Por Joana Soars
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Uma criança que sempre teve convicção de que é igual a todos os colegas de sala, de repente, é surpreendida por alguém que fala que ela é diferente dos outros por causa da cor da pele. A pequena D., de apenas 4 anos, agora questiona a mãe se ser negra é "feio". Isso porque a avó de um colega de escola teria reclamado, na frente da menina e de outras crianças da turma, que não gostou de o neto dela ter se apresentado na festa junina junto com uma "preta horrorosa".
O fato, que teria ocorrido no último dia 10, em uma escola particular de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, veio à tona a partir da denúncia de uma professora. A profissional pediu desligamento do colégio e acusa a escola de se omitir em relação à atitude racista. "Como educadora, não poderia aceitar essa situação e me senti obrigada a contar para a mãe da minha aluna e sair da escola", contou a professora Denise Cristina Aragão, 34. A diretora da unidade de ensino foi procurada por dois dias. Ela negou o fato, mas se recusou a dar entrevista.
Os pais da criança alvo do preconceito registraram a ocorrência e decidiram retirar a menina do colégio. "Não posso admitir que insultem minha filha de uma forma tão agressiva. Já sofri muito preconceito por ser negra, mas jamais imaginei que fariam isso com uma criança indefesa", disse a mãe de D., Fátima Adriana Souza, 41, que foi comunicada do ocorrido pela professora. Fátima avisou que irá acionar a autora do preconceito na Justiça. Ela não procurou a escola. Fátima Souza disse que foi orientada por um advogado a não ir ao colégio.
O fato. A garota foi escolhida pela professora para ser a noiva na quadrilha da escola, no último dia 7. O colega, cuja a avó teria feito a declaração racista, formou par com ela na festa.
Segundo a professora Denise Cristina, dois dias após a festa junina, a avó do menino foi ao colégio para reclamar da escolha do par. A professora contou que as crianças estavam assistindo a um filme em uma das salas, quando a senhora chegou gritando: "Você não devia ter colocado aquela negra horrorosa para dançar com meu neto. Tenho certeza de que ninguém quis dançar com ela. Minha vontade era acabar com a festa na hora", teria dito a mulher, segundo a versão da professora.
Ainda de acordo com Denise Aragão, várias crianças presenciaram a discussão e perceberam que a mulher estava se referindo a D. Uma outra funcionária da escola confirmou a história, mas ela preferiu não se identificar por medo de retaliações.
O fato, que teria ocorrido no último dia 10, em uma escola particular de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, veio à tona a partir da denúncia de uma professora. A profissional pediu desligamento do colégio e acusa a escola de se omitir em relação à atitude racista. "Como educadora, não poderia aceitar essa situação e me senti obrigada a contar para a mãe da minha aluna e sair da escola", contou a professora Denise Cristina Aragão, 34. A diretora da unidade de ensino foi procurada por dois dias. Ela negou o fato, mas se recusou a dar entrevista.
Os pais da criança alvo do preconceito registraram a ocorrência e decidiram retirar a menina do colégio. "Não posso admitir que insultem minha filha de uma forma tão agressiva. Já sofri muito preconceito por ser negra, mas jamais imaginei que fariam isso com uma criança indefesa", disse a mãe de D., Fátima Adriana Souza, 41, que foi comunicada do ocorrido pela professora. Fátima avisou que irá acionar a autora do preconceito na Justiça. Ela não procurou a escola. Fátima Souza disse que foi orientada por um advogado a não ir ao colégio.
O fato. A garota foi escolhida pela professora para ser a noiva na quadrilha da escola, no último dia 7. O colega, cuja a avó teria feito a declaração racista, formou par com ela na festa.
Segundo a professora Denise Cristina, dois dias após a festa junina, a avó do menino foi ao colégio para reclamar da escolha do par. A professora contou que as crianças estavam assistindo a um filme em uma das salas, quando a senhora chegou gritando: "Você não devia ter colocado aquela negra horrorosa para dançar com meu neto. Tenho certeza de que ninguém quis dançar com ela. Minha vontade era acabar com a festa na hora", teria dito a mulher, segundo a versão da professora.
