domingo, 12 de dezembro de 2010

UMA NOTA DE ESPERANÇA

Prezado Professor Lúcio,

Obrigada por compartilhar conosco esta carta que é um grito de tristeza, indignação e de alerta da nossa classe.

O Prof. Tarcísio e o Prof. Rodolfo foram portadores das palavras que todos nós gostaríamos de dizer.

Ainda hoje pela manhã, eu pensava no incômodo que esta morte tão brutal causou-nos a todos, especialmente a nós, professores e professoras que amamos nossa profissão e tudo fazemos para exercê-la com ética, sabedoria e competência. A sensação é de que cada um de nós foi esfaqueado na nossa honra e na vontade que temos de construir uma humanidade mais fraterna. A sensação é de dor na alma. Pensava também nos alunos e alunas que não merecem ser colocados no mesmo cenário de quem, por razões que não nos cabe julgar, perdeu completamente a razão e agiu com total desequilíbrio emocional. Pensava nas famílias que foram e são atingidas diariamente por estas fatalidades inconcebíveis. Pensava nas marcas que ficarão para sempre, no corredor da Faculdade e nas mentes de quem presenciou ou ouviu a notícia que se espalhou mundialmente, na velocidade da luz. Nas marcas familiares, na vida de pais e filhos envolvidos nessa trama, que terão de conviver com os desdobramentos desse assassinato brutal.

A violência nas escolas só vem aumentando, seja em nível de Educação Básica, Superior ou Pós-graduação.

É preciso dar um basta! Muitas coisas estão erradas e quase nada se faz para corrigi-las. Não é suficiente denunciar, mas anunciar novas formas de lidar com esses crescentes problemas. Isso é tarefa das autoridades e de todos nós. É preciso observar com atenção, para além do pagamento das mensalidades e da lista de presença. É preciso acompanhar de perto as ações humanas que ocorrem em nossas instituições de ensino. Ligar fatos, escutar os pedidos de ajuda e de socorro que muitas vezes são ouvidos, mas não escutados com sensibilidade. Se o fizéssemos com frequência, com certeza muita coisa poderia ser evitada.

Não podemos simplesmente ficar como espectadores dessas óperas trágicas que são destaques diariamente na mídia.

Vai-se um Rei, o professor Kássio, que não tive a graça de conhecer pessoalmente, mas conheci pelas palavras de pessoas amigas ligadas a ele.

E faço minhas, as palavras de seus colegas:

"O nosso carinho por ele, a nossa homenagem para ele, é CONTINUAR A VIDA: SER KÁSSIO por aí afora, por onde estivermos, diante de crianças, de jovens, de adultos, enfim, diante dos humanos, em todos os seus sentimentos, asperezas e contradições.

Sou professora por escolha. Amo e respeito a minha profissão, meus colegas, meus alunos e ex-alunos. Por isso mesmo exijo respeito com esta profissão pelas mãos da qual todos os que têm oportunidade passam. Dificilmente alguém alcança seus objetivos profissionais sem ter passado por inúmeros professores e professoras ao longo da vida.

"Professores são aqueles que “escrevem cartas para o futuro”, alguém disse – escrevem cartas no presente para que exista futuro...".

Em homenagem ao Prof. Kássio e a tantas outras vítimas que já se foram, reitero as palavras desses colegas maravilhosos:

"Porque somos Professores, PORQUE SOMOS KÁSSIO, continuaremos a escrever cartas. Não nos matem. Tratemos de cuidar da VIDA."

Cordialmente,

* Profª Santuza Abras - Vice-reitora da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais)

Um comentário:

  1. Pessoal,
    Estou inserindo estes comentários em vários blogs da área de educação.
    Acabei de me formar em psicologia e gostaria de fazer uma pós-graduação em Psicopedagogia em BH. Vocês poderiam me indicar alguma instituição? Queria iniciar o curso o mais breve possível.

    Abraços,
    Daniella Alvarenga
    alvarenga.daniella@gmail.com

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