sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A greve continua! É esta a decisão unânime dos educadores mineiros em assembleia



Olá bravos guerreiros e guerreiras da nossa heroica luta!

Acabo de chegar ao bunker e um pouco mais tarde vou trazer o relato e as análises sobre o nosso maravilhoso movimento.

De início, vou adiantando: por unanimidade, os educadores presentes no pátio da ALMG decidiram manter a greve por tempo indeterminado. Não poderia ser diferente, já que o desgoverno de Minas continua com sua intransigência, arrogância e mentiras contra a categoria.

Amanhã haverá um ato no Palácio da Liberdade, às 18h, onde a presidente e o governador do estado são aguardados para inaugurar a contagem regressiva da Copa do Mundo.

Em contraponto a este ato, foi inaugurado hoje o calendário da nossa greve, que atingiu 100 dias. No domingo haverá panfletagem e na terça-feira, dia 20, haverá nova assembleia, coincidindo com a data da votação, na ALMG, do famigerado projeto do governo.

Houve passeata até a Praça Sete, como sempre com grande participação e apoio da população. Tive contato com dezenas de delegações do interior, o que para mim é sempre um momento de alegria e de satisfação, já que passamos tanto tempo juntos aqui no blog. Quanta gente bonita, sonhadora e digna!

Quero deixar o meu abraço a cada um desses bravos e bravas colegas que estão nessa luta corajosa e obstinada, todos passando por sacrifícios, mas vivendo a emoção e a experiência única de resistir a um governo déspota, que não respeita os servidores da Educação enquanto seres humanos.

Nós somos a esperança de um mundo melhor; eles são a expressão do que há de pior e mais repugnante no mundo atual.

Vários representantes de movimentos sociais e igrejas, e entidades sindicais e estudantis, além de outras categorias em greve, como os trabalhadores dos Correios, usaram a palavra para manifestar o seu apoio aos educadores mineiros. Destaco a presença do Frei Gilvander, que manifestou o seu apoio, citando a necessária resistência contra os ataques do governo de Minas.

Mais tarde, após um rápido banho, um chá e um pastel que repartimos no ônibus, eu volto com novas análises.

Quero trazer algumas propostas que discuti com os colegas de várias regiões. Aguardem!

Um forte abraço a todos, força na luta, até a nossa vitória!

Retomando...

Antes de retomar as nossa análises, vamos reproduzir aqui a citação feita pelo juiz de Direito Dr. MARCOS FLÁVIO LUCAS PADULA que recusou e mandou arquivar o indecente pedido de ilegalidade da nossa greve, feito pelo chefe do MP de Minas:

"São os bons mestres e as boas escolas que fazem o progresso humano, que transformam crianças inteligentes em gênios, em líderes e benfeitores da humanidade. Sei que isso é um truísmo, uma obviedade, mas infelizmente, o mundo não vê tantas coisas óbvias. Sempre me pergunto: por que não investimos muito mais em educação e na formação de bons professores? Foram eles que, logo cedo, me despertaram uma vontade imensa de compreender e de transformar o mundo por meio da engenharia e da eletrônica. Com eles descobri como é importante pensar no lado humano de toda a invenção e avanço tecnológico". (STEVE WOSNIAK)

Se o procurador da justiça não fosse um procurador do governo e sim da Justiça, representando o MP, ele pediria desculpas aos educadores e ingressaria com uma ação judicial contra o governo. Mas, nós estamos em Minas Gerais... Oh, Minas!!!

Imediatamente após este puxão de orelhas de um juiz sério, o representante do governo no MP ingressou com outro pedido de ilegalidade junto ao TJMG.

Faço ideia do que ele deve ter mencionado para tentar convencer algum desembargador. Seguramente deve ter dito que o governo já paga o piso, e que é preciso assegurar o direito à Educação para os alunos. Claro que é preciso assegurar tal direito. E estamos em greve justamente por isso! Sem carreira, sem salário, não haverá em breve mais educadores para cumprir esta exigência constitucional, caro sr. procurador.

É por haver pessoas coniventes a governantes déspotas como o sr. que a Educação pública está do jeito que está: abaixo da crítica.

Se há uma lição que temos que retirar dessa greve é que MINAS GERAIS PRECISA SER PASSADA A LIMPO.

Nada do que está aí faz sentido mais para a maioria pobre deste estado e deste país e precisa passar por profundas mudanças. Deputados que são meros carneiros de luxo, que recebem entre 30 e 50 mil reais para dizer amém ao governante de plantão, sem qualquer respeito pelos de baixo, incluindo os educadores, que não são ouvidos nos seus pleitos. Devemos fazer um grande ato de protesto naquela Casa, para mostrar o nosso desprezo por esses cretinos que não honram a roupa que vestem; não são dignos de nada, nada, porque são piores do que qualquer pessoa. Piores até mesmo do que um bandido comum, que rouba alguém na rua, porque este pelo menos pode estar roubando para matar a fome dele e da família. E estes políticos profissionais? Estão nos roubando a carreira e o nosso salário para servir aos interesses políticos e econômicos do governo que está a serviço de meia dúzia de banqueiros, empreiteiros e outros tipos de menor estatura moral.

