Sucesso no YouTube com vídeo em que fala sobre situação do ensino no país, professora critica política para o setor. Amanda Gurgel de Freitas, a professora de 26 anos que chamou a atenção do país para os problemas da Educação no Brasil, com um depoimento que ficou entre os mais vistos no Youtube, diz que hoje o professor no Brasil sofre de crise de identidade e também está doente.
Militante do PSTU, ela recebe salário básico de R$930 como professora da rede municipal e de R$1.217 no estado. Tem especialização em Educação para adultos, mas não está em sala de aula.
Amanda pediu troca de função depois de uma depressão e agora trabalha na biblioteca do Colégio Estadual Miriam Coeli e no setor de informática numa Escola municipal de Natal. No estado, os professores estão em greve por melhores salários.
* Pauío Francisco, de Natal
O GLOBO: A senhora esperava toda essa repercussão, no YouTube, com seu depoimento sobre a situação da Educação?
AMANDA GURGEL DE FRElTAS: Nunca. Eu jamais imaginei que uma situação, que para mim é tão corriqueira e tão óbvia para todo mundo, pudesse ter uma abrangência tão grande. Não tem quem não veja como é a rotina de um professor.
O que a senhora acha que está faltando para mudar a situação do professor?
AMANDA: Posso falar sinceramente: vergonha. Esse caos que existe na Educação não é um caos desorganizado, entre aspas, é um caos preparado, existe uma intenção para que a Educação funcione desse jeito, para que os filhos da classe trabalhadora jamais atinjam altos níveis de cultura, para que no máximo eles aprendam um oficio.
A senhora hoje tem dois em pregos, acorda às 5h da manhã e passa o dia todo trabalhando. Como é a vida de um professor sem condições até de se qualificar, de ler? Como faz para se atualizar?
AMANDA: Olha. é muito difícil. Para qualquer professor, isso é muito difícil. Então, na nossa categoria, até é importante tocar nesse ponto, nós vivemos uma certa crise de "Os professores são submetidos a uma jornada de trabalho que é extenuante, sem candições dignas" identidade, porque enquanto a nossa atividade sempre foi considerada intelectual, e ainda hoje leva esse nome de uma atividade intelectual, de formadores de opinião, a verdade é que nós estamos passando por um processo de proletarização, que está se acentuando a cada dia.
E a nossa atividade é principalmente manter o aluno em sala de aula, independente de qualquer coisa. Por isso que muitas vezes as pessoas coillulldeni os responsáveis pelo caos e acham que a greve atrapalha os alunos.
Na verdade, a greve não atrapalha, justamente por isso, se nós não estivessemos greve não teríamos a oportunidade de falar sobre a educação nesse momento, porque estariam todos os alunos dentro da sala de aula controlados pelos professores, que não estariam em condições de ter uma atividade digna, de exercer a atividade docente decentemente, porque as salas são superlotadas, porque as salas são quentes aqui na nossa cidade, porque os professores não têm condições de se atualizarem. Infelizmente, não é dada essa oportunidade para os professores.
A senhora disse que o professor sofre muito de doenças psicossomáticas. A senhora já teve depressão. Como é a saúde dos professores?
AMANDA: Os professores são submetidos a uma jornada de trabalho que é exteiluallte, sem ter condições de trabalho dignas. frequentemente desenvolvem doenças relacionadas a atividade profissional e, em troca, recebem por parte dos governos mais uma forma de opressão, que é impedi-los de darem entrada em licenças médicas ou em readaptação de função.
Recentemente, em um consultório. um médico disse que não poderia fornecer um laudo para encaminhar um paciente a uma junta médica porque hoje em dia professor e policial são todos assim, querem ganhar dinheiro sem trabalhar. Dentro do consultório médico ele defendeu a política do governo do estado, dizendo que o governo está muito certo mesmo. independente do seu estado de saúde, o professor tem mais é que estar em sala de aula. Isso só reforça essa ideia que para o governo Educação de qualidade é aluno controlado dentro de sala de aula, independente da condição dessa aula e das condições de saúde do trabalhador.
Depois do sucesso na internet, a senhora pretende se candidatar a algum cargo político?
AMANDA: Nunca pensei sobre isso, não pretendo no momento. Talvez as pessoas possam achar que eu fiz isso por interesse. Mas minha militância é pelas demandas da nossa categoria e não gostaria que fosse in confundidas com as do partido. Não te ilho pretensão política governamental, mas faço politica no meu dia a dia. As pessoas que me conhecem sabem de minha atuação. Talvez em outros momentos a conjuntura possa me levar para outros rumos.
