
terça-feira, 7 de setembro de 2010
domingo, 5 de setembro de 2010
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
NOTÍCIAS...
Adolescente é baleado na porta de escola em brincadeira com arma
Izabela Ventura, repórter - 03 set. 2010
Permanece internado em observação no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), o adolescente de 17 anos baleado na porta de uma escola do Bairro Céu Azul, Região de Venda Nova, em Belo Horizonte.
Segundo a Polícia Militar, o disparo teria ocorrido acidentalmente, por volta das 20 horas de quinta-feira (2). O rapaz teria levado a arma para a escola para mostrar aos amigos. A polícia ainda investiga se o tiro foi disparado pelo próprio adolescente que levou a arma ou por algum colega. O jovem não corre risco de morte e deve receber alta ainda hoje.
Fonte: http://www.hojeemdia.com.br/
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
NOTÍCIAS...
Jovem é espancado por gangue dentro do Caic
por Renata Brum, repórter
Um jovem de 18 anos foi espancado, pisoteado e apedrejado na noite de terça-feira, nas dependências da Escola Municipal Núbia Pereira Magalhães, o Caic do Bairro Santa Cruz, na Zona Norte. O crime, que chocou professores e pais de alunos da instituição, foi praticado por rapazes que seriam integrantes de uma gangue. Levantamento do 27º Batalhão da Polícia Militar, unidade que atende a região, mostra que esta violência não é um fato isolado. De 1º de janeiro até 1º de agosto, ou seja, em sete meses, foram registradas dez ocorrências no Caic. No dia 8 de abril, por exemplo, militares foram acionados após um disparo de arma de fogo. Ainda há outras oito ocorrências de ameaça, lesão corporal e agressão, além de um registro de dano ao patrimônio. Até mesmo um guarda municipal teria sido ameaçado de morte por adolescentes no Caic.
Na última terça-feira, segundo o registro da Polícia Militar (PM), por volta das 21h, o jovem, morador do São Judas Tadeu, jogava bola na quadra de esporte, quando foi surpreendido e cercado por um grupo rival formado por vários moradores do São Damião. Ele desmaiou após ser atingido por uma pedrada na cabeça e receber pisões na face, além de socos e chutes. A vítima foi socorrida pelo Resgate e permanece internada em observação no Hospital de Pronto Socorro (HPS), mas está lúcida e seu estado de saúde é considerado estável. A Tribuna conseguiu conversar com o jovem, ainda no hospital, e com sua mãe, uma dona de casa de 34 anos. Ele contou que já havia sido ameaçado pelo grupo e que não se lembrava do que havia acontecido. “Fui jogar bola na quadra com meus amigos, mas, quando estava saindo, fui atingido nas costas, caí no chão e depois já veio o resto. Eram uns 15 moleques, mas não lembro de mais nada.” O jovem que deixou o Centro Socioeducativo no último dia 11, onde ficou acautelado por um ano e três meses, segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), ainda contou que o enfrentamento entre os moradores do São Judas e São Damião é coisa antiga. “Já brigamos outras vezes.”
A própria comunidade denuncia a rixa. “Ele foi espancado no colégio por cerca de 15 adolescentes que se dizem do ‘Bonde do Scooby’, do São Damião. Estamos com medo e já pedimos que os guardas municipais fiquem na parte da noite, mas eles alegam que não têm armamento para isso”, contou um professor, 37, que não trabalha no Caic, mas possui uma filha matriculada na instituição. Já um funcionário da escola, que preferiu não se identificar, ressaltou as falhas na segurança. “Só temos um vigia, e ele não pôde fazer nada, porque veio um monte de gente para cima do rapaz, dando paulada, pedrada e chute. O medo é porque a maioria desses jovens anda armada, e as gangues estão no entorno da escola.”
A diretora do Caic, Maria Aparecida Fernandes, confirma o duelo dos grupos na instituição. “Os meninos do Santa Cruz e São Damião têm o Caic como deles. E não aceitam o estranho. Ao perceberem a presença do jovem do São Judas, partiram para a briga. Toda a escola ficou mobilizada e em alerta, pois estávamos em aula normal no momento.” Responsável pelo patrulhamento na área, o tenente da PM Luciano Fontainha disse que foi realizado rastreamento na busca dos responsáveis. “A diretora do Caic nos comunicou o fato, e, imediatamente, a equipe do Tático Móvel foi empenhada. Quatro pessoas foram identificadas, e continuamos em rastreamento para encontrá-las”, garantiu o comandante do setor II da 173ª Companhia da PM, lembrando ainda que “o policiamento é reforçado no entorno do Caic, que fica a cerca de 500 metros de um posto policial.
