sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Polêmica envolvendo questões do Enem chega a Minas Gerais


Por Júlia Correia

Mais uma polêmica envolvendo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) veio à tona nesta sexta-feira (28) – e, desta vez, a protagonista é uma instituição mineira. Considerada uma das escolas mais conceituadas do Brasil, o Colégio e Pré-vestibular Bernoulli, de Belo Horizonte, aplicou em um simulado, em setembro, um exercício muito semelhante a uma questão do Enem. Tanto o Bernoulli, quanto o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação (MEC), negam o vazamento.

O teste do Bernoulli traz uma questão com o desenho de medidores de energia elétrica idêntico ao de um exercício da prova nacional. Mas a linha de raciocínio exigida para a solução é diferente. Em nota, o colégio garantiu que tudo não passou de uma coincidência e negou pertencer à equipe que fornece itens ao Inep. O Bernoulli afirma que a questão que aplicou é muito mais complexa que a elaborada pelo MEC. Alega também que seus alunos tiveram que interpretar o enunciado e, depois, usar conhecimentos de Física para calcular o tempo que um chuveiro poderia ficar ligado usando a energia expressa pela diferença de leituras do relógio.

“O item do Enem teve aplicação meramente matemática, de leitura numérica; já o item do Bernoulli figurou na prova de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, cobrando do aluno a leitura do relógio e a resolução de um problema proposto”, diz a nota do colégio.

O MEC informou que especialistas analisaram as duas questões e constataram que houve somente uma coincidência. De acordo com a assessoria do ministério, não será aberta uma investigação porque as provas seriam apenas semelhantes. Para a professora Maria Auxiliadora Monteiro, de pós-graduação em Educação da PUC Minas, o Enem traz questões muito bem elaboradas. “O teste tem a capacidade de avaliar os alunos. Mas precisamos reconhecer que virou um megaexame, o que o fez fugir do controle dos organizadores”, explica.

Maria Auxiliadora acredita que a falha será resolvida em 2012, com a aplicação de duas versões da prova. “O Enem será dado duas vezes no ano. Logo, o número de alunos vai cair pela metade em cada aplicação, o que facilitará o controle sobre o processo”. Diante das confusões, o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) protocolou ontem no Ministério Público Federal um pedido de cancelamento do Enem. Também requer, por meio de liminar, que o resultado do teste não seja liberado.

O presidente do Sinep-MG, Emiro Barbini, entende que o MEC só deve divulgar as notas após decidir se vai validar a prova. “Se o resultado sair e depois for cancelado, nossos alunos, que sonham entrar para uma faculdade, ficarão frustrados”, justifica.

Fonte: Hoje em Dia (MG)

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