terça-feira, 31 de maio de 2011

Inclusão ou separação?

30 de maio de 2011

Independente de ouvir ou não, toda criança ganha com o convívio de um aluno surdo. A presença é vista como algo diferente, mas normal. Por isso, talvez, não se veja crianças com problema auditivo sendo vítimas de bulliyng entre a garotada.

A observação é do psicólogo Sérgio Otávio Bassetti, da Fundação Catarinense de Educação Especial. –Nós não aceitamos escolas exclusivas para surdos. O mundo é visual e sonoro, achar que estar só com seus iguais é um equívoco, já que é preciso educar a criança para uma sociedade diversificada – defende o psicólogo.

A posição do psicólogo é uma análise sobre o movimento da Federação Nacional de Integração dos Surdos (Feneis), que reuniu cerca de 500 pessoas em uma manifestação na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, pedindo a criação de escolas bilíngues específicas para surdos. Desde a Constituição de 1988, o Brasil adota a política de integração em escolas regulares.

Bassetti observa que as crianças sem surdez aprendem rapidamente a se comunicar com os que usam a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Isso permite que interajam não somente na escola, mas também em outros ambientes. Em pelo menos 11 unidades da rede municipal de ensino em Florianópolis existem alunos que aprendem com Libras. No ano passado, o uso da Língua com alunos, familiares e professores deu à Creche Municipal Bem-Te-Vi, no Centro da Capital, uma menção honrosa do Prêmio Experiências Educacionais Inclusivas.

Para isso, explica Sônia Fernandes, diretora de Educação Infantil da Secretaria deEducação, uma comissão do Ministério da Educação esteve em Florianópolis verificando, na prática, o relato da experiência encaminhado pela Bem-Te-Vi, em parceria com as profissionais da Sala Multimeios da Creche Almirante Lucas, no Centro. Isso não apenas sobre o ensino de Libras para o aluno surdo, mas para o grupo de crianças de sua turma.

O projeto começou em junho de 2009, quando a creche recebeu uma criança com diagnóstico de surdez. Desde então a professora Maria Eloíza de Macedo trabalha com o aluno uma forma de comunicação e aprendizado. Também foi realizado um trabalho com a mãe e a avó da criança, que iniciaram o contato com a Língua Brasileira de Sinais, para dar continuidade à comunicação em casa. Em seguida, a creche começou um trabalho de apresentação da Libras com toda a turma de seis meses a um ano, da qual a criança fazia parte. Em outubro do ano passado, foi a vez da turma de dois a três anos.

A unidade percebeu, então, que havia o interesse em aprender Libras não só das crianças, mas igualmente das professoras e dos demais funcionários da creche. Um professor de Língua Brasileira de Sinais para trabalhar sinais do cotidiano em sala de aula e para ensinar os profissionais da unidade educativa foi contratado.

ÂNGELA BASTOS -
angela.bastos@diario.com.br

Política de inclusão



INSTRUTOR- preferencialmente surdo, auxilia na aquisição da Libras como primeira língua. O instrutor pode atuar nas turmas bilíngues e no atendimento educacional especializado – as salas multimeios –, no período inverso às aulas. O profissional ministra cursos de Libras para a comunidade ouvinte.

PROFESSOR BILÍNGUE- 1º ao 5°: juntamente com o professor regente, deve haver um professor bilíngue que explica aos surdos em Libras e utiliza outros recursos visuais e educacionais, já que a criança ainda está aprendendo a linguagem de sinais. Quando houver mais de quatro alunos surdos na mesma série, podem ser formadas as turmas bilíngues, em que o ensino é em linguagem de sinais. Mas essas turmas são poucas, pois os alunos, geralmente, estão em séries diferentes.

INTÉRPRETE EDUCACINAL- do 5° ano ao ensino médio e em turmas de jovens e adultos, como supletivo, telessalas e Educação profissional há um intérprete educacional que acompanha o aluno, que já deve ter domínio da Libras.

O aluno pode frequentar as salas de atendimento especializado na própria escola ou nas escolas conveniadas, que tenham o serviço, enquanto precisar para a aquisição da Libras e do português como segunda língua. Para contar com o apoio de qualquer um dos profissionais especializados, as escolas onde há surdos matriculados devem entrar em contato com a Federação Catarinense de Educação Especial.

Fonte: Federação Catarinense de Educação Especial

Fonte: Diário Catarinense (SC) - Todos pela Educação

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