sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Uma visão crítica da escola

* Elias Januário - 07 de janeiro de 2011

Estimado leitor, vamos oportunizar este importante espaço aberto para assuntos relacionados à Educação Escolar para refletir sobre as teorias e métodos de alguns dos grandes pensadores mundiais da Educação, buscando com isso socializar o conhecimento e aprofundar nas teorias educacionais. Hoje vamos fala de Pierre Bourdieu, sociólogo francês, que empreendeu uma investigação sociológica do conhecimento que trouxe à tona o jogo de dominação e reprodução de valores presente formação educacional.

Bourdieu ganhou notoriedade pela crítica que fez à mídia, aos governos da Europa e à globalização. Tornou-se ideólogo e símbolo de protesto contra a globalização econômica e cultural, no início da década de 1990. Atuou com marcante presença no apoio às greves de servidores franceses, em meados do século XX, por considerar que ela representava um ponto de resistência do órgão público contra as privatizações. Dessa forma se posicionou fortemente contra a tendência de política neoliberal da época.

Uma de suas obras mais significativa para a área da Educação foi "A Reprodução" (1970), que escreveu em parceria com Jean-Claude Passeron, onde tece uma reflexão acerca do funcionamento do sistema Escolar na França concluindo que, ele, na verdade, reproduz e reforça as desigualdades sociais no âmbito da formação Escolar.

Para Bourdieu, o estudante ao ir de encontro à aprendizagem formal, se depara com um espaço marcado pelo caráter de classe, que vai desde a forma de organização pedagógica até o modo como são planejadas as ações das séries posteriores. Na formulação de suas teorias, Bourdieu estabeleceu uma série de conceitos que serviram de esteio para as reflexões e problematizações acerca da formação do ser humano, entre elas está a da dominação masculina, que segundo o pensador, se mantém na incorporação involuntária das mulheres, de um discurso conciliador, escamoteando com isso hierarquias e constrangimentos.

Para o sociólogo francês, a Escola é o espaço perfeito onde ocorre a reprodução de estruturas sociais de transferências de capitais de uma geração para outra. Uma mostra dos mecanismos de perpetuação da desigualdade está no fato, de que o fracasso Escolar leva muitos alunos e suas famílias a investirem menos esforços no aprendizado formal.

Os indivíduos, por sua vez, marcam sua posições na vida de acordo com o capital acumulado, seja ele cultural, social, econômico e simbólico. Esse capital, por exemplo, pode corresponder à rede de relações interpessoais que cada um constrói, com os benefícios e malefícios que ele pode gerar. No caso da Educação se acumula sobretudo capital cultural, na forma de conhecimentos apreendidos, livros, diplomas, cursos, entre outros.

Bourdieu introduziu outro conceito que foi o de violência simbólica, que legitima a dominação, sendo colocada em prática por meio de estilos de vida. Para ele nada é mais adequado que o exame para inspirar o reconhecimento dos veredictos Escolares e das hierarquias sociais que eles legitimam.
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* Elias Januário é doutor em Educação, professor de antropologia da Unemat e escreve às sextas-feiras em A Gazeta.
E-mail: eliasjanuario@terra.com.br

Fonte: A Gazeta (MT)

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