sexta-feira, 8 de julho de 2011

Violência em série põe escola municipal sob intervenção

Alunos que consomem bebida alcoólica em sala de aula, arrombam armários e locais de estudo, cometem furtos, usam e vendem drogas e ameaçam professores e colegas. A série de ocorrências levou a Escola Municipal Acadêmico Vivaldi Moreira, no bairro Jaqueline, na região Norte de Belo Horizonte, a se tornar a primeira instituição de ensino do Estado a sofrer intervenção.

Uma comissão formada por membros indicados pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) assumiu a direção da instituição. Até o fim do mês, deve ser divulgado o relatório com o diagnóstico sobre os principais problemas no colégio. A Acadêmico Vivaldi funciona em três turnos e oferece ensino a alunos do ensino fundamental, com até 15 anos.Concluída em agosto de 2007, a escola chegou a ser incluída em roteiros de cultura e projetos pedagógicos que, segundo um professor, tiveram que ser suspensos devido aos problemas de violência. O profissional pediu para não ter o nome revelado.

A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação confirmou que uma equipe nomeada pelo órgão está atuando na instituição desde 30 de abril, quando a diretora e a vice pediram afastamento. O órgão não detalhou os motivos da saída das profissionais. De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (SEE), essa é a primeira vez que uma instituição de ensino sofre intervenção por motivos de violência. A mediação externa, no entanto, não diminuiu a preocupação dos pais. Mãe de um menino de 7 anos, a dona de casa Lidiane Brito de Barros, 29, disse que se sente insegura, todos os dias, quando segue para o trabalho depois de deixar o filho no colégio. "As coisas ainda não mudaram. Meu filho sempre reclama das brigas dos colegas. Diz que alguns, da mesma idade dele, ameaçam levar revólveres e facas para a sala de aula".

Os problemas, segundo os pais, são mais graves no turno da manhã, período em que estudam os adolescentes. O motorista de ônibus Warley Lima de Moraes disse que já se incomodava com os relatos do filho, de 12 anos, sobre colegas que bebiam em sala de aula, ameaçavam professores e alunos e arrombavam salas para cometer pequenos furtos. Mas a decisão de tirar a criança do colégio só veio depois que o adolescente também se tornou alvo de agressões. "Eu o tirei da escola pouco antes da intervenção. O agressor é um aluno que usa e vende drogas dentro da escola. Fiquei com medo". A reportagem de O TEMPO esteve na escola, na última terça-feira, e foi surpreendida, ainda do lado de fora, por uma funcionária que se identificou como Onorina. Bastante nervosa, ela se identificou como a atual diretora e tentou impedir o trabalho da equipe. Antes, por telefone, Onorina havia confirmado que a instituição está sob intervenção, mas se recusou a dar mais informações sobre o assunto. O especialista em projetos pedagógicos, Guilherme José Barbosa, com vasta experiência em escolas com registros de conflitos, preferiu não comentar o problema específico da Escola Municipal Acadêmico Vivaldi. Ele destacou, no entanto, a importância de integração entre escola, poder público e comunidade como alternativa para resolver a questão. "Deve haver um diálogo permanente. Se isso não acontece, a escola acaba tendo que resolver o problema sozinha e, assim, ela não consegue".

Investimento. A Escola Municipal Acadêmico Vivaldi é uma escola relativamente nova. Teve sua construção concluída em agosto de 2007, com investimentos da prefeitura da ordem de R$ 2,6 milhões.

Transferido, professor denuncia retaliação - O professor José Álvaro Pereira da Silva, 32, denuncia que com o início do trabalho da equipe nomeada pela Secretaria de Educação na Escola Municipal Acadêmico Vivaldi Moreira, ele foi transferido para um outro colégio sem explicação.O educador denuncia que, assim como ele, todos os profissionais que cobraram providências da antiga direção em relação à violência na instituição foram repreendidos e convidados a deixar a instituição. O professor informou que vai acionar a Secretaria Municipal de Educação, na Justiça, por danos morais. "Como não foi esclarecido, há pais e alunos especulando que eu tenha feito algo terrível. Todos que reclamavam foram convidados a ser transferidos para outra instituição. Eu resisti. Mas, mesmo assim, fui transferido sem nenhuma chance de defesa". A assessoria de imprensa da secretaria negou as denúncias de retaliações contra os professores.
Fonte: O TEMPO (MG)

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