Temos uma imprensa que se vende e se tornou mestra em manipulação. Reparem que coisa interessante. Ontem, o juiz de direito, digno, recusou o pedido de ilegalidade da nossa greve. Os jornais - rádios, TVs, jornais impressos - não deram uma linha sequer. E quando alguém publicou ou comentou alguma coisa, fez questão de explicar que não se tratava de uma vitória dos educadores; que o juiz não havia reconhecido a legalidade da greve, mas simplesmente havia dito que aquela não era a instância ou a vara judicial correta para se pedir a ilegalidade. Ou seja, eles tiveram o maior interesse em investigar e esclarecer sobre uma notícia que não era favorável ao governo. Mas, sobre o nosso piso... Em nenhum momento estes jornalistas de meia tigela (salvo alguns poucos, que respeitamos) se dão ao trabalho de investigar sobre o que o governo vem fazendo com a nossa categoria. Jamais informam corretamente sobre o piso. Até hoje reproduzem que o sindicato cobra um piso de R$ 1.597,00 ou mesmo de R$ 1.187,00 para a jornada de 24 horas, quando o sindicato já reconheceu publicamente que aceita o valor proporcional e mais conservador do piso, que é o valor proporcional do MEC.

Mas, em momento algum essa imprensa ridícula esclarece para a população que a proposta do governo é acabar com o plano de carreira dos professores; que os R$ 712,20 que o governo oferece é um valor único para todos os professores, tenham eles um dia de serviço, ou 30 anos de Casa; tenham eles a formação em ensino médio, ou licenciatura plena, ou especialização. O governo propõe um único valor para todos, e que isso contraria a própria Constituição Federal, a mesma que o Procurador da Justiça parece nunca ter lido, para fazer vista grossa a essa indecente proposta do governo.

Até hoje essa mídia comprada e que renega a liberdade de expressão tão duramente conquistada, não foi capaz de explicar para a população que existem dois sistemas de remuneração: o original, ligado ao plano de carreira que existe desde 2004 e que fora criado pelo próprio desgoverno Aécio-Anastasia, e que mantém o vencimento básico e as gratificações dos educadores (salvo aquelas que foram confiscadas em 2003); e o subsídio, criado recentemente pelo governo, que representa um confisco confesso pelo governo de R$ 2 bilhões por ano no bolso dos educadores. É este o preço do piso que o governo de Minas não quer pagar aos educadores, para que sobre mais recursos para os de cima, inclusive para os proprietários dessa mídia corrompida e canalha!

Enfim, colegas, vivemos num estado que precisa ser passado a limpo. Não podemos deixar que isso permaneça assim. Temos o dever moral de resistir.

Vejam o que o governo faz agora: um dia antes da nossa assembleia ele arquiteta, friamente, vários lances para destruir a nossa greve e minar a nossa capacidade de resistência:

1) manda o seu funcionário no Ministério Público entrar com pedido de ilegalidade na justiça;
2) encaminha um projeto de lei, que antes de ser aprovado, já é apresentado no site da SEE-MG como se já fosse lei vigente, tal a certeza de que os carneiros sem caráter e sem vergonha aprovarão o que o governo mandar; são pau mandados e devem seguir rigorosamente as ordens do chefe;
3) anuncia a contratação de 12 mil substitutos (que piada!), como forma de pressionar psicologicamente aos designados e aos demais grevistas. Mais um ato ilegal e imoral do governo, já que a greve é legal e a publicação das substituições está se dando sob a égide da legalidade da nossa greve.

Tudo isso demonstra um total desrespeito desse governo para com os educadores e para com os alunos e pais de alunos. Foi isso o que eu disse hoje, quando um repórter do SBT me entrevistou durante a assembleia (não sei se foi ao ar, e nem como foi, se é que foi).

Ao invés de negociar decentemente com os educadores o pagamento do piso a que temos direito, o governo continua apostando na nossa destruição: na ruína da nossa carreira, na sonegação do nosso piso.

Isso não é um governo, é uma autarquia do inferno; é um departamento das trevas! São 100 dias de tortura psicológica, de chantagens, de mentiras, de ameaças, de perseguição, de coação aos educadores; de prejuízos aos alunos, aos pais de alunos e aos educadores!

Oh, Minas, até quando vai tolerar essa realidade?

Mas, os educadores em greve, verdadeiros heróis, precisam resistir. Nós não temos o direito de recuar e aceitar aquilo que o déspota e sua trupe tentam nos impor. Se voltarmos agora, perderemos tudo: aquilo que nos roubaram nestes 100 dias; o nosso piso, a nossa carreira, e com isso a nossa própria sobrevivência.

Sou partidário de que devemos unir forças, fazer um chamamento aos pais de alunos e alunos e a toda a sociedade dos de baixo para não aceitarmos essa conduta do governo.

Vamos tentar redigir uma carta aberta aos pais de alunos e aos alunos (quem desejar escrever, faça-o e disponibilize aqui no blog), e vamos distribuir aos montes, por e-mail, em panfletagem e visitando as moradias dos nossos alunos, se possível.

Devemos redigir uma outra carta dirigida especificamente aos professores que ainda estão em sala de aula. Mostrar para eles que esta atitude contribui com a destruição da carreira que é deles, também; que eles precisam abandonar essa condição de conivência com o governo e assumir uma postura de classe e de luta em favor da nossa categoria, a qual eles pertencem.

Finalmente, devemos buscar o apoio de todos os movimentos sociais e entidades que se identificam com a nossa luta, que é comum à luta de todos os de baixo. Precisamos urgentemente formar este movimento pela salvação da Educação pública, pela valorização dos educadores, pela liberdade e pela democracia ameadas em Minas Gerais, e contra esta estrutura de poder montada no estado, voltada para esmagar a maioria pobre e servir aos de cima.

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