Professores apedrejados e funcionários ameaçados
A Tribuna já havia recebido outras denúncias sobre a questão da insegurança no Caic e esteve no colégio no início de agosto. As demarcações de território estão grafadas nos banheiros e nos muros da quadra poliesportiva. “Quartel criminoso” é uma das pichações assinadas pelo Bonde do Scooby, do São Damião. Algumas delas fazem menção à facção criminosa do Rio de Janeiro Amigos dos Amigos (ADA). Até mesmo recados de ameaças de morte estão pelos muros. Mas, se de um lado estão os adolescentes tentando mostrar poder na comunidade escolar, de outro, estão professores, funcionários e até guardas municipais acuados.
Um dos guardas municipais que trabalhou na instituição chegou a ser ameaçado por um adolescente de 14 anos armado dentro do Caic. “Ele me disse: ‘Você não tem peito de aço, você vai deitar hoje’. Fiquei muito assustado e cheguei a pedir transferência. Infelizmente sou uma figura de segurança pública, mas eu mesmo me sinto inseguro. Não usamos arma de fogo, e a escola não tem muros, é escura e há briga de gangues lá dentro”, relatou o guarda, que vem sofrendo de insônia e problemas de ansiedade. Outro guarda também tem relatos da violência. “Eles estavam entrando e ameaçando os alunos e professores e roubavam a merenda das crianças.” Uma auxiliar de serviços gerais, que preferiu não se identificar, confirma as ameaças. “Isso acontece sim. E nós também não sabemos como agir. Às vezes, nos xingam, somos ameaçadas e temos que deixá-los entrar. Já ouvi até ‘eu vou te deitar tia’”, contou.
Há alguns meses, uma professora de 54 anos foi apedrejada pelos adolescentes. “Eles não gostam que utilizemos a quadra. Chegam a ir para o morro e tampam pedras. Uma atingiu minha barriga e a outra meu braço.” A situação não é nova. Em outubro de 2008, outra professora foi atingida por pedras que atravessaram a janela da sala. A ocorrência foi registrada na Polícia Militar. Outra educadora completou: “Há dias de não podermos dar aula. No turno da noite, já encontraram adolescentes armados.” Para a diretora Maria Aparecida Fernandes, a falta de um muro cercando a unidade escolar facilita o acesso ao colégio. Toda a grade, que é bem baixa, está com remendos ou novos buracos. “Na parte de trás, a grade fica a apenas 1,20m acima do piso da quadra. E, para esses meninos, o pátio é o terreiro da casa deles. Há brigas entre grupos de bairros diferentes, e, infelizmente, a escola está neste contexto.”
Escola vigiada diariamente por guardas
Além de roubos e ameaças, a presença de drogas no colégio foi confirmada pela diretora Maria Aparecida Fernandes. “Como não há muro, sabemos que o Caic é usado por jovens que fogem da polícia e que serve como esconderijo de drogas. Já encontramos até crack. Tive também problemas com alunos que não queriam ir embora, pois falavam que teriam que pagar pedágio na rua.” Segundo ela, com a presença dos guardas, registros de casos deste tipo foram reduzidos. De acordo com o comandante da Guarda Municipal, major José Mendes da Silva, dois homens são escalados diariamente para o Caic, única escola municipal a ter patrulhamento diário. “O ponto é preocupante, mas temos feito de tudo para manter dois guardas na escola desde o ano passado. Contamos, quando necessário, com apoio do 27º Batalhão da PM.” Recentemente, a Guarda Municipal sofreu 14 exonerações, mas, conforme o major, em entrevista à Tribuna, em 22 de julho, “nenhum dos que saíram foi por ameaças. Todos passaram em outro concurso.”
Maria Aparecida destaca que a questão extrapola o âmbito da educação e da segurança. “Não é fácil conviver com este quadro, resultado de uma problemática social grave que precisa da ação de outras instâncias. De alguma forma, estes meninos estão sofrendo. Gostaria que a escola estivesse aberta a todos, mas, infelizmente, por questões de segurança de nossos alunos e professores, precisamos de um muro para cercar a escola. Cerca de 1.500 pessoas circulam por dia na escola, considerada a maior da rede pública municipal. No total, contando as oficinas, são 2.300 alunos. Tento explicar para estes adolescentes que a escola também é deles, mas que preciso preservar a vida das crianças, explicou a diretora, que aposta no muro para reduzir a violência.
