temem prejuízos no calendário letivo dos filhos. Os fiscais reencontraram focos do mosquito da dengue em vários pontos da insituição de ensino. O telhado de um dos prédios se transformou num verdadeiro pombal, com penas e fezes.

Também foram achadas gambiarras na rede elétrica, que podem colocar em risco a vida dos estudantes. Há vazamentos nas salas de aulas e vidros de janelas quebradas. O local havia sido vistoriado no mês passado. Para a chefe da Vigilância Sanitária, Gisele Cristina Alves, a escola não tem condições de receber alunos. "Além dos focos de dengue e do pombal, as salas estão mofadas. Não há a menor condição higiênico-sanitária para funcionar. Enquanto todos os problemas não forem sanados, a instituição de ensino fica interditada", enfatizou.

Os problemas que levaram à interdição da escola foram denunciados há duas semanas por O TEMPO. Na época, a superintendente metropolitana da Secretaria de Estado da Educação, Maria Lúcia Martins, acompanhou a vistoria e garantiu recursos para a reforma. O valor de R$ 59,8 mil está empenhado há mais de três meses. Ontem, a diretora da escola, Alexandra Cristina Palmeiras, culpou a empreiteira pelo atraso na execução do serviço. "Sempre há uma desculpa de que está faltando algum material ou documento", reclamou a diretora.

A dona de casa Vera Lúcia de Oliveira, 39, mora no bairro Menezes, próximo à instituição de ensino, onde seus dois filhos, de 7 e 15 anos, estudam. Embora apoie a medida da Vigilância Sanitária, ela está preocupada. "Essa interdição vai pegar muitos pais de surpresa, mas era necessária. Nossos filhos não podem estudar em uma área como essa. A gente quer que as crianças frequentem um local decente. Da forma que está elas correm riscos", reclamou. Com a interdição, não há prazo para início das aulas. A expectativa da direção da escola é que o ano letivo seja iniciado na segunda-feira.Algumas intervenções - como a pintura da parte externa da escola e a limpeza das salas de aulas - começaram a ser executadas ontem.

Promessa

Moradores da Vila Itaú pedem transporte escolar

O início do ano letivo está sendo de indecisão para os pais dos alunos da Escola Municipal Cecília Meireles, na Vila Itaú, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Os pais reclamam falta de transporte para os alunos que tiveram que ser remanejados para outras escolas da região. A vila em que a escola fica será desabitada por causa de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e por isso os alunos foram transferidos. Segundo relatos dos pais, as escolas para as quais os alunos foram transferidos são longe da Vila Itaú e a prefeitura ainda não havia informado se vai fornecer transporte.

O secretário municipal de Educação, Lindomar Diamantino, disse que a prefeitura disponibilizará um ônibus para levar os 92 estudantes até a Escola Municipal Lígia Magalhães. Os alunos devem pegar o ônibus em frente à antiga escola.

(Natália Oliveira/Especial para O TEMPO)