Crescimento da violência leva escolas a agir contra bullying
Programa. A professora Kelly Moura idealizou, há dois anos, o Núcleo de Referência da Cultura e da Paz no colégio Santo Agostinho. "Um menino ser desprezado e xingado por outro não é normal".
"Elas me batiam. Jogavam merenda em mim. Nunca revidei". Relatos como o da estudante Carolina, 12, de Belo Horizonte, são casos extremos de bullying. Mas, no dia a dia, as agressões consideradas mais brandas já fazem parte da rotina das escolas. E mostrar a pais e alunos que as "brincadeiras de mau gosto" dos tempos passados representam uma violência é o desafio de hoje. Preocupadas com as consequências dessas ocorrências, as escolas de Belo Horizonte e região desenvolvem projetos que tentam banir a prática dos corredores e das salas de aula.
Foi a tragédia que culminou na morte de 12 jovens em Realengo, no Rio de Janeiro, a responsável por levantar os mais recentes questionamentos. Depois de revelado que o autor do massacre, o ex-aluno Wellington de Oliveira, foi vítima de bullying, preocupações com a segurança nas escolas, as políticas públicas e o que de fato as escolas estão fazendo para prevenir e coibir essa violência voltaram à tona.
No Santo Agostinho, a professora Kelly Moura nunca precisou lidar com um caso grave como o de Carolina. Mesmo assim, as agressões entre os colegas, mesmo que mais brandas, incomodavam. Foi por isso que o colégio criou o Núcleo de Referência da Cultura da Paz, que funciona na unidade de Nova Lima, na região metropolitana. Uma das atividades desenvolvidas é o Recreio Inclusivo. Nele, um grupo de "alunos líderes" roda pelo pátio e convida quem está sozinho para participar das brincadeiras. O resultado foi positivo. Há dois anos, Kelly, idealizadora do projeto, recebia em seu escritório um caso de bullying por semana. Hoje, são 13 situações controladas em um universo de 1.650 alunos. "Um menino ser desprezado e xingado por outro não é normal", avalia. Em todos os casos identificados, o agressor e a vítima, assim como suas famílias, são chamados para conversar.
O Santo Agostinho não é o único colégio que tem se preparado para barrar agressões. No Batista, os professores participaram de palestras no início do ano para saber identificar o problema. No colégio Santo Antônio, o bullying entrou como conteúdo na disciplina de ensino religioso. No caso das escolas públicas da capital, não há ainda prevenção. Os 223 colégios contam com o projeto Rede pela Paz, da Secretaria Municipal de Educação. Quando uma ocorrência de bullying é registrada, uma equipe da secretaria vai até a escola e conversa com os envolvidos e suas famílias. A Secretaria de Estado de Educação informou que não tem projeto específico contra as agressões.
Projeto de lei - Violência pode acabar em prisão
Foi a tragédia que culminou na morte de 12 jovens em Realengo, no Rio de Janeiro, a responsável por levantar os mais recentes questionamentos. Depois de revelado que o autor do massacre, o ex-aluno Wellington de Oliveira, foi vítima de bullying, preocupações com a segurança nas escolas, as políticas públicas e o que de fato as escolas estão fazendo para prevenir e coibir essa violência voltaram à tona.
No Santo Agostinho, a professora Kelly Moura nunca precisou lidar com um caso grave como o de Carolina. Mesmo assim, as agressões entre os colegas, mesmo que mais brandas, incomodavam. Foi por isso que o colégio criou o Núcleo de Referência da Cultura da Paz, que funciona na unidade de Nova Lima, na região metropolitana. Uma das atividades desenvolvidas é o Recreio Inclusivo. Nele, um grupo de "alunos líderes" roda pelo pátio e convida quem está sozinho para participar das brincadeiras. O resultado foi positivo. Há dois anos, Kelly, idealizadora do projeto, recebia em seu escritório um caso de bullying por semana. Hoje, são 13 situações controladas em um universo de 1.650 alunos. "Um menino ser desprezado e xingado por outro não é normal", avalia. Em todos os casos identificados, o agressor e a vítima, assim como suas famílias, são chamados para conversar.
O Santo Agostinho não é o único colégio que tem se preparado para barrar agressões. No Batista, os professores participaram de palestras no início do ano para saber identificar o problema. No colégio Santo Antônio, o bullying entrou como conteúdo na disciplina de ensino religioso. No caso das escolas públicas da capital, não há ainda prevenção. Os 223 colégios contam com o projeto Rede pela Paz, da Secretaria Municipal de Educação. Quando uma ocorrência de bullying é registrada, uma equipe da secretaria vai até a escola e conversa com os envolvidos e suas famílias. A Secretaria de Estado de Educação informou que não tem projeto específico contra as agressões.
