quarta-feira, 7 de julho de 2010

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Polícia pede punição para seis agressores de estudante do Caseb

Por Saulo Araújo, Correio Brasileiense – 07 jul. 2010

A Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) encaminha hoje à justiça o pedido de internação provisória dos seis jovens acusados de espancar um aluno de 15 anos, na última quinta-feira. A agressão ocorreu no ponto de ônibus da 710 Sul, a cerca de 300 metros do Centro Educacional Caseb, na 909 Sul, onde a vítima e os autores do linchamento estudam. O rapaz permanece internado no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) e, ontem à noite, foi submetido a uma nova cirurgia para drenar um coágulo no cérebro que não foi totalmente extinto na primeira operação, feita no dia da briga. Um primo dele, que também estuda na escola, também foi agredido, mas sofreu apenas ferimentos superficiais.

Na tarde de ontem, mais dois suspeitos de bater nos estudantes foram ouvidos. Eles admitiram que desferiram golpes nos rapazes, mas minimizaram a participação no fato. “Eu só dei uma bicuda (chute) na perna dele. Depois, fiquei só vendo de longe os outros baterem”, afirmou ao Correio um deles. Hoje, a polícia deve colher o depoimento de outros três acusados. Um já havia prestado esclarecimentos na última segunda-feira. O garoto de 16 anos que prestou depoimento ontem é apontado por testemunhas como o principal agressor. Teria sido ele o responsável por atacar as vítimas com um pedaço de madeira cheiode pregos. Outro menor suspeito de cometer o ato infracional, disse que apenas assistiu às cenas de selvageria promovida pelos colegas de escola. “Eu estava no meio, mas não bati em ninguém. Só fiquei vendo, assim como um monte de gente que estava na parada. Pode perguntar para uma menina da minha sala que viu tudo”, defendeu-se.No entanto, uma adolescente que esperava a condução no momento da confusão desmentiu o jovem. “Essa aluna viu todos participarem da agressão. Alguns agiram com mais violência do que outros, mas o fato é que todos os seis se envolveram”, afirmou o delegado-chefe-adjunto da DCA, Yuri Fernandes. No Procedimento de Ato Infracional (Pai), o delegado decidiu que eles responderão por ato infracional de lesão corporal de natureza grave, além de injúria, já que a briga começou após o grupo chamar a prima dos dois agredidos por um apelido que ela não gosta. Apesar dos insultos dirigidos à menina de 12 anos, Yuri Fernandes ressaltou que no episódio não ficou evidenciada a ocorrência de bullying. “Houve o insulto, mas não era uma coisa reiterada, o que caracterizaria o bullying”, explicou.

O pai de um dos acusados condenou a atitude do filho, mas disse que a briga não passou de “coisas da idade”. “Eles são garotos, cheios de energia. Acho que eles não imaginavam que iam machucar tanto o colega. São coisas da idade que todo mundo que é pai sabe como é”, tentou justificar.

1 – Humilhação


Bullying é uma discriminação dirigida contra uma única pessoa. Não é uma agressão simples, que termina na hora. Chamar o colega por apelidos como “rolha de poço”, “gordo”, “magricela” e adotar um comportamento violento, desferindo chutes, empurrões e puxões de cabelo pode ser caracterizada como bullying. A agressão, seja física ou verbal, acontece de forma reiterada e pode gerar sérios traumas nas vítimas.

Ameaça denunciada

Um dos adolescentes suspeitos de participar do espancamento ainda terá que responder por outro ato infracional. Na segunda-feira, quando familiares das vítimas foram ao Caseb conversar com a direção da escola, ele teria feito com as mãos um gesto simulando uma arma na direção à mãe do aluno que se encontra internado, Ana Lúcia das Chagas Lessa. Ontem, ela registrou uma ocorrência de ameaça na DCA e um novo procedimento foi aberto. “Essa ameaça será considerada, mas abrimos um novo procedimento para apurar esse fato. Temos que saber se alguém mais viu o jovem fazendo esse gesto”, ponderou o delegado-chefe-adjunto da DCA, Yuri Fernandes.

Diante do clima de medo, os pais dos dois garotos agredidos decidiram tirá-los do Caseb. O mesmo destino deve seguir a menina de 12 anos, pivô da discussão que culminou na pancadaria. Ontem, enquanto os acusados da agressão no Caseb eram ouvidos, dois casos também envolvendo estudantes chegaram à DCA. No primeiro deles, um adolescente de apenas 14 anos foi apreendido em cima do muro da Escola Classe 8 do Setor Residencial Leste de Planaltina com um revólver calibre .22. Segundo funcionários do estabelecimento de ensino, ele apontava a arma para um adolescente.

Quando a Polícia Militar chegou ao local, o menor tentou fugir, mas foi alcançado. Em outra ocorrência, a PM apreendeu seis menores que brigavam na 213 Sul. Eles participavam de uma briga entre alunos de duas escolas da região. De acordo com os policiais, pelo menos 15 alunos uniformizados estariam envolvidos na pancadaria, mas a maioria conseguiu escapar com a chegada da viatura. Como o Correio publicou na edição de ontem, esse tipo de situação não é atípica no DF. Do total de ocorrências registradas na unidade, 27% acontecem dentro ou nos perímetros dos colégios. O Batalhão Escolar, que é o responsável pela segurança nos estabelecimento de ensino, faz rotineiramente palestras para promover a cultura de paz no ambiente escolar.

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