A Educação, principal remédio para curar a ignorância, a violência e a criminalidade, está ficando em segundo plano
Será que vale mais a pena investir em punição que em Educação? Quando falamos de políticas públicas não temos noção de que a base de um país é a Educação de que sem ela apenas correremos atrás dos prejuízos. Em outras palavras, as medidas punitivas, as prisões, sempre ganharão o espaço da cidadania e das Escolas, simplesmente porque não temos capacidade de enxergar que educar é mais que ensinar. Indo além: aprender não é apenas saber ler ou escrever.
Os casos de violência são noticiados diariamente nos telejornais: estudantes assassinados ou vítimas de bullying. E o pior é que tudo isso ocorre nas próprias instituições de ensino, públicas ou particulares, locais que deveriam oferecer segurança, Educação e civilidade. Não raras são as notícias sobre os descasos com as Escolas públicas: desvio de merenda, má conservação dos alimentos ou até mesmo falta deles.
E se formos considerar que muitas crianças frequentam esses estabelecimentos mais por causa da merenda que pela vontade de aprender, veremos que, muitas vezes, a população encara as instituições de ensino como meros lugares que garantem parte da alimentação diária necessária às crianças. Não é à toa que o poder público investe mais em cadeias que em Escolas.
Vejamos os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2009. Eles mostraram que 9,6% da população era analfabeta, totalizando 14,1 milhões de pessoas. Essa estatística é referente às pessoas que não sabem ler nem escrever. Já em relação aoanalfabetismo funcional, a situação é mais grave ainda.
As pessoas que escrevem o nome, mas que não entendem o que leem, representam 20,3% da população. Em outras palavras, um a cada cinco brasileiros de 15 anos ou mais é analfabeto funcional. Mas, apesar do sofrível desempenho na área de Educação, nos últimos 15 anos o Brasil investiu mais em presídios que em Escolas.
Esses números são comprovados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que realizou um estudo entre 1994 e 2009, revelando uma queda de 19,3% no número de Escolas no Brasil. Em 1994 havia 200.549 escolas públicas, e em 2009, 161.783. O estudo demonstra, também, que no mesmo período o número de presídios quase triplicou, aumentando 253%. Em 1994 havia 511 estabelecimentos prisionais, ao passo que em 2009 eles somavam 1.806. Mas por que há mais necessidade de presídios que de Escolas?
Infelizmente a construção de novos presídios reflete o aumento da criminalidade (criminalipunida com violência e não tratada com Educação). Parece mesmo que o conselho sábio dos nossos ancestrais, de que a prevenção é o melhor remédio, não vale nos dias de hoje. A Educação, principal remédio para curar a ignorância, a violência, a criminalidade, está sendo deixada em segundo plano. Não seria melhor utilizar a expressão “renegada”, ou então “deixada de escanteio”, ou até mesmo “abandonada”?
Iniciativas isoladas, leis e projetos de lei tentam inibir o bullying, incentivam o implemento de matérias como Educação moral e cívica e versam sobre a Educação em prol dos direitos dos negros, das mulheres, das crianças, adolescentes, idosos. Às vezes, órgãos públicos promovem atividades voltadas à integração de pessoas de faixas etárias e cores diversas. Mas será difícil enxergarmos que nada disso, absolutamente nada disso seria necessário, se soubéssemos atacar o mal pela raiz, ou seja, se lutássemos para que fosse instaurada a verdadeira Educação?
Poderíamos fazer isso de forma rápida e simples: cobrando qualidade e não quantidade de Escolas, cobrando o ensino que vai além do alfabeto e que forma os cidadãos do futuro, preparados para o mercado de trabalho e para a vida.
Fonte: Estado de Minas (MG)
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