sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

"OS BONS MORREM JOVENS".

Infelizmente não anda nos parecendo tão estranho tal assertiva.

Ainda me recuso a "acomodar-me" diante desse estranhamento que, se não é mais pelo lado cotidiano das impressões típicas do relacionamento humano, deve ser pelo horror da violência sem limite e da banalização da vida e do respeito, que não são mais lastro de qualquer convivência minimamente civilizada.

O assassinato do nosso colega é, de alguma forma, o assassinato de nossa profissão que se processa num continuum de desmantelamento em todos os níveis. O que dizer de um homem, de uma família, o que dizer para os seus, se esse homem sai "naturalmente" para trabalhar e mediar espaços de educação e não retorna porque um aluno (um aluno, que deveria dialogar sempre com seus professores [e vice-versa]!) decide tirar-lhe a vida? Qual a lógica de entendimento disso? Para aceitar algo, necessário aprioristicamente é compreender. Eu não aceito!

MG protagonizou nos últimos dias as cenas da mais torpe condição humana: o eterno retorno do mesmo ou a perpetuação desde sempre do estado de natureza? "O homem é o lobo do homem"!

Resta-nos a solidariedade com os familiares, com os colegas e com os alunos de Kássio Vinícius que dialogam e, de alguma forma, a vergonha que podemos ter de um mundo absurdamente "histérico" que por bem ou por mal também ajudamos a legitimá-lo. Dói esse sentimento de culpa. Mas me sinto um pouco culpado. A angústia decorrente dessa violência precisa, não obstante os fatos, ser transformada em resistência a este mundo de feiúra pós-moderna.

"Vai com os anjos
Vai em paz
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
Até a próxima vez".

Em luto.
Rodrigo Furtado (professor na UEMG/Frutal)

Nenhum comentário:

Postar um comentário