"VIOLÊNCIAS NAS ESCOLAS: Desafio para a prática docente?"
Neste livro, Stelamaris Rosa Cabral (professora e pós-graduada em Supervisão e Orientação Educacional) e Sônia Lucas (mestranda em Educação, professora de Filosofia e arte-educadora) apresentam questões e reflexões que, no percurso de suas trajetórias, solicitaram seu olhar mais apurado para as “violências nas escolas”. Contando com grande experiência na vida cotidiana escolar, elas percebem as deficiências que degradam a escola e as transformações sofridas na interação dos atores escolares que circulam em seus espaços.
O ambiente retratado na obra é a escola, cujas relações são analisadas e precisam ser repensadas. O foco está nos jovens brasileiros que precisam da companhia e da orientação docente no caminhar de suas vidas em sociedade. O objetivo é refletir de que maneira as violências nas escolas podem alterar a prática docente. Nesse sentido, as autoras não se limitam à escola “de concreto”, mas pensam na instituição vista como mediadora dos processos de ensino e aprendizagem, que faz parte de nossas vidas ao longo dos anos, que está em nossa memória e na de todos que foram tocados por ela. E que, na atualidade, vê-se inundada por uma avalanche de violências. Foi sobre isso que conversamos com Stelamaris e Sônia.
Revista Educação Pública - Vocês são como a imensa maioria dos professores, que só fala de educação, escola, aluno?
Stelamaris - Somos duas educadoras que pensam educação todo o tempo. Sempre que estamos juntas não conseguimos deixar esse tema de lado. Estamos sempre antenadas com o que acontece no Brasil e no mundo. Lemos os grandes autores, procuramos conhecer os novos e nos aventuramos em escrever sobre esse assunto que nos diz respeito e nos apaixona.
Revista Educação Pública – O que levou vocês a escrever esse livro?
Sônia - A ideia de escrever sobre o que sentimos, sobre o que pensamos, sobre o que nos inquieta veio quase de maneira espontânea, como uma consequência das nossas discussões, das nossas conversas, que são sempre inflamadas pela nossa perplexidade diante do fenômeno da violência em nosso mundo. Além das violências que já fazem parte do cotidiano das escolas na atualidade.
Stelamaris - Começamos a perceber que esse assunto nos incomodava profundamente, que nos fazia questionar o que poderia estar acontecendo e querer descobrir o porquê de tantos casos de violências nas escolas. As notícias se espalham na mídia, nos relatos nas escolas, nas salas dos professores, em todo canto... Ouvíamos histórias de violências que aconteceram em escolas do país...
Sônia - Daí começamos a perceber o pior: que estávamos presenciando, cada vez mais, violências que se apresentavam à nossa frente, em meio à nossa prática, dentro das escolas, nos corredores, nas salas de aula, nos portões dos colégios, nas ruas. Enfim, a violência se alastrando por todos os lugares.
Stelamaris - E aí, quando nós duas nos encontrávamos, conversávamos sobre os últimos acontecimentos e acabávamos estarrecidas com tantas “novidades”, com as últimas notícias dos jornais e com o que aparecia na internet. As notícias sobre atos de vandalismo, depredações, agressões de todo tipo, porte de drogas, armas e mortes iam aparecendo, descortinando uma nova realidade social que estamos vivenciando nesses novos tempos. Uma época em que a violência urbana degrada nossa sociedade, pela cultura da violência.
Revista Educação Pública - Como era a escola no tempo em que vocês eram alunas?
Sônia – Essa situação de violência nos fazia lembrar de quando frequentávamos a escola como alunas. Era uma escola que não existe mais, e isso traz uma tristeza profunda. Aí nossas discussões tomavam um novo rumo, um rumo de volta ao passado, quando éramos felizes e não sabíamos.
Stelamaris - Começávamos a lembrar como era o clima da escola pública, como era a nossa relação com os professores e com os colegas de turma, como nos comportávamos dentro da escola, nas filas, ao cantar o Hino Nacional, como era boa a hora do recreio, a comida gostosa que era servida... Ah! A escola era muito boa!
Revista Educação Pública - E dá pra comparar com a escola de agora?
