sábado, 11 de dezembro de 2010

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Docente terá disque-denúncia contra violência nas escolas

Publicado no Jornal O TEMPO - 11 dez. 2010

Um disque-denúncia será a nova ferramenta dos educadores contra a violência nas escolas. A medida faz parte do pacote anunciado ontem pelo Sindicato dos Professores da Rede Privada (Sinpro-MG), em resposta ao assassinato brutal do mestre em educação física Kássio Vinícius de Castro Gomes, 39, morto com uma facada pelo aluno Amilton Loyola Caires, 23, na última terça-feira, dentro do Instituto Metodista Izabela Hendrix, em Belo Horizonte.

Entre as ações propostas está ainda a criação de uma câmara setorial, que funcionará como um "tribunal", com a participação de pais e donos de escolas, para analisar mais profundamente os casos. O presidente do Sinpro-MG, Gilson Reis, espera que o disque-denúncia traga à tona casos de agressões que são mantidos em segredo ou ficam restritos às instituições de ensino. O sindicato vai disponibilizar, já a partir da semana que vem, um número de telefone 0800 para receber relatos de casos de ataques a professores.

Com base nas ligações, será realizado um ranking das instituições mais denunciadas e dos tipos de violência mais comuns, para que o sindicato possa cobrar soluções. "É preciso que esse problema extrapole os muros das escolas. Só assim o problema será resolvido", declarou Reis. O Sinpro-MG registra, em média, de três a cinco relatos de ataques a professores por semana, entre agressões verbais, pressões e atos de violência física. "É o resultado da mercantilização da educação. Os pais e alunos acham que, porque pagam, podem exigir a aprovação. São pressões às quais os professores são expostos diariamente", critica o sindicalista.

O presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas (Sinep-MG), Emílio Barbine, criticou o uso do termo "mercantilização do ensino" pelo sindicato e negou que haja pressão por aprovação de alunos. "Se a escola fala em qualidade de gestão, isso é incabível e contraditório", afirmou.

Sobre as propostas do Sinpro-MG, Barbine disse que os donos de escolas estão abertos às medidas que possam contenham a violência. "Vamos resolver o problema a partir da união das forças. O professor é autoridade máxima e tem que ser respeitado. Temos que sentar para debater essa questão urgentemente", declarou o representante.

Legislação. Entre as medidas propostas, o presidente do Sinpro-MG pediu o envolvimento da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nas discussões sobre o tema. Além disso, Gilson Reis promete ir a Brasília para se reunir com o senador Paulo Paim (PT-RS), autor do projeto de lei que classifica como violência contra o professor "qualquer ação ou omissão que lhe cause morte, lesão corporal ou dano patrimonial, praticada direta ou indiretamente por aluno, pais ou responsável".

Medidas
- Criar uma câmara setorial no Conselho Estadual de Educação.
- Envolver o Ministério Público na discussão de ações jurídicas cabíveis.
- Audiências públicas na Assembleia para envolver a sociedade no debate
- Negociar com o sindicato patronal a criação de um comitê interno nas escolas para discutir e adotar ações.
- Criar uma ouvidoria para denúncias de agressões.
- Pressionar a aprovação de projetos de lei de proteção ao professor em casos de violência.
- Criar uma campanha de conscientização contra a agressão aos professores.

E mais...

BH encabeça reação contra onda de violência nas escolas

Elemara Duarte e Thiago Lemos, repórteres - 11 dez. 2010

Com a recorrência no Brasil de casos de agressões no ambiente escolar, Belo Horizonte tenta mudar esse cenário ao encabeçar um movimento contra esse tipo de violência. O Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro Minas) vai disponibilizar, na próxima semana, canais de comunicação, via internet e telefone, para a formalização denúncias dos docentes da rede privada.

Na rede pública municipal, a vigilância dos estudantes será reforçada. Todas as escolas e Unidades Municipais de Ensino Infantil (Umeis) serão monitoradas por câmeras de segurança até o fim de 2011. Ao todo, serão instaladas 1.380 equipamentos, nas 230 unidades de educação da capital. As medidas coincidem com o assassinato do professor universitário Kássio Vinícius Castro Gomes, morto por um aluno, na última terça-feira, dentro do Centro Universitário Izabela Hendrix.

No âmbito das escolas particulares, um link estará disponível no site do Sinpro Minas (www.sinprominas.org.br) e também um 0800, ainda com número indefinido. Os professores poderão denunciar, anonimamente, ameaças, agressões, chantagens e ofensas. O Sinpro recebe, em média, cinco denúncias de violência em escolas diariamente. Os relatos são feitos diretamente na sede da instituição, em Belo Horizonte.

Em pesquisa realizada entre 2007 e 2008, o Sinpro Minas constatou 62% dos docentes já haviam presenciado agressão verbal. Ainda conforme o estudo, 20% dos entrevistados flagraram tráfico de drogas dentro das instituições de ensino. Em São Paulo, em um estudo mais amplo, feito há dois anos, 87% dos docentes disseram ter sido alvo ou saber de algum caso de violência dentro da escola. Os alunos, de acordo com 93% dos professores, eram os maiores causadores da violência.

Para o ano que vem, o Sinpro prevê a criação de uma campanha com a participação de várias entidades de classe para a divulgação da cultura da paz. A entidade de classe vai negociar com o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), a partir da próxima quarta-feira, a criação de um comitê em cada colégio para discutir a implementação de ações contra a violência.

O Sinpro também vai sugerir ao Conselho Estadual de Educação a criação de uma câmara setorial para tratar assuntos sobre violência nas escolas. Na rede municipal de educação, serão seis câmeras de vigilância em cada uma das 186 escolas e 44 Umeis. Os equipamentos vão monitorar toda a movimentação nas unidades 24 horas por dia. As imagens captadas serão enviadas em tempo real para a central de monitoramento eletrônico da Guarda Municipal, que atualmente já monitora seis escolas, entre elas Lucas Monteiro Machado, no Bairro Vila Pinho, no Barreiro, Mestre Paranhos, no Conjunto Santa Maria (Centro-Sul) e Santos Dumont, no Santa Efigênia (Leste).

Ainda não está prevista a data de início da implantação das câmeras. Conforme o prefeito Marcio Lacerda, terão prioridade as unidades que ficam em áreas mais vulneráveis à violência. Ainda segundo o prefeito, a violência dentro das escolas municipais é inibida pelo patrulhamento da Guarda Municipal. A Secretaria Municipal de Educação não informou quando os editais de licitação serão abertos.

A diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede BH), Vanessa Portugal, discorda dos argumentos do prefeito em relação à segurança nas unidades municipais. Ela critica a falta de uma política na secretaria para tratar do assunto. Para ela, as agressões de alunos contra professores têm sido cada vez mais comuns. “Ainda não temos um levantamento, já que muitos professores não comunicam as agressões à polícia. Sabemos que são muitos os casos e, por isso, criaremos em janeiro do ano que vem um departamento dentro do sindicato para acompanhar esse tipo de ocorrência nas escolas”, anuncia.

A coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), Beatriz Cerqueira, acredita que o problema da violência nas escolas é consequência da desvalorização do professor. A subsecretária de Desenvolvimento da Educação da Secretaria de Estado de Educação, Raquel Elizabete de Souza, discorda. Para ela, os casos de agressões entre alunos e professores refletem “uma sociedade que está ficando mais violenta”.

Fonte: http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/minas/bh-encabeca-reac-o-contra-onda-de-violencia-nas-escolas-1.213984

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