“Levei a demanda à Secretaria de Educação, e a secretária nos prometeu a construção. Sei que a obra não sai de uma hora para outra, mas o projeto está pronto e assinado, e, agora, o processo está em tramitação na Comissão Permanente de Licitação. Espero que, até outubro, o muro comece a ser erguido.” A secretária de Educação, Eleuza Barboza, informou, por meio da assessoria, ter pedido prioridade para o muro, embora precisem ser cumpridas as etapas da licitação. De acordo com ela, a estrutura deve ter cerca de 4m de altura e possui custo estimado de R$ 143 mil. Embora não tenha definido prazos, a expectativa é de que a construção seja iniciada em breve. A titular da pasta disse, ainda, que um código de conduta relacionado à violência nas escolas deverá ser distribuído entre a comunidade escolar.
‘A escola não consegue educar sozinha’
Assessor de comunicação do 27º Batalhão da PM, capitão Paulo Alex Moreira, diz que a situação do Caic vem sendo acompanhada pela corporação. “Este ano, tivemos dez ocorrências e poderíamos ter tido até mais se não houvesse lá projetos sociais, como o Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas), que atua na prevenção da violência e dos entorpecentes.” Para o capitão, porém, somente a união dos poderes resolverá a questão. “A escola pode envolver Judiciário, Vara da Infância, Ministério Público, psicólogos e polícias para tentar resolver a questão. Mas é fundamental que a família também participe e aja, para que seus filhos não cheguem nas mãos da segurança pública, pois, a partir desta etapa, só caberão as medidas legais.”
A avaliação do policial é de que muitos dos problemas diagnosticados estão relacionados à idade dos infratores. “Os adolescentes se sentem imbatíveis. Eles se vangloriam de terem sido apreendidos dez vezes, é como um prêmio. Só perceberão que agiram errado com a maturidade. A formação de grupos e de brigas entre ‘gangues’ rivais sempre vai acontecer, pois envolve a cultura repassada por seus pseudo-heróis.” A diretora do Caic ressalta a importância da família. “Houve mudança de valores para esses jovens. A família perdeu a estrutura, perdeu o valor, e a escola não consegue educar sozinha.” Segundo a titular da 3ª Delegacia Distrital, responsável pela Zona Norte, delegada Mariana Veiga Preste, já foi determinada diligência preliminar para a identificação dos supostos responsáveis pela agressão ao jovem na última terça. “Dois já estão identificados e já foram intimados em outros inquéritos dessa natureza.” A delegada também adiantou que está realizando o mapeamento das gangues da região Norte. “Duas na região do Santa Cruz e uma em Benfica foram mapeadas. Sabendo quem são os envolvidos, se são adolescentes ou maiores de 18 anos, para encaminharmos os casos à Vara da Infância e Juventude ou tomarmos as medidas cabíveis.”
Colaborou Eduardo Vanini
Fonte: [02 set. 2010] http://www.tribunademinas.com.br/geral/geral10.php
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
ENTREVISTA: Como a Síndrome de Burnout pode atingir os professores

por Alexandre Rodrigues Alves, 31 ago. 2010
Gisele Levy foi minha colega no Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) na Uerj. Além de sua dedicação e seu empenho nas diversas disciplinas que fizemos juntos, chamava-me a atenção sua preocupação com a saúde dos professores em geral – e dos seus colegas em particular; e não apenas em função do desgaste físico de dar aulas em dois ou três lugares diferentes (ela mesma é de Macaé, passava dois dias por semana no Rio), mas aspectos psicológicos estavam sempre em sua mira afiada. Pois bem, Gisele acaba de lançar A Síndrome de Burnout nos professores do Ensino Regular, um desdobramento de sua pesquisa para o mestrado e o doutorado, no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana, também na Uerj. Aproveitei a oportunidade do lançamento do livro para entrevistá-la sobre esse assunto que, mesmo não sendo ainda discutido maciçamente, é preocupante para os docentes.
Como o livro tem a ver com suas pesquisas para o mestrado e o doutorado?
A ideia de produzir este livro teve origem na minha dissertação de mestrado, Análise do índice de Burnout em Professores da Rede Pública de Ensino, com a orientação do professor Francisco de Paula Nunes Sobrinho, defendida em 2006. Esse estudo obteve resultados significativos. Dos participantes envolvidos na pesquisa, 75% deles apresentaram o quadro de Burnout; dentre estes, 85% sofriam com a síndrome devido ao sentimento de ameaça em sala de aula. Esses resultados alarmantes - e os das pesquisas feitas em todo o mundo - me estimularam a prosseguir meus estudos acadêmicos nesse campo, no sentido de propor uma forma de enfrentamento da síndrome, mas destinada aos professores. A tese foi intitulada Técnicas de enfrentamento da Síndrome de Burnout em profissionais de educação.
O seu olhar, então, está dirigido aos professores?
