sexta-feira, 6 de agosto de 2010
EDUCAÇÃO E POLÍTICA
Serra diz que Educação é preocupação para o futuro; já Dilma promete valorizar os educadores
No debate entre quatro dos oito candidatos à presidência - Dilma, Serra, Plínio e Marina - realizado agora no final da noite do dia 05 na Band, pudemos conhecer um pouco o que pretendem os candidatos à presidência da República do Brasil.
Os candidatos responderam inicialmente à pergunta da emissora de TV sobre qual seria a prioridade entre a Educação, a Saúde e a Segurança e quais as medidas concretas para esta escolha. O candidato José Serra disse taxativamente que a Saúde e a Segurança são preocupações imediatas, enquanto que a Educação é coisa para o futuro. Ou seja, se depender dele os educadores podem esperar mais meio século para verem atendidas as reivindicações de uma carreira decente. Se depender do meu voto, nem no futuro ele tem chance.
Já a candidata Dilma Roussef disse claramente que a Educação será tratada com prioridade e que quando se fala em educação de qualidade a primeira coisa a ser verificada é a valorização dos profissionais da Educação, com salário digno e com possibilidade de crescimento profissional.
A candidata Marina Silva defende o aumento dos investimentos na Educação para 7% do PIB, mas nada falou sobre a valorização dos profissionais. O candidato Plínio Arruda Sampaio fez um discurso mais ideológico, destacando a profunda desigualdade existente como causa de todas as demais realidades, incluindo os problemas da Educação. Defendeu portanto uma melhor distribuiçãode renda para os mais pobres.
Uma análise do debate
O debate revelou alguns aspectos que devem nortear a campanha. O candidato Serra, por exemplo, fixou-se em alguns pontos fracos do governo atual, como na questão da Saúde pública e das estradas federais, tentando com isso criar um clima de melodrama ao estilo da antiga UDN que, através de um discurso falso-moralista, criava tragédias diárias em cima de pequenos fatos distorcidos ou descolados do todo.
A candidata Dilma estava um pouco nervosa, talvez com a preocupação de não subir o tom neste momento. Mas, acabou por não enfatizar mais duramente o passado do governo FHC e do seu candidato Serra, que doou patrimônio público para as empresas privadas, perseguiu o movimento social, arrochou salários, destruiu setores da máquina pública, desenvolveu política externa de alinhamento com o imperialismo norteamericano e europeu, e manteve políticas neoliberais de recessão com achatamento salarial. Enfim, governou exclusivamente para os ricos. Claro que o governo de Lula não representou uma total ruptura com as políticas neoliberais de FHC e comparsas, mas pelo menos desenvolveu algumas políticas sociais, como o Bolsa-Família, o Luz para todos, entre outros, que poderiam ser destacados com mais ênfase pela candidata Dilma. Além disso, Dilma precisa mostrar mais entusiasmo na defesa de um futuro governo Dilma, com propostas concretas para os problemas colocados, sem ficar na defensiva para os ataques do tucano.
Já a candidata Marina tem um discurso muito articulado, mas revela uma característica de querer agradar a gregos e troianos, procurando se parecer com um anjo, acima do bem e do mal. Deveria dizer que foi ministra de Lula até há pouco tempo e que não apresentou nenhuma crítica profunda quando lá estava. Agora procura elogiar aos governos Lula e FHC e a fazer críticas bem acadêmicas, sem apresentar propostas de fundo para os problemas levantados.
O candidato Plínio Arruda Sampaio, do PSOL, talvez tenha sido aquele que mais se diferenciou dos demais. Pelo menos foi o único que apresentou uma proposta de mudança radical de paradigmas. Defendeu a distribuição de renda, tirando de quem tem muito e passando para quem nada tem, através do aumento de salário, redução da jornada de trabalho e distribuição de terra para os sem-terra. Se houvesse um forte movimento social de esquerda no Brasil, autônomo, este seria o programa mais próximo a ser desenvolvido. Embora, do ponto de vista teórico, pareça um tanto inviável nos marcos do capitalismo. Logo, para ser coerente, deveria convocar a população para uma ruptura radical com o capitalismo - com o Estado e o mercado - e não distribuir melhor a renda, coisa que, ainda que de forma muito tímida, já se pratica no atual governo. Mas, a realidade das candidaturas à presidência está limitada aos acordos com vários setores da sociedade, incluindo os setores dominantes. Por isso, os candidatos com maior densidade eleitoral não assumem compromissos radicais, que atinjam estes setores dominantes.