Stelamaris - Fazendo uma comparação com os dias de hoje, podemos perceber a total desvalorização da escola – ao contrário daquela época –, a desvalorização do trabalho docente, do aprendizado, do convívio harmonioso, é a desvalorização generalizada da educação como um todo.
Sônia - E percebemos também as crianças e os jovens perdidos em meio à desvalorização dos valores mais elementares da vida em sociedade. Respeito, amizade, tolerância, ética, família, educação... não se veem por aí.
Stelamaris - Aí ficamos nos perguntando: o que fazer? O que podemos fazer para mudar esse cenário, que apresenta uma profunda transformação histórica, política e cultural da sociedade? Como lidar com essa nova escola, cheia de conflitos, fragmentada por acontecimentos que a transformaram, aos poucos, em espaço de violências, inseguranças, medos e silêncios impostos?
Revista Educação Pública - Vocês percebem alguma saída?
Sônia - Não temos uma fórmula ideal, mas sabemos que temos que contar com a participação dos professores, das famílias, das comunidades, do Estado, da sociedade organizada, enfim, com a cooperação de todos. Afinal de contas, a escola é de todos, é para todos, mas não pode ser para a violência.
Stelamaris - A escola deve ser lugar de paz, de harmonia, de alegria, de aprender, de ensinar, de viver. A escola precisa reforçar o seu lugar de excelência do humano, dos valores, da estética, da ética.
Sônia - Eu acho que cabe a nós, docentes, trabalhar para a mudança. É a nossa responsabilidade, é o nosso trabalho. Eu acredito, nós acreditamos que a escola está em nossas mãos. É a partir de nossas reflexões, das discussões, do nosso diálogo com a sociedade que vamos tentar dar conta de tamanho desafio.
Stelamaris - Somos nós, educadores, que vamos apontar para as violências nas escolas e dizer: “Aqui não! Aqui na escola não pode ter violência!”. Pode ser que assim a sociedade aprenda com a escola e passe a ter a mesma atitude. Quem sabe o mundo aprende a mudar com a escola? Acho que foi pensando nisso que resolvemos escrever o livro.
O ambiente retratado na obra é a escola, cujas relações são analisadas e precisam ser repensadas. O foco está nos jovens brasileiros que precisam da companhia e da orientação docente no caminhar de suas vidas em sociedade. O objetivo é refletir de que maneira as violências nas escolas podem alterar a prática docente. Nesse sentido, as autoras não se limitam à escola “de concreto”, mas pensam na instituição vista como mediadora dos processos de ensino e aprendizagem, que faz parte de nossas vidas ao longo dos anos, que está em nossa memória e na de todos que foram tocados por ela. E que, na atualidade, vê-se inundada por uma avalanche de violências. Foi sobre isso que conversamos com Stelamaris e Sônia.
Revista Educação Pública - Vocês são como a imensa maioria dos professores, que só fala de educação, escola, aluno?
Stelamaris - Somos duas educadoras que pensam educação todo o tempo. Sempre que estamos juntas não conseguimos deixar esse tema de lado. Estamos sempre antenadas com o que acontece no Brasil e no mundo. Lemos os grandes autores, procuramos conhecer os novos e nos aventuramos em escrever sobre esse assunto que nos diz respeito e nos apaixona.
Revista Educação Pública – O que levou vocês a escrever esse livro?
Sônia - A ideia de escrever sobre o que sentimos, sobre o que pensamos, sobre o que nos inquieta veio quase de maneira espontânea, como uma consequência das nossas discussões, das nossas conversas, que são sempre inflamadas pela nossa perplexidade diante do fenômeno da violência em nosso mundo. Além das violências que já fazem parte do cotidiano das escolas na atualidade.
Stelamaris - Começamos a perceber que esse assunto nos incomodava profundamente, que nos fazia questionar o que poderia estar acontecendo e querer descobrir o porquê de tantos casos de violências nas escolas. As notícias se espalham na mídia, nos relatos nas escolas, nas salas dos professores, em todo canto... Ouvíamos histórias de violências que aconteceram em escolas do país...
