segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Escolas públicas de BH terão regras para combater bullying

Publicado no Jornal OTEMPO - 03/01/2011

CAROLINA COUTINHO

Belo Horizonte ocupa o segundo lugar no ranking das capitais brasileiras que mais registram casos de bullying nas escolas, conforme apontou uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diante disso, a Prefeitura de Belo Horizonte resolveu combater o problema na rede municipal de ensino com a elaboração de um novo regimento escolar que tratará de medidas para combater o bullying.

A intenção é que o documento funcione como uma espécie de manual para orientar e determinar como os educadores, pais e alunos devem agir diante de uma situação desse tipo. Segundo o gerente de projetos especiais da Secretaria Municipal de Educação, Ismayr Sérgio Cláudio, o atual regimento escolar da rede pública foi feito há 20 anos e está desatualizado e, por isso, a necessidade de um novo, em que a identificação e abordagem ao bullying sejam padronizadas. A previsão é que o novo regimento entre em vigor a partir de 2012.

"O atual regimento não atende mais às demandas das escolas hoje, que são mais dinâmicas. Além disso, com o passar dos anos, os problemas de convivência aumentaram, o que nos motivou a priorizar o tema bullying. Começamos a elaborar o regimento no início de 2010 e o finalizaremos no fim deste ano. Enquanto isso, questões já determinadas no documento poderão ser implantadas nas escolas".

A proposta será de capacitar melhor os professores, diretores e coordenadores, assim como guardas municipais que atuam nas escolas, para lidar com o bullying. O atendimento de qualquer caso do tipo será ainda acompanhado por colegiados ligados diretamente a assistentes sociais e ao Juizado da Infância e Juventude. "No novo regimento, vamos fortalecer e dar mais poder aos conselhos e colegiados, que vão mediar os conflitos, monitorar a convivência escolar e as brigas que possam advir dessa convivência. A intenção é, tão logo os sinais de bullying apareçam, que eles sejam tratados e solucionados por esses colegiados", afirmou.

Já para a rede estadual de ensino, não está prevista nenhuma manifestação nesse sentido. Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Educação (SEE), o bullying é tratado como um tema pontual nas instituições, onde "cada professor lida com o caso da maneira que achar mais adequada".

Ranking. Uma pesquisa do IBGE, divulgada em junho de 2010, mostrou que Brasília é a capital nacional do bullying. Ao todo, 35,6% dos estudantes entrevistados disseram ter sido vítimas desse tipo de assédio. Belo Horizonte está em segundo lugar, com 35,3%, e Curitiba, em terceiro lugar, com 35,2 %.
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CAPACITAÇÃO

Especialista apoia a medida

Para o pedagogo e consultor educacional Guilherme José Barbosa, os educadores não podem agir aleatoriamente em casos de divergências ou brigas na convivência escolar, pois as consequências podem ser danosas para todos os envolvidos. A favor do novo regimento escolar pretendido pela prefeitura, Barbosa defende que a conduta dos professores seja mesmo padronizada e, muito mais do que isto, de confiança.

"Muitas pessoas, educadores inclusive, confundem o bullying com agressividade e com o que é a violência pura e simples. Agressividade e violência nem sempre podem ser caracterizadas como bullying e, por isso, cada uma das situações necessita de uma abordagem e tratamento diferenciados".

Segundo o pedagogo, para conseguir esse discernimento, só havendo uma formação precisa do educador para lidar com o tema. "Os professores têm que estar preparados para identificar o problema com confiança e certeza. Para isso, eles têm quer ser bem preparados, pois não adianta só fazer o regimento e implantá-lo", explicou.

No ano que vem, será votado em segundo turno, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, o projeto de lei nº 596/09, que trata do combate ao bullying. O autor do projeto, vereador Adriano Ventura (PT), disse que a proposta abre espaço para se discutir e trabalhar a paz nas instituições de ensino da capital. "Meu projeto de lei propõe implantar medidas alternativas para combater o bullying nas escolas, com métodos educativos, seminários, palestras e campanhas". (CCo).

Fonte: http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=159687,OTE

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