Na prática, investir mais no social - Educação, Saúde e Saneamento - representa sim tirar dinheiro que vai para banqueiros, empreiteiros e outros grupos privilegiados, mesmo que não ocorra uma ruptura com o sistema. Daí porque o candidato Serra nem sonha em garantir uma Educação de qualidade (que está associada à valorização dos profissionais). Já a candidata Dilma pelo menos assume este compromisso, inclusive especificando que é preciso pagar melhor aos professores e oferecer cursos de formação continuada.
Marina Silva fala em 7% do PIB para a Educação, o que eu acho pouco, ainda, e uma maneira equivocada de abordar o problema. É preciso pagar bem aos educadores, entre outras coisas, não importa se isso representa 5, 7, 10 ou 15% do PIB. Já o candidato Plínio não tocou especificamente neste assunto: uma melhor distribuição de renda resolveria o problema de todos, inclusive dos educadores. O que teoricamente não deixa de ser verdadeiro. O problema é que entre a teoria e a prática há um oceano a ser vencido.
Mas, registramos aqui a ausência de alguns candidatos, que não se sabe porque, foram discriminados, entre os quais o candidato do PSTU José Maria, que seguramente poderia enriquecer o debate com a sua experiência ligada aos movimentos sociais. Esta é a democracia em que vivemos, onde no papel todos são iguais perante a lei. Só no papel. Na prática não somos mesmo iguais nem perante a lei, nem perante a nós mesmos. O problema é que alguns são desiguais demais perante os demais.
Aguardemos agora os novos debates e o desenrolar de um jogo cujas cartas estão mais ou menos colocadas e marcadas. Só um movimento social forte e autônomo poderia embaralhar tudo e dar outras cartas. Enquanto isso não acontece, vamos torcer para que Serra não seja eleito, nem agora, nem no tempo da importância que ele dá à Educação: no futuro. Nós somos presente e futuro; ele, FHC, o Faraó e demais demotucanos são o passado de um pesado carma sobre todos nós.
Fonte: BLOG do Euler - http://blogdoeulerconrado.blogspot.com/
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
APRENDENDO A SER HUMANO NA ESCOLA
Por Lúcio Alves de Barros*
Uma criança, de aproximadamente 10 anos, amiga do garoto Wesley Guilber de Andrade, 11 anos, o qual foi vítima de uma bala perdida que encontrou o seu corpo, afirmou para uma repórter da CBN a maravilhosa lição que aprendeu após o acontecimento como seu amigo. Perguntada o que faria em caso de tiroteio próximo à escola ela disse: “eu devo deitar”. Mas por quê? "Para não perder a vida". Bela lição aprendida em meio à fatalidade, o desconforto e o mal-estar após o enterro do seu amigo. O aprendizado da jovem estudante veio acompanhado da determinação da diretora de fechar as salas que estão voltadas para o aglomerado urbano. Tempos difíceis estes nos quais as escolas parecem trincheiras com pequenos infantes lotados em infantarias desarmadas esperando o combate de uma “guerra” travada entre o Estado e os meliantes associados ao tráfico de drogas.
Perde a infância. Perdem os professores. Perde a cidadania, o direito de ir e vir e da segurança garantida por impostos. Também perdem os policiais, por conseqüência os meliantes e a comunidade, pois não acredito que as partes tenham se beneficiado da morte de um garoto de 11 anos. No campo da criminalidade violenta dificilmente teremos ganhadores. Por natureza, trata-se de uma violência que não se tem controle, medidas, tampouco a possibilidade de previsão. Ela acontece e pronto. E qual o problema de ser na parte da manhã, próximo a uma escola? Para os participantes, nenhuma. Para os que não participaram da famigerada operação, qual o problema morrer uma criança baleada nas costas, uma escola alvejada por projéteis de fuzis 762 e professores e alunos cheios de medo?
Na esfera do tudo ou nada é lamentável o aprendizado da criança que deveria estar em uma instituição de formação, informação, liberdade, segurança, respeito e desenvolvimento de sua alteridade. Infelizmente, na escola ela está encontrando e aprendendo como se comportar em um ambiente de combate, medo, violência sem grandes explicações e na presença do Estado duro e seco que aparece depois com vozes de desculpas e falsa compaixão. Chegará o momento em que vamos perguntar ao estudante o que ele aprendeu de fato em tempos de paz. E ele responderá: “aprendi que é necessário ser humano. Melhorar a cada dia, ser gente, respeitar o outro e que todos somos iguais perante a lei. Não importa se sou negro, pobre ou jovem, mas simplesmente serei respeitado por ser humano: pequeno em estatura, jovem na idade, mas cheio de criatividade, vontade de aprender, brincar, descobrir, contar novidades para meus amigos e amar os meus pais”.
* é professor da Faculdade de Educação da UEMG. Autor do livro, Fordismo: origens e metamorfoses. Piracicaba, SP: Ed. UNIMEP, 2005 e organizador das obras, Polícia em Movimento. Belo Horizonte: Ed. ASPRA, 2006 e Mulher, política e sociedade. Belo Horizonte / Brumadinho: Ed. ASA, 2009.
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Prefeitura decide desativar Ciep assaltado oito vezes em três meses
6ª Coordenadoria Regional de Educação informa que prédio e o entorno da escola receberão obras para minimizar eventos recentes de violência
Por RICARDO ALBUQUERQUE - Jornal O DIA, 04 ago. 2010
Rio - A 6ª Coordenação Regional de Educação (6ª CRE) decidiu, nesta quarta-feira, desativar o Ciep Antonio Candeia Filho, em Irajá, Zona Norte, para que obras sejam realizadas no prédio e no entorno para assim tentar reduzir os recentes eventos de violência. A decisão foi tomada em reunião realizada durante um café da manhã comunitário no Conselho de Segurança do 9º Batalhão (Rocha Miranda).
"As crianças não têm condições de entrar na escola neste estado. Hoje (o Ciep) já está fechado. Os pais serão contatados para saber onde levar as crianças", disse Claudia Costin, secretária municipal de Educação, que participou da cerimônia de entrega do prêmio anual de desempenho das escolas municipais ao lado do prefeito Eduardo Paes.
O mais recente ato de violência no Ciep Antonio Candeia Filho aconteceu na terça-feira. Durante a madrugada, a escola foi assaltada pela oitava vez nos últimos três meses - a segunda em 24 horas. Desta vez, os ladrões levaram apenas a merenda dos alunos, o que adiou o retorno das crianças às salas de aula mais uma vez. Na segunda-feira, quando se preparavam para o retorno, alunos e professores se depararam com a escola arrombada e roubada pela sétima vez. A denúncia foi feita pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio (Sepe-RJ).
De acordo com Deolinda Monteiro, coordenadora da 6ª CRE, as obras já estavam previstas pelo município. "A escola já estava na lista de obras da Prefeitura e as reformas serão de urgência. As crianças serão remanejadas para outras escolas da região", disse Deolinda. A Prefeitura informou que as obras no Ciep terão a duração de seis a oito meses. O início do trabalho está marcado para agosto e, após as obras, a Prefeitura estuda a possibilidade de instalação de alarmes. O dispositivo teria conexão direta com o 9º Batalhão (Rocha Miranda).
"A ideia é boa, mas é preciso que a escola mantenha um representante no local para que a Polícia Militar possa entrar em caso de atendimento de chamada em decorrência de um crime. A PM trabalha na rua, não pode entrar em qualquer local sem autorização", disse Luiz Carlos Leal, comandante do 9º Batalhão BPM.
Fonte: http://odia.terra.com.br/portal/rio/
terça-feira, 3 de agosto de 2010
NOTÍCIAS...
Morte do menino Wesley:
Ciep Rubens Gomes adota medidas para evitar novas vítimas fatais
Ciep Rubens Gomes adota medidas para evitar novas vítimas fatais
Jornal - O Dia / 03 ago. 2010
Rio - O Ciep Rubens Gomes, escola onde morreu o menino Wesley Guilber de Andrade, de 11 anos, anunciou nesta terça-feira que os alunos não estudarão nas salas viradas para as comunidades do Chapadão, Pedreira e Quitanda, localizadas no entorno da escola municipal. A medida visa evitar que mais crianças sejam atingidas por tiros disparados durante operações policiais contra traficantes da região.
