quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Levantamento mostra que 23 a cada 100 estudantes do ensino fundamental no Brasil estão atrasados nos estudos

Publicada em 03/02/2011 / O Globo

RIO - De acordo com levantamento feito pelo movimento Todos pela Educação, 23 a cada 100 estudantes do ensino fundamental brasileiro estão atrasados nos estudos. No ensino médio, a situação é ainda pior: 34 a cada 100 alunos sofreram defasagem ao longo da vida escolar. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e se referem ao ano de 2009. A distorção idade-série pode ocorrer quando a criança entra atrasada no sistema de ensino ou ainda quando abandona os estudos e retoma.

Entre os estados da Região Sudeste, o Rio de Janeiro apresenta os maiores índices de defasagem: no ensino fundamental, a taxa é de 28,4%, contra 21,5% do Espírito Santo, 20,2% de Minas Gerais, e 8,3% de São Paulo. No ensino médio, a situação é mais alarmante, já que 45,9% dos jovens não estão na série adequada a sua idade. No ES, este número é de 21,5%, e em MG, de 27,5%. São Paulo novamente apresenta o melhor resultado, com 17,3%.

No Norte e Nordeste, o atraso é maior em comparação com as outras regiões do país. O destaque negativo fica por conta do Piauí. No ensino fundamental do estado, 33,4% estão atrasados. Já no ensino médio, a taxa chega a 54,8%, mais da metade dos estudantes da rede. Na outra ponta, o melhor resultado no Brasil é de Santa Catarina, com apenas 15% e 16,7% de alunos com defasagem nos ensinos fundamental e médio, respectivamente. Segundo professores ouvidos pelo Todos pela Educação, o atraso escolar pode ser explicado, em boa medida, pela reprovação.

- O único percentual aceitável para a distorção idade-série é 0%. O ideal seria que ninguém reprovasse. Todas as crianças deveriam estar oito ou nove anos no Ensino Fundamental", afirma. "As altas taxas de reprovação e de repetência não estão produzindo os efeitos de aprendizagem esperados - afirma Ocimar Munhoz Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

Já para a professora Inês de Almeida, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), o processo ensino-aprendizagem é complexo e não pode se resumir apenas à reprovação por notas:

- Ao longo do tempo que esse aluno está na escola, o professor tem oportunidade de conhecê-lo em sua dimensão de sujeito humano e, portanto, pode acompanhá-lo, sabendo de suas fragilidades pessoais, familiares, cognitivas e de domínio de conteúdos. O professor precisa estar atento para que dê a essa criança condições de chegar ao resultado final, mas para que o processo não seja determinado apenas por provinhas - diz.
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Fonte: O Globo

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