segunda-feira, 19 de julho de 2010

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Escola onde aluno foi morto no Rio tem férias antecipadas; festa julina é cancelada

Por Diana Brito

As férias no Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) Rubens Gomes, na zona norte do Rio, foram antecipadas e devem ser retomadas no início de agosto. A decisão foi tomada após o aluno Wesley Guilber Rodrigues de Andrade, 11, ser morto por uma bala perdida na última sexta-feira (16). A antecipação das férias foi confirmada nesta segunda-feira, assim como o cancelamento da festa julina, marcada para o próximo dia 22. As férias estavam programadas para começar apenas após evento. Na manhã desta segunda, mães que levaram seus filhos para a escola foram informadas da mudança.

Também na manhã de hoje, a direção do Ciep se reuniu com professores e pais para discutir quais providências serão tomadas após a morte de Wesley. A direção pretende enviar um ofício para o governo pedindo maior segurança no local. No dia em que o menino morreu, dois tiros chegaram a atingir a janela da sala de aula onde estava a criança. "Estou horrorizada com tudo que aconteceu. Nossas crianças não podem ficar na mira dos tiros em qualquer tipo de operação policial. A qualquer horas eles chegam atirando e nem avisam que vão fazer operação na comunidade", afirmou Rosemar Martins, 35, moradora há 25 anos da região e mãe de aluno.

A direção da escola afirmou que 12 psicólogos e assistentes sociais estão na unidade para atender alunos e professores e devem permanecer no local até o dia 23 --data inicialmente programada para o início das férias--, segundo a coordenadora do 6º CRE (Coordenação Regional de Educação), a professora Deolinda Montenegro. Ao todo 1.200 crianças estudam na unidade, que possui 40 professores.

Enterro

Wesley foi enterrado no final da manhã deste sábado, no cemitério de Irajá, zona norte do Rio. Colegas e professores do Ciep Rubens Gomes, onde o menino estava quando foi atingido no peito por uma bala perdida disseram estar traumatizados. Nenhuma autoridade municipal ou estadual compareceu ao enterro. A escola é municipal, e a Polícia Militar, estadual, poderá ser responsabilizada pela morte de Wesley. A polícia fazia uma operação em favelas de Costa Barros (zona norte) contra traficantes, e os tiroteios culminaram na morte do menino. Em função do episódio, o comando da Polícia Militar exonerou ontem o coronel Fernando Prínicipe do comando do 9º Batalhão de Polícia Militar.

Em voz alta, a diretora do Ciep, Rejane Pereira, lamentou na capela do velório o que aconteceu. "Foi tudo embora com o Wesley. Todo o nosso trabalho foi embora. Wesley, perdoa a gente, filho. Perdoa a professora, perdoa", disse.

Fonte: Folha de São Paulo [on Line] - 19/07/2010

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