A decisão foi tomada pela direção da escola e anunciada na manhã desta terça-feira, em solenidade que marcou a volta às aulas. O Ciep Rubens Gomes tem um total de 1,2 mil alunos. A mãe de Wesley, Islane Rodrigues, participou do evento e falou da tristeza de não ver o filho na escola."É muito triste voltar aqui (Ciep) e ver que meu filho não está. Espero que as autoridades tomem alguma providência para evitar que outras pessoas fiquem feridas ou sejam mortas", disse Islane.
A Secretaria municipal de Educação planeja construir um muro em volta da escola para evitar novos incidentes como o da morte do menino. O menino Wesley Gilbert estudava no Ciep Rubens Gomes no momento em que policiais militares do 9º Batalhão (Rocha Miranda) trocavam tiros com bandidos que, de acordo com testemunhas, seriam do Morro da Pedreira. Ele ainda chegou a ser socorrido por duas professoras e levado para o Hospital Carlos Chagas, mas não resistiu aos ferimentos. Antes, chegou a receber os primeiros cuidados numa ambulância que o socorreu na Estrada do Camboatá, em Cascadura.
Após a ação desastrosa, o coronel Fernando Príncipe, comandante do 9º Batalhão (Rocha Miranda), foi exonerado do cargo. Mesmo com a morte do menino, o policial militar defendeu que as operações na região sejam mantidas. “O Ciep é irrelevante. Se não houver Ciep, haverá uma casa, uma fábrica. Mas o pior é não realizar operações”.
Emoção no sepultamento
Wesley foi enterrado na manhã do dia 17 de julho no Cemitério de Irajá, na Zona Norte. No sepultamento, acompanhado por 70 pessoas, amigos da vítima e professores lembraram os momentos de horror. A professora do menino, Mariza Helena, foi a primeira a prestar socorro: “Quando ouvimos os primeiros tiros saímos da sala e nos posicionamos no corredor. Ali era um lugar que considerávamos mais seguro. Mas o tiroteio parou e voltamos para a sala de aula. De repente, ouvimos novos disparos. As crianças começaram a correr para fora, mas uma bala entrou na sala”.
Mariza contou que depois de ser atingido, Wesley ainda correu até o corredor. “Ele caiu no chão do corredor e começou a sangrar. Os coleguinhas gritavam pedindo que não deixasse ele morrer. Tenho 40 anos de magistério, 17 só nesta escola. Mas, depois disso, não sei se conseguirei voltar para a sala de aula”, desabafou.
Fonte: http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2010/
domingo, 1 de agosto de 2010
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Nas escolas municipais
Quase 200 professores afastados por doença
Jacqueline Silva, repórter / Juiz de Fora - 01 ago. 2010

Levantamento da unidade aponta que, desde o início do período letivo, em fevereiro passado, foram concedidas 1.503 licenças, número que corresponde a mais de um terço do total de 4.500 professores da rede. Embora dados da Secretaria de Administração e Recursos Humanos (SARH) apontem que o tempo médio de afastamento dos servidores da área de educação é de sete dias, 430 das 1.503 licenças concedidas este ano para professores tiveram duração superior a 30 dias, sem incluir os pedidos de licença maternidade, que somam 48 no primeiro semestre. O adoecimento da categoria reflete também no elevado índice de afastamento por períodos de até três dias, através de atestados médicos. No ano passado, a secretaria recebeu 3.622 atestados e, nos seis primeiros meses deste ano, 1.934. Outra situação que tira o professor da sala de aula é a licença para acompanhamento de pessoa da família, que somaram 513, em 2009, e 288 entre fevereiro e junho de 2010.
Para Fátima Barcellos, uma das coordenadoras do Sindicato dos Professores (Sinpro) de Juiz de Fora, a readaptação tanto pode resolver situações específicas, como agravar o quadro de docentes acometidos por moléstias. “Esse é um assunto delicado, que merece uma discussão aprofundada. A Prefeitura baixou um decreto (nº 10.163, publicado em março passado) regulamentando a readaptação. O sindicato está estudando o documento, enquanto aguarda o agendamento de reunião com as secretarias de Educação e de Administração e Recursos Humanos para esclarecer alguns pontos e questionar outros, como a manutenção de benefícios e rendimentos. O encontro deve acontecer quando as aulas forem retomadas.” O segundo semestre letivo da rede municipal começa amanhã.
