quarta-feira, 2 de março de 2011

A universidade pública e o seu papel no desenvolvimento local

Por Tatiane Alves Baptista*

A universidade pública precisa criar e incentivar mecanismos para ampliar sua capacidade de interação com a sociedade. No entanto, internamente, a extensão é constantemente considerada menor entre as atribuições dos docentes. Ela, muitas vezes, é reduzida a uma mera prestação de serviços, dependendo sempre das demandas externas, já que os recursos são poucos para as pesquisas independentes. Por isso, vivemos num dilema entre o fundamental na universidade e a universidade fundamental para a sociedade. Para superá-lo, teríamos que entender o valor do social e cultural da comunidade que envolve a instituição: gerar conhecimento no contato cotidiano com a realidade. Algo bem diferente ao modelo de aprendizagem baseado em repetição, rotina e burocracia.

Depois da Constituição Federal de 1988, ficou sob a responsabilidade dos municípios elaborar, gerenciar e prestar contas dos projetos existentes na cidade. Mas o elevado processo de emancipação e crescimento dos municípios vem reduzindo a capacidade da prefeitura de enfrentar problemas como na saúde, lixo, violência e educação sozinha. A universidade pode capacitar profissionais em âmbito municipal, colocando-o como ator estratégico para uma melhor gestão pública. A instituição não pode substituir o poder local, mas pode ajudar o município a reconhecer os problemas sociais, auxiliando com a produção do conhecimento e a criação de soluções viáveis e criativas. A universidade poderia capacitar agentes públicos, prestar consultoria à comissões, conselhos, movimentos sociais e ajudar outros grupos de políticas públicas com conhecimento.

Embora já existam ações exemplares em algumas instituições, a maioria raramente corresponde a uma prática bem estruturada. A extensão geralmente acontece como um movimento para atender demandas emergênciais, como epidemias e catástrofes. Se a extenção fosse bem praticada, ela elevaria a universidade pública ao patamar de uma agência do desenvolvimento regional.
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* Professora Coordenadora de Estudos Estratégicos e Desenvolvimento da UERJ
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Fonte: O Globo

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