Sim. A obra aborda a Síndrome de Burnout tendo como foco os profissionais do magistério. Os seis capítulos do livro refletem nosso bem-sucedido esforço de pesquisa, de reflexão e de replicação de conhecimentos que favorecem a humanização do posto de trabalho docente. Revisamos questões significativas, como a legislação sobre a síndrome, as técnicas de enfrentamento, critérios de avaliação de sintomas e instrumentos destinados à medição do índice de Burnout. Para completar, o último capítulo é destinado diretamente aos professores, apontando sugestões práticas para prevenção e enfrentamento da síndrome.
Vocês conversaram com outras categorias profissionais para preparar o livro?
Na verdade, a obra teve a participação de profissionais como, psicólogos e médicos. Além disso, foi revisado um número bem significativo de pesquisas sobre o tema, que vem afetando de forma expressiva profissionais de diversas áreas. Nesse sentido, é bom assinalar que alguns especialistas, entre os quais me incluo, afirmam que o Burnout é um tipo de estresse ocupacional, que tem relação íntima com as profissões assistenciais, aquelas que oferecem cuidado ao outro.
Quais são os sintomas básicos da síndrome?
Os sintomas englobam aspectos físicos, psicológicos e comportamentais. Alguns deles são, entre os de caráter físico: cefaleias frequentes, exaustão física, insônia e dores serviçais; dentre os psicológicos, destacam-se: dificuldade de atenção, baixa concentração, impaciência e baixa autoestima; entre os comportamentais ressaltamos: Isolamento, aumento da agressividade, perda de iniciativa e dificuldade de assimilação de mudanças.
Como diferenciar essa síndrome de um estresse comum?
É preciso fazer um alerta sobre esse assunto. Na verdade, o estresse é uma função natural do nosso organismo; sem ele nós não sobreviveríamos, por exemplo, a uma alteração climática. O problema ocorre quando esse mecanismo psicofisiológico é disparado inúmeras vezes, sobrecarregando o nosso corpo e, em consequência disso, causando doenças devido à liberação de algumas substâncias – entre elas o cortisol. A diferença entre o estresse e o Burnout é simples. Esta síndrome é um tipo de estresse crônico ocupacional, que se desenvolve a partir de situações pertinentes ao ambiente de trabalho.
Por que professores são vítimas frequentes dessa síndrome? Que situações em sala de aula podem contribuir para o surgimento dessa síndrome? E no ambiente escolar?
Os professores são um alvo fácil para essa síndrome porque são profissionais que trabalham em um tipo de função assistencial, atuando em tempo integral junto a pessoas, necessitando estabelecer vínculos com seu trabalho, colegas, alunos e familiares. E, na medida em que essa relação não se estabelece de forma gratificante, seja por questões salariais, mau comportamento do aluno ou outros tantos fatores, o professor adoece e acaba se afastando de sua profissão. Você sabia que aquele profissional, o mais “apaixonado” pelo seu trabalho, aquele que luta pelos ideais de sua categoria, é o primeiro a sofrer com a síndrome? Isso não é de assustar?
Existe alguma preponderância quanto a sexo ou idade?
Pelas pesquisas que venho analisando até agora, não existe um gênero que tenha predominância na síndrome. Na minha pesquisa, por exemplo, o resultado não foi significativo quanto ao índice de Burnout no gênero feminino. Com relação à faixa etária, no meu estudo ficou claro que os professores com pouca experiência em sala de aula são os mais afetados pelo Burnout. Como os estudos sobre essa síndrome ainda são recentes (tiveram início apenas nos anos 1970) muita coisa ainda será descoberta.
O que o professor pode fazer para tentar evitar o Burnout?
Algumas coisas são básicas. Em primeiro lugar, reconhecer que existe algo de errado com ele e não apenas achar que a profissão docente é um sacerdócio repleto de sofrimento e dor. Além disso, o docente deve ficar alerta aos sintomas da síndrome, prevenir o estresse de seus alunos, cuidar de sua alimentação etc. O ultimo capítulo do livro, Sugestões para o professor prevenir e enfrentar a síndrome de Burnout, aborda exatamente essa temática, oferecendo soluções simples para o combate à síndrome.
Como foi o lançamento do livro?
Eu me senti homenageada; foi o lançamento do resultado de um trabalho que fiz com toda a dedicação, além de servir de alerta para os professores. O professor Francisco Nunes e eu recebemos vários professores e pesquisadores, como Rosana Glat, Leila Nunes (responsável pelo prefácio) e Bernard Rangé, da UFRJ. Estava lá também Lucia Novaes, que, além de assinar um dos capítulos do livro, estava lançando Técnica de controle da raiva. Inúmeros colegas da Uerj também estiveram lá.
Mais info. sobre o livro você encontra no site da Editora Cognitiva ou pelo e-mail info@editoracognitiva.com.br.
Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/jornal/materias/0420.html
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