quarta-feira, 22 de junho de 2011

Manifesto pela paz nas escolas


Comunidade debate a violência e faz homenagem a diretor morto há três anos

Chega de violência! Paz nas Escolas. Com essa frase alunos, professores e funcionários do Centro de ensino fundamental do Lago Oeste homenagearam o professor Carlos Mota, que dá nome à instituição. Ele foi assassinado há três anos, enquanto lutava contra o tráfico de drogas dentro da Escola. Música e dança foram usadas para lembrar a história doprofessor, além de serem discutidas formas de criar a cultura da paz na Escola e nas redondezas. Para Wilame Barreira, professor de Matemática da Escola desde 1989, a morte de Carlos é um triste exemplo que mostra como a droga pode destruir a vida de qualquer um.

Ele diz que usar o caso é uma forma de, através do diálogo e de oficinas, ensinar que aEscola é um local de paz. O professor afirma que era exatamente por isso que Carlos Mota sempre lutou.
De acordo com o coordenador pedagógico Antônio Ricardo Guillen, o professor Carlos Mota incentivava melhorar sempre a Escola. Mas sua ação frente à instituição durou apenas seis meses, até que o diretor sofresse o atentado. Ele sempre falava abertamente com as crianças e queria que essa Escola fosse a melhor da América Latina.

As conversas com Mota incentivaram o estudante Wanderson Mendes Cardoso, 15 anos, a dançar hip-hop naEscola. O aluno conta que durante uma brincadeira com os amigos, o diretor o viu e pediu que ele continuasse dançando na Escola. Wanderson diz que três dias depois da morte de Carlos Mota estava marcada a primeira apresentação de dança para o professor e os colegas. Na apresentação que foi feita durante a homenagem de ontem. Wanderson e um grupo de alunos dançaram em homenagem ao diretor e pedindo paz nas Escolas. Além dos debates nas aulas, na semana anterior, os alunos também cantaram a música predileta do diretor, Tocando em frente, de Almir Sater.

A viúva de Carlos Mota, a servidora pública Rita de Cássia Pereira, também acompanhou as homenagens ao professor. De acordo com ela, esse ato é de vital importância, pois serve para a conscientização de todos. Para a servidora pública, 90% da violência da sociedade se reflete na Escola, daí a importância de levar essas discussões, também, no ambiente Escolar. Durante o ato, alunos e professores pediram a construção de uma nova Escola no bairro. Conforme o coordenador pedagógico Antônio Ricardo Guillen, a Escola, que deveria atender somente de 6ª a 9ª série, tem aula até do Educação de Jovens e Adultos (EJA). São 1.300 alunos de todas as faixas etárias, o que acentua ainda mais o problema de violência na Escola.

A diretora Regional de Ensino de Sobradinho, Simone Benck, que também participou do debate, diz que existem propostas para ampliação do CEF e criação de mais uma Escola na região. Ela afirmou que o orçamento do governo é um fator limitante, mas que não pode servir como justificativa. Segundo ela, o ato em homenagem aoprofessor é positivo para os alunos, pais e comunidade. Ela diz que isso faz parte de uma cultura pedagógica.

SAIBA +


A viúva de Carlos Mota está lançando hoje um blog, em homenagem ao marido e para discutir ainda mais a Educação. Quem quiser comentar o assunto e participar das discussões pode entrar no endereço eletrônico
www.educarlosmota.com.br.

Fonte: Jornal de Brasília (DF)

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