Fernanda Baldioti, Luiz Ernesto Magalhães, Paulo Roberto Araújo, Simone Candida e Waleska Borges - O Globo - 07/04/2011
RIO - Um ex-aluno invadiu, na manhã desta quinta-feira, a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, fez vários disparos, que teriam atingido pelo menos 30 alunos. Segundo o relações-públicas do Bombeiros, coronel Evandro Bezerra, dez pessoas morreram. Já o major Machado, comandante do 14º BPM (Bangu), afirmou que há ainda 22 feridos em estado grave apenas no Hospital Albert Schweitzer, a maioria baleada no tórax e na cabeça.
O atirador seria Wellington Menezes de Oliveira. Ele foi baleado na perna e depois se matou. Segundo Fernandes, fiscal do Detro, que fazia uma operação na região, Wellington deixou uma carta explicando as razões do atentado. A carta ainda não foi divulgada. O prefeito Eduardo Paes está no local, e o secretário estadual de Educação, Wilson Risolia, e de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, estão a caminho. No Hospital Albert Schweitzer, foi montada uma sala para atender pais e parentes das vítimas que chegam em estado de choque.
O Detro estava fazendo uma operação de combate ao transporte clandestino, com três carros, nas proximidades. Os fiscais contavam com o apoio de policiais do Batalhão de Polícia Rodoviária.
- Um garoto baleado no rosto chegou pedindo ajuda e contando que um cara entrou atirando na escola. Uma equipe socorreu o menino, e outras duas se dirigiram à escola. Chegando lá, o sargento Alves abordou o atirador, que estava no segundo andar, subindo para o terceiro. O policial deu um tiro na perna do criminoso e mandou ele se render. Em seguida, o homem deu um tiro na cabeça - disse Fernandes. O gari Dorival Porto Rafael, que se encontrava na escola no momento do tiroteio, contou que o homem armado entrou em uma sala da oitava série, onde cerca de 40 alunos assistiam à aula de português.
- Ele entrou na escola dizendo que daria uma palestra. Foi para uma sala da oitava série, que fica no primeiro andar, e sem falar nada tirou uma pistola da bolsa e começou a atirar. A polícia chegou, e ele tentou subir para o segundo andar, quando viu que estava cercado, deu um tiro na cabeça. Nenhum funcionário pode se aproximar, apenas a polícia está no local - contou em entrevista por telefone. Uma multidão de pais e curiosos cerca a escola. A Rua General Bernadino de Matos, onde fica a unidade de ensino, está fechada. Há muito choro e desespero porque os familiares não têm informações sobre o que aconteceu. Durante a confusão, muitas crianças fugiram. Maria do Carmos Pereira, que mora perto da escola, disse à GloboNews TV que ouviu muitos disparos:
- Foram muitos tiros. Não sei precisar quanto tempo, mas acho que uns cinco minutos. Há muitas ambulâncias e carros da polícia aqui - afirmou. Outro vizinho, Marcelo Alves, disse que viu crianças com tiros na cabeça:
- Estava chegando em casa por volta de 8h10m e vi a confusão em frente à escola. Vi várias crianças, entre dez e 15, saindo baleadas. Pelo menos três eu vi que estavam com tiro na cabeça. Posso dizer que parecia que estavam mortas. E como a ambulância estava longe, as crianças estavam saindo nos braços dos pessoas e dos policiais. Muitos foram pro hospital no carro da polícia e em carros particulares - disse Marcelo Alves, segurança de 50 anos que mora a cerca de 100 metros da escola. A doméstica Jane, de 50 anos, estava em casa a poucos metros da escola quando ouviu dezenas de desparo, por volta das 8h. Correu até a escola imediatamente. Muitos pais de alunos e policiais entravam na escola:
- Foi uma cena de horror. Vi pelo menos cinco crianças mortas e várias feridas. Eu mesmo carreguei o corpo de duas crianças mortas, com tiros na cabeça. O cara só deu tiro na cabeça, para matar. Eu vi um homem jovem, mulato, bem vestido até, que segundo as outras pessoas era o assassino. Ele estava na escada, com o rosto para o chão. Acho que estava tentando fugir para o segundo andar quando foi morto. A Secretaria municipal de Educação ainda não se pronunciou sobre o caso, mas informou que representantes do órgão foram para a escola para apurar o ocorrido e tomar providências necessárias. A Secretaria de Segurança também não se pronunciou sobre o caso.
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