quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

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Preso homem que vendia diplomas

Polícia Civil apresentou estelionatário que foi detido com 11 diplomas, após reportagem do SUPER NOTÍCIA
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Publicado no Super Notícia em 10/02/2011
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A reportagem de Rafael Rocha publicada no Super Notícia do dia 27 de janeiro, denunciando a venda de diplomas de ensino médio falsos no centro de Belo Horizonte, foi o pontapé inicial para que a Delegacia de Combate a Crimes Contra o Patrimônio (DCCP) iniciasse uma grande investigação para desbaratar esse esquema criminoso. Ontem, o chefe da DCCP, delegado Islande Batista, apresentou à imprensa Alberto José Macedo, de 60 anos. Ele foi preso, em flagrante, por estelionato, pela equipe da delegada Paloma Boson Kairalá. A prisão aconteceu na última sexta-feira, uma semana após a publicação da matéria.

Macedo é o homem que aparece nas imagens flagradas pelo jornal negociando a venda de um documento do ensino médio, na avenida Santos Dumont, no centro da capital, no mesmo quarteirão de uma delegacia da Polícia Civil. Segundo o delegado, o acusado estava em um bar no bairro Carlos Prates, região Noroeste de Belo Horizonte, portando 11 diplomas falsos quando foi preso. Macedo confessou que venderia os certificados de conclusão do ensino médio para 11 pessoas, que já estão sendo convocadas prestar esclarecimentos. "Com certeza as pessoas cujos nomes estão nesses diplomas pretendiam adquirir os certificados de forma fraudulenta. Se for constatado o delito, podem pegar pena de dois a seis anos de detenção", afirmou Batista.

Ainda segundo o chefe do DCCP, Macedo negou, no entanto, ser o responsável pelas falsificações. Mas a polícia apura essa informação com cuidado. "Pode ser que o próprio Macedo tenha falsificado os diplomas. Ele já responde a inquérito por ter fraudado documento particular (laudos ou declarações de próprio punho) em 2004. Já pedimos à Justiça que informe qual tipo de documento foi fraudado por Macedo", informou. Se ficar provado que Macedo também seria responsável pelas falsificações, ele será indiciado por dois crimes. "Por estelionato, cuja pena é de um a cinco anos, e por falsificar documento público, cuja pena é de dois a seis anos. Neste caso, ele pode ter a pena aumentada", explicou.

Ramificações

A Polícia Civil não descarta a possibilidade de Macedo fazer parte de uma quadrilha de estelionatários. Segundo o delegado Islande Batista, os investigadores apuram o nome de um homem apontado por Alberto José Macedo como o responsável pelas falsificações.

"Macedo disse que o falsificador ficava com R$ 150. Ele só receberia os R$5 0 restantes", informou Batista. Mas o nome desse suspeito está sendo mantido em sigilo para não prejudicar as investigações.

"Investigamos ainda uma loja que pode estar participando do esquema. A princípio, não há indícios de participação das escolas cujos diplomas foram falsificados. Mas ainda é cedo para descartarmos qualquer possibilidade", informou.

O documento adquirido pela reportagem do Super foi entregue à Polícia Civil e uma cópia foi enviada à Secretaria de Estado de Educação (SEE). Segundo a polícia, os investigadores da DCCP estão apurando pelo menos 50 casos envolvendo fraudes de diplomas.

"Quem vai me empregar?"
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De costas, com o rosto tampado pelas mãos, Alberto José Macedo mal escondia as lágrimas, ontem à tarde, ao ser apresentado à imprensa. Questionado pelos jornalistas, ele negou ter falsificado o diploma que vendeu à reportagem. Alberto falou pouco, mas contou ter ficado sabendo da reportagem que denunciou o esquema ilegal do qual ele participava. "Não quis ler". Perguntado sobre o motivo pelo qual praticava a fraude, Macedo limitou-se a dizer: "Sou um homem de 60 anos. Quem vai me empregar?"

A Delegacia de Combate a Crimes Contra o Patrimônio investiga também denúncias de falsificação de diplomas de ensino médio de candidatos a concursos das polícias Militar e Civil. De acordo com o delegado Islande Batista, os responsáveis pelos processos seletivos das corporações conferem se os candidatos realmente estudaram nas instituições que assinam os certificados. "Quando há alguma incorreção, abre-se o inquérito", afirmou. Batista aconselha desconfiar de certificados feitos em folhas sem marca d´água ou sem os fios que aparecem quando o diploma é colocado sob a luz. "Há casos de diplomas que até apresentam erros de português", disse. (MSi)
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