(*Especial para O GLOBO)
Fonte: O Globo (RJ)
Militante do PSTU, ela recebe salário básico de R$930 como professora da rede municipal e de R$1.217 no estado. Tem especialização em Educação para adultos, mas não está em sala de aula.
Amanda pediu troca de função depois de uma depressão e agora trabalha na biblioteca do Colégio Estadual Miriam Coeli e no setor de informática numa Escola municipal de Natal. No estado, os professores estão em greve por melhores salários.
* Pauío Francisco, de Natal
O GLOBO: A senhora esperava toda essa repercussão, no YouTube, com seu depoimento sobre a situação da Educação?
AMANDA GURGEL DE FRElTAS: Nunca. Eu jamais imaginei que uma situação, que para mim é tão corriqueira e tão óbvia para todo mundo, pudesse ter uma abrangência tão grande. Não tem quem não veja como é a rotina de um professor.
O que a senhora acha que está faltando para mudar a situação do professor?
AMANDA: Posso falar sinceramente: vergonha. Esse caos que existe na Educação não é um caos desorganizado, entre aspas, é um caos preparado, existe uma intenção para que a Educação funcione desse jeito, para que os filhos da classe trabalhadora jamais atinjam altos níveis de cultura, para que no máximo eles aprendam um oficio.
A senhora hoje tem dois em pregos, acorda às 5h da manhã e passa o dia todo trabalhando. Como é a vida de um professor sem condições até de se qualificar, de ler? Como faz para se atualizar?
AMANDA: Olha. é muito difícil. Para qualquer professor, isso é muito difícil. Então, na nossa categoria, até é importante tocar nesse ponto, nós vivemos uma certa crise de "Os professores são submetidos a uma jornada de trabalho que é extenuante, sem candições dignas" identidade, porque enquanto a nossa atividade sempre foi considerada intelectual, e ainda hoje leva esse nome de uma atividade intelectual, de formadores de opinião, a verdade é que nós estamos passando por um processo de proletarização, que está se acentuando a cada dia.
E a nossa atividade é principalmente manter o aluno em sala de aula, independente de qualquer coisa. Por isso que muitas vezes as pessoas coillulldeni os responsáveis pelo caos e acham que a greve atrapalha os alunos.
Na verdade, a greve não atrapalha, justamente por isso, se nós não estivessemos greve não teríamos a oportunidade de falar sobre a educação nesse momento, porque estariam todos os alunos dentro da sala de aula controlados pelos professores, que não estariam em condições de ter uma atividade digna, de exercer a atividade docente decentemente, porque as salas são superlotadas, porque as salas são quentes aqui na nossa cidade, porque os professores não têm condições de se atualizarem. Infelizmente, não é dada essa oportunidade para os professores.
A senhora disse que o professor sofre muito de doenças psicossomáticas. A senhora já teve depressão. Como é a saúde dos professores?
AMANDA: Os professores são submetidos a uma jornada de trabalho que é exteiluallte, sem ter condições de trabalho dignas. frequentemente desenvolvem doenças relacionadas a atividade profissional e, em troca, recebem por parte dos governos mais uma forma de opressão, que é impedi-los de darem entrada em licenças médicas ou em readaptação de função.
Recentemente, em um consultório. um médico disse que não poderia fornecer um laudo para encaminhar um paciente a uma junta médica porque hoje em dia professor e policial são todos assim, querem ganhar dinheiro sem trabalhar. Dentro do consultório médico ele defendeu a política do governo do estado, dizendo que o governo está muito certo mesmo. independente do seu estado de saúde, o professor tem mais é que estar em sala de aula. Isso só reforça essa ideia que para o governo Educação de qualidade é aluno controlado dentro de sala de aula, independente da condição dessa aula e das condições de saúde do trabalhador.
Depois do sucesso na internet, a senhora pretende se candidatar a algum cargo político?
AMANDA: Nunca pensei sobre isso, não pretendo no momento. Talvez as pessoas possam achar que eu fiz isso por interesse. Mas minha militância é pelas demandas da nossa categoria e não gostaria que fosse in confundidas com as do partido. Não te ilho pretensão política governamental, mas faço politica no meu dia a dia. As pessoas que me conhecem sabem de minha atuação. Talvez em outros momentos a conjuntura possa me levar para outros rumos.
(*Especial para O GLOBO)
Fonte: O Globo (RJ)
Ótimo blog! Parabéns pela iniciativa.
ResponderExcluirConheçam também o Sala dos Professores (www.salaprof.blogspot.com).
Abraço a todos!