sexta-feira, 8 de abril de 2011

Educação e violência

CBN/BH – Marcelo Guedes Merendeiras de Aço - sex, 08/04/11

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A educação brasileira deixou ontem de vez a sua pré-história para trás. Cidadãos brasileiros que estavam sob cuidado do Estado foram barbaramente assassinados no último reduto de segurança da nossa imaginação. A tragédia na zona Oeste do Rio de Janeiro é nacional. Atingiu nosso fígado quando estávamos distraídos cuidando do almoço e de nossas tarefas cotidianas. Passou pela porta da frente e matou suas vítimas com facilidade. Não custa lembrar que aprovamos, e na forma de plebiscito, um estatuto que pretendia desarmar a população. Houve reclamações, o lobby do cano quente entrou em ação e a coisa ficou pela metade. Não tem jeito: é tolerância zero com essa coisa de cidadão civil armado. A desgraça de ontem provou que os desequilibrados estão entre as fibras sociais como a gordura da picanha. Não dá pra saber quem é capaz de colocar a loucura em ato. Temos que contar com ela de hoje em diante e olhar para a sua cara feia se quisermos mudar isso. Não temos certeza (e isso nos percorre a espinha como um pavor paralisante) que esse terá sido um gesto pontual. Hoje somos todos moradores de Realengo. De suas ruas simples e cotidianas o grito das vítimas foi ouvido no país todo. Tomara que ele tenha eco. O episódio deixa claro que educação é algo muito, muito maior do que a transferência de conteúdos programáticos de álgebras e análises sintáticas, de tabelas periódicas e tabuadas. Se as comunidades como um todo não tomarem a formação de nossos meninos nas mãos, se deixarmos por conta só da grande rede veremos atônitos os Wellington Oliveira multiplicarem-se. Acabou! A era da inocência acabou também para a escola. Somos todos agora adultos. Terrivelmente confrontados pelos nossos medos teremos agora que fazer uma opção responsávele e deixar de vez esses 500 anos de adolescência pra trás.


* Fonte: http://colunas.cbn.globoradio.globo.com/platb/marceloguedes/

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