Ainda de acordo com Denise Aragão, várias crianças presenciaram a discussão e perceberam que a mulher estava se referindo a D. Uma outra funcionária da escola confirmou a história, mas ela preferiu não se identificar por medo de retaliações.
Trauma - Garota fará tratamento psicológico em agosto
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A menina passará por tratamento psicológico em agosto. A mãe dela, Fátima Souza, procurou a ONG SOS Racismo, que vai ajudar a família com assistências jurídica e psicológica. Fátima conta que, logo após o episódio, D. teve crises de vômito e passou a não dormir direito. Segundo a mãe, a menina tem chorado com frequência.
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"A criança não consegue racionalizar a situação, mas apresenta sintomas físicos como o vômito", explicou a terapeuta infantil Simone Lacerda.
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Para evitar o trauma, disse a especialista, qualquer criança nessa situação precisa de apoio familiar para entender que ser negra não é algo que a diferencia dos outros. "D. recebeu de forma violenta o olhar de um adulto preconceituoso". Segundo a psicóloga, a escola teria um papel fundamental para desfazer a situação. "Seria a hora de educar e esclarecer as crianças sobre o preconceito e deixar claro que houve uma atitude errada". (JS)
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"A criança não consegue racionalizar a situação, mas apresenta sintomas físicos como o vômito", explicou a terapeuta infantil Simone Lacerda.
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Para evitar o trauma, disse a especialista, qualquer criança nessa situação precisa de apoio familiar para entender que ser negra não é algo que a diferencia dos outros. "D. recebeu de forma violenta o olhar de um adulto preconceituoso". Segundo a psicóloga, a escola teria um papel fundamental para desfazer a situação. "Seria a hora de educar e esclarecer as crianças sobre o preconceito e deixar claro que houve uma atitude errada". (JS)
.Delegacia - Inquérito. A ocorrência foi registrada na 4ª Delegacia de Contagem. Será aberto um inquérito para apurar as circunstâncias do fato e as partes serão chamadas a depor no próximo dia 8 de agosto.
Minientrevista. "Minha filha tem que ter orgulho da cor dela"
Fátima Souza - mãe da criança ofendida
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Como a senhora soube do que aconteceu?
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A direção da escola não me falou nada. No dia seguinte ao ocorrido, levei minha filha para a aula normalmente e ela vomitou muito na escola. Só depois a professora me procurou e contou que tinha pedido demissão porque a minha filha tinha sido insultada e a escola não tomou nenhuma atitude.
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Como a sua filha reagiu a tudo isso?
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Ela entendeu tudo. Chegou em casa muito inquieta e não conseguia dormir. Quando perguntei se tinha acontecido algo, ela me falou que não queria falar sobre a avó do coleguinha que a xingou. Agora, ela não gosta quando a chamo de nega preta porque ela acha que é feio. D. não quer nem pensar em voltar para a escola.
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O que a senhora pretende fazer?
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Fui à polícia e vou entrar com ação na Justiça. Não posso deixar que façam isso com minha filha, que é uma criança linda e feliz. Ela foi exposta diante das outras crianças e só ela é negra. É um absurdo a escola, que tem o papel de educar, se omitir. Minha filha tem que ter orgulho da cor dela. (JS)
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Fonte: O Tempo (MG)
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A direção da escola não me falou nada. No dia seguinte ao ocorrido, levei minha filha para a aula normalmente e ela vomitou muito na escola. Só depois a professora me procurou e contou que tinha pedido demissão porque a minha filha tinha sido insultada e a escola não tomou nenhuma atitude.
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Como a sua filha reagiu a tudo isso?
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Ela entendeu tudo. Chegou em casa muito inquieta e não conseguia dormir. Quando perguntei se tinha acontecido algo, ela me falou que não queria falar sobre a avó do coleguinha que a xingou. Agora, ela não gosta quando a chamo de nega preta porque ela acha que é feio. D. não quer nem pensar em voltar para a escola.
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O que a senhora pretende fazer?
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Fui à polícia e vou entrar com ação na Justiça. Não posso deixar que façam isso com minha filha, que é uma criança linda e feliz. Ela foi exposta diante das outras crianças e só ela é negra. É um absurdo a escola, que tem o papel de educar, se omitir. Minha filha tem que ter orgulho da cor dela. (JS)
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Fonte: O Tempo (MG)
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