Sônia - Daí começamos a perceber o pior: que estávamos presenciando, cada vez mais, violências que se apresentavam à nossa frente, em meio à nossa prática, dentro das escolas, nos corredores, nas salas de aula, nos portões dos colégios, nas ruas. Enfim, a violência se alastrando por todos os lugares.
Stelamaris - E aí, quando nós duas nos encontrávamos, conversávamos sobre os últimos acontecimentos e acabávamos estarrecidas com tantas “novidades”, com as últimas notícias dos jornais e com o que aparecia na internet. As notícias sobre atos de vandalismo, depredações, agressões de todo tipo, porte de drogas, armas e mortes iam aparecendo, descortinando uma nova realidade social que estamos vivenciando nesses novos tempos. Uma época em que a violência urbana degrada nossa sociedade, pela cultura da violência.
Revista Educação Pública - Como era a escola no tempo em que vocês eram alunas?
Sônia – Essa situação de violência nos fazia lembrar de quando frequentávamos a escola como alunas. Era uma escola que não existe mais, e isso traz uma tristeza profunda. Aí nossas discussões tomavam um novo rumo, um rumo de volta ao passado, quando éramos felizes e não sabíamos.
Stelamaris - Começávamos a lembrar como era o clima da escola pública, como era a nossa relação com os professores e com os colegas de turma, como nos comportávamos dentro da escola, nas filas, ao cantar o Hino Nacional, como era boa a hora do recreio, a comida gostosa que era servida... Ah! A escola era muito boa!
Revista Educação Pública - E dá pra comparar com a escola de agora?
Stelamaris - Fazendo uma comparação com os dias de hoje, podemos perceber a total desvalorização da escola – ao contrário daquela época –, a desvalorização do trabalho docente, do aprendizado, do convívio harmonioso, é a desvalorização generalizada da educação como um todo.
Sônia - E percebemos também as crianças e os jovens perdidos em meio à desvalorização dos valores mais elementares da vida em sociedade. Respeito, amizade, tolerância, ética, família, educação... não se veem por aí.
Stelamaris - Aí ficamos nos perguntando: o que fazer? O que podemos fazer para mudar esse cenário, que apresenta uma profunda transformação histórica, política e cultural da sociedade? Como lidar com essa nova escola, cheia de conflitos, fragmentada por acontecimentos que a transformaram, aos poucos, em espaço de violências, inseguranças, medos e silêncios impostos?
Revista Educação Pública - Vocês percebem alguma saída?
Sônia - Não temos uma fórmula ideal, mas sabemos que temos que contar com a participação dos professores, das famílias, das comunidades, do Estado, da sociedade organizada, enfim, com a cooperação de todos. Afinal de contas, a escola é de todos, é para todos, mas não pode ser para a violência.
Stelamaris - A escola deve ser lugar de paz, de harmonia, de alegria, de aprender, de ensinar, de viver. A escola precisa reforçar o seu lugar de excelência do humano, dos valores, da estética, da ética.
Sônia - Eu acho que cabe a nós, docentes, trabalhar para a mudança. É a nossa responsabilidade, é o nosso trabalho. Eu acredito, nós acreditamos que a escola está em nossas mãos. É a partir de nossas reflexões, das discussões, do nosso diálogo com a sociedade que vamos tentar dar conta de tamanho desafio.
Stelamaris - Somos nós, educadores, que vamos apontar para as violências nas escolas e dizer: “Aqui não! Aqui na escola não pode ter violência!”. Pode ser que assim a sociedade aprenda com a escola e passe a ter a mesma atitude. Quem sabe o mundo aprende a mudar com a escola? Acho que foi pensando nisso que resolvemos escrever o livro.
Ficha técnica:
Título: Violências nas Escolas: Desafio para a prática docente?
Autoras: Stelamaris Rosa Cabral e Sônia Lucas
Gênero: Educação
Produção: Gramma Editora (http://grammanet.com.br/loja/)
Ano: 2010
Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/jornal/materias/0441.html
Título: Violências nas Escolas: Desafio para a prática docente?
Autoras: Stelamaris Rosa Cabral e Sônia Lucas
Gênero: Educação
Produção: Gramma Editora (http://grammanet.com.br/loja/)
Ano: 2010
Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/jornal/materias/0441.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário