RIO - O Estado de S.Paulo A Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio, será reaberta aos alunos no dia 18, com atividades idealizadas para estimular a volta dos estudantes e dar "cara nova" ao colégio que foi cenário do assassinato de 12 crianças. O grande número de estudantes que, traumatizados pelo massacre, se recusam a voltar à escola é motivo de preocupação de psicólogos e assistentes sociais da prefeitura encarregados de prestar atendimento aos estudantes e suas famílias.
Depois de deixar flores na porta do colégio, na tarde de ontem, a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, disse que uma "cerimônia de reinvenção da escola", com alunos, parentes, professores e funcionários, marcará a volta às aulas. As crianças serão estimuladas a montar um mosaico no muro da escola, a escolher as novas cores das paredes e a acompanhar a instalação de um grande aquário. Cláudia Costin disse que todos os esforços serão feitos para manter as crianças no local. A quem não quiser, porém, a secretaria vai providenciar a transferência para outra unidade da rede municipal. "Não vamos incentivar que as crianças saiam da escola. É importante que retornem e vejam que aquele é o lugar onde foram felizes."
Segundo a secretária, ainda não foi decidido como será aproveitado o espaço ocupado pelas salas de aula onde o atirador Wellington Menezes de Oliveira fez os disparos. Hoje, a Tasso da Silveira será liberada pela polícia e passará por uma limpeza e pintura superficial dos locais mais manchados de sangue. Na semana que vem, começará a pintura geral. De amanhã até sexta-feira, professores e funcionários receberão, na própria escola, atendimento psicológico, a fim de aprender a lidar com o trauma e também se preparar para a volta dos alunos, no dia 18.
Na sexta-feira, representantes da Secretaria de Educação farão uma reunião de avaliação das condições dos professores. Durante o fim de semana, funcionários de várias secretarias municipais visitaram casas das vítimas e de alunos. "A maioria dos alunos diz que não quer voltar, mas não são todos. As reações são muito diferentes. Houve um pai que sugeriu até demolir a escola e, no lugar, fazer um parque", contou a assistente social Simone de Souza Pires, coordenadora do atendimento às vítimas e seus parentes. Segundo Simone, há crianças e adultos que apresentam sintomas de estresse pós-traumático, como tremedeiras, dores de barriga, insônia, medo de sair de casa e resistência a qualquer tipo de notícia sobre a tragédia. Discussão Na próxima quarta-feira, todas as escolas municipais do Rio vão parar por duas horas para discutir o futuro da rede pública e reunir sugestões que serão encaminhadas à secretaria. "Há uma sensação de que toda a rede foi atingida, todos querem ajudar e não sabem como", disse Cláudia Costin. "Não há nada mais sagrado do que ter a escola."
Fonte: O Estado de São Paulo (SP)
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