André Silva - Jornalista e Especialista em Criminalidade e Segurança Pública
Desde pequeno escuta-se as belas histórias do descobrimento do continente americano e do Brasil pelos espanhóis e portugueses. O império da península ibérica desejava com suas espadas, balanças comerciais e crucifixos conquistar, dominar e explorar o mundo. Antes do Novo Mundo, eles mataram a saquearam as índias. Depois mataram, escravizaram, destruíram civilizações e culturas indígenas e instituíram o desumano tráfico de negros africanos.
Assim fizeram, acumularam riquezas e se tornaram especialistas em parasitismo social, o grande intelectual e escritor Manoel Bonfim que o diga. Como ricos parasitas que viviam economicamente somente das rapinas das colônias, esses dois países se enriqueceram e esqueceram-se de se desenvolver nas demais áreas que não fossem as navegações mercenárias e a corrupção. Engordaram os cofres com ouro, prata e pedras preciosas a preço de açoites, degolas, estupros, carnificina, destruição e opressão em nome da Coroa e da Santa Igreja. Mais uma cruzada mercantilista, não diferente do que atualmente acontece com os yankees diante dos trilhões de dólares em recursos minerais encontrados no Afeganistão.
Portugal e Espanha, países antes temidos, entraram e saíram com suas caravelas das terras latino-americanas deixando uma herança de pobreza, dor, ódio e segregação. No entanto, a pior herança que essas nações deixaram aos povos latinos foi o modelo de sua pobreza moral e intelectual da época. No campo das especulações quem sabe se os colonizadores fossem os ingleses protestantes, a América Latina não seria algo no sentido de uma Austrália, Canadá ou até Estados Unidos? Nada justificaria o massacre de vidas, mas quem sabe a herança também não seria tão maldita.
Entre negros escravos, senhores brancos e índios surgiram os mestiços. E o belo povo brasileiro foi se formando. Não seria injusto dizer que hoje todo brasileiro deveria ter direito a uma estadia na maloca cinco estrelas, um safári na África e um tour pela Europa com tudo pago pelo menos uma vez na vida. Hoje, a mais cinco séculos do descobrimento, o Brasil ainda sofre com o modelo atrasado, usurpador, medíocre e pobre deixado pela antiga metrópole que se reflete na política, na administração pública, na violência, na distribuição de renda e em toda sorte de corrupção.
Um país como essa nação verde-amarela ainda resiste em não ser livre pela educação. O que liberta um povo é o conhecimento. A espada é o instrumento. A geopolítica mundial tem mudado a passos largos, novos atores mundiais como a China e a Índia estão participando de grandes decisões, pequenos países de radicais islâmicos constroem bombas atômicas e a tecnologia se multiplica. Enquanto isso, em um maravilhoso país chamado Brasil, apesar de alguns avanços econômicos, professores ainda imploram um salário digno em uma educação desprezada.
O Brasil com suas as elites econômicas e políticos feudais a imagem e semelhança dos colonizadores, com infinitas medidas de mediocridade ainda sustentam o luxo de não se ter grandes cientistas, grandes intelectuais e grandes pesquisadores se destacando no cenário mundial. Porém, mesmo sem um sistema de educação geral que estimule a pesquisa e invista em grandes mentes, desejam estar entre os grandes no contexto internacional. Não querem saber da história, não querem refletir que nenhuma grande nação se fez e se sustenta sem uma educação que forma para o trabalho, para a vida, para a reflexão, para a produção do conhecimento, para a sociedade e para alcançar os objetivos nacionais.
Um sistema de educação que forme o indivíduo para escolher e pensar os rumos de sua própria vida e a de sua nação, infelizmente e de forma geral, só tem sido privilégio dos donos do poder. Ao cidadão que padece na ignorância, na falta de iluminação intelectual, somente resta a violência escolar, a infinidade de conteúdos escolares despejados sem aplicação prática e reflexão, os dias sem aula devido as desgastantes greves, o desânimo e a frustração. O Brasil de fato necessita deixar de ser uma colônia de uma meia dúzia de senhores feudais que só fazem copiar a antiga e decadente coroa portuguesa para exercer a manutenção do poder pelo preço da escuridão intelectual de uma maioria de brasileiros.
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