quinta-feira, 18 de novembro de 2010

PESQUISA [Notícias]

Ipea: ricos no Brasil estudam quase o dobro dos pobres

por Claudia Andrade - Direto de Brasília, 18 nov. 2010

A renda continua sendo um diferencial na educação brasileira, é o que indica análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009 (Pnad). Segundo o Ipea, se dividirmos a população com 15 anos ou mais por renda em cinco partes, os mais ricos estudam, em média, 10,7 anos, contra 5,5 anos da quinta parte mais pobre da população - praticamente o dobro. A Pnad é realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Os mais ricos sempre estão em melhor situação do que os mais pobres (na educação). Apenas na área rural o indicador para os mais ricos está abaixo da escolarização prevista no texto constitucional (no mínimo 8 anos). Enquanto isso, os mais pobres não atingem o mínimo recomendado em nenhuma categoria", diz o instituto em nota.

Segundo o Ipea, há grande diferença também entre os mais ricos que vivem em área urbana e os que vivem na zona rural - os primeiros estudam, em média, 3,5 anos a mais. A diferença entre os mais pobres na cidade e no campo é menor - de 1,8 ano de estudo.

Mantidas as atuais políticas de educação, o Brasil deve levar ainda cinco anos para atingir uma média de oito anos de estudo entre a população de 15 anos de idade ou mais. E esses oito anos ainda são um patamar baixo, comparando-se com países desenvolvidos que têm uma educação básica completa de 11 anos de estudo. Um dos principais fatores que atravancam o processo de melhoria é a desigualdade de renda, segundo estudo do Ipea.

"Avançamos, mas continuamos com diferenciais fortes entre regiões, no quesito renda, raça/cor, no quesito rural/urbano", afirma o pesquisador do Ipea, Jorge Abrahão. "É importante o crescimento econômico que permite às famílias, com o aumento da renda, manter seus filhos na escola. Mas também não vamos melhorar isso tudo se não atuarmos de forma diferenciada", afirma Abrahão.

O pesquisador também aponta o analfabetismo como outro problema a ser enfrentado. Apesar da redução verificada desde o começo da década de 90, o número de analfabetos ainda gira em torno de 14 milhões de brasileiros. "A educação brasileira está avançando nos últimos 20 anos, mas anda sobrexiste muitos problemas, como o analfabetismo que ainda é muito alto no país, atingindo 9,7% da população de 15 anos ou mais. (O índice) está caindo muito devagar".

O grau de instrução da população brasileira acima de 15 anos atingiu a média de 7,5 anos de estudo no ano passado. No entanto, a melhora anual verificada entre os anos de 1992 e 2009 ficou em apenas 0,14 ano de estudo, em média. "Estamos ainda muito longe de atingir um indicador razoável para a educação básica. (...) O mínimo, o desejável para um país desenvolvido seria ser ousado e imaginar que em um espaço de tempo razoável se chegasse aos 11 anos", afirma o pesquisador.

Diferença expressivas

Segundo o Ipea, outros grupos também são desfavorecidos na educação brasileira. Os negros, por exemplo, estudam 1,7 ano a menos que os brancos. A população urbana estuda, em média, 3,9 anos a mais que a rural.


E mais...

Ipea: conclusão da educação básica ainda é desafio no Brasil

por Claudia Andrade - Direto de Brasília, 18 nov. 2010

A universalização do ensino fundamental deve estar direcionada para a conclusão dos anos escolares e não apenas para o acesso à educação. A conclusão é de um estudo sobre a situação da educação no Brasil divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009 (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O pesquisador do instituto Jorge Abrahão considera a defasagem de ensino é "um dos problemas mais sérios" da formação escolar. Em todo o País, 87,6% dos alunos concluem a quarta série do ensino fundamental, mas a taxa cai para 53,8% na conclusão da oitava série.

Mesmo no Sul do País, que tem a maior taxa de alunos no ensino fundamental até a quarta série, 95%, vê o indicador cair para cerca de 70% na oitava série. "De cada 100, 95 terminam a quarta série, mas só 70 terminam a metade; 25 ficam na metade (do caminho). Ou o estudante foi reprovado e ficou para trás ou evadiu e não volta mais (para a escola)".

No Nordeste do Brasil, a taxa de estudantes na escola até a quarta série chega a 79,4%, mas cai para apenas 38,7% quando se chega à oitava série. No Norte, o índice cai de 81% para 40,5%, no Sudeste, passa de 94,5% para 66,6%, e no Centro-Oeste, de 88,9% para 54,2%. Quando se avalia o índice de adequação, ou seja, a idade adequada ao ano de escolaridade, os percentuais apresentam queda à medida que a idade aumenta. Na faixa etária dos 9 anos, todas as regiões do Brasil apresentam um índice de adequação de pelo menos 80%. Quando se chega aos 16 anos, no entanto, a média nacional cai para 60%. No Nordeste, chega a 40%."Além de ainda haver uma porcentagem residual de crianças e jovens fora da escola, entre os matriculados há os que não aprendem ou progridem lentamente, repetem o ano e acabam abandonando os estudos", diz a pesquisa do Ipea.

Os fatores que contribuem para a dificuldade de permanência do estudante na escola estão relacionados, segundo o instituto, à qualidade do ensino, à gestão das escolas e às desigualdades sociais dos próprios alunos e de suas famílias.

Fonte: Portal Terra

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