Indisciplina e violência são fatores de estresse
Na análise do quadro de moléstias que mais frequentemente acometem os professores da rede municipal, chama a atenção a incidência de transtornos mentais e comportamentais. Conforme dados da Subsecretaria de Pessoas, ligada à Secretaria de Administração e Recursos Humanos, 12,28% do total de professores afastados contraíram moléstias desta natureza. Comprometimentos no sistema nervoso e doenças traumáticas somam 8,06% dos afastamentos. Já as doenças do aparelho respiratório chegam a 13,43%.
“Estresse e depressão por causas variadas, relacionadas à escola e à vida pessoal do docente, estão entre os problemas mais comuns”, observa a secretária de Educação, Eleuza Barboza. Segundo ela, a indisciplina, a violência e o fracasso escolar dos alunos, que, muitas vezes, são percebidos como fracasso do próprio profissional, figuram entre os fatores mais recorrentes quando se trata de adoecimento psíquico. “Também recebemos muitos relatos de conflitos no ambiente escolar. São desentendimentos do professor com diretores, outros docentes, alunos, funcionários e família de estudantes. Nestes casos, colocamos os envolvidos na mesa e tentamos mediar as situações. Se não há acordo, podemos transferir o docente de escola.” Já na análise das causas físicas de adoecimento, destacam-se problemas relacionados ao aparelho respiratório e doenças osteomusculares. “O sindicato defende a avaliação ergométrica de todas as escolas da rede para verificarmos as condições de barulho, ventilação e iluminação, entre outros itens. A partir desta análise, será possível estudar intervenções que melhorem as condições de trabalho do professor, reduzindo o adoecimento”, informa Fátima.
Docentes reclamam de funções adicionais
Aos 42 anos, 25 dos quais dedicados à educação, a professora R. está aposentada precocemente. Formada em letras e matemática, ela iniciou a carreira lecionando para turmas de pré-escola, dedicando-se, em seguida, às séries finais do ensino médio. Em dezembro de 2005, foi submetida a uma cirurgia para retirada de nódulo nas cordas vocais e recebeu a informação de que não poderia mais lecionar. “Fui encaminhada para readaptação em 2006. Recebi uma função administrativa na sede da Secretaria de Educação. Questionei, não queria ficar lá. Foi inútil. Tive dificuldade de adaptação e acabei desenvolvendo problemas na coluna. Por fim, entrei em depressão. Meu sentimento era de que não servia mais para nada.”
Atualmente, R. dedica parte de seu tempo à fisioterapia, já que as dores continuam. Ao mesmo tempo, ela questiona o não reconhecimento de nexo causal do segundo adoecimento com sua readaptação, o que inviabilizou a aposentadoria integral. A docente observa que a categoria vê crescer suas responsabilidades, porém, sente falta de mais respeito e de apoio. “Com o passar dos anos, o professor vem assumindo papéis que extrapolam os seus. Não somos mais só professores, somos pais, psicólogos, assistentes sociais e, muitas vezes, até mesmo assistentes financeiros.” R. se queixa de que o sobreesforço não nem sempre é reconhecido e quase nunca é remunerado. “Se as escolas tivessem equipes multidisciplinares com psicólogos, assistentes sociais e outros haveria redução na sobrecarga dos professores”, defende a coordenadora do Sinpro, Fátima Barcellos.
Fonte: http://www.tribunademinas.com.br/geral/geral10.php
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Caminho livre para a excelência
Por MARIA LUISA BARROS - 31 jul. 2010
Rio - Poucos se lembram do placar dos jogos no torneio de futsal que reuniu, em maio, pela primeira vez no alto do Morro do Cantagalo, em Ipanema, crianças e jovens de sete favelas recém-pacificadas no Rio, que até há bem pouco tempo eram dominadas por bandidos de facções rivais. Mas todos se lembrarão durante muito tempo da sensação de liberdade que tiveram naquele dia. “A disputa do troféu foi o que menos importou. O maior prêmio que esses meninos levaram para casa foi o direito de ser criança e poder conviver uns com os outros”, avalia a capitã Rosana Alves dos Santos, comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Ladeira dos Tabajaras e do Morro dos Cabritos, em Copacabana.
