terça-feira, 8 de novembro de 2011

Após saída de estudantes, reitoria da USP tem bagunça e pichação

CRISTINA MORENO DE CASTRO
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Os estudantes que haviam invadido o prédio da reitoria da USP (Universidade de São Paulo) foram pegos de surpresa pelos policiais que cumpriram a reintegração de posse do local, na madrugada desta terça-feira. Ao todo, 70 estudantes foram detidos e levados de ônibus para o 91º DP (Ceasa). Após a saída dos alunos, restou uma grande bagunça no prédio da reitoria.
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Paredes e vidros foram pichados, há papéis e móveis revirados e lixo pelo local. Os estudantes deixaram colchões e cobertores para trás e até as estátuas foram movimentadas. Policiais que fizeram uma vistoria no imóvel encontraram sete garrafas de coquetéis molotov, três galões com gasolina e seis caixas de rojões. A Polícia Civil ainda vai realizar uma perícia no prédio para verificar se houve danos ao patrimônio da universidade.
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ASSEMBLEIA
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Os estudantes haviam decidido, em assembleia realizada na noite de ontem (7), manter a ocupação, apesar do fim do prazo dado pela Justiça para deixarem o local. Após a votação, alguns estudantes agrediram jornalistas. Um cinegrafista caiu após ser empurrado e um fotógrafo teve a câmera arrancada e machucou as mãos --ele foi levado ao hospital. O clima ficou tenso e, após os grupos ficarem separados, os alunos arremessaram pedras na direção dos jornalistas. Um cinegrafista foi atingido e ficou levemente ferido. No momento do tumulto, não havia guardas universitários nem PMs no local. Após a confusão, um representante dos invasores disse que havia ocorrido uma "situação isolada".

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RESISTÊNCIA
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Na assembleia, vários estudantes disseram estar dispostos a resistir caso a PM fizesse a reintegração de posse. Mais cedo, às 18h, uma reunião de negociação entre representantes da reitoria e alunos terminou em impasse. O superintendente de relações institucionais da USP, Wanderley Messias da Costa, chegou a deixar a sala onde ocorria o encontro.

A proposta apresentada à tarde pela universidade previa que os alunos e funcionários não fossem punidos por participar da invasão. A reitoria também manteve a oferta de criar grupos para discutir o convênio com a PM --principal motivo da invasão-- e revisar processos administrativos contra estudantes. Os alunos, no entanto, consideraram a proposta insuficiente, já que havia chance de novos processos caso ficasse provado que houve vandalismo no prédio invadido.

Os acontecimentos que levaram à ocupação da reitoria tiveram início no dia 27 de outubro, quando três alunos da USP foram detidos por posse de maconha. Houve reação de colegas, que investiram contra a PM. Policiais usaram bombas de efeito moral e cassetetes para levar os rapazes à delegacia --depois eles foram liberados. Na mesma noite, um grupo de cem estudantes invadiu um prédio administrativo da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Na terça passada, mais de mil alunos realizaram uma assembleia que decidiu, por 559 votos a 458, pela desocupação do edifício. A minoria derrotada, porém, decidiu invadir a reitoria, onde hoje há cerca de 50 manifestantes -- a USP toda tem cerca de 82 mil alunos (50 mil só na Cidade Universitária).

Fonte: Folha de São Paulo

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