segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Escola pública mantém nota baixa no Enem

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O Ministério da Educação (MEC) divulgou ontem as notas por Escola da edição de 2011 do Exame Nacional do Ensino médio (Enem). Entre os cem melhores colégios com o melhor desempenho na prova aparecem apenas dez Escolas públicas, a maioria unidades de aplicação vinculadas a universidades federais, instituições militares e de Ensino técnico. Embora o Enem não sirva como uma avaliação de qualidade educacional, mas principalmente como uma espécie de vestibular de acesso ao Ensino superior, o resultado da edição do ano passado mostra que as Escolas particulares absorveram melhor a proposta pedagógica do exame, composta por testes de ciências da natureza e tecnologias, ciências humanas, linguagens e códigos e matemática, além da redação. Na edição de 2010, 13 Escolas públicas estavam na lista das cem melhores do Enem.
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O MEC anunciou somente as notas de 10.076 unidades, que representam 40,6% das Escolas de Ensino médio do país. Pouco mais de 1.185 Escolas que tiveram menos de dez Alunos no exame e outras 13.581 com taxa de participação de estudantes concluintes menor de 50% do total da turma foram excluídas da divulgação. Do total geral de médias apresentadas ontem, 199 são federais, 4.968 estaduais, 111 municipais e 4.798 particulares. Na avaliação de Tufi Machado Soares, Professor e coordenador de pesquisa do Centro de Políticas Pública e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), desde que o MEC propôs reformular o conteúdo do Ensino médio em 2009, usando o Enem como base, as Escolas particulares foram as primeiras a se adaptar. "A exemplo da estrutura do Estado, as Escolas públicas são muito engessadas, têm mais dificuldade para mexer no conteúdo, dar mais dinamismo ao que é ensinado", disse Soares durante encontro em São Paulo para discutir o Enem, promovido pelo movimento educacional Todos Pela Educação.
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O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, ponderou que o resultado não pode ser considerado como ranking das melhores Escolas de Ensino médio do país. "O Enem não é um ranking de avaliação entre Escolas, é uma avaliação dos Alunos, dos estudantes. É insuficiente como avaliação do estabelecimento Escolar porque há Escolas com naturezas muito distintas", disse.
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José Francisco Soares, Professor titular aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), defende o uso de dados socioeconômico para melhor avaliar as Escolas no Enem. "O que está fora da Escola impacta o que está dentro da Escola. O nível socioeconômico é essencial para se perceber isso. Quando não mostramos essa correlação, a informação que se divulga é de má qualidade."
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O Colégio Objetivo Integrado, Escola privada de São Paulo, ficou com a melhor média geral do Enem do ano passado: 737,15, considerando as quatro disciplinas e a redação. O Colégio Elite Vale do Aço, de Ipatinga, interior de Minas Gerais, e o Colégio Bernoulli-Unidade Lourdes, de Belo Horizonte, ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente, com média 718.
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A Escola pública mais bem classificada no Enem 2011 foi o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), com média 704. O Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é a segunda pública melhor colocada, na 29ª posição, com média 676, seguido pelo Instituto Federal do Espírito Santo, de Vitória, no 40º lugar e média 672.
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As outras sete Escolas que figuram entre as cem melhores notas do Enem 2011 são: Colégio Militar de Belo Horizonte (52º), Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (60º), Colégio Militar de Porto Alegre (73º), Etec São Paulo (74º), Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais (85º), Colégio Pedro II - Unidade Niterói (90º) e Instituto Técnico da Universidade Federal de Tecnologia do Paraná (91º).
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Fonte: Valor Econômico (SP)

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