Dominados o terror e a violência outrora impostos pelo tráfico nessas comunidades, escolas e poder público têm agora longo caminho a percorrer para garantir a formação de qualidade e a inserção de milhares de jovens no mercado de trabalho através da pacificação. Para especialistas, o maior desafio é reduzir os índices alarmantes de evasão.No Rio, segundo estado mais rico do País, 53,3% dos jovens desistem dos estudos antes de colocar a mão no diploma. Só 10% aprendem o que deveriam em Matemática no último ano do Ensino Médio, segundo dados do Movimento Todos Pela Educação, que acompanha as cinco metas para educação de qualidade até 2022, ano do Bicentenário da Independência do Brasil.
Para chegar lá, é preciso que todos entre 4 e 17 anos estejam na escola; que as crianças sejam alfabetizadas aos 8 anos; que cada aluno aprenda o conteúdo da sua série; que todos concluam o Ensino Médio aos 19 anos; e que os investimentos em Educação sejam ampliados e bem geridos. Na opinião de Mozart Neves Ramos, presidente do Todos Pela Educação, a mudança só se dará pela valorização do processo pedagógico e da gestão da escola. “Você pode colocar excelentes jogadores, mas, se o campo estiver ruim, não vai ter jogo. Com a pacificação, você dá um gramado verdinho para bons atletas. O jogo vai ser bonito”, compara Mozart.
O bom resultado das escolas em áreas pacificadas provou que melhorar é possível. A superação e o desempenho apontam, no entanto, para nova batalha: não basta mais alfabetizar, é preciso agora oferecer o futuro. Secretária municipal de Educação, Cláudia Costin diz que será preciso ampliar as escolas em horário integral e oferecer rede de proteção aos alunos com assistentes sociais, médicos e fonoaudiólogos, como já é feito nas 150 Escolas do Amanhã, aquelas localizadas em áreas conflagradas. “Assim é possível identificar deficiências no aprendizado”, diz. Os alunos de 10 escolas municipais em favelas pacificadas já fizeram sua lista de exigências, através do questionário aplicado por O DIA: escolas técnicas, Internet gratuita, pré-vestibular, faculdades, quartel dos bombeiros e até uma fábrica de chocolate. O futebol, em maio, foi vencido pelo time do Pavão-Pavãozinho-Cantagalo. Mas, no torneio da Educação, já são mais de 41 mil alunos que estão ganhando.
Depoimento
"Todas essas crianças viviam sob o jugo de facções criminosas. Com a pacificação das comunidades onde moram, o círculo perverso do tráfico de drogas foi rompido. A disputa de troféu em torneio de futebol como esse é o que menos importa. O maior prêmio é a liberdade de voltar a ser criança, ganhando, perdendo, mas respeitando os outros. Podemos criar uma Olimpíada das UPPs, que sirva de intercâmbio sem fronteiras pela paz." Capitã Rosana, comandante de UPP.
5 minutos: Ângela Paiva, socióloga da PUC-Rio
"A cidade precisa entrar na favela"
Vencido o desafio de garantir segurança, a socióloga Ângela Paiva fala sobre os próximos passos que família, escola e Estado devem dar.
1- Que investimentos devem ser feitos?
O Estado tem que estar presente com programas de saúde, lazer e cultura para que as crianças possam crescer e se descobrir como cidadãs.
2- Qual o papel da escola?
A escola tem que ter uma relação de confiança e afeto, mas não podem substituir os pais nem abrir mão do ensino de qualidade.
3- E da família?
Precisam ser parceiros da escola. Quando a família ajuda, o desempenho é bem melhor.
4- Como evitar o abandono?
A evasão passa pela falta de sentido da escola, que precisa despertar o interesse do aluno.
5- E qual a maior dificuldade?
É fazer a inclusão social entre favela e asfalto. O resto da cidade precisa entrar na favela e as crianças de lá têm que ultrapassar a linha invisível que separa os dois mundos. Tem estudantes em escolas na Barra da Tijuca que não vão à praia ou ao shopping, como se fosse proibido.
Fonte: http://odia.terra.com.br/portal/educacao/
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