Projeto de lei - Violência pode acabar em prisão
Hoje, os casos de bullying que vão parar na Justiça são tratados como injúria ou, nas ocorrências em que há agressão física, lesão corporal. Mas, em breve, os casos poderão ser classificadas como crime. A escalada da violência, em especial nas escolas e na internet, motivou os promotores do Ministério Público Estadual de São Paulo a elaborarem um anteprojeto de lei federal que classifica a agressão como crime. Nos últimos quatro anos, o número de casos de bullying cresceu 30%.
"Nós não temos a ilusão de que a lei irá acabar com a violência, mas ela pode ajudar no combate. O bullying é um problema que envolve os pais e a escola", afirma o promotor Mário Augusto Neto, da Vara da Infância e Juventude paulista. (TT)
Vítimas continuam desamparadas
"Nós não temos a ilusão de que a lei irá acabar com a violência, mas ela pode ajudar no combate. O bullying é um problema que envolve os pais e a escola", afirma o promotor Mário Augusto Neto, da Vara da Infância e Juventude paulista. (TT)
Vítimas continuam desamparadas
Mesmo com os projetos desenvolvidos nas escolas, as vítimas de bullying ainda se sentem desamparadas. No caso da menina Carolina, 12, da capital, enquanto seu processo tramita na Justiça, ela continua sem qualquer proteção e foi obrigada a mudar de escola. "Uma das meninas seguiu o meu escolar para descobrir onde eu morava. Outra disse que me batia porque eu era muito educada e ela não gostava de gente assim. Nunca revidei", disse. As agressões duraram dois anos e envolviam três garotas de 14 anos. (TT)
De cada dez estudantes, três disseram ter sido vítima de bullying nos últimos 30 dias
A psicóloga escolar Simone Ferreira explica que uma das facetas do bullying é a repetição. "Um desentendimento isolado não é considerado bullying, mas, quando se repete, é preciso acender o alerta", afirma. "Meu filho sofre com bullying", "Acho que meu colega está sendo vítima". Essas são frases que Kelly Cristina de Moura, coordenadora de um projeto contra a prática no Colégio Santo Agostinho, em Nova Lima, na região metropolitana da capital, costuma ouvir. "O termo está popularizado. É preciso analisar os casos e conversar com todos antes de dar um diagnóstico. Muitas vezes, o ocorrido foi um desentendimento isolado", explica. A psicóloga observa que além de uma boa conversa, a solução dos casos passa por um acompanhamento psicológico, tanto do agressor quanto da vítima. "Quem pratica a agressão está demonstrando que precisa de atenção. As consequências da violência sobre a vítima vão desde uma queda no desempenho escolar até depressão", conta.
O promotor mineiro Lélio Braga Calhau, autor do livro "Bullying: o que você precisa saber" acredita que o melhor caminho para coibir a violência é a prevenção e o diálogo, mas ele aconselha que, em casos de persistirem as agressões, a Justiça deve ser acionada. "Quando vi meu filho chorando e inventando mentiras atrás de mentiras para não ir à escola, não tive dúvidas de que era bullying. Conversei com a direção, a família do outro menino foi chamada e hoje ele está recuperado. Os colegas o chamavam de ‘gayzinho’ só porque ele era mais tímido", conta a mãe de um garoto de 11 anos, que estuda em uma escola particular na região Centro-Sul da capital.
Violência. Belo Horizonte é a segunda capital com o maior índice de bullying do país. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada em 2009 mostra que 35,3% dos alunos mineiros entrevistados declararam ter sofrido esse tipo de violência nos últimos 30 dias. A capital mineira só perde para Brasília (35,6%).
Fonte: http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdNoticia=169946
O promotor mineiro Lélio Braga Calhau, autor do livro "Bullying: o que você precisa saber" acredita que o melhor caminho para coibir a violência é a prevenção e o diálogo, mas ele aconselha que, em casos de persistirem as agressões, a Justiça deve ser acionada. "Quando vi meu filho chorando e inventando mentiras atrás de mentiras para não ir à escola, não tive dúvidas de que era bullying. Conversei com a direção, a família do outro menino foi chamada e hoje ele está recuperado. Os colegas o chamavam de ‘gayzinho’ só porque ele era mais tímido", conta a mãe de um garoto de 11 anos, que estuda em uma escola particular na região Centro-Sul da capital.
Violência. Belo Horizonte é a segunda capital com o maior índice de bullying do país. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada em 2009 mostra que 35,3% dos alunos mineiros entrevistados declararam ter sofrido esse tipo de violência nos últimos 30 dias. A capital mineira só perde para Brasília (35,6%).
Fonte: